quarta-feira, 29 de outubro de 2008

491 anos da Reforma Protestante

O dia 31 de outubro é importante para o mundo genuinamente cristão, mas creio que aqui no Brasil somente os presbiterianos, luteranos e irmãos de outras igrejas reformadas chegam a comemorar a contento essa data marcante. Eu, um pentecostal histórico do tipo pretendente a "bereano", aprendi a admirar o pensamento teológico dos meus irmãos presbiterianos, e muito disso se deve certamente ao meu período de ABU (Aliança Bíblica Universitária) em Viçosa-MG, e ao meu contato com a revista Ultimato.
É certo que, em termos de uma sociologia da religião, os pentecostais parecem estar no "evangelicalismo", enquanto outros grupos, como os batistas, dizem que vieram antes da Reforma, que já existiam antes de Martinho Lutero cravar suas 95 Teses na porta da Capela da Universidade de Wittemberg. E efetivamente houve, antes de Lutero, homens que divergiram da Igreja de Roma.
Mas, de um modo geral, todo o pensamento cristão ortodoxo que conheço se abebera da Reforma, e todo cristão que se pretende maduro na Fé admite os Cinco Solas: Sola Gratia, Sola Fides, Sola Scriptura, Solus Christus, Soli Deo gloria (só a graça, só a fé, só a Escritura, só Cristo e glória somente a Deus).
Ressalvadas as questões da doutrina calvinista da predestinação (graça irresistível, chamamento eficaz etc.) e os resquícios romanistas que se vêem na obra de Lutero, todos nós cristãos não-católicos deveríamos nos sentir protestantes, porque tanto a doutrina da Salvação como toda a perspectiva da Bíblia como Palavra de Deus inerrante, definitiva e infalível veio a ser assentada pelo labor teológico dos reformados. Assim, sendo nós evangélicos, e, dentro desse espectro, sendo batistas, congregacionais ou pentecostais, além de tantos outros grupos que se queiram ortodoxos, todos nós somos herdeiros teológicos da Reforma.
Por falar em "ortodoxos", lembro que existe a Igreja Ortodoxa Grega, e todas aquelas tradições cristãs orientais das quais não tenho conhecimento, mas que antecedem a Reforma em séculos. Apesar disso, ninguém pode esquecer o quanto a Reforma produziu de benefícios para o mundo cristão, principalmente no que toca ao reconhecimento da autoridade das Sagradas Escrituras, enquanto o Romanismo depredou séculos e séculos (da Idade das Trevas) sob o tacão da ignorância e do poderio régio-papal.
O inconformismo recomendado por Paulo em Rm 12.2 é um ingrediente do crente não apenas reformado, mas transformado. E entendo que, mais do que movimento explicado por motivações políticas, culturais, sociais ou econômicas, a Reforma Protestante foi um verdadeiro avivamento, que, como tal, partiu da Escritura Sagrada, e a ela se voltou. E isso não anula nem afasta os precedentes históricos nem as conseqüências políticas, econômicas, culturais e nacionais que a Reforma engendrou.
Este é meu jeito de dizer que também comemoro o dia 31 de outubro, quando, agora em 2008, a Reforma comemora 491 anos!

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