quinta-feira, 29 de maio de 2008

As experiências individuais frente ao padrão bíblico

As experiências pessoais do cristão devem ser, todas elas, conferidas com a Bíblia. Ninguém deve, sob pretexto de espiritualidade, erigir a experiência acima da Palavra de Deus.
Alguns crentes empíricos gostam de sustentar seu comportamento anárquico em afirmações do tipo "Deus opera como quer", "ninguém pode explicar o agir de Deus", ou, ainda, "Deus opera fora da lógica humana".
Essas frases, embora corretas a princípio, são mal-utilizadas por pessoas sensacionalistas, que enaltecem a emoção ou o subjetivismo como critério do ser espiritual, deixando de lado a razão e o conhecimento das Escrituras.
Jesus disse que o erro dos fariseus era não conhecer as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22.29; Mc 12.14). Enquanto os racionalistas apelam para a importância de enxergar as Escrituras somente, os "emocionalistas" enfatizam o que chamam de "poder de Deus", esquecendo-se do estudo da Escritura: ambas as correntes estão erradas, uma vez que tanto a Escritura quanto o poder são extremamente necessários, ao passo que o poder de Deus decorre da Escritura e vem registrado na mesma Escritura, que contém a causa, a forma e a oportunidade dessa operação sobrenatural do SENHOR entre os homens, por meio dos sinais e dons espirituais neotestamentários (At 2.1-13; 8.14-14; 10.44-46; Rm 12.3-8; I Co 12.1-7; Ef 4.7-13).
Considero, pois, que algumas balizas precisam ser observadas quanto a esse tema:
Em primeiro lugar, a Bíblia é nossa regra infalível de fé e conduta, atuando normativamente na vida cristã. Foi assim que o apóstolo Paulo disse que toda a Escritura é inspirada e útil para o ensino, repreensão, correção e educação na justiça, a fim de que o homem seja perfeito (maduro) e perfeitamente habilitado para toda boa obra (II Tm 3.15,16); e que não devemos ultrapassar o que está escrito (I Co 4.6).
Em segundo lugar, precisamos ter bom senso, pois até mesmo aquilo que se apresenta como profecia e manifestação do Espírito deve ser julgado, retendo-se o que é bom (I Co 14.29; I Ts 5.21). Ao menino cai bem a ingenuidade, mas ao homem maduro, o entendimento fica melhor (I Co 13.11).
Em terceiro lugar, nada pode alterar aquilo que vem contido na mensagem evangélica. Com um sentido de urgência, Paulo exortou a que não aceitássemos outro evangelho, nem que ele ou um anjo do céu aparecesse com palavras diferentes, pois quem vai além do Evangelho de Cristo é anátema, que quer dizer "maldito" (Gl 1.6-9).
Em quarto lugar, há a imperiosa necessidade de atentarmos para as tradições apostólicas (At 2.42) que recebemos (I Co 15.1-3), as quais são cristocêntricas, e não antropocêntricas. Dito de outro modo, nossa confissão é centrada na Cruz de Cristo, em Sua Encarnação, Morte, Ressurreição, Ascensão e promessa de glorificação em Sua Vinda (Rm 10.9,10; I Co 15), sendo Ele, exatamente por isso, o Verbo, o parâmetro de todas as coisas, no Qual tudo deve ser medido. Qualquer experiência que fuja às prescrições da Palavra de Deus escapa, na verdade, a Cristo, pois Jesus Cristo é a Palavra de Deus personificada, Aquele que cumpriu cabalmente os desígnios divinos, e que pratica todo o bem pretendido por Deus Pai.
Em quinto lugar, as experiências do Antigo Testamento não podem ser tomadas como esteio para a Igreja de Cristo, seja porque a lei consistiu em "sombra das coisas que haviam de vir" (Cl 2.16,17), "sombra dos bens vindouros (Hb 10.1), seja porque as passagens exclusivas a Israel foram escritas "para exemplo e advertência nossa" (I Co 10.11).
Em sexto lugar, Paulo escreveu: "Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos escrevo. E se alguém o ignorar, será ignorado" (I Co 14.37,38).
Portanto, com muito amor e cuidado, gostaria de convidar o leitor a refletir sobre este importante assunto, para que não venhamos a contribuir para o triste avanço do individualismo e do relativismo que hoje buscam se infiltrar nos arraiais evangélicos, com algum sucesso.

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