sábado, 30 de outubro de 2010

Ser regenerado não é ser um pequeno deus

Esta semana foi para mim muito importante, pois comecei o Curso de Especialização em Estudos Teológicos no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ), vinculado à Universidade Mackenzie. É um curso à distância. Inscrevi-me agora em duas matérias: Teontologia, com o professor Dr. Heber Campos, e Teologia Bíblica dos Escritos Paulinos, com o Rev. Augustus Nicodemus Lopes. Meu amigo João Armando, leitor deste blog, vai me dizer que estou cada vez mais perto de me tornar calvinista...! Reformado, de certo modo, eu me considero. E viva a Reforma!
Ambas as disciplinas eu já conhecia do bacharelado teológico que deixei incompleto em Campo Grande/MS. Fiz as tarefas e a prova, interagi no fórum, estou lendo algumas coisas, e começo a ter algumas ideias para compartilhar.
O que tenho para hoje é uma reflexão em Teontologia - ramo teológico que se dedica ao estudo de Deus (doutrina de Deus), verificando seus nomes, atributos, natureza, "provas da existência". Ao lado da Cristologia e da Pneumatologia, cuida do que a Bíblia revela sobre Deus.
Uma das coisas que me chamaram a atenção está dentro do estudo da transcendência e imanência. Sendo transcendente, Deus está acima e sobre a Sua Criação, não se confundindo com ela. Sendo imanente, Deus intervém no mundo e na história, o que se manifesta na Providência, na Redenção e no relacionamento com os homens.
Karl Barth, teólogo neo-ortodoxo, procurou refutar o liberalismo teológico e acabou incorrendo em alguns exageros. Por exemplo, disse que Deus é o Totalmente Outro, o escondido, o desconhecido. Tomando de empréstimo a Kierkegaard a noção de distinção qualitativa e infinita, chegou ao ponto de afirmar a diferença essencial entre Deus e o Ser Humano, de maneira que nada haveria de semelhante entre nós e Deus.
De pronto, recordei de que Deus nos fez à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26). Temos a imago Dei, ou seja, nossa estrutura espiritual e psíquica reflete a do nosso Criador. Temos personalidade e caráter, e Deus é assim, só que Perfeito. A Revelação Geral não se resume à natureza das coisas e animais, senão também a natureza humana. Deveríamos pensar em Deus ao perceber a grandeza das coisas que o Ser Humano pode dizer, sentir, pensar e fazer.
Podemos nos relacionar com Deus porque temos espírito. O SENHOR revela-Se por meio da Criação, da natureza humana e das Escrituras. Jesus veio nos salvar. Portanto, não concordo com a afirmação barthiana.
Todavia, é bom não cairmos no outro extremo, pois não somos iguais a Deus nem o seremos um dia. A regeneração não traz para nós a natureza divina. Deus continua sendo Deus e nós permanecemos humanos. Jamais seremos homens-deuses.
Em II Pe 1.4, Pedro nos escreve sobre a possibilidade de nos tornarmos "participantes da natureza divina". Ora, isso não nos torna deuses. Pedro está se referindo à purificação promovida pelo Espírito Santo na vida do salvo em Cristo Jesus. É como Paulo ensina em Ef 5.1, sobre a necessidade de imitarmos a Deus como filhos.
Seitas da Nova Era e grupos neopentecostais, conforme ensino do professor Heber Campos, andam ensinando que há um deus dentro de cada um de nós ou que podemos nos tornar como deuses - já que somos filhos de Deus. Daí vem aquela história de que podemos reivindicar e decretar, pois só um Deus faz isso.
Lembremos que o SENHOR não transmite Sua glória a ninguém, que existe somente um Deus, e que a primeira tentação consistiu justamente em propagandear a ideia de que o Ser Humano pode ser como Deus.
Não devemos divinizar o Homem. Ao vir ao mundo, Jesus não veio ensinar o caminho para se tornar igual a Deus.
Ah! Mais uma coisa. Ninguém se engane com um senhor muito risonho chamado R. R. Soares: eu e minha esposa o ouvimos falar em seu programa de TV, creio que no ano de 2007, que o texto do Sl 82.6 sugere que somos pequenos deuses. Sua teologia é um fruto da Confissão Positiva americana, que por sua vez mistura um pentecostalismo atravessado a ensinos pagãos vindos do Oriente. Essa é uma das bases de sua Teologia da Prosperidade e de seu Triunfalismo, pelo qual acha que pode decretar, exigir direitos, determinar, ordenar.
Sejamos o que Deus nos chamou a ser: filhos de Deus. Está bom para você ou ser deus é a sua meta?

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O que faríamos de Cristo diante da ausência total de perspectiva existencial?

Ontem, no culto da noite em minha igreja, tive a oportunidade para dar uma saudação. A partir do texto de Lc 23.39ss, falei das diferentes atitudes dos ladrões que ladeavam Jesus, e da total ausência de perspectiva existencial para ambos. Mesmo sabendo que iria morrer dali a pouco, um dos malfeitores preferiu blasfemar contra o Filho de Deus, enquanto o outro, arrependido, pediu a Cristo que Se lembrasse dele quando entrasse no Seu Reino.

Sem nenhuma possibilidade de descer da cruz e começar uma nova vida, nenhum deles tinha condições de pensar em Cristo como amuleto para as necessidades e desejos existenciais. Não poderiam jamais usar o Nome de Jesus para fundamentar interesses mesquinhos, materialistas, nem poderiam basear sua fé em sentimentos, sensações ou instintos. Diante de si, apenas a morte, a não-existência, o caos dessa vida que se vai.

É aqui que reside a diferença entre as atitudes aqueles homens condenados à cruz: antevendo a entrada de Cristo em Seu Reino, um dos ladrões acreditou na mensagem do Filho de Deus e a Ele entregou o seu destino. Esse é o exemplo de quem crê em Cristo pensando nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra. A Salvação, para o ladrão convertido, traria benefícios espirituais e eternos, e não mais que isso.

Quem conhece a Bíblia não teve como não recordar agora de Cl 3.1-4, onde Paulo nos exorta a pensar nas coisas que são de cima, pois morremos com Cristo e a nossa vida está escondida com Cristo, em Deus. Se já ressuscitamos com Ele, temos diante de nós uma outra perspectiva, uma nova vida, uma outra dimensão. Por que, então, ancorar nosso discurso e nossos desejos em interesses sumamente materialistas e sensoriais?

Digo isso porque nós, evangélicos pentecostais, temos uma tendência ao exagero na área dos milagres. Cremos que os milagres têm que acontecer. Mas, quem disse isso? Enfatizar milagres demais é como materializar a fé, porque os milagres, embora de origem com isso corremos o risco de parecer muito espirituais, quando estamos sendo, na verdade, bem carnais.

domingo, 24 de outubro de 2010

Som Maior mesmo!!!

Ontem eu estava ouvindo músicas postadas no youtube e deparei com o Conjunto Som Maior, um excelente grupo evangélico que existiu entre 1976 e 1996. Formado na Convenção Batista Brasileira em São Paulo, a partir do Grande Coral Jovem, o Som Maior gravou nove discos de formidáveis canções, que seguem o estilo Negro Spiritual - aquele ritmo alegre dos negros americanos, que se associa ao blues e ao jazz.
O site conjuntosomaior.com.br traz toda a discografia desse belo grupo musical. Em tempos de músicas "gospel" antropocentristas e triunfalistas, carregadas de apelo ao sensorial e de uma espécie de "existencialismo evangélico", é muito bom ouvir louvores como os do Som Maior, que, à semelhança do Logos e do Vencedores por Cristo, deixou um legado de músicas enriquecidas em todos os sentidos.
Ouvir, por exemplo, Leva minh'alma, primeira faixa do primeiro disco (Brilho Celeste, de 1977), é maravilhoso, pois reúne espiritualidade a um harmonioso arranjo a cappella, seguido por um toque ritmado próprio dos americanos.
Passem lá no site do Conjunto Som Maior!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Walter Pinheiro foi agradecer a Deus em minha igreja - e tenho cá as minhas observações

Ontem à tarde o deputado federal e senador eleito Walter Pinheiro, do PT, esteve na sede da Assembleia de Deus aqui em Salvador. Era uma reunião administrativa dos pastores, e eu lá estava a convite do pastor do setor que frequento. O deputado Pinheiro apareceu, segundo ele, para agradecer a Deus pelo resultado das eleições, coisa que faz, ainda segundo ele, em todo pleito, seja qual foi o resultado - ele é batista, de uma igreja localizada na Pituba.
Confesso que me sinto em situação um pouco difícil diante de políticos que surgem em igrejas em época eleitoral. Como não há abertura para perguntas, e como eles, geralmente evangélicos, usam linguajar "evangeliquês" e um discurso comum a nós, fica parecendo que pensamos como eles, ou que abonamos o que eles dizem. E eu jamais gosto de deixar uma impressão assim...
Entre as muitas declarações do deputado Pinheiro a respeito de Deus, Bíblia, Evangelho, testemunho, ele disse que, agora que nenhum dos candidatos é próximo à nossa fé, seria a vez de votar em Dilma Rousseff. Ele mesmo declarou, obviamente, ter votado em Dilma Rousseff no primeiro turno. Ora, se ele não votou na evangélica Marina Silva naquela ocasião, por que usar agora o argumento de que nenhum dos candidatos é evangélico?
Dentro disso, vejo que o deputado Pinheiro usou, mui sutilmente, aquele raciocínio de que evangélico vota preferencialmente em evangélico. Mas o deputado pode fazer melhor que isso. Estamos mais avançados do que esse tipo de discurso... Ou poderíamos estar.
Realmente não sei como Walter Pinheiro consegue viver dentro de um partido autoritário, marxista, ligado a Cuba, admirador das FARC e apoiador de uma agenda eticamente liberal (descriminação do aborto, direitos abusivos de homossexuais) e excessivamente controlador (controle "social" da imprensa, intervenção na educação doméstica).
Gostaria de ter a oportunidade de ouvir do deputado Pinheiro como ele consegue viver dentro do PT. Estou sendo sincero. Seria muito difícil para mim estar num ambiente com o qual tenho profundas divergências. E, considerando que ele segue a Bíblia, imagino ser amplamente complicado ver o seu partido fazendo as mesmas coisas que tanto criticou num passado recente - e que ainda critica, dependendo do lado em que está.




sábado, 16 de outubro de 2010

O petismo cibernético me assusta

Leio a Folha.com e sempre vejo um turbilhão de comentários de petistas. Eles atacam José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso como se eles fossem inimigos do Brasil. E defendem Lula e Dilma Rousseff de maneira incondicional. Fico pensando: o que esse pessoal ganha com isso? Quais os interesses que os movem?
É impressionante como os militantes do PT são carregados de informações distorcidas e se alimentam rapidamente de supostos argumentos contra adversários. Hoje saiu uma reportagem de Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo apoiada unicamente na fala de ex-alunas da esposa de Serra, segundo as quais a sra. Mônica Serra teria feito aborto. Com base apenas na declaração dessas pessoas, o jornal publicou a notícia, mesmo sem conseguir falar com a esposa do candidato. Mas, e daí? Já se tem munição para a militância, como acabo de ver em mais um comentário na Folha.com.
Devo admitir que o PT sabe mobilizar sua militância, e assim eles enchem a internet de acusações quanto a privatizações, pedágio, progressão continuada, além de defesas do governo e do passado de Dilma Rousseff. Trabalham em duas frentes: reproduzir em massa "explicações" para os inúmeros escândalos do governo Lula e atribuir todos os males do Brasil ao PSDB e ao DEM.
Esse pessoal me assusta. Agem eles com um pensamento maniqueísta, reducionista e maquiavélico: é o "nós contra eles", o simplismo de achar que Lula inventou o Brasil e a tese de que vale tudo em nome de uma "justiça social".
Esses mesmos petistas cibernéticos vivem dizendo que a Folha é tucana, reacionária, elitista, e que faz parte do chamado "PiG - Partido da Imprensa Golpista". A partir disso, jornais como a Folha ficam com medo de não parecer plurais e fazem reportagens contra Serra e a favor de Dilma.
Por exemplo, depois que os petistas criticaram a postura da Folha por aprofundar a denúncia de malfeitos do governo, o jornal logo publicou uma reportagem segundo a qual propostas de Serra para a Saúde não teriam sido bem-sucedidas no governo paulista. Também fez uma reportagem para afirmar sua postura crítica a governos anteriores. Por que ter tanto receio do PT?
Existe uma ânsia dos petistas por pautar a imprensa. Eles inventaram que a polêmica do aborto produziu o declínio de Dilma nas pesquisas, e lá foram os jornais tratar do assunto. Colunistas da Folha vivem agora dizendo que aborto não é tema eleitoral, que Deus deve sair da campanha, que o Estado é laico, que tudo isso é obscurantismo medieval etc. E assim o discurso falso do PT ganha ares de verdade.
A internet é um território livre, e muita coisa boa se faz por meio dela - este blog não seria viável sem o caráter democrático da web. Todavia, esse pessoal precisa ser responsabilizado pelo que diz, seja na esfera penal, seja na esfera civil. Ninguém pode sair espalhando inverdades e ficar por isso mesmo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Estado laico não é pretexto para a defesa do aborto

Analistas "iluminados" gostam de usar o argumento de que o Estado é laico toda vez que os cristãos expõem sua posição sobre temas como aborto, união civil de pessoas do mesmo sexo e células-tronco embrionárias. Sim, a laicidade é um princípio republicano defendido primeiro pelos próprios cristãos, porque a separação entre Igreja e Estado é, na realidade, uma defesa para a liberdade da fé.
Agora, laicidade do Estado não se confunde com Estado secularista. Mesmo um Estado sem religião oficial e que permite a liberdade religiosa pode (e deve) estar atento a valores morais e filosóficos, sem necessidade de fundamentar suas políticas em livros sagrados nem quaisquer tradições religiosas.
A secularização estatal é problemática porque desconsidera totalmente o misterioso, o desconhecido, aquelas coisas que não se pode medir, como o início exato da existência humana e o que ocorre com a pessoa em estado vegetativo. Os secularistas desprezam o conceito metafísico de vida, pois só se interessam pelos elementos biológicos, materiais, palpáveis. Não se preocupam com a possibilidade de se imiscuirem em esferas que não lhes pertencem, como o poder de dar e tirar a vida. Com isso, revelam-se excessivamente pragmáticos, utilitaristas. Por exemplo, se o aborto é para os cristãos o assassinato de uma pessoa humana, os secularistas não se importam, crendo que se trata de mera crença religiosa. Todavia, independentemente de constar essa doutrina de algum credo, é de se indagar sobre o conceito mesmo de vida, existência, origem, destino, interferência humana nos acontecimentos.
Não somos fundamentalistas cristãos nem obscurantistas, como dizem Carlos Heitor Cony, Janio de Freitas, Elio Gaspari, Gilberto Dimenstein e tantos outros. Não somos medievais. Se só os secularistas puderem discutir aborto e outros temas sociais, onde iremos parar? É mesmo a democracia que eles defendem ou a democracia tem sido apenas um regime que lhes convém até hoje? Por que um crente não pode falar de aborto, casamento gay, divórcio, células-tronco? Somos menos cidadãos que os outros?
Acredito no sagrado, creio em Deus na Pessoa de Cristo, conheço as Escrituras, sou salvo pelo sangue de Jesus - e não peço aos legisladores que coloquem minha fé como regra legal. Longe disso! O que buscamos é a possibilidade real de discutir assuntos políticos a partir de nossas perspectivas.
Laicidade e secularização, volto a dizer, são coisas distintas. Podemos ser cidadãos livres num Estado laico, mas não será nada bom assumirmos uma postura de deificação do Homem. Se o Humanismo errou ao estabelecer que o Homem é a medida de todas as coisas, por que voltarmos a esse parâmetro equivocado?

sábado, 9 de outubro de 2010

Aborto, religião e eleições

Assim como ocorre nos Estados Unidos, o aborto passou a ser tema de campanha presidencial nas eleições brasileiras deste ano. E isso é bom! Alguns não gostam nada disso, é claro, a começar pelos petistas, já que são favoráveis à descriminação (ou descriminalização) do aborto. Mas há também jornalistas, como Gilberto Dimenstein e seus colegas da Folha, que acham essa discussão uma coisa obscurantista, medieval, fundamentalista e atrasada. Só que não é bem assim.

É bom esclarecer que todos têm direito de colocar na internet a informação que quiserem, desde que sem cometer crimes - a exemplo dos tipos penais de injúria, calúnia e difamação. Não é terrorismo exibir opiniões sobre os candidatos se o que se diz é verdade. Em 2006, o PT veiculou em seu programa eleitoral do segundo turno a informação de que Geraldo Alckmin faria privatizações, mas ele não prometera isso em sua campanha. Tudo não passou de um golpe de marketing político. Ora, se os petistas podem fazer terrorismo com as privatizações, por que os religiosos não podem informar o eleitor sobre as opiniões de Dilma e do PT sobre aborto? Não é tema político? Mesmo considerando que a preocupação em torno do aborto resulte de convicções religiosas, ele deixa de ser tema político por causa disso? Não é tema de direitos humanos, como consta do PNDH-3*? Quer dizer que aborto é assunto de direitos humanos quando se trata de descriminalizar, e deixa de ser assunto de direitos humanos quando um católico ou evangélico grita contra ele na internet? Tenha dó!

Evidentemente, a defesa da legalização ou descriminalização do aborto não é o único ponto de vulnerabilidade de Dilma Rousseff, sendo apenas um dos flagelos de sua pouco conhecida biografia de ex-guerrilheira, que, diga-se, o Superior Tribunal Militar decidiu esconder num cofre.
Dizem que a discussão sobre o aborto foi um dos principais motivos da ida para o segundo turno. Embora eu considere que o voto evangélico, em especial, tenha sido muito importante, penso que ele não se bitolou pelo tema do aborto, havendo muitos outros mais. É que temos em Dilma a possibilidade real de defesa de uma agenda liberal.
Quem suscita a "queda" de Dilma Rousseff por causa do aborto é porque acreditava piamente nas pesquisas, que, todas elas, se mostraram erradas. Na realidade, se acreditássemos firmemente nas pesquisas, diríamos que até a boca de urna Dilma ganharia, mas na hora do voto o eleitor se lembrou, por exemplo, de que ela é a favor da descriminalização ou da legalização do aborto, e aí, só aí, mudou de ideia e votou na Marina ou no Serra.
É certo que cerca de 20 milhões de brasileiros escolheram Marina Silva, entre evangélicos, católicos, ambientalistas, jovens, artistas, intelectuais, trabalhadores... E mais de 30 milhões escolheram Serra, não se podendo apequenar a força dos que não quiseram um terceiro mandato de Lula por interposta pessoa, ou que simplesmente não gostam do próprio governo Lula, como eu.
Voltando às pesquisas, agora chego a duvidar até mesmo de que Lula tenha os 80% de cada pesquisa. Se os mais importantes institutos erraram quanto ao resultado das eleições, por que eu acreditaria que Lula goza de 80% de "bom e ótimo"?
Reduzir o descontentamento com Dilma ao problema do aborto é como acreditar no discurso governista de que vai tudo bem, que nada há a criticar, e que apenas a candidata precida reforçar suas ideias pró-vida e usar o nome de Deus mais vezes...Tenha paciência!
Não voto em Dilma porque não aprovo o governo Lula, não aprecio a esquerda petista, não gosto de sua política externa, não avalizo o programa do PT, não concordo com a estrutura do Bolsa Família, não aceito o tratamento dado aos escândalos, não admito uma república sindical, não tolero tentativas de controle social da imprensa, não acato ex-guerrilheiros não-arrependidos, não simpatizo com amigos das FARC, de Fidel e de Chávez, e, acima de tudo, não gosto de um governo que amaldiçoa tudo o que recebeu dos governos anteriores e diz que tudo de bom foi ele que fez.
É certo que não desprezo o tema do aborto, mas ele é um dos muitos motivos pelos quais considero Dilma Rousseff a representante de uma esquerda perigosa para o Brasil - que, por sinal, não chamarei de "este país".

*Programa Nacional de Direitos Humanos III

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

CARTA ABERTA AO SENADOR ELEITO WALTER PINHEIRO

Prezado Senador eleito Walter Pinheiro,

Há muitos anos ouvi falar do nome do senhor como candidato a deputado pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Depois de um tempo fiquei sabendo que o senhor é evangélico, e um dia desses vi que pertence à Igreja Batista da Pituba, aqui em Salvador.
Comecei a votar em 1996, e até 2005 acreditei no PT e em Lula. Votei em Lula para presidente em 2002, assim como procurava votar em candidatos petistas para outros mandatos eletivos, crendo serem eles defensores da ética, dos bons costumes políticos e da justiça social. Na Bahia, era o PT uma força a combater o carlismo, e ser contra o carlismo já consistia num argumento e tanto.
Com o mensalão, passei a ter uma postura mais crítica em relação ao PT. Antes surgira o Waldomiro Diniz, além da tentativa de expulsão de Larry Rohter, correspondente do New York Times, por ter falado que Lula bebia demais. Os escândalos sucederam-se: aloprados, sanguessugas, quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo, quebra do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB, provável tráfico de influência na Casa Civil (caso Erenice Guerra) e o dossiê com dados sigilosos de FHC e sua esposa - citando apenas os episódios de que me recordo agora.
Houve, ainda, a terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3)  propondo a descriminação do aborto, controle social da mídia, mitigação da propriedade rural, taxação de grandes fortunas, coisas do velho PT, mas que o presidente Lula deixara latentes até o final do seu governo.
Por falar em direitos humanos, houve a declaração de Lula no sentido de que não poderia interferir na situação da mulher iraniana condenada ao apedrejamento porque seria "avacalhação", tendo já comparado presos políticos de Cuba a presidiários comuns de São Paulo, exatamente no dia seguinte ao dia da morte do preso político que, segundo Lula, "se deixou morrer" (!).
E o que dizer da participação do PT no Foro de São Paulo junto com as FARC? Ou isso é mentira da "imprensa golpista"?
Não bastassem essas coisas todas, o presidente Lula feriu gravemente a legislação eleitoral, e de diversas formas, associando a isso alianças espúrias com Sarney, Collor, Renan Calheiros e Jader Barbalho, homens tão criticados pelo petismo num passado recente.
Em minha humilde concepção, creio que amadureci politicamente ao longo dos anos, e entendo que o maior mérito de Lula foi não ter aplicado em seu governo o programa econômico do PT - nem sei se existia, com substância, um programa econômico petista.
Excelência, tudo isso serve para que lhe faça uma simples indagação: como o senhor consegue ser cristão e ao mesmo tempo apoiar esse pessoal do PT? Não fiquemos limitados à questão em torno do aborto. Eu me refiro a tudo o que mencionei acima, e ao plus que o senhor conhece mais do que eu.
Onde o senhor estava? Diga-me, por favor, se dentro do partido o senhor se manifesta contrariamente a tudo isso. Quero ouvir que sim. Em seu lugar, afirmo que não suportaria, pois tenho uma tendência enorme de deixar bem claras as minhas convicções dentro de um grupo. Talvez criasse uma úlcera se me mantivesse calado, lançando-me ao Senado com o apoio de um líder populista que infringe as leis que jurou seguir.
O senhor, com sua imagem, me passa uma boa impressão. Sempre o considerei uma pessoa honesta, idealista. Todavia, grande é a minha decepção ao perceber que o senhor continua aí com o pessoal do PT. Se o senhor me der uma boa razão para continuar num partido que é o lado ruim da esquerda, eu prometo que publico aqui e elogio.





Submissão e amor

Tive o prazer de, na terça-feira, dia 05 de outubro, falar aos irmãos da Igreja Batista Nacional Bom Samaritano, igreja dirigida pelo Pr. Ezequias Conrado dos Santos. Usei o texto de Ef 5.22-33, umas das passagens necessárias ao estudo da família cristã, tema daquele culto. Vejamos um resumo do que refletimos ali:
Quando deparamos com textos bíblicos a respeito da família, precisamos nos despojar de princípios e valores mundanos, nos livrando, pois, de perspectivas, costumes e filosofias seculares.
Os textos de Paulo são comumente considerados machistas, fruto de uma sociedade patriarcal, como se o apóstolo escrevesse a partir de seus preconceitos sociais. Precisamos, portanto, deixar de lado os "óculos" que herdamos da tradição secular, sob pena de não entendermos a mensagem bíblica.
O pensamento de Paulo no texto em questão gira em torno de dois conceitos: a submissão e o amor.
Submissão, aos olhos do mundo, é o mesmo que subserviência, sujeição à opressão, à força, ao poder de outrem. Dizem as feministas que a mulher não deve ser submissa ao marido, mas sua ótica difere da ótica cristã, pela qual submissão é tolerância, respeito, paciência, andar junto.
Além disso, o versículo 21, imediatamente anterior ao texto comentado, exorta a uma sujeição recíproca e democrática, em que todos os crentes se sujeitam "uns aos outros". Assim, antes da submissão da esposa a seu marido, existe a submissão coletiva, que ocorre na Igreja, de uns para com os outros - o que naturalmente inclui a sujeição do homem para com sua mulher e da mulher para com o marido, na condição de cristãos. Em Cristo, todos são iguais.
Ainda sobre o movimento feminista, é preciso dizer que ele fez pesar sobre a mulher que escolhe ficar em casa um encargo injusto: ai da mulher que prefere, ao menos por um período, trabalhar em casa, cuidar dos filhos e do marido! Todo o peso do feminismo cai em suas costas, a dizer que ela não se emancipou. Isso é justo? E mais: as escolhas da mulher devem, antes de tudo, decorrer de sua individualidade, e não do gênero.
Entendo que, nesse texto de Paulo, o desafio maior e mais profundo é o do amor, e a exortação paulina ao amor dirige-se aos maridos, que devem amar suas esposas "como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela". Amor é compromisso radical, renúncia e sacrifício. O homem deve amar a sua esposa. Garanto que a mulher pratica a submissão cristã a um marido que a ama!
Ser cabeça do lar não significa que o homem deve ser autoritário. Longe disso! O homem deve ter atitude, não pode ser indeciso demais, fraco demais, inepto para tomar posição. Toda mulher aprecia a atitude, a postura do homem.
É necessário compreendermos o caráter revolucionário e transformador do Evangelho. Muitas vezes diremos coisas "politicamente incorretas" e "polêmicas", mas somos, de fato, uma contra-cultura. Se quisermos influenciar positivamente a sociedade, deveremos abraçar os princípios e valores cristãos em sua pureza.

domingo, 3 de outubro de 2010

Segundo turno, como imaginei!!!

Que alegria, teremos segundo turno para a presidência da República! Quando parte da imprensa dava por certa a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno, eis que os números das urnas mostram que a disputa terá uma segunda etapa. Isso é bom para a democracia, pois agora teremos um espaço especial em que ambos os candidatos gozarão do mesmo tempo de TV, e muitas das informações declinadas ou omitidas poderão vir à tona.
Marina Silva surpreendeu com cerca de 20% de votos, e alguns comentaristas políticos na TV dizem tratar-se de aceitação de sua proposta ambientalista e de um "voto de vanguarda", como o de 1989, dado a Lula. Penso, porém, que pode ter havido muitos votos evangélicos em Marina Silva, mesmo ela não tendo usado a condição evangélica em sua campanha. Creio que o voto evangélico pode ter sido um dos fatores decisivos, pois, mesmo sem a indução por Marina, houve, na internet e a "boca pequena", demonstrações críticas a Dilma Rousseff, especialmente no que diz respeito a aborto. Sei que há boatos, como aquele de que ela teria dito "nem Cristo me tira essa vitória", mas a defesa do aborto é real em sua biografia, além de sua carreira terrorista.
Assisti na Veja On Line agora há pouco aos comentários de Reinaldo Azevedo, Ricardo Setti e Augusto Nunes, os quais dedicaram um espaço às eleições baianas. Em sua análise, comentaram que César Borges, antigo carlista que passou a apoiar Lula logo depois da morte de ACM, "conseguiu perder para Lídice da Mata". Disseram que César Borges era tão bajulador de ACM que no Senado usava gravata igual ao do padrinho. Eu já ouvira, de um amigo meu, a afirmação de que César Borges era mais carlista que Antonio Carlos. Pois é. Por outro lado, aqueles que atacaram o demista Paulo Souto por ter sido do grupo de ACM esquecem que Wagner governa com ex-carlistas e que seu vice, Otto Alencar, era carlista como Souto e Borges. Esses que esquecem o carlismo de Otto Alencar são os mesmos que gostam de lembrar que o DEM foi PFL, PDS e ARENA, mas esquecem que o PP, que apóia Lula e Wagner, vieram da mesma cepa.
Ao menos ao nível federal teremos segundo turno. No programa da Veja a que me referi, Augusto Nunes disse que Marina Silva telefonou para Aécio Neves marcando uma conversa, e adiantou que apoiaria o PSDB se este acatasse algumas de suas propostas. É esperar.
Antes de terminar, quero dizer que o voto evangélico deveria ser guiado por outros temas, que não apenas o aborto. Fico triste ao saber que erenices, dirceus e dossiês não são capazes de conduzir a uma flagrante derrota de Dilma. No entanto, fico menos feliz ainda por saber que algumas questões são tratadas com simbolismo demais e reflexão de menos.


Uma multidão mal-educada

Políticos não podem dizer tudo o que pensam. Daí vem a expressão "politicamente correto". Mas se eles não podem, eu posso, e vou dizer o seguinte: sem generalizar, afirmo que há um número absurdo de pessoas mal-educadas aqui na Bahia. Não me refiro ao povo para não cometer um erro, mas qualquer pessoa de bom senso percebe o quanto existe de deseducação em meu Estado.
Um exemplo disso é o mar de "santinhos" jogados no chão neste dia de eleições. Um camarada jogou vários deles em cima do meu carro enquanto eu passava, voltando da igreja. Pela janela, disse-lhe para não fazer aquilo, ao que me respondeu: "Ôxe, vai arranhar, é?" E eu retruquei: "Vai arranhar, e isso aí é crime eleitoral". Sim, é crime eleitoral reunir-se para fazer boca de urna. Qualquer tipo de propaganda eleitoral, a não ser aquela manifestação silenciosa do eleitor, é crime hoje. Mas quem sabe disso?
No trânsito, é um horror. Eles furam o sinal, "metem o terço", como se diz por aqui - pondo o carro na frente para forçar a passagem -, estacionam em lugar errado com o pisca-alerta ligado, como se isso fosse suficiente - e violam as mais diversas leis. E em minha rua, que é de mão única, frequentemente eu vejo carros vindo em sentido proibido.
Minha esposa, descendente de japoneses, tem que ouvir constantemente, no bairro, frases alusivas à sua aparência, à sua condição étnica. Mas ela não pode ir a uma delegacia e dizer que isso é racismo. Ou pode? Um médico amigo meu, que tem pele clara e descende de libaneses e alemães, não pôde entrar num estabelecimento no Pelourinho por não ser "negro". Isso não é racismo? Isso não é falta de educação?
A deseducação campeia por aqui. Às vezes estou tranquilo e passa uma criança, jovem ou mesmo adulto e dá um grito perto de mim, como se fosse razoável gritar perto de alguém. O indivíduo quer chamar a atenção de outrem e grita aos meus ouvidos.
No caminho da escola, a pé, minha esposa ouve filhos respondendo mal aos pais, e ela precisa mostrar à minha filha que aquilo é errado, pois em casa não ensinamos assim. E tem mais: muitos motoristas até diminuem a velocidade para ver minha filha, brincar com ela, mas não são capazes de parar e dar passagem.
O educado passa a ser visto como bobo. Dar o lugar a uma senhora no ônibus? Nem pensar. Ah! Lembrei de que dia desses ia de ônibus ao dentista quando uma moça ligou o celular só para tocar uma música em volume alto, do pior estilo possível. Tudo bem, que ela ouça o que quiser. Mas eu preciso ouvir também?
Tenho o salvo-conduto dos que não são políticos. Posso dizer, sem ofensas, o que muita gente gostaria de dizer e não tem oportunidade. Espero em Deus que pelo menos os evangélicos sejam mais educados do que a média estadual e nacional...Haja oração!



sábado, 2 de outubro de 2010

E a democracia cristã?

Hoje fiz uma breve pesquisa na internet sobre a democracia cristã, lembrada no famoso jingle "Ey-Ey-Eymael, um democrata cristão". Descobri muitas coisas interessantes, que o pequeno tempo de propaganda do PSDC (Partido Social Democrata Cristão) não consegue mostrar. Como a pesquisa se deu a partir da Wikipedia, pode conter incorreções, mas dá notícia do que seja o movimento. Também li alguma coisa do site do partido do Eymael.
Pelo que li, a democracia cristã é uma corrente política nascida na França e na Alemanha, que depois se espalhou pela Europa e pela América Latina. A Alemanha e a Itália já tiveram estadistas democratas cristãos: Konrad Adenauer, Helmut Kohl e Angela Merkel, na Alemanha, e Alcide De Gasperi, primeiro-ministro italiano. Vicente Fox, presidente do México, também é exemplo de democrata cristão, assim como o ex-presidente do Chile Eduardo Frei Montalva.
A democracia cristã teria surgido como reação à política de intolerância religiosa, com uma pregação de separação entre Igreja e Estado. Nos países protestantes, a resistência foi católica; nos católicos, a resistência foi protestante. Muito de sua filosofia política estaria baseada em Encíclicas Papais como a Rerum Novarum, de Leão XIII. Pelo que estudei quando pesquisava a função social da propriedade - com bolsa do CNPq -, algumas Encíclicas Papais foram muito importantes na área de justiça social.
Um dos mais proeminentes democratas cristãos foi o teólogo e estadista holandês Abraham Kuyper.
Os democratas cristãos têm sua Internacional Democrata Cristã ou Internacional Democrata Centrista, assim como os esquerdistas têm a Internacional Socialista ou o Foro de São Paulo. Nos diversos países, os partidos podem divergir em determinados assuntos, e até adotar variações denominacionais. Há democratas cristãos no Parlamento da União Europeia.
A democracia cristã discorda da eutanásia, do aborto e da união civil de pessoas do mesmo sexo; defende valores da moral cristã e uma economia social de mercado, pregando contra o comunismo e contra o capitalismo desumanizado. Alinha-se com o liberalismo econômico, mas também com o pensamento social-católico. É considerada uma ideologia de direita, pois contraria o socialismo, advoga políticas de reformismo social e combate ícones sociais da esquerda, especialmente no campo moral, como os acima mencionados.
Descobri, ainda, que o jurista Cerarino Júnior foi um dos ilustres democratas cristãos brasileiros, e que até mesmo Jânio Quadros foi democrata cristão, para minha surpresa. E não posso esquecer do hoje candidato Plínio de Arruda Sampaio, a quem Dilma "acusou" de ter vindo da direita.
O Partido Democrata Cristão (PDC) surgiu em 1945, foi cassado, como todos os demais, em 1965, e somente em 1985, com a redemocratização, pôde retornar, tendo José Maria Eymael como deputado constituinte, além de outros representantes eleitos. Houve em 1993 uma fusão com o PDS (Partido Democrata Social, antiga ARENA), formando o PPR (Partido Popular Reformador), que depois veio a ser o PPB (Partido Progressista Brasileiro) e que desde 2006 se chama PP (Partido Progressista).
José Maria Eymel, membro do PDC, teria fundado o PSDC em 1995 por discordar da fusão com o PDS.
Agora, por que comecei a procurar informações sobre a democracia cristã? Buscava partidos de direita, algo muito difícil hoje, pois ser de direita no Brasil, ao menos depois do regime de 1964-1985, parece pecado. Todo mundo quer ser de esquerda ou de centro, principalmente após o lulismo.
O curioso é que a democracia cristã, tão proclamada por Eymael, candidato à presidência, em sua musiquinha, é um movimento de elevadas proporções internacionais, mas que a juventude não conhece. Tudo bem, pode ser que hoje esteja um tanto fora de moda, mas o seu ideário, embora tenha surgido no mundo em período bem diferente, pode ser renovado sobre as mesmas bases: direitos humanos; liberdades fundamentais; Estado laico, mas não secularizado; combate ao aborto, eutanásia, casamento entre homossexuais; justiça social. Esses temas não deixam de existir nunca.
Alguém poderá considerar anacrônico o meu texto, ou imaginar que estou declarando voto no candidato do PSDC. Não é esse o meu propósito aqui. Como estamos em época eleitoral, meus pensamentos acabam ficando povoados de política, e procuro obter informações úteis.
Quem sabe a direita qualificada um dia não se fortalece no Brasil? Os da esquerda são fortes e organizados, têm gente boa lá dentro e propostas voltadas à igualdade. Todavia, não gosto de um pluralismo falso, em que todo mundo pensa parecido. Sem uma boa direita, sem uma direita de verdade, as esquerdas farão o que quiserem.



Fontes de pesquisa:



sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Uma opinião sobre os candidatos à Presidência depois do último debate

Os candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) evitaram o confronto no debate da Rede Globo, de maneira que nem Serra perguntou a Dilma, nem Dilma perguntou a Serra. Buscaram eles manter os votos que têm. Na minha opinião, o erro é de Serra, que está atrás e precisaria mostrar um diferencial, notadamente no campo dos princípios republicanos.
Poderia Serra perguntar a Dilma por que Lula diz que ela é responsável por tudo de bom do seu governo, mas ao mesmo tempo nada sabe de tudo de ruim que ocorreu na Casa Civil, como o provável tráfico de influência sob as barbas de Erenice Guerra, pessoa de sua confiança e que a sucedeu no comando daquele ministério. Poderia ter perguntado por que ela esconde sua verdadeira opinião sobre o aborto. Poderia ter perguntado por que ela hoje acolhe informalmente o José Dirceu em sua campanha, assim como Antonio Palocci, além de ser acompanhada por políticos que são réus do mensalão petista federal. Poderia comparar o que o PT fez com mensaleiros e aloprados com o que o DEM fez com José Roberto Arruda e outros do mensalão candango. Poderia perguntar sobre liberdade de imprensa. Poderia defender mais o governo FHC, e explicar que o que existe de bom no governo Lula decorre fundamentalmente da política que os petistas atacaram ferozmente a vida toda.
Como sempre, Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) pregou suas propostas socialistas, como o aluguel compulsório e o não-pagamento e auditoria da dívida externa, sob aquela toada de que seu partido luta contra o sistema capitalista, contra as elites dominantes. De qualquer modo, é o único candidato que emociona. Confesso que quase chorei em suas considerações finais (sem ironia!) - ele falou muito bem, e ao final proclamou um sonoro "Viva o Brasil", com as mãos para cima. O que falta nele principalmente é uma boa proposta política, mas, sem nenhuma dúvida, tem capacidade de comunicação como nenhum dos seus adversários.
Marina Silva (PV) veio mais uma vez com aquele discurso de planejamento estratégico do Brasil e de candidatura de terceira via, a fim de furar o tal plebiscito PT/PSDB, mas creio que teoriza demais e não se faz compreender pelo eleitor. Teve que ouvir de Serra que, na época do mensalão, continuou no governo.
Dilma e Serra saíram-se bem, e digo isso quanto à forma de comunicar propostas, mas Serra me parece muito mais preparado. Fora essas promessas estranhas de 13º bolsa família e salário mínimo de R$600,00, ele me convence mais.
Foi a primeira vez que ouvi Dilma Rousseff se referir a Deus, o que fez em suas considerações finais. É claro que fez isso de caso pensado, porque há aquele problema com evangélicos e católicos por causa do seu pensamento sobre o aborto. Aliás, como sustenta corretamente Reinaldo Azevedo em seu blog, alguns jornalistas entraram no erro de dizer que a defesa dilmista do aborto seria mero "boato", quando ela efetivamente concorda com o aborto, como escrevi no post anterior. Algumas coisas espalhadas na internet devem ser boatos, como aquela história referente à sua vida íntima, mas isso não importa na escolha de um representante político. Todavia, não é boato que Dilma Rousseff defende o aborto, participou de grupos terroristas de esquerda, escolheu mal pessoas para ocupar a Casa Civil e é suspeita de ter comandado a elaboração de um dossiê com dados sigilosos de FHC e sua esposa, dona Ruth Cardoso.
Voltando a Marina Silva, no início eu criei grande expectativa sobre ela por ser uma pessoa honesta, séria, que tem experiência política e não usa o ser evangélica para ganhar votos. Entretanto, erra ao defender plebiscito para a decisão política sobre descriminação do aborto e descriminação do uso de maconha, quando se trata de temas em que deveria mostrar sua firme posição cristã. Marina Silva tem sua origem petista bem evidente. Muitos dos artistas, socialistas e ambientalistas que hoje apóiam Marina votaram em Lula em 1989, crendo que ele seria extremamente ético e revolucionário. Não estou supondo que Marina seja uma versão feminina de Lula, pois são figuras muitíssimo diferentes. O fato é que muito desse pessoal que cultiva esperanças em Marina Silva vem da mesma cepa daqueles que apoiavam Lula em causas libertárias mas sem consistência prática. E há também uma tardia onda evangélica.
Gostaria imensamente de que houvesse segundo turno. Fico triste com a situação do Brasil, em que um presidente populista, mitificador e violador da Constituição segue com quase 80% de aprovação popular, operando uma revisão da história com muita propaganda errada, iludindo o povo com números fantasiosos, como os do PAC e do Minha Casa, Minha Vida, além do bolsa-família, que é útil, mas não pode ser mais do que um mecanismo provisório de transferência de renda.
No próximo dia 3, a decisão é do povo. Que Deus nos ajude.


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Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.