No Brasil é feio ser de direita. Poucas pessoas se identificam como politicamente conservadoras. Minha geração foi aluna de professores esquerdistas, de orientação marxista, socialista. Tudo o que era ruim no Brasil vinha da direita, e tudo o que poderia haver de bom seria coisa da esquerda, do progressismo, das ideias supostamente libertárias, transformadoras e democráticas dos esquerdistas.
Essa rejeição e essa ignorância quanto à direita devem ser fruto de uma combinação funesta: a recente ditadura militar (1964-1985), associada à direita, e a ideia de que um país cujo povo é tão socialmente desigual tem de ser necessariamente de esquerda.
O PT nasceu em 1980 empunhando a bandeira da justiça social e da ética, e foi caracterizado - hoje se sabe que erronamente - como um partido honesto e benfazejo. De um lado, o PT, defensor dos fracos e oprimidos, dos trabalhadores e pobres, das mulheres e camponeses, dos índios e negros, dos menores e das vítimas sociais, tendo como apoiadores históricos (e pequenos) o PSB de Miguel Arraes e o PCdoB; do outro lado, os demais partidos, todos por ele considerados retrógrados, fisiologistas, oligárquicos, obscurantistas e "conservadores" - desses os principais vieram a ser o PSDB, o PMDB, o PP (antigo PDS e PPB) e o PFL (hoje DEM).
Certo é que a maioria dos partidos brasileiros não tem nenhuma ideologia determinada e precisa. São turistas do poder.
Qual a ideologia dos seguintes partidos: PMDB, PR, PTB, PTN, PRTB, PTdoB, PHS, PSC, PRONA, Solidariedade, PSD (o kassabista, não o de Kubitschek)?
Os esquerdistas são conhecidos: PT, PV, PPS, PSB, PCB, PCdoB, PSOL, e os minúsculos PSTU, e PCO. Eu incluo aqui o PSDB, que - atenção! - não é de direita, senhores! O PSDB é de centro-esquerda, é social-democrata! Nenhum tucano quer ser chamado de "conservador", e o PSDB fica triste porque o "progressista" que está no poder é o PT, e não ele, que se considera tão avançado e moderno.
O DEM seria de direita? Não! O PFL, ao mudar de nome em 2007 para "DEM", pensou em se mostrar como "liberal", pregando a redução de impostos e coisa e tal, o que pode ser tido como bandeira do liberalismo econômico, mas não tem coragem nem vontade de defender valores conservadores. O DEM é no máximo um partido centrista.
É preciso partir para uma discussão de valores: indivíduo; família; liberdades públicas; mérito; iniciativa; empresa; redução da carga tributária; redução do Estado; eliminação do paternalismo; redução da maioridade penal - sei que não passou na Comissão de Constituição e Justiça, que pena - lei e ordem; fundamentos econômicos ortodoxos; política externa não filobolivariana; eliminação do antiamericanismo; apoio a Israel; política indigenista racional; respeito à ordem jurídica; eliminação das cotas sociais e raciais (quimera!). Precisamos de uma discussão franca e intensa sobre VALORES, e não sobre quem gerencia melhor esse modelo pesado, arcaico e social-democratizante herdado da Constituição de 1988.
Quem é de direita não fala somente de aborto ou casamento gay - embora esses temas também sejam relevantes. Quem é de direita fala de valorização das tradições, costumes e convenções sociais; princípio de autoridade; racionalidade; padrões morais absolutos e universalmente aceitos; direito natural; meritocracia; liberdade individual e familiar contra a intromissão abusiva do Estado; segurança jurídica; previsibilidade e estabilidade nas relações sociais; combate à criminalidade; Estado como garantidor de um espaço público comum a todos e de uma esfera individual livre de ingerências indevidas.
Não tenho medo de dizer que sou de direita, sou conservador. Pena que sejam poucos no Brasil.
Seja bem-vindo a este blog! Meu objetivo principal é depositar aqui reflexões bíblico-teológicas, com espaço também para poemas, crônicas e idéias sobre política, cultura e generalidades. E acredito que Fé e Razão não precisam viver em conflito.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
Quando morre um país
Autor: Alex Esteves
Assim como nasce um dia,
Emancipado ou descoberto,
Pode um país morrer,
E conhecer o chão do inferno.
Pode um país deixar a vida,
E ainda assim ficar de pé,
Como vivesse, mas estando morto,
Qual escultura de quem já não é;
Qual múmia do Antigo Egito,
Testemunha morta de vidas que foram,
Cujos palácios, tintas e pedras
Dizem que houve algum passado e glória;
Qual zumbi que anda pelas ruas,
Monstro da morte, retrato da dor,
Falto de esperança, pobre de tudo
Carente de amor, solto no mundo.
Não parece o mesmo, tão desfigurado!
Não parece o mesmo, tão desenganado!
Não parece o mesmo, tão violentado!
Não parece o mesmo, tão dilacerado!
Melhor seria construir de novo
A república, o estado, a nação;
Há que chorar, mas há que levantar do choro,
Pois o país é que morre - o povo, não.
Mas há país que morreu e não foi pranteado
Porque dele se esquecem os que lhe tecem loas.
Ele está rondando e rodeando as ruas,
No corpo de gente, na voz de pessoas.
Há um país envelhecido, com cara de moço.
Há um país obscuro, contente ao sol.
Há um país envilecido por seu próprio esforço.
O país que morreu, o país que morreu.