domingo, 9 de janeiro de 2011

Da inicianta linguagem do poder

A Presidenta Dilma Rousseff é, por enquanto, residenta na Granja do Torto, mas logo deve se mudar para o Palácio da Alvorada. Essa ex-guerrilheira descendenta de búlgaros parece ser uma pessoa muito silenta, pouco sorridenta e algo resistenta aos holofotes.
Dizem que a nova presidenta é competenta no aspecto gerencial, mas ainda não é possível saber de quase nada de sua condução política, pois é estreanta em eleições e mandatos públicos. O que se noticia é ser ela impacienta com assessores e ministros, cobrando resultados e respostas adequadas.
Tomara que essa senhora seja prudenta, convincenta, coerenta e diferenta do seu antecessor, que falava demais e se achava um deus. Aliás, ela, que há pouco se disse católica, mandou tirar o crucifixo da parede e a Bíblia da mesa. Isso é prova de ser uma pessoa congruenta!
Primeiras medidas da gerenta: manter nos cargos o Ministro do Turismo, que pagou motel com dinheiro público, e a Ministra da Pesca, que pagou hotel com dinheiro público; chamar para conversar o Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, para quem os desaparecidos políticos são apenas um fato histórico (a percucienta presidenta não sabia da opinião do General ao nomeá-lo); e verificar que a aliança com o PMDB pode representar maior complexidade do que nunca...
É isso. A ideologia libertária das minorias inaugura este ano uma nova forma de falar a Língua Portuguesa. Daqui a pouco, haverá um dialeto para cada gueto, um idioma para cada filosofia. As mentalidades começam a ser infiltradas a partir da linguagem.

sábado, 1 de janeiro de 2011

O adeus de Lula e a posse de Dilma - singelas considerações

Este é o primeiro post de 2011. Assisti à cobertura da posse de Dilma Rousseff no cargo de presidente da República, com a consequente despedida de Lula. Seguem algumas impressões:
Lula foi exaltado por Dilma em seu discurso no Congresso. Era de se esperar, já que se fomenta no Brasil um caminho de mitificação e mistificação em torno desse homem que ocupou a presidência por oito anos. Falou de sua "sabedoria", e depois no discurso no Parlatório voltou a falar de um Lula mítico, líder popular que, segundo ela, foi o maior da história, generoso, transformador. Mais do que as instituições, Lula foi enaltecido como o pai da história. É certo que Dilma lembrou, sem citar nomes, de que os antecessores deixaram sua contribuição, mas não houve menção mais firme desse aspecto.
O pronunciamento no Congresso, como era previsível, foi mais denso que o do Parlatório, com passagem por temas como a economia, a reforma política, as pequenas e micro empresas, o meio ambiente, a liberdade de imprensa, de culto e de religião, as regiões brasileiras, o desenvolvimento, o combate à pobreza. Mas tudo me pareceu uma tímida promessa de continuidade gerencial, sem reformas profundas. É como um terceiro mandato de Lula, que deu intensas demonstrações, nas últimas semanas, de que gostou demais do poder.
Dilma disse não se arrepender de nada do que fez em sua atuação política, e isso inclui nitidamente o fato de ter se engajado na guerrilha, quando participou da POLOP (Política Operária), COLINA (Comando de Libertação Nacional) e VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária, junção da Vanguarda Popular Revolucionária, de Carlos Lamarca, com a COLINA). Assim, a nova Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, que passou as tropas em revista hoje mesmo, não se arrepende de ter sido guerrilheira.
Já nos livramos, pelo menos, da falta de sobriedade de Lula em suas falas quase diárias.
Agora, como se comportará o Lula ex-presidente, sem poder e sem a popularidade avaliada constantemente? As bobagens que ele falar daqui para frente serão analisadas com critério?
E quanto a Dilma? Irá governar com sua mente política ou se deixará dominar por Lula, PT ou mesmo PMDB?
Só o futuro dirá. Espero que a nova presidente ao menos cumpra a Constituição.