sexta-feira, 3 de abril de 2009

Salvos do amor

Quando eles se converteram a Jesus, saiu um peso das costas, do tamanho do mundo. Foi um alívio. Perdão de pecados, remoção da culpa, alegria indizível, posse da vida eterna. Nenhum sentimento poderia ser melhor, nenhuma decisão seria mais acertada, nenhum pensamento mais alvissareiro. E também ganharam uma família – a Igreja. O primeiro amor foi assim belo e tocante.
No entanto, com o passar do tempo, a coisa mudou. Havia regras tão rígidas que aquelas pessoas passaram a vigiar o comportamento das outras, e uma cobrança geral se estabelecera. Em vez do sorriso, agora eles têm uma caveira carrancuda na face. Os olhos são como os dos santos barrocos das igrejas de Minas, o olhar de censura constante. “Não pode isso, não pode aquilo” é o mote desse povo que pensa que a santidade é uma clausura.
Caminham no sentido oposto ao de Cristo – enquanto o Filho de Deus Se humanizou, eles se desumanizam. Jesus desceu, mas eles querem viver como se já não estivessem nesse mundo, como se alguma elevação espiritual os proibisse de manter contato normal com as pessoas chamadas “ímpias”, “incrédulas” ou “descrentes”. A santidade passa a ser um fardo, uma separação, não do pecado, mas das pessoas. Enquanto Cristo encarnou, Se contextualizou, tabernaculou, essas pessoas querem escapar ao convívio, aos problemas comuns.
Há as receitas prontas sobre o que é certo. Mas, e quando dá errado? E quando um casal cristão se separa? E quando um servo de Deus é vocacionado e não fala em línguas? E quando o filho do pastor comete sérios deslizes? E quando a igreja precisa confessar um pecado coletivo? E quando o pastor entra em depressão? Como resolver problemas humanos numa comunidade de não-humanos?
Parece que os santarrões foram salvos do amor, salvos da necessidade de cultivar a virtude do amor. Amar é difícil. Amar é uma arte. Amar é ser humano como Deus quis que Adão fosse. Jesus foi humano, na Encarnação, porque amou à imagem e semelhança de Deus. E o amor é não pecar contra Deus, conduzir-se de modo a guardar os mandamentos do Pai de boa vontade.
Jesus humanizou-Se, e como Ser Humano de acordo com o Plano de Deus, Ele não precisou pecar, pois o pecado não faz parte da verdadeira Humanidade. Mas isso só é possível por causa do amor incomensurável que tem no Seu coração divino.
O legalismo consegue furtar do coração a alegria da Salvação pela Graça mediante a Fé, colocando no lugar uma firme tristeza dos que se sentem culpados tempo todo.
Santidade, afinal, é o processo que vive quem, sabendo-se pecador, aceita a correção e a transformação pelo Espírito – não é, jamais, a capa de quem, cheio de remorso e culpa, finge que tudo está bem, e que pode carregar o peso sozinho. O nome disso é hipocrisia.


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Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.