segunda-feira, 15 de junho de 2015

“Uma grande obra em sua vida” (pequeno conto)

Alfredo era um crente bem doutrinado de formação pentecostal. Ele sempre achou que nascera com uma estrela na testa, uma missão e muitos talentos.
Nosso personagem aguardava o grande dia em que seu nome seria conhecido e reconhecido em todo o mundo. Não sabia como isso aconteceria, nem quando, mas tinha noção do seu lugar especial e singular na história.
Certo dia Alfredo ouviu uma profecia que disse: “Deus tem uma grande obra em sua vida”. Assim mesmo, de modo bem genérico. Essa foi apenas a primeira de muitas visões, sonhos e profecias dirigidas a sua pessoa, em diferentes lugares, e por diferentes irmãos na fé.
Alfredo pensava grande. Seria pregador de multidões, cantor gospel, pastor midiático? Construiria um templo suntuoso? Lançaria best sellers? Levaria a Palavra a nações distantes? O que seria daquele mancebo de qualidade?
Sendo pentecostal, Alfredo não era calvinista, mas se achava predestinado.
O tempo passou calma e silenciosamente...
Com a islamização sorrateira do Brasil, líderes muçulmanos e terroristas se instalaram em berço esplêndido, e, com apoio da imprensa esquerdista anticristã, anti-Israel e antiamericana, parlamentares conseguiram aprovar uma sharia à moda brasileira, proibindo a pregação contra o Islamismo.
Além disso, em nome do multiculturalismo, um dispositivo do Código Penal, precedido de jurisprudência nesse sentido, passou a considerar como estado de necessidade o direito de o muçulmano matar a pedradas aquele que profanasse o nome de Alá ou de Maomé, bem como quaisquer dos ensinos do Corão e das tradições islâmicas. Estava em jogo a liberdade religiosa do Islã, considerando a cosmovisão dos muçulmanos e a dignidade da pessoa muçulmana.
Num claro domingo de sol, Alfredo, já consagrado a diácono, mas ainda anônimo, foi à praça pública pregar o Evangelho perto de uma mesquita. No meio da pregação, disse que só Jesus salva, e que o deus daquela mesquita era falso. De pronto, um cidadão lhe tascou uma pedra na cara, no que foi acompanhado por uns muçulmanos e também por uns não muçulmanos que por ali passavam, os quais foram movidos por ideologia, solidariedade ou simples desejo de fazer justiça com as próprias mãos, não importasse a causa.
Foram muitas as pedras homicidas. Alfredo morreu desfigurado. Seu nome saiu em todos os principais jornais, revistas e sites do Brasil. Deu no New York Times. Apareceu nos principais jornais do mundo.
Terá sido aquela a grande obra a que Alfredo fora chamado – morrer apedrejado para ensinar ao Brasil algumas lições acerca da liberdade de expressão, da liberdade religiosa e dos limites da tolerância.
E na morte Alfredo fez mais do que em vida.
[Obs.: por sugestão de minha esposa, esclareço que este é um texto de ficção...].

Um comentário:

  1. Ainda bem que foi você, assembleiano, que escreveu isso! Essa autocrítica saudável e bem humorada é que anda em falta nos meios reformados! Quem sabe se eu... Ah, xapralá!

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