Sou um e vários nos desvarios
De quem me vê, de quem não me vê.
Sou uma parte sem arte que a defina com a pena.
Uma figura que na parede se desenha,
E uma peça que no museu se desdenha.
Uma pena pairando de cansada,
Uma pena escrevendo, amalucada,
Uma pena que seja assim tão falha!
E o que penso não vai com o que dizem...
Cada um vê o quadro como quer.
As cores desconsertantes e arranjadas.
As cores desarranjadas num concerto.
As cores concertadas para nada consertar,
Enquanto todos querem um arranjo, mas não há...
Muitas opiniões, algumas críticas e crises.
Nem eu mais sei de mim se sou, se penso, ou se escuto.
O quadro na parede é só visão
De um que lá deixou seu gesto oculto.
Os que me enxergam, cada um, com seu parecer absoluto.
E a quem pergunta "No que pensa o poeta"?
Respondo que não sei - eu sou a tela.
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