Ando por um deserto muito quente e sem água.
Ando por um deserto efervescente, e deságua
No meu coração a tristeza, que à noite,
Se mostra no frio que dói como açoite.
Ando por um deserto empoeirado e sinistro,
Sequer iludido por miragens quaisquer.
Ando por um deserto contundente, e, aflito,
Grito de dor, sem mirar o prazer.
Ando por um deserto esbranquiçado e ausente
De toda alegria pueril, inocente.
Ando por um deserto que já sei solitário,
Embora repleto de solitários ao lado.
Ando por um deserto que não sabe acabar.
O mapa nas mãos só me enche de trilhas.
Ando, e esse deserto amargura meus passos,
A voz, a pena, a alma, o coração e o traço.
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