domingo, 29 de dezembro de 2013

Breves considerações sobre Gn 4.16-24

 Confira o texto de Gn 4.16-24, na versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), para em seguida fazermos uma singela reflexão:

16 "Retirou-se Caim da presença do SENHOR e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden.
17 E coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho.
18 A Enoque nasceu-lhe Irade; Irade gerou a Meujael, Meujael, a Metusael, e Metusael, a Lameque.
19 Lameque tomou para si duas esposas: o nome de uma era Ada, a outra se chamava Zilá.
20 Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado.
21 O nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta.
22 Zilá, por sua vez, deu à luz a Tubalcaim, artífice de todo instrumento cortante, de bronze e de ferro; a irmã de Tubalcaim foi Naamá.
23 E disse Lameque às suas esposas: Ada e Zilá, ouvi-me; vós, mulheres de Lameque, escutai o que passo a dizer-vos: Matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou.
24 Sete vezes se tomará vingança de Caim, de Lameque, porém, setenta vezes sete".
 
Depois da maldição decorrente do assassinato de seu irmão Abel (cf. Gn 4.1-15), Caim saiu errante pela terra, e, albergado pela misericórdia de Deus, constituiu família e seguiu com a vida: casou-se,  chegou a edificar uma cidade, teve descendentes. O SENHOR não tratou Caim de acordo com os seus pecados, mas usou de misericórdia, o que se demonstra não apenas pelo sinal que o protegeria da ação de inimigos, mas também pela possibilidade de dar curso à sua existência, com prosperidade. 
Aqui encontramos uma das ações curiosas de Deus: mesmo com Abel assassinado, Caim foi alvo do amor divino, algo impensável, inexplicável e realmente absurdo da perspectiva humana.
Da linhagem de Caim, que não era a linhagem piedosa, surge a figura de Lameque, bígamo que se vangloriava de ter matado um homem por o ferir e outro por o pisar. É de Lameque o "Cântico da Espada". Nota-se que a atitude insana de Caim contra seu próprio irmão ecoou décadas depois na vida de seu descendente Lameque. Não se trata de "maldição hereditária", como pregam muitos, infiltrados até mesmo na minha querida Assembleia de Deus. Trata-se de acúmulo de pecado. 
Essa figura chamada Lameque, que se gabava de matar, diz em sua apologia ao ódio que, se Caim seria vingado até sete vezes, ele mesmo, Lameque, seria vingado até setenta vezes sete. Quem conhece a Bíblia recorda que, ao responder a Pedro sobre até quantas vezes se deve perdoar a um irmão, o SENHOR Jesus disse que não seria até sete, mas até setenta vezes sete  (cf. Mt 18.21,22). O amor de Deus, mais uma vez, substitui o rancor e a vingança do pecador.
Lameque, o bígamo violento, teve três filhos nominados como Jabal, Jubal e Tubalcaim. Jabal passou à história como o pai dos que habitam em tendas e cuidam de gado - os pecuaristas e seminômades do Oriente. Jubal tornou-se o pai dos músicos. Já Tubalcaim forjou objetos de ferro e bronze, objetos cortantes. Então, está-se diante de uma família próspera.
Uma das coisas que observo é que, apesar do pecado humano, Deus continuou a abençoar a Humanidade, que progrediu, como se vê, por meio da indústria, da manufatura, da música, das belas artes, da agropecuária. E isso prosseguiu até mesmo na linhagem ímpia de Caim.
O trabalho, diferentemente do que alguns podem imaginar, começou antes da Queda, pois Adão foi colocado no Éden "para o cultivar e o guardar" (Gn 2.15). E o trabalho continuou sendo uma realidade social, embora prejudicado pela "exploração do homem pelo homem", pelas injustiças sociais, pelos problemas ambientais (cf. Gn 3.17-19).
Ciência, trabalho, indústria, artes, música, progresso social, econômico e político - tudo isso prosseguiu, não porque o Homem seja bom, mas porque Deus é misericordioso e gracioso.
Veja que a prosperidade material não comprova relação autêntica do Homem com Deus. Antes, a prosperidade do ímpio carrega mais motivos para o Dia do Juízo, porque nem mesmo sendo tão abençoado o ímpio consegue se aproximar do Criador e Sustentador de todas as coisas.
Em Gn 3.15 Deus disse que poria inimizade (conflito) entre a serpente e a mulher, entre a descendência da serpente e a descendência da mulher; que a descendência da mulher feriria a cabeça da serpente - é assim que se mata uma cobra - e que a descendência da mulher teria o seu calcanhar ferido pela serpente - essa imagem prefigura a Cruz de Cristo, e Cristo é o descendente da mulher, o descendente da Humanidade, o Filho do Homem, que morreu na Cruz, "ferido de Deus e oprimido" (Is 53.4).
Desde Gn 3.15, começou um conflito cósmico entre a semente da mulher e a semente da serpente. Caim identificou-se com a serpente, porque deu ouvidos à tentação e se deixou vencer pela inveja e pela ira. Abel, piedoso, morreu, e seu sangue clamou aos céus. É Abel um dos ilustres personagens da Galeria dos Heróis da Fé (cf. Hb 11.4). As duas linhagens brigam entre si ao longo da História. 
Algumas lições, portanto, podem ser extraídas resumidamente desse texto de Gn 4.16-24, com alusões a outros textos bíblicos:
1 - Prosperidade material não atesta a aprovação divina da vida de uma pessoa ou família;
2 - Não existe maldição hereditária, mas o pecado acumulado pode servir de influência a outros;
3 - Deus criou o trabalho antes da Queda;
4 - O trabalho, a ciência e o progresso em todas as áreas não se dá por causa do Homem, mas apesar do Homem;
5 - A linhagem piedosa e a linhagem ímpia brigam entre si num conflito cósmico e histórico;
6 - Jesus Cristo é o descendente da mulhe que veio ferir de morte a serpente - deixemos com Cristo essa missão, que é d'Ele, em vez de queremos sair esmagando cabeças de demônios.
Feliz novo ano. Orem por mim e por minha família.
Alex.



 
 
 
 

sábado, 26 de outubro de 2013

COMENTÁRIOS SOBRE UM TEXTO ESQUERDISTA DE UM AMIGO BLOGUEIRO


Sigo o  blog Teologia Livre, editado por Roger Brand diretamente da Alemanha, e cheguei a publicar alguns textos por lá há alguns anos. Ao ler um post de Roger sob o título Carta a um amigo cristão de direita, decidi reproduzir o texto dele em vermelho (cor bem apropriada para a ocasião) e fazer comentários em azul. Vale deixar claro que o amigo destinatário não sou eu, mas há semelhanças entre nós.
Confira-se:
 
Meu caro amigo,

você e eu passamos pelo movimento estudantil na universidade e tínhamos afinidade em nossas visões políticas. Lembra-se, você PSDB apaixonado e eu, não filiado, sem carteirinha mas simpatizante do PT. Eram os anos 90. Tínhamos acabado de pintar a cara e tirar um presidente e o FHC incomodava nossa classe cortando o orçamento da educação.

Roger, assim como você e seu amigo, eu vivi aquele período. Em 1992, então com 15 anos de idade, saí à rua de uma cidade do Interior da Bahia, onde cursava o segundo grau, para gritar “Fora Collor”. Lá estavam tremulando as bandeiras do PT, ao som de “Alegria, Alegria”, do Caetano Veloso.

Estudei Direito de 1996 a 2001, onde participei da Aliança Bíblica Universitária (ABU), assim como você, além de outros grupos evangélicos. Embora não fosse membro de movimentos políticos na Universidade, tinha ideias de esquerda, e cheguei a aderir a uma manifestação de rua contra o reitor, perguntando-lhe, por meio de palavras de ordem, onde estaria a “verba da educação”. Não gostava do Governo FHC por considerá-lo ruim para a promoção da justiça social, essas coisas. Toda a nossa geração foi educada por professores de esquerda, e para nós ser de direita era apoiar a ditadura militar de 1964.

Tenho vergonha hoje, mas minha monografia de final de curso defendeu … a legitimidade constitucional das invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), além de ter feito duas pesquisas, com bolsa do CNPq, sobre a função social da propriedade sob uma ótica esquerdista. Eu me identificava com o PT, assim como você, Roger. Quanto ao seu amigo, você disse que ele era “PSDB apaixonado”. Não sabia que isso existia, mas tudo bem... O PSDB é uma partido de centro-esquerda, social-democrata. Seu amigo era de esquerda àquela época, como você diz adiante. Então, ele tinha em mente que o PSDB era de esquerda, certo?

Tínhamos também afinidade espiritual. Você participante do grupo católico fé e política e eu da ABU.

Conquanto nosso trabalho na ABU tenha sido de evangelização e preparação de líderes (“Estudante Alcançando Estudante”), descobri depois que a Teologia da Missão Integral é deveras irmanada com a Teologia da Libertação, aquela mistura canhestra de Marxismo com linguagem católica. De toda maneira, a ABU não se resume a isso, e em minha passagem por lá não vi nada de pregação política.

Em nossa luta partidária estava claro que os radicais do PCdoB, em seu fanatismo cego, estavam desvirtuando a lógica da representação estudantil no Campus, para fins meramente politiqueiros.

Juntos conseguimos derrotá-los e passar por duas gestões do DCE e influenciar nossa Universidade de forma notoriamente positiva. Bons tempos aqueles.

Concordo plenamente com o que diz sobre o PCdoB. Na Universidade Federal de Viçosa (UFV) havia um grupo de universitários ligados ao PCdoB com o propósito de fazer política estudantil. De um lado, o PCdoB, a esquerda radical apoiada pela União Nacional dos Estudantes (UNE), que, por sua vez, é feudo dos comunistas do Brasil; de outro lado, o PT, que se pretendia uma esquerda mais consciente, mais moderada. Ambos, porém, faziam política sem preocupação com as demandas estudantis. Seu negócio era a bandeira partidária.

Você sempre foi uma voz de dentro da esquerda que sabia criticar os exageros da esquerda. Especialmente as maluquices antropológicas do governo e as questões indígenas te indignaram demais. Suas críticas estavam cada vez mais impiedosas. Tudo isso te empurrou para os braços de formadores de opinião fundamentalistas e reacionários… Há muito já estava óbvio para todo mundo que o caldo tinha entornado para você.

Roger, com todo o respeito, você tem uma visão preconceituosa sobre a direita. Seu amigo pode simplesmente criticar os “exageros da esquerda”, sendo uma “voz de dentro” para combater “as maluquices antropológicas do governo” (?) e “as questões indígenas”, mas não pode se identificar com a direita, para não ser “fundamentalista” nem “reacionário”? O fato de ter opiniões “impiedosas” contra as besteiras da esquerda fez com que o “caldo” entornasse para ele? Quer dizer que seu amigo praticamente se tornou um delinquente político? É isso? Ele não pode querer o bem do Brasil e ao mesmo tempo ser de direita? Essa não é uma perspectiva autoritária, Roger?

Hoje fiquei sabendo que você resolveu assumir-se de “direita” e isso mexeu comigo. Conto porque:

Primeiro, você diz que cansou “das propagandas que pretendem explicar direita e esquerda com clichés mentirosos que idealizam a esquerda e demonizam a direita. Entendo perfeitamente seu cansaço. No fundo parece-nos que essa dicotomia só cabe mesmo à nossa geração que vivenciou a cortina de ferro. Hoje o mundo é outro. Não demora muito chegará o tempo que esses clichés não farão mais sentido nenhum. E para muitos com certeza, já não faz. Mas como você poderia esquecer que a direita usou e usa das mesmas armas propagandistas nesse jogo?

Ao se identificar como sendo “de direita”, parece que na sua opinião, Roger, o seu amigo assumiu a prática de um crime! E ele apenas admitiu uma mudança de rumo em sua visão política.

Entendo que direita e esquerda expressam duas cosmovisões, e, sinto muito quanto a pensa diferente, elas não deixarão de existir tão cedo. Não se trata de elementos característicos apenas da Guerra Fria, e até precedem em muito esse período histórico. Lembra-se da direita e da esquerda na Revolução Francesa? E não há direita e esquerda nos Estados Unidos, ainda que nos limites possíveis para a sociedade americana?

Enquanto a direita representa o conservadorismo, a esquerda se diz “progressista”, “vanguardista”. A direita defende valores como a liberdade, o individualismo (no bom sentido, Roger!), o livre-mercado, a não-intervenção indevida do Estado na esfera individual, o livre-comércio. Já a esquerda destaca a igualdade, a justiça social, a reparação histórica, a maior intervenção estatal na economia, o Estado prestacionista. O conservador geralmente reconhece a existência de valores inegociáveis, “sagrados”, mas o esquerdista quer que tudo seja um “processo”, uma “utopia”, um “tornar-se”.

Quanto à propaganda que demoniza o adversário, o que chama a atenção é que a esquerda considera que a direita é, por definição, reacionária, obscurantista, elitista, fundamentalista, opressora, contra os pobres. Não se trata de propaganda eventual na disputa política, mas de declarações decorrentes da ideia errônea de que a esquerda conduz a História de maneira escatológica, como se a Verdade estivesse com o Proletariado, com o Partido, com os Movimentos Sociais, com os Verdes. Para a esquerda mais rombuda, a democracia é uma pedra no caminho ou uma simples etapa no processo de emancipação dos menos favorecidos. Eles não acreditam na democracia representativa.

Segundo, ano que vem é ano de eleições e você sabe que como líder que você é sua postura influenciará outros. Penso que o PSDB (do Aécio) seria a melhor via para o Brasil reassumir sua trajetória econômica. Sou entusiasmado com a distribuição de renda que o PT proporcionou, creio até mesmo que a Dilma faz bem o seu papel, e até mereceria uma reeleição. Mas suas falhas não nos são ocultas e o partido de forma geral esgotou-se. Foram 12 anos… É hora de revezar. Até onde sabemos o PSDB ainda é de “esquerda”, ainda que tenha uma linha mais concentradora de renda do que a do PT. Mas como você se posicionará agora?

Você, Roger, deseja o revezamento no Poder, embora aprecie a administração da Sra. Dilma Rousseff e a distribuição de renda proporcionada pelo governo petista. Entretanto, sua admissão de um governo de Aécio Neves só se consuma porque, afinal, “o PSDB ainda é de esquerda”, e esse é o seu critério fundamental. Sendo assim, por que não Eduardo Campos, o socialista? Ele não é de esquerda? Ele não é lulista? E Marina Silva, a Verde? Você tem medo da política econômica marineira, “sonhática”, que não é “oposição nem situação, mas posição”? Quanto à Sra. Dilma Rousseff, reconheço, é claro, a legitimidade constitucional do seu governo, porque eleita democraticamente, mas em minha opinhão é uma presidente medíocre em todos os sentidos.

Agora, dizer que o PSDB é mais concentrador de renda do que o PT requer comprovação. Roger, o PT apenas reuniu num só programa (Bolsa Família) os diversos programas sociais do PSDB, depois que o Fome Zero deu errado. Sim, o PT ampliou a assistência, e hoje cerca de – atenção! - 50 milhões de brasileiros recebem ajuda governamental. Seriam todos miseráveis, a ponto de precisar de dinheiro do Estado?

O governo Lula-Dilma é incompetente, incoerente e cínico. Eles privatizam e dizem que não privatizaram – veja o leilão do Campo de Libra, veja as concessões das estradas e aeroportos. Eles demonizam os tucanos porque privatizaram, mas fazem o mesmo e dizem que não concordam com a privatização!

Além disso, o governo petista engrega bilhões a grandes empresários por meio do BNDES – isso desconcentra renda, Roger? Os petistas dão dinheiro a pobres e a muito ricos, mas a classe média que trabalha, estuda e paga pesados tributos fica esmagada no meio. Isso é justo para você?

Terceiro, tomo como exemplo a Alemanha. Pelas possibilidades do sistema aqui, pude votar esse ano tanto na “direita” CSU/CDU como na “esquerda” SPD. E tudo indica que ambos construirão uma coligação. Ou seja, a União Cristã parece ter se cansado do antigo aliado, o Partido Liberal (que está mais à direita), e se “livrou” dele. Agora está a ponto de se coligar com os socialistas. O SPD defende claramente algumas intervenções na economia, como aumento da alíquota de imposto para ricos, criar um salário mínimo (coisa que não existe na Alemanha) e limite para salários de “top managers”. Isso para que haja maior divisão da renda e mais recursos para os cofres públicos. O CDU advoga que sua política “liberal” tem garantido à Alemanha os fundamentos para sobreviver à crise do Euro, mas de fato tem faltado dinheiro para manter a tão moderna e pesada infraestrutura que a Alemanha já possui e a lacuna entre ricos e pobres tem aumentado. A Alemanha e seu sistema político possibilita aquilo que vivenciamos no DCE, um esquerda moderada, de centro. Você riscou completamente de suas opções a causa esquerda então com qual partido você se simpatizará agora?

Se a esquerda tiver boas ideias, estas devem ser acolhidas. O pior é que geralmente as ideias da esquerda são estatizantes, caras, burocratizantes, fora da realidade, viciadas pela ideologia, contrárias ao bom senso, vinculadas a pterodáctilos políticos e a minorias barulhentas.

Que bom que Angela Merkel venceu! Imagine se os socialistas estivessem no Poder em meio a uma crise econômica como essa! De toda maneira, eles terão suas cadeiras garantidas pelos eleitores que lhes deram um voto de confiança, dentro dos marcos democráticos.

Para você, Roger, o que importa é uma esquerda moderada, de centro, como no DCE (!), mas com repúdio à direita, que em sua concepção deve estar de fora. Eu penso diferente. Bom é que haja democracia plena e respeito às instituições. Lamento que a esquerda costume solapar os governos de direita legitimamente constituídos, ao argumento de que não representam os movimentos sociais e os verdadeiros anseios do povo.

Do grupo fé e política e da teologia da libertação você abençoaria o que então hoje, uma TFP e uma teologia da prosperidade?

Não entendi muito bem a primeira parte do parágrafo (acima grifada), mas será que ser de direita é se identificar necessariamente com a Tradição, Família e Propriedade (TFP) ou com a Teologia da Prosperidade? Roger, isso não tem fundamento! Um dos recursos retóricos muito usados pela esquerda é justamente refutar o que o outro não disse, para tornar aparentemente convincente o seu próprio argumento. Não sei se você sabe, mas Edir Macedo, um dos maiores proponentes da Teologia da Prosperidade no Brasil (e em diversos países do mundo) é lulista e simpático ao PT. A Teologia da Prosperidade prega a ascensão material dos pobres por meio da fé na fé, do tipo “Confissão Positiva”, e é algo acentuadamente populista, distante da realidade e das Escrituras.

Penso que seja lá qual for a base teórica que se adote para conceituar uma coisa ou outra; sejá lá quais as formas que tanto um lado como outro encontram para tomar e permanecer no poder; não poderemos nunca abrir mão de três coisas:

  • da ética
  • do estado democrático de direito, tendo como base os direitos fundamentais do homem (liberdade de expressão, de crença, de ir e vir e etc); e
  • da garantia e fomento à justiça social e do amparo aos pobres.

Roger, eu não sabia, mas você, no fundo, é de direita! Se defende as liberdades fundamentais e o amparo aos pobres, o que há de mais conservador nisso? No que toca à ética, esta não é finalidade, mas fundamento da política, e por isso não pode adentrar à disputa ideológica.

Na verdade esses três pontos independem da linha ideológica, se progressista ou conservadora. Ambos os lados irão fatalmente negligenciar essas três coisas devido à própria força e sedução do poder. Por isso minha posição particular é que, o que garantirá o sucesso de um governo está muito mais relacionado à “pessoa” que governa, suas qualidades morais, humanas, sociais, do que à competência meramente técnicas ou político-ideológicas.

Somente a ética independe da cor ideológica do partido, por ser fundamento da ação política, e não finalidade ideológica, embora o próprio PT tenha crescido com a suposta bandeira ética...

Os direitos fundamentais da pessoa humana, constitucionalizados há décadas, já foram objeto de disputa política, e não nasceram com a esquerda. Na verdade, os esquerdistas gostam de criticar a “democracia burguesa”, a representação política, a liberdade de expressão, a liberdade de religião, a liberdade empresarial, o livre-mercado, o livre-comércio, e não protegem os direitos humanos de quem é oprimido e morto por comunistas (vide o caso da Cuba castrista).

A busca da justiça social não era propriamente a luta dos marxistas, por exemplo. Os marxistas queriam a superação da luta de classes e a instauração da Ditadura do Proletariado para em seguida aniquilar o próprio Estado. Os comunistas e socialistas buscaram a coletivização, a apropriação dos meios de produção pelos proletários, mas quem iria tomar conta dos meios de produção? Ora, o Partido!

O Social-Liberalismo é o meio-termo entre Socialismo e Liberalismo. Leia a Constituição brasileira de 1988, agora com 25 anos, e verá que ela não é liberal nem socialista, mas social-liberal ou social-democrata (função social da propriedade, valorização social do trabalho, intervenção do Estado na economia, reforma agrária, ênfase no papel dos sindicatos). Foi essa Constituição que o PT não endossou porque a considerou elitista demais, assim como não apoiou a eleição de Tancredo Neves, o Plano Real nem a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Você me surpreende, Roger, ao dizer que o que importa é a pessoa do governante, “suas qualidades morais, humanas, sociais”. Esse discurso não cai bem a um homem de esquerda. A esquerda fala do Partido, do Estado, dos Movimentos Sociais, das “forças progressistas”, dos Coletivos. Você fala de valores individuais. Embora possa parecer, não se cuida de um traço conservador, por suposto amor à individualidade. Trata-se de desilusão com algum partido de esquerda que chegou ao Poder... Que partido seria esse, Roger? E não se trata de um discurso positivo, porque qualidades boas podem ser acompanhadas de péssimas escolhas políticas. A História dá-nos exemplos disso.

Na Alemanha costumo porém dizer que, como vim de um país com um dos piores índices de distribuição de renda do mundo, sou forçosamente levado a optar pela esquerda, cuja principal bandeira é a redistribuição. Como vivenciamos recentemente uma crise econômica cuja origem se deu na especulação e imoralidade do setor financeiro americano, sou forçado a protestar contra esse “liberalismo de direita”.

Então, Roger, seu esquerdismo depende do contexto econômico. É interessante que você se vê forçado a ser de esquerda no Brasil, por causa da pregação esquerdista em favor da distribuição de renda, mas milhões de pessoas não são de esquerda no Brasil. Elas seriam ruins, medonhas, insensíveis, indiferentes ao sofrimento alheio?

Lembre-se, ninguém poderá segurar duas mãos invisíveis de senhores diferentes, ou você segura a de Deus ou a do mercado.

Essa foi terrível, e você só confirmou o que o seu amigo disse, no sentido de que a esquerda se autodiviniza e demoniza a direita. Para você, ou o indivíduo é de Deus ou do mercado, não pode ser de Deus e apreciar o livre-mercado. Fico a refletir: se na Alemanha você votou nos conservadores, talvez devesse fazer umas orações pedindo perdão, porque, em verdade, Deus não é brasileiro – está em toda parte -, e escolhas ideológicas não podem depender da ocasião.

Cordialmente,

Alex Esteves da Rocha Sousa.


domingo, 6 de outubro de 2013

PLANO DE AULA Lição 1: “O valor dos Bons Conselhos”1




Texto Áureo: Pv 1.7.
Leitura Bíblica em Classe: Pv 1.1-6.

Introdução.
Conselhos. Sabedoria. Aspectos práticos da vida com Deus. Ética.
  • Provérbios ou ditos populares. Cultura popular. Sabedoria popular. Tradição de um povo. Valores éticos, morais e sociais. Vida cotidiana.
  • Provérbios bíblicos. Sabedoria divina. Parábolas, fábulas, instruções, enigmas, provérbios, símiles, metáforas, apólogos. Conselhos do SENHOR. Não se trata de princípios abstratos nem de especulações ou teorias.
Características dos provérbios: concisão; sagacidade; forma memorável; base na experiência; verdade universal; objetivo prático e longo uso; forma poética ou rítmica (quase sempre)2. São máximas, sentenças, frases curtas. Vivacidade. Imagens convincentes e belas.
Características das instruções: legado de um pai ao filho ou de um mestre a seu discípulo, com ordens, proibições e as respectivas motivações.

I. Joias da Literatura Sapiencial.
Literatura de Sabedoria ou Literatura Sapiencial: Provérbios, Eclesiastes e Jó. Alguns acrescentam Salmos e Cantares (Cântico dos Cânticos).
O escriba (doutor da Lei) Esdras pode ter compilado (editado) o que conhecemos como a literatura sapiencial.
O Livro de Sabedoria e o Eclesiástico, presentes na Bíblia Católica, são apócrifos, e imitam o estilo da literatura sapiencial.
1. O Livro de Provérbios.
Títuo do Livro de Provérbios no hebraico: Mashal (comparação ou símile; ideia de representação ou semelhança). Em Ez 17.2, mashal é traduzida como “parábola”. Também denota “um dito expressivo” (cf. I Sm 10.12). A palavra hebraica hiddal é traduzida como “enigma” ou “adivinhação”.
Títuo do Livro de Provérbios no grego (Septuaginta ou Versão dos LXX): Paroimiai.
Autoria principal (Pv 1.1).
Diversos autores (Salomão; sábios; Agur; Lemuel).
Fundamento: experiência humana, mas com a inspiração do Espírito Santo.
Tema: O dever moral.
Estilo literário: provérbios e instruções.
Seções claramente demarcadas: Pv 1-9 (aplicações da sabedoria salomônica); 10.1-22.16 (conselhos de Salomão); 22.17-24.34 (conselhos dos sábios); 25-29 (compilação feita pelos assessores do rei Ezequias); 30 (palavras de Agur, filho de Jaque, de Massá); 31 (palavras do rei Lemuel a partir do ensino de sua mãe).
Ideias importantes: sabedoria, conhecimento, instrução, entendimento, conselhos, ciência, prudência, inteligência.
Assuntos: moralidade; amizade; controle do falar; controle das emoções; condução dos relacionamentos interpessoais e sociais; sexualidade; obediência aos pais; disciplina; educação dos filhos; preservação do casamento e da família; propriedade; uso do dinheiro; trabalho e preguiça; sabedoria e tolice; justiça; direito; governo; liderança; moderação quanto às bebidas.

2. Livro de Eclesiastes.
Título no hebraico: Qohelet (“Pregador”; aquele que discursa para uma assembleia).
Autor: Salomão (Ec 1.1).
Fundamento: filosofia moral inspirada por Deus.
Tema: a verdadeira felicidade.
Quatro Seções: 1.1-3.15 (“tudo é vaidade”; poema sobre o tempo); 3.16-11.8 (parte central, incluindo provérbios, poemas e parábolas); 11.9-12.8 (a juventude e a velhice); 12.9-14 (epílogo).
  • Não é pessimista, cético, nem desiludido. Não é mera filosofia humana.
  • Combate o hedonismo (busca do prazer pelo prazer); o secularismo (viver como se Deus não existisse); o mero intelectualismo (buscar o conhecimento pelo conhecimento); a superficialidade, a mediocridade, a perspectiva estreita, os costumes baixos.
  • Síntese: não há sentido nem utilidade na vida sem Deus.

II. A sabedoria dos antigos.
A figura do sábio no Antigo Testamento (Jr 18.18; cf. Is 29.14; Jr 8.8,9). O sacerdote com a Lei; o profeta com a palavra; e o sábio com o conselho.
Sabedoria salomônica.
Atividade literária e intelectual de Salomão (I Rs 4.29-34).
Áreas de atuação: botânica, zoologia, política, literatura, filosofia moral e pregação (I Rs 4.29-34; Ec 1.1; 12.9-14).
Justiça salomônica (I Rs 3.16-28). Diplomacia (I Rs 5.12).
A fama internacional de Salomão em razão da sabedoria (I Rs 10.1-13).

III. As fontes da sabedoria.
1. Sabedoria popular. Graça Comum (conceito reformado). A literatura sapiencial contém o registro inspirado da sabedoria popular. No entanto, somente a sabedoria de Deus é perfeita.
Os sábios dos outros povos:
  • Gn 41.8 (sábios do Egito). Ob 8 (sábios de Edom). Dn 2.2; 4.7; 5.7,8 (sábios da Babilônia).
  • Livro egípcio de Amen-em-ope (cerca de 600 a.C.) e Provérbios de Akihar, da Babilônia (paralelos com o Livro de Provérbios, certamente tomados de empréstimo às Escrituras Sagradas).
A sabedoria em Israel:
  • O povo do Livro”.
  • Torah: “Instrução”.
  • Deuteronômio: Livro de sermões ou discursos de Moisés.
  • Peças elaboradas no molde dos escritos de sabedoria ocorrem em outras passagens do Antigo Testamento (cf. o “apólogo de Jotão” ou “parábola de Jotão” em Jz 9.7-21).
2. Sabedoria divina. Resposta à oração (I Rs 3.3-15; Tg 1.5-8).
  • Características da sabedoria divina (Tg 3.13-18): mansidão; procedimento digno; pureza; paz; capacidade de perdoar; docilidade; misericórdia; produção de bons frutos; imparcialidade; autenticidade.

IV. O propósito da sabedoria.
O texto de Pv 1.1-7 é o título do Livro!
Propósitos do Livro de Provérbios:
  • Aprender a sabedoria e o ensino;
  • Entender as palavras da inteligência;
  • Obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e a equidade;
  • Dar aos simples (inexperientes, ingênuos) prudência e aos jovens, conhecimento e bom siso;
  • Fazer com que o sábio cresça em prudência;
  • Entender provérbios e parábolas, as palavras e enigmas dos sábios.
Princípio fundamental da sabedoria: o temor do SENHOR (Pv 1.7; 9.10; cf. Jó 28.28; Sl 111.10).

Conclusão.
Tanto em Provérbios como em Eclesiastes o Ser Humano encontra conselhos para a sua vida prática.
A ética cristã está consubstanciada nesses Livros de maneira magistral. O Novo Testamento está impregnado de citações da Literatura Sapiencial (parábolas e discursos do SENHOR Jesus; Epístolas de Paulo, Pedro e Tiago).
Sabedoria e felicidade (verdadeiras) existem somente em Deus.
Cristo é a Sabedoria por excelência (I Co 1.24,30; Cl 2.2,3; cf. Is 11.1,2)
Cristo é maior que Salomão (Mt 12.42);
Cristo tem a Sabedoria celestial e incomparável (Mt 13.54 e Mc 6.2);
A Sabedoria de Deus é manifesta na Igreja, pela Salvação (Ef 3.10,11).
Nem a sabedoria dos gregos nem as obras ou sinais dos judeus podem salvar. Somente o SENHOR Jesus Cristo!
1 Lição 1 da revista Lições Bíblicas da Casa Publicadora das Assembleias de Deus – CPAD, que para o IV Trimestre de 2013 tem como tema “Sabedoria de Deus para uma Vida Vitoriosa – A Atualidade de Provérbios e Eclesiastes”. Os tópicos em negrito pertencem à Lição, escrita pelo Pr. José Gonçalves.

2 Tais características são expressamente referidas na Lição ora estudada.

sábado, 21 de setembro de 2013

ESTUDO A PARTIR DE ZACARIAS 1.5.




Vossos pais, onde estão eles? E os profetas, vivem para sempre?” (Zc 1.5).


Zacarias, filho de Baraquias, filho de Ido, foi um sacerdote contemporâneo do profeta Ageu, formando com este uma dupla de profetas que, no período pós-exílico, exortou o povo a reconstruir o Templo em Jerusalém, que havia sido destruído por Nabucodonosor, rei da Babilônia.
Esdras menciona Zacarias em seu Livro (5.1; 6.14).
Em 520 a.C., Zacarias deparou com o esfriamento espiritual do povo judeu, 16 anos após as primeiras levas de judeus terem retornado à Terra Prometida. Era a época da restauração do Templo, mas o povo estava entorpecido. Haviam-se esquecido de que Deus usara o próprio Imperador Ciro para decretar o retorno a Jerusalém. Haviam-se esquecido de sua própria História.
Leia, por favor, Zc 1.1-6. A profecia começa com uma palavra contundente sobre a ira extrema do SENHOR, um conceito negligenciado em nossos dias, quando Deus é visto como um deus impessoal, um deus condescendente, um "bom velhinho", e confundido com o sentimento de amor - quando, na verdade, Deus é amor (I Jo 4.8), mas não deve ser confundido com o amor. Dito de outro modo, Deus é amor, mas o amor não é Deus.
Vale aqui citar uma declaração do escritor irlandês C.S. LEWIS sobre a ira de Deus:

"Deus é o único conforto, mas Ele é também o terror supremo: Ele é Aquele de quem mais precisamos e Aquele de quem mais nos escondemos. Ele é o nosso único aliado possível, contudo nós nos tornamos Seus inimigos. Alguns falam como se encontrar o olhar da bondade absoluta fosse ser fácil. Eles precisam parar para pensar melhor. Eles ainda estão brincando de religião. A Bondade é tanto a melhor segurança quanto o maior perigo - isso depende de como reagimos a ela. E temos reagido da forma errada."

O Cativeiro Babilônico, que durou 70 anos, fora profetizado, e consistiu em juízo de Deus. Pela ação do próprio SENHOR da História, o Império Medo-Persa sucedeu o Império Babilônico e permitiu que os judeus retornassem à sua terra e reconstruíssem o Templo.
Como Zacarias afirma, houve arrependimento no passado, quando os judeus entenderam que o Cativeiro era juízo divino. Mas a conversão é pessoal. Eles vieram a morrer, e caberia aos seus descendentes crer em Deus e se arrepender.
Os “pais” a que Zacarias se refere são os antepassados, as gerações anteriores, os antigos, os mais velhos. Já os "profetas" são os pregadores, os mensageiros, os porta-vozes de Deus. Os pais experientes morreram, mas Zacarias apela para que os vivos atentem para a experiência deles. Os profetas morreram, mas Zacarias apela para que os vivos atentem para a mensagem deles, que continua viva.
Os experientes morrem, mas a experiência deve ser lembrada.
Os mensageiros morrem, mas a mensagem permanece.
Ao longo dos séculos, Deus interveio e promoveu muitos avisos para a Humanidade, para Israel e para a Igreja. É importante considerar o legado histórico, sem o que se cometem os mesmos erros do passado.
Lemos em Ex 1.8: “Entrementes, se levantou novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José”. Por não conhecer a História, Faraó oprimiu o povo de Deus, mas os próprios egípcios amargaram depois as consequências disso, com as manifestações divinas na forma das "Dez Pragas".
Em Am 3.7 está escrito: “Certamente, o SENHOR não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas. Os homens de Deus não são surpreendidos, porque há um plano, um propósito, uma linha de ação do próprio Deus. A Igreja é depositária das palavras do SENHOR.
Em Lc 17.32 Jesus disse: “Lembrai-vos da mulher de Ló”. Assim como nesse trecho, Jesus fez duras advertências tomando por base a História, o que aponta para o fato de que Deus chancela a relevância do legado histórico.
O apóstolo Paulo deu grande ênfase à transmissão da Palavra de Deus, tal como ela é, sem acréscimos nem supressões. Paulo refere-se ao que conhecemos como "Antigo Testamento" (Lei, Profetas e Escritos), reconhecendo-lhe a finalidade de exemplo e advertência. Vejamos:

Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram (...) “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado” (I Co 10.6,11).

Paulo deixa claro que ele anunciou o que recebeu, como uma tradição, no melhor sentido do termo. Confira-se:


Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi...” (I Co 15.1-3, primeira parte).

“Porque eu recebi do SENHOR o que também vos entreguei” (I Co 11.23).

Da mesma maneira, os pastores devem transmitir a palavra recebida, e entender que há um depósito e um padrão a ser, respectivamente, preservado e observado:

 “E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros"  (I Tm 2.2).
 
“E, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia. Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em nós” (II Tm 1.12-14).
 Não se deve desprezar a experiência. Vejamos o que escreveu o autor da Epístola aos Hebreus:

 “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram” (Hb 13.7).

"Guias" são os pastores. Feliz daquele que tem referenciais em sua vida, que pode dizer que conheceu homens de verdade, pessoas de fé verdadeira.
Imitar a esses homens é valioso e recomendado (cf. I Co 4.16; 11.1; Fp 3.17).
Reflita, agora, sobre o seguinte texto:


           Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma” (Hb 12.1-3).

 Diferentemente do que já ouvimos em algum lugar, essas "testemunhas" referidas no Texto Sagrado não são as pessoas que nos cercam, mas os personagens da chamada "Galeria dos Heróis da Fé", registrada no Cap. 11 de Hebreus, imediatamente anterior ao capítulo em que o texto se encontra.   O testemunho da Galeria dos Heróis da Fé deve nos encorajar a seguir adiante. Devemos olhar o passado para trilhar na carreira que nos está proposta. Se nossos irmãos conseguiram, nós podemos conseguir, em Cristo. É nesse sentido que aquelas "testemunhas" nos incentivarão.
Observe que tradição difere de tradicionalismo. Alguém disse, com acerto: "Tradição é a fé viva dos mortos. Tradicionalismo é a fé morta dos vivos". Fiquemos com a tradição cristã, bíblica e apostólica.
Essas considerações são urgentes nos tempos que vivemos, a que filósofos e teólogos denominam Pós-modernidade ou até Hiper-modernidade.
Seguem algumas características da Pós-modernidade, e que se infiltram nas igrejas evangélicas brasileiras, por meio da Teologia da Prosperidade (Confissão Positiva e Triunfalismo) e de outros modismos, mas sempre a partir de influências estranhas e irmanadas com o espírito da nossa época:
1) SOMENTE O QUE FOR NOVO:
Vivemos a cultura do descarte, do desprezo pela História, pela experiência e pela tradição. Todos querem a novidade, o novo, o que está na moda, “o último tipo”. 
Na verdade, nem isso é novo, pois, como escreveu Salomão, "nada há novo debaixo do sol" (Ec 1.9). Em Atenas, Paulo deparou com os filósofos estoicos e epicureus, que nada faziam além de discutir as últimas novidades (At 17.21).
Em virtude da internet e das muitas tecnologias de difusão de conteúdos, dizem que essa é a era do conhecimento, mas o que se vê é a era da informação desorganizada. 
Todo mundo pode consultar tudo em qualquer lugar, mas as informações saem desordenadamente, e as vozes são muitas e desencontradas. 
Faltam referências, faltam princípios, falta um sistema.
Enquanto isso, falsos líderes adentram as igrejas pregando "o novo", para deleite dos que rejeitam as coisas antigas.

2) SOMENTE O QUE FOR P'RA JÁ:
Vivemos a época do imediatismo. As pessoas querem obter resultados fáceis e rápidos. As pessoas querem “dar um enter” e receber bençãos e respostas. É a cultura do fast food.
É comum ouvirmos pregadores chamarem as pessoas à frente para receberem a bênção "nesta noite". Esquecem que a vida cristã é mais tendente ao processo do que ao imediato.

3) SOMENTE O QUE FOR DO MEU JEITO:
Vivemos o subjetivismo e o pluralismo: em lugar da adoração a Deus, cada um enaltece a si mesmo (subjetivismo) e crê da maneira que lhe apraz, o que conduz ao aparecimento de uma pluralidade de crenças e práticas, conforme o gosto do "cliente" (pluralismo). Eis a cultura do self-service. 
 Muitas pessoas frequentam igrejas de acordo com suas ideias e preferências, misturando o que cada igreja oferece. A partir de variados aspectos de igrejas distintas, projeta-se uma igreja peculiar e "ideal".
Criam-se deuses à imagem do Ser Humano.

4) SOMENTE O QUE FOR SEM COMPROMISSO:
Vivemos a época da superficialidade, da luta contra as instituições, da ausência de aprofundamento nas relações interpessoais, de uma espiritualidade sem líderes.
Conceitos como doutrina, autoridade e disciplina são deixados de lado.
“Campanhas” substituem o compromisso congregacional. Pregadores da TV e da internet substituem o pastor. Criam-se estilos de ser crente ou gospel ao gosto do freguês.
Fala-se em termos próximos à autoajuda e ao autoconhecimento, mas isso nada tem que ver com Redenção em Cristo.

5) SOMENTE O QUE ME DER RETORNO:
Vivemos a época do mercantilismo da fé, da lei da semeadura financeira.
As pessoas querem poder (financeiro, corporal, espiritual), querem o "elixir da juventude" para que não precisem do Filho de Deus, que oferece a vida eterna. E nas igrejas há quem aprecie muito as coisas do mundo, não tendo, porém, a certeza da Salvação.
Promessas vazias são feitas como se Deus as houvesse transmitido, e histórias são concebidas pela mente humana para se passarem como palavras do SENHOR, a fim de propiciar o comércio da fé (Leia II Pe 1.16; 2.3).
Precisamos de História, referências, modelos, parâmetros, liderança, tradição cristã. Precisamos de uma Herança de Fé.
Precisamos urgentemente da Palavra do SENHOR, que permanece para sempre (Lc 21.33).


1 Estudo ministrado em culto na Igreja Batista da Reconciliação, liderada pelo Pr. ARTUR SANTANA no Bairro de Mussurunga, em Salvador/BA, no dia 21 de setembro de 2013, onde também tivemos a honra de conhecer irmãos da Comunidade Cristã Vida Eterna, que se reúne na Boca do Rio.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Passe Livre ou passe raiva?


Essas manifestações inéditas no Brasil têm sido um enigma para a imprensa, para o governo, para a FIFA, e... para os próprios manifestantes. Ninguém está entendendo nada. Ou quase nada.
Aquele pessoal do tal Movimento Passe Livre é de uma esquerda radical. Eles são filopetistas, e já estão aprendendo com os mais velhos: ontem disseram que a revogação do aumento das tarifas não era impedimento para a continuação dos protestos... depois de uma conversa com o PT, eles foram convencidos de que a "direita" estaria tentando assumir o controle das manifestações, e hoje já apareceu um barbudinho na Globo para dizer que o objetivo deles era lutar somente contra o aumento das tarifas de transporte coletivo...
Agora, ninguém merece a Globo ficar repetindo que as manifestações são pacíficas, e que a violência vem de uma minoria radical. Que minoria poderosa, hein?! Quer dizer que sufocar o direito constitucional de ir e vir não é uma forma de violência?
Estou cheio de tudo isso. O "politicamente correto" e a mediocridade assolam o Brasil, a ponto de os jornalistas se atrapalharem totalmente na cobertura dos acontecimentos que estão a olhos vistos.
Há, sim, miríades de motivos para protestar, mas sem essa besteira de sair impedindo o direito de andar pelas ruas em paz.
Ontem eu tive receio de a D. Dilma ter de usar a decretação do estado de defesa. Logo ela, a ex-guerrilheira, defendida pelas Forças Armadas.
O mundo gira... e não é em torno do umbigo do PT.
Que Deus nos ajude.

 

domingo, 7 de abril de 2013

Anotações sobre o Caso Marco Feliciano

A quantidade de coisas a dizer sobre o Caso Marco Feliciano é enorme. Para quem não sabe, o deputado Marco Feliciano (PSC-SP) está enfrentando dura oposição de grupos de esquerda porque se tornou presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, comissão que até então havia sido presidida somente pelo PT, desde 1995, quando foi criada. A acusação principal consiste em que o deputado seria "homofóbico" e "racista", após o que surgem outras imputações, instrumentalizadas para corroborar a artilharia pesada que tem sido dirigida ao deputado evangélico (processo no STF por suposto estelionato, vídeo em que o pastor teria pedido a senha do cartão de um ofertante, remuneração de assessores parlamentares para atuarem fora do Congresso...).
Quero, nestas linhas, comentar sobre as acusações de homofobia e racismo, além de refletir sobre a ação política das igrejas evangélicas e os movimentos esquerdistas, especialmente o PT, o PSOL e o deputado Jean Wyllys.
Primeiro, devo deixar assentado que não estou próximo à postura doutrinária ou teológica do Pr. Feliciano, assim como não aprecio o seu estilo de um modo geral. Embora ele seja um renomado pregador, confesso que jamais escutei uma só de suas pregações por inteiro. E não sou um de seus admiradores. Meus pregadores favoritos são outros. O Pr. Marco Feliciano e eu somos assembleianos, e assim, em tese, membros do movimento pentecostal histórico, mas desconfio de que sua igreja Tempo de Avivamento seja algo do ramo neopentecostal, mais tendente à Teologia da Prosperidade que à Ortodoxia Bíblica.
Também quanto ao aspecto político, estou distante do Pr. Feliciano, que se elegeu numa aliança com o petismo e pediu votos para Dilma Rousseff, tendo atuado para dissuadir os eleitores evangélicos da ideia de que a candidata petista seria contrária a valores cristãos. Marco Feliciano está entre aqueles líderes evangélicos que mantêm o discurso "conservador" em matéria de costumes sociais, como Magno Malta e Anthony Garotinho, mas que se associam ao PT, mesmo tendo ciência de que se trata de um partido que defende uma agenda secularista.
De todo modo, quero deixar consignado que o Pr. Feliciano não pode ser considerado homofóbico nem racista - não pelas declarações aduzidas no microblog Twitter. Ele pode ser pouco preparado, inexperiente na política, sem grande cultura, mas não pode ser incriminado dessa forma, pois estou certo de que apenas se expressou mal ou emitiu opiniões que o Estado de Direito Democrático é capaz de suportar. Até o considero um alvo fácil, diferente, por exemplo, do Pr. Silas Malafaia, que possui maior traquejo, mas ninguém deve ser penalizado por falar bobagens.
Dizem que o Pr. Feliciano seria homofóbico porque disse, via Twitter, que "a podridão dos sentimentos dos homoafetivos (sic) leva ao ódio, ao crime e à rejeição". Ora, isso por acaso é discriminação sexual? Pode ser besteira, mas não é discriminação. É somente uma opinião. Nada me convence de que haja um ato ilícito nessas palavras. Ademais, são poucas as palavras ali escritas para que se possa fazer um juízo de valor sobre o comportamento do deputado quanto às pessoas que praticam relações homossexuais ou que se identificam como homossexuais.
Quanto à acusação de racismo, trata-se de um retumbante exagero. O Pr. Feliciano cometeu, sim, um erro hermenêutico, e me refiro à Ciência da Interpretação Bíblica, além de incidir num erro teológico. Veja o que ele escreveu na referida rede social: 
"Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é polêmica. Não sejam irresponsáveis twitters rsss". Em acréscimo, disse: "sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, Aids. Fome...". Além de discordar da tese teológica por ele defendida, vejo um erro hermenêutico, porque o Pr. Feliciano esqueceu de que o amaldiçoado foi Canaã, e não seu pai, Cão, conquanto este tenha cometido o pecado contra Noé. A história da maldição de Canaã foi registrada, séculos mais tarde, por Moisés (Gn 9.20-27) e serviu de demonstração, ao povo hebreu, de que o povo habitante de Canaã (atual Palestina) deveria ser retirado da Terra Prometida a fim de que a promessa de Deus se cumprisse. Há a teoria de que os descendentes de Noé se espalharam no mundo da seguinte maneira: os descendentes de Jafé teriam migrado para a Europa, os de Sem, para a Ásia, e os de Cão, para a África. De Sem decorre o termo "semita", que inclui os judeus. Todavia, inúmeras razões nos levam a discordar da tese da maldição sobre a África: a) geograficamente, tem-se que o Continente Africano é territorialmente imenso e culturalmente diversificado, dividido pelo deserto do Saara, contando com etnias, tribos e idiossincrasias as mais variadas; b) em termos de História da Igreja, foi o Continente onde nasceu o grande teólogo Agostinho de Hipona, além da inegável relevância nos primeiros séculos da Era Cristã; c) em termos de História Geral, sabe-se que houve o problema da Colonização da África por países europeus, como Inglaterra, França, Portugal, Bélgica e Holanda, o que ressaltou divisões tribais e contribuiu para guerras civis; d) espiritualmente, deve-se admitir que a maldição do pecado repousa sobre toda a Humanidade, sendo indispensável a Salvação em Jesus Cristo.
Demais disto, dizer que Marco Feliciano é racista não combina com o fato de ser ele mesmo um mulato, alguém que poderia pleitear cotas raciais. Sei que pode surgir a objeção de que negros também podem ser racistas, mas há que se reconhecer que, por sua frase no Twitter, o deputado acabou se incluindo entre os descendentes de um homem amaldiçoado, não por considerar que africanos são ruins, mas por entender, erroneamente, que o amaldiçoado Cão levou para a África a sua maldição. Sinceramente, o que faltou ao jovem deputado e pastor foi conhecimento teológico e uma boa dose de cautela.

A falta de maior preparo intelectual e de melhor formação política conduz o Pr. Feliciano a dizer coisas que deveria evitar. Ocorre que Marco Feliciano é um produto da forma evangélica de fazer política.
Há anos eu entendo que a atuação política das igrejas não é das melhores. O lançamento de candidatos "naturais", "oficiais", sob o slogan de que "irmão vota em irmão", com o patrocínio de pastores-presidentes e convenções, não é o melhor caminho, ou pelo menos pode ser feito de maneira mais racional e legítima. Em lugar de políticos densos, conhecidos pela liderança, pela ética e pela ocupação das questões mais importantes da sociedade, elegemos candidatos medíocres, fracos, candidatos naturais ao baixo clero, os quais não mudarão em nada as feições econômicas, sociais e políticas do Brasil.
Sei que Marco Feliciano  não é exatamente um representante da média dos deputados evangélicos porque ele já era muitíssimo conhecido e poderia se eleger, acredito, sem ser o candidato oficial de uma igreja. E, em seu primeiro mandato eletivo, procurou presidir uma comissão da Câmara, almejando sair do baixo clero. De toda maneira, ele não tem uma visão abrangente da vida pública, e a forma como defende os valores cristãos às vezes piora o debate.
Tenho receio de que a intensificação dos protestos e polêmicas em torno de Marco Feliciano reforce a ideia de que a bancada evangélica deve ser tão setorizada, em lugar de reforçar a necessidade de maior preparo intelectual e político. Para ganhar votos, podem surgir os candidatos de uma nota só: contra o aborto, ou contra o casamento gay, ou contra a descriminação do uso de drogas. Mas precisamos de um discurso e de uma atuação mais inteligente e mais alargada.
Agora, a patrulha sobre o deputado Marco Feliciano tem sido horrível, e a imprensa, amiga dos supostos vanguardistas, não acha ruim o fato de baderneiros atrapalharem, aos gritos e gestos, os trabalhos parlamentares. Dizem que é democrático subir na bancada dos deputados, gritar, tumultuar. Antidemocrático, pensam eles, é fechar as portas da sala de sessões da Comissão para permitir que se discuta o problema, por exemplo, dos doze brasileiros presos injustamente na Bolívia.
Nessa toada, PT e PSOL se irmanam numa orquestração para achincalhar o movimento evangélico, cuja caricatura hoje atende pelo nome de Marco Feliciano. Aquele deputado Jean Wyllys (PSOL/RJ), meu conterrâneo de Alagoinhas - e contemporâneo numa escola em Pojuca -, faz um papel temerário ao adotar argumentos que são, em última análise, contrários à democracia, à tolerância religiosa, à liberdade, aos direitos fundamentais. E a imprensa acompanha e acha tudo muito lindo.
Pronto, estamos vendo como é complicado eleger pessoas pouco preparadas para enfrentar PT e PSOL, que, embora ignorantes e preconceituosos, são aclamados pela imprensa como paladinos da intelectualidade política, do progresso e das liberdades públicas.
Deveríamos pensar melhor sobre em quem votar nas próximas eleições. Mas não tenho tantas esperanças. Sei apenas que Deus controla todas as coisas, e que, independentemente de qualquer circunstância, devemos orar pelas autoridades constituídas. Agora, mais do que nunca! 


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Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.