Na escola dominical da Assembleia de Deus, estamos estudando neste trimestre a Segunda Epístola de Paulo aos Coríntios. Hoje falamos sobre II Co 6.11-7.16.
Uma das coisas que me chamaram a atenção foi a informação, colhida na BÍBLIA ANOTADA, de que o termo grego korintianizomai, que significa "viver como um coríntio", era o mesmo que "praticar fornicação". Vemos, pois, como a prática de relações sexuais ilícitas era ligada à população de Corinto - em pensar que ainda na Primeira Epístola à mesma igreja Paulo dizia que nem mesmo entre os gentios se via o relacionamento de um homem com a mulher de seu pai, algo encontrado entre os crentes coríntios!
Cidade da Acaia (Sul da Grécia), situada num istmo entre os mares Egeu e Adriático, Corinto era um porto marítimo de importância comercial. Seus jogos esportivos, os Jogos Ístmicos, só não eram mais importantes que os Jogos Olímpicos. Lá estava o Templo de Afrodite, com capacidade para 20 mil pessoas. Os habitantes de Corinto eram romanos, gregos e orientais. A mentalidade dos cidadãos era povoada de influências gnósticas, pagãs, filosóficas, e das novidades que os viajantes traziam. Havia relativização dos costumes e aquela dualidade gnóstica entre carne e espírito, fonte de muitos males.
É por isso que Paulo afirma em II Co 7.2 que os coríntios deveriam santificar a carne e o espírito - não se trata da existência de pecados da carne e pecados do espírito, mas da necessidade de entender que tanto a carne quanto o espírito devem estar purificados diante de Deus, e não apenas o espírito, como os gnósticos ensinavam.
Há dois movimentos decorrentes do Gnosticismo: ou o gnóstico lança seu corpo a todo tipo de pecado e descuido, já que a matéria, em sua concepção, é ruim; ou adota o ascetismo, com jejuns prolongados, isolamento social, abstenção do sexo e sacrifícios vários.
No livro O que estão fazendo com a Igreja, o Rev. Augustus Nicodemus Lopes diz, no capítulo A alma católica dos evangélicos no Brasil, que os crentes brasileiros são parecidos com os crentes coríntios quanto ao apego a coisas do passado pagão. Trata-se de conversão a Cristo, mas sem amadurecimento na Fé. Para os coríntios, isso significou o gosto por partidarismos, próprio da filosofia grega; a descrença na ressurreição do corpo, devido ao já citado dualismo gnóstico, e muitas outras coisas antigas que ainda ocupavam os corações daqueles nossos irmãos.
Como temos o que aprender com as Epístolas aos Coríntios! O que dizer do abuso dos dons espirituais, da exaltação de falsos apóstolos, da carnalidade de crentes imaturos? Não há nada disso na Igreja Brasileira?
Referências bibliográficas:
A BÍBLIA ANOTADA. The Ryrie Study Bible/ Texto Bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie. Sã o Paulo: Ed. Mundo Cristão, 1994, 1835pp.
LOPES, Augustus Nicodemus. O que estão fazendo com a Igreja? São Paulo: Mundo Cristão, 2008, 201p).
Um comentário:
Já faz alguns meses que terminei de estudar a II epístola aos Coríntios. Eu amo aquela carta. O que me tocou mais nela foi a sinceridade de Paulo, a maneira como ele abriu o coração - e como ele se mostra frágil, quando fala da perplexidade, das lutas, das fraquezas, dos superapóstolos... Muitíssimo atual.
Sim - li, recentemente, o livro "O que estão fazendo com a igreja". Que lucidez! Foi ótimo e muito instrutivo, recomendo a todos.
Postar um comentário