Quando foi proposta a ação penal contra Edir Macedo e mais três pessoas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus, pensei sobre a questão da liberdade religiosa, e explico: embora a denúncia se refira a lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e evasão de divisas, também trata de estelionato e falsidade ideológica, crimes que estariam relacionados a promessas que os líderes da igreja não poderiam cumprir, mas que teriam conduzido os "fiéis" a doar bens e dinheiro.
Dias depois, a denúncia foi parcialmente recebida pela Justiça, ficando de fora justamente a imputação dos crimes de falsidade ideológica e estelionato. Não conheço os autos nem li a denúncia, muito menos a decisão de recebimento parcial, mas imagino que o magistrado tenha pensado nesse sentido que apontei acima. Não se trata de afirmar que as vítimas foram colhidas em sua própria ambição, pois é isso o que acontece com muitos os que são iludidos por estelionatários, e os criminosos não são absolvidos por causa disso. Quero dizer que o fato de a vítima do engano ter sido atraída por sua própria inclinação ao dinheiro não isenta de culpa o enganador...Mas o que ressalto é o perigo de a Justiça avaliar que promessas religiosas merecem crédito ou não. Criar-se-ia um tribunal teológico para apurar se o que os pastores dizem é verdade à luz das Escrituras?
De fato, é muito perigoso, em minha concepção, que o Estado passe a conduzir as pessoas em seara tão delicada como a da cosmovisão, da fé e das crenças pessoais. Para mim está mais do que provado que a teologia da prosperidade é um sistema heterodoxo que nada tem de Deus...Mas, e se milhares de pessoas, que não conhecem a Bíblia, conseguem acreditar na teologia da prosperidade, o que se pode fazer quanto a isso?
Talvez se eu conhecesse os autos minhas conclusões fossem diferentes, mas reflito a partir do que assisti pela televisão. Infelizmente, aquilo que não conseguimos ensinar às pessoas acabou sendo levado aos tribunais...Que pena.
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ResponderExcluirPois é. Pessoalmente, acredito ser difícil que a justiça adentre pelo terreno pantanoso da "cosmovisão, da fé e das crenças pessoais" - mas tampouco acho isso impossível. Se leis como o PL 122 passarem no Congresso, o judiciário terá de aplicá-las e acontecerá precisamente isso. É só lembrar do "Tribunal do Santo Ofício". Nada novo debaixo do sol.