segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A graça da bandalheira

Todo escândalo político no Brasil tem sua graça. Em 2005 o Mensalão nos presenteou com o espetáculo de figuras como o "carequinha de Minas", um sujeito que se chamava Dilúvio, um José que não era Genuíno, um Dirceu que não era de Marília, um Cunha que não era Eduardo (mas João Paulo), um Silvinho que não era cantor, mas professor de sociologia e componente da turma. E vimos que Lula, o líder de massas e profeta de um novo tempo, não sabia de nada.
Houve até aquele episódio em que um CD do Lupicínio Rodrigues deu um soco no olho de Roberto Jefferson, que depois disso virou cantor e gravou um disco.
Agora, com o Petrolão, conhecemos alguns importantes diretores e gerentes da PTBrás: tem o Paulo Roberto, primeiro a dar a Costa para os companheiros em sua delação premiada; tem aquele outro cujo filho, ator profissional, armou uma arapuca para a Vovó Mafalda travestida de Antonio Fagundes depois da catapora; tem o Pedro, que, barusco que só ele, foi logo contando tudo; tem o Renato, que de Duque só tem o nome. Ah! E se sabe que boa parte da encrenca se deu sob as barbas da Graça, aquela moça bonita da PTBrás. 
Novos personagens se juntam à festa: tem o André, que Esteves (Ô piada batida!) contaminando o belo patronímico que carrego com satisfação; tem o Amigo Primaz do Lula, o José Carlos Burlai, pecuarista nominal e com passe livre no palácio das tenebrosas transações; tem o neto do Brasil, aquele rapaz esperto que copiou a Wikipédia para vender consultoria de alto nível, por milhões, a uma microempresa de um sujeito que é amigo de Lula desde os tempos em que um era sindicalista radical e o outro era representante de empresa com a qual o sindicalista radical "brigava".
O Lula, coitado, continua sabendo de tudo aquilo que deu certo, e por fora de tudo aquilo que deu errado.
Mas Cunha, desta vez Eduardo, maneja o pedido de impeachment ora como arma, ora como escudo; Renan, metido em toda confusão que se preze, ainda se mantém de pé (mas cuide para que não caia!); e Michel vive a dizer que não tem nada a Temer.

domingo, 29 de novembro de 2015

As igrejas estão imunes ao crime organizado?

A pergunta que surge no título pode ser bastante forte, mas cada palavra ali tem seu lugar. Realmente não é simpático nem agradável dispor na mesma frase as palavras "igreja" e "crime". Contudo, proponho uma reflexão nestes dias irrefletidos e estranhos.
Em virtude da liberdade religiosa, um direito constitucionalmente assegurado, próprio das democracias e do Estado de Direito, as igrejas, como toda organização religiosa, devem gozar de uma série de prerrogativas que visam ao desembaraço da atividade confessional. É daí que decorre, por exemplo, a imunidade tributária dos templos religiosos. Quero deixar claro que eu concordo com todo direito que contribua para a liberdade de crença, de culto e de religião. Certamente em razão das igrejas-corporação, que funcionam como empresas, buscam o lucro e manejam muito dinheiro, alguns começam a discutir a imunidade dos templos.
Quero destacar, porém, algo que considero um problema a merecer ponderação: não corremos, no Brasil, o risco de ver igrejas infiltradas por quadrilhas, ávidas pela prática facilitada de lavagem de dinheiro? Será que traficantes de drogas e armas, empresários do crime e políticos corruptos não se sentiriam atraídos pela conformação jurídica diferente das igrejas?
Recordo aqui o caso do deputado e presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que mudou recentemente de igreja como quem muda de partido, indo da Sara Nossa Terra para a Assembleia de Deus do Ministério de Madureira, uma dessas igrejas cujos líderes têm ligações políticas (a Sara Nossa Terra também tem ligações políticas). O Ministério Público Federal denunciou Eduardo Cunha por suposto recebimento de propina, parte da qual teria migrado para a conta da Assembleia de Deus Madureira em Campinas.
Mas, antes disso, e de modo ainda mais dramático, penso na proximidade entre pastores evangélicos e líderes do tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Em razão das missões urbanas, e, principalmente, em razão de muitos crentes residirem em territórios tomados pelo tráfico, criou-se uma "política de boa vizinhança" que me deixa preocupado. Mais do que isso, traficantes passaram a se considerar evangélicos, a cantar alegremente músicas gospel e a tratar pastores como seus guias. Pastores começaram a se considerar tutores de chefes do tráfico, numa tenebrosa simbiose em que o traficante continua traficante, confessa sua fé evangélica e entrega seu regalado dízimo ao pastor de sua "comunidade". O dinheiro que sai das mãos do criminoso é agora lavado?
Lembremos do caso daquele pastor Marcos Pereira, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, no Rio de Janeiro. Em que situação aquele homem foi se envolver! Confesso não ter compreendido até hoje que trama foi aquela, mas o contexto e os personagens não parecem conduzir a uma história feliz.
Proteger as igrejas do crime organizado, da lavagem de dinheiro e da corrupção significa ter critérios para admissão de membros; distinguir bem a condição de membro das condições de congregado e visitante; eleger adequadamente os pastores e demais líderes; evitar compromissos políticos não republicanos (lembrem do Escândalo das Sanguessugas, que estourou em 2006 e no qual se destacaram tristemente políticos evangélicos).
Igrejas "neopentecostais" e essas miríades de igrejas que surgem todos os dias estão mais ou menos protegidas do crime organizado?
Francamente não tenho muito entusiasmo com a situação da Igreja brasileira em nossos dias, e o só pensar nas possibilidades aqui aventadas me traz uma indignação verdadeira. Mas é necessário pensar nessas coisas.
Escrevo a partir do que leio e do que percebo no mundo, como observador que deseja não ser surpreendido pelas "astutas ciladas do diabo". É preciso orar, mas também é preciso vigiar.










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Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.