quinta-feira, 31 de março de 2011

Jair Bolsonaro, Preta Gil, Jean Wyllys, Marco Feliciano - a pauta da semana

Tenho acompanhado com atenção toda a polêmica em torno das declarações do deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ) ao programa CQC, da Band (28/03), bem como as declarações que ele tem feito depois disso sobre o homossexualismo.
Primeiro, não gosto do estilo nem de boa parte do discurso desse deputado saudoso do militarismo e com jeito autoritário. Que isso fique bem claro! Ele não pensa para falar ou pensa tudo aquilo mesmo e faz um péssimo serviço ao Brasil, como suposto defensor da família brasileira, mas com argumentos preconceituosos e de fácil refutação. Com efeito, para defender as causas da família é preciso falar com fundamentação teórica, pois a patrulha ideológica é assaz "preparada" para tachar de fundamentalistas os seus adversários no diálogo. E os ativistas gays e demais do esquerdismo político sabem quais são os interlocutores sensatos, mas não é interessante discutir com gente qualificada do outro lado.
Todavia, creio que o parlamentar se enganou ao responder à pergunta da Preta Gil: é evidente que ele misturou as coisas, e, em vez de responder o que faria se seu filho se relacionasse com uma mulher negra, foi logo tratando de promiscuidade, educação, ambiente familiar...O próprio Marcelo Tas, do CQC, deu uma indicação de que poderia ter havido esse equívoco, o que foi depois sustentado pelo próprio deputado.
Agora, é claro que o movimento gay jamais vai admitir que o deputado se atrapalhou. O deputado Jean Wyllys, meu conterrâneo de Alagoinhas/BA - e a quem conheci em Pojuca, na Fundação José Carvalho, onde estudamos - é um daqueles que têm aproveitado a repercussão do que o deputado falou para fomentar o discurso "contra a homofobia". Não bastasse, o deputado alagoinhense, eleito pelo PSOL do Rio de Janeiro, já disse que com certeza o deputado queria se referir a mulheres negras mesmo, e que ele praticou racismo.
Ora, deputado Wyllys, o senhor é inteligente para saber, pelo contexto, o que de fato aconteceu, mas é melhor explorar o caso como racismo porque a Lei da Homofobia não foi aprovada - enquanto, sem perda de tempo, se exploram as palavras de Bolsonaro para dizer que se trata de um representante da postura homofóbica que impera no Brasil... Se Jean Wyllys não fosse tão perspicaz como me parece, chegaria a pensar que ele acredita mesmo no que diz.
Que o deputado Jair Bolsonaro fala demais eu não tenho dúvida: já chamou a deputada Maria do Rosário (PT/RS) de "vagabunda" - depois que ela o chamou de "estuprador"; já disse que FHC deveria ter sido fuzilado na época da ditadura; já disse que daria uma surra num filho "meio gayzinho". Ele fala coisas impróprias, sim, mas é de se perguntar: ele pode ser processado por discordar do homossexualismo? Ele não tem direito de se expressar, ainda que com aquele jeito truculento dele? Estamos de volta à censura? Ele por acaso incitou o povo à violência? Ele cometeu um crime? É necessário responder com clareza a essas perguntas.
Mas não ficamos só por aí. Não sei se querendo atrair os holofotes da imprensa - porque entre os pentecostais ele já tem um enorme sucesso... - o deputado (!) e pastor evangélico Marco Feliciano escreveu no twitter que os africanos são amaldiçoados porque Noé amaldiçoou seu neto Canaã, e que por isso eles sofrem fome, guerras étnicas, miséria...É muita impropriedade para uma pessoa só. E ainda tem a coragem de dizer que isso é teologia!!! Se teologia fosse isso, iria abandonar meu curso de Especialização em Estudos Teológicos!!! Mas não, isso não é teologia mesmo! É falta do conhecimento mais básico.
Pastor (!) Marco Feliciano, os descendentes de Canaã, que foi amaldiçoado por Noé, não ocuparam a África - seja a subsaariana, seja aquela em que se situa a Líbia, citado pelo senhor. Os descendentes de Canaã ocuparam...Canaã. E, mais do que isso, não há razão teológica para afirmar que pesa maldição sobre um país ou continente em especial, porque isso importaria em maldição hereditária, doutrina que não encontra substrato bíblico. A maldição que existe sobre toda a Humanidade é a decorrente do pecado, mas este é universal. Logo, o senhor também estaria debaixo da maldição do pecado se não houvesse recebido a Salvação pela graça, mediante a fé - estou supondo que o senhor conheceu Jesus.
Fico indignado com isso: de um lado, os despreparados e demagógicos Jair Bolsonaro e Marco Feliciano; de outro, o preparado e bem-falante Jean Wyllys. É certo que, numa discussão entre tais personagens, a mentira parece verdade, e a verdade parece mentira. No meio de tudo, aparece a Preta Gil para fazer um estardalhaço e processar por isso e aquilo. E aqueles que realmente conhecem a Bíblia e adotam uma forma serena de discutir temas polêmicos ficam de fora da mesa de debates.
É, meus amigos. Quem se habilita a ser voz sensata em favor da ética cristã?

quarta-feira, 16 de março de 2011

A tragédia no Japão e os comentários medíocres que se fazem sobre isso

Vou chamar de "medíocres" alguns comentários que têm sido feitos sobre a tragédia ocorrida no Japão porque não quero ter de usar as palavras mais apropriadas... 
Já li sobre o presidente da OAB do Acre, para quem deve ser difícil discernir entre os desaparecidos por serem "todos iguais". O ministro Carlos Lupi, do Trabalho, disse que o desastre vai acabar sendo "bom para o Brasil." E internautas escrevem suas bobagens.
Minha esposa descende de japoneses, e um de seus irmãos mora lá com esposa e filhos. Hoje, quando eu falava com ele ao telefone, houve novo tremor, que, segundo informação do Jornal Nacional, foi de mais de seis graus na Escala Richter (meu cunhado falou em 5 graus em novo telefonema). Bem, a sensação de falar com uma pessoa que está passando por um terremoto não é comum, certo?
A família da minha sogra veio de Fukushima, província onde está a usina com problemas, Fukushima I. Ainda moram parentes de minha esposa lá naquela província, mas em região montanhosa, aonde as pessoas estão indo se refugiar.
A educação, disciplina e organização dos japoneses são admiráveis. Apesar da fome e da preocupação, obedecem às filas e pegam apenas aquilo de que necessitam, pensando nos demais. Aqui no Brasil, qualquer caminhão de carga tombado é logo saqueado pelo populacho: dia desses, um caminhão de cerveja virou e foi assaltado de pronto pelos "populares". O que disse Raimundo Varela, da TV Itapoan/Rede Record? Que isso é a desigualdade social. Não, senhor Varela: isso é falta de educação! Não conheço furto famélico de cerveja (nem de combustível, pois o outro exemplo que ele deu foi o do saque ao trem descarrilado em Pojuca, no ano de 1983, seguido de uma explosão que matou muitas e muitas pessoas, que tomavam de assalto o combustível ali carregado).
Pensemos um pouco: se não conseguimos evitar  apagões e se todos os anos acontecem as mesmas tragédias com enchentes e desabamentos, que conselho teríamos a dar a japoneses numa hora como esta? E como podemos acusá-los de frieza se essa "frieza" faz com que friamente edifiquem prédios inteligentes, criem sistemas de alerta contra terremotos e insiram em currículos escolares informações sobre prevenção de riscos?
Deveríamos ter vergonha da sociedade em que vivemos, em vez de falar mal dos outros. Somos mal-educados, egoístas, desorganizados, imprudentes, negligentes, corruptores e corrompidos, cheios de "jeitinho". Deitamos nesse berço esplêndido, bem no meio de uma placa tectônica, com tantas riquezas naturais, e não sabemos valorizar nosso território. Esquecemos de que  a presidente, quando ministra e pré-candidata, prometeu que não haveria mais apagões, e que na semana seguinte nos brindou com apagão em 18 Estados! E que sequer vem a público pedir desculpas!!!
Olha, não vou listar as inúmeras vezes em que nossos líderes deveriam pedir desculpas públicas, porque aí o post não terminaria jamais. Estou deveras indignado com a fraqueza de caráter de tanta gente boçal que há no mundo...
Só mais uma coisa: eu sei que Jesus disse que um dos sinais de Sua vinda seriam os terremotos em diversos lugares...Minha gente: terremotos no território do Japão ocorrem desde muito antes de existir o próprio Japão...Eu vou falar claramente de terremoto como sinal da volta de Jesus quando tremer algum lugar que nunca tremeu. Por enquanto, perdoem-me a franqueza, terremotos no Chile, Califórnia, Japão e México são muito antigos...



sexta-feira, 4 de março de 2011

A Babilônia em festa

Salvador respira Carnaval o ano inteiro. As festas são muitas, assim como as bandas de axé e pagode, que se multiplicam como praga. Há as festas carnavalescas antes, durante e depois do Carnaval - ensaios, "gritos", "ressacas", "saideiras". A paciência da gente vai se esgotando...
Se a Cidade de Salvador não tivesse os problemas que tem, eu poderia deduzir que o povo vive satisfeito. Mas temos um metrô prometido há mais de 10 anos que não se torna realidade e que deve ser mais um item do Guiness Book, já que vai ser o menor do mundo, eu creio, com apenas 6km, ligando o nada a lugar nenhum. Temos uma péssima distribuição de renda. Temos, na verdade, duas cidades, uma rica e sofisticada, e outra pobre e oprimida.
No entanto, ao assistir ao Bahia Meio-Dia, aquele jornal regional padronizado da Rede Globo, o que mais se transmite são as festas, os novos grupos de pagode, as novas besteiras, como o Rebolation, o tchubirabiron, a música da chapeuzinho vermelho...Fala-se um pouco da violência, e, como diz o baiano, "tome-lhe Carnaval e festas". Em meio à greve da Polícia Civil baiana, motivada por uma troca de tiros entre policiais, que acabou matando um policial suspeito de extorsão, ainda se acha lugar para falar de que o Bell Marques, do Chiclete com Banana, tirou a barba por dois milhões de reais, depois de 30 anos...
Salvador está em crise política. Seu Prefeito, que ontem entregou a chave da Cidade para o Rei Momo, trocou boa parte do Secretariado no início do ano, e vive às turras com o seu PMDB. Parece que Salvador, embora tão rica em sua cultura, história e vocação turística, não tem dinheiro, pois a parte industrial e o petróleo ficam em outros municípios (Camaçari, São Francisco do Conde, Simões Filho). É uma cidade mais pobre do que se pensa.
Fico indignado com a ideia que muitas pessoas de Salvador têm de sua terra, como se vivêssemos num paraíso. Claro, eu sei que, como se trata de duas cidades, pode ser que o interlocutor pense na Barra, no Corredor da Vitória ou na Pituba - talvez naqueles condomínios em construção na Paralela - enquanto eu penso no Uruguai, no Leblon... São duas cidades, não? Se não as conhece, venha aqui um dia e veja por si mesmo!
Outra coisa que enche a paciência é aquela ideologia dominante relativa aos movimentos negros, que insistem em ligar a cor da pele a uma ancestralidade africana, como se as pessoas de pele negra não fossem brasileiras.  Quem não tem a cútis negra teria até motivos para se sentir discriminada. Sobre isso eu conversava com a minha esposa hoje mesmo, e ela desabafava sobre a estranheza que isso tudo lhe causa. Ela, descendente de japoneses, pode ouvir críticas de canto de boca e pilhérias do estereótipo, que jamais se caracterizarão como crime de racismo. Mas, se declarações como as que ela ouve se dirigissem a pessoas de pele negra...Eis o crime! Já escrevi sobre isso aqui no blog.
Por fim, mais uma coisa: em nossa congregação, vivemos preocupados para que o som não incomode os vizinhos, e já tive notícia de evangelização ao ar livre, de certo grupo de crentes, ser interrompida porque o volume estava alto demais. Agora, quem vai nos livrar da música alta dos carnavais? Pelo menos moro bem longe do circuito do Carnaval, graças a Deus. E por isso não escuto absolutamente nada. Mas quem mora lá tem de procurar outro endereço durante os dias "de folia".
É, a Babilônia está em festa. Essa crítica minha recorda uma letra de música do próprio axé: "Ouvi dizer que Babilônia é Salvador, é Salvador, é Salvador. Ouvi dizer que Babilônia é Salvador. Ouvi da boca de Nabucodonosor"*.
Se eles dizem, por que vou contrariá-los?
*Composição de Alfredo Moura, música do repertório da Banda Eva.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Todos somos culpados

O Jornal Nacional noticia que o Sr. Joseph Ratzinger, também conhecido como "Papa Bento XVI", fez um pronunciamento em que isenta os judeus de responsabilidade quanto à crucificação de Cristo...Meu Deus!!! A responsabilidade, segundo a Epístola aos Romanos, é de judeus e gentios. Todos somos indesculpáveis!!!
Que o Papa não conhece a Bíblia eu sei. Ele deve conhecer de Catolicismo, mas não de Bíblia. Deve estar querendo afastar a pecha de antissemitismo, mas para isso não precisaria contrariar as Escrituras.
Não se trata de deixar de isentar os judeus, mas de reconhecer que, embora tenha havido a ação de líderes religiosos judeus, e a conveniência das autoridades romanas, a morte de Jesus Cristo se deve à uma associação do amor e da justiça de Deus: por causa da justiça divina, alguém teria de pagar o preço do pecado; por causa do amor divino, quem pagou não fomos nós.
Esse senhor que ocupa a chefia da Igreja Católica presta um desserviço à teologia cristã.


Fale comigo!

Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.