sábado, 28 de fevereiro de 2015

A ideia de Deus

Eu não consigo acreditar que Deus não existe. Deus precisa existir. 
A existência de Deus é o fundamento de tudo, é a causa primeira, é a conexão entre uma coisa e qualquer outra.
Pensar que Deus não existe é uma tolice, uma estupidez, uma vergonha - é a própria falta de lógica e de bom senso; é o estupro da Razão e o total desconhecimento do Logos, por meio do qual todas as coisas foram criadas.
Querer provar a existência de Deus é uma intenção fora de toda possibilidade de sentido. Existem argumentos favoráveis à existência de Deus, mas prova, não. A prova da existência de Deus é a fé em Sua Palavra.
Deus valida a Sua Palavra, e é por isso que as Escrituras são a verdade. Não é a Bíblia que empresta validade a Deus, e, em consequência, não é nas páginas do Livro Sagrado que iremos descobrir todos os tesouros da Astrofísica, da Biologia ou da Metafísica, a sustentar por A + B que Deus existe e como o Universo se relaciona com o Criador. A existência e personalidade e caráter de Deus é que atribuem todo o santo valor às Escrituras.
Dá para entender isso? Dá para você crer nisso, que é a base de tudo?
Não é bonito ser ateu nem agnóstico. É muito feio dizer que Deus não existe. O ateu diz que não crê em Deus, e o agnóstico diz que só pode crer no que se pode provar. Quanta besteira!
O ateu que professa sua falta de fé em Deus é o ateu que eu poderia chamar de "cognitivo", porque ele diz não acreditar; mas existe o ateu prático, a saber, o que diz acreditar, mas vive como se Deus não existisse. Quero me deter, porém, neste instante, no problema do ateísmo declarado: a pessoa diz não acreditar em Deus, e para isso utiliza argumentos variados, como a impossibilidade de tocar, provar ou ver a Deus, argumentos estes totalmente tolos, porque não é da essência de Deus que Ele possa ser tocado, provado ou visto!
Quanto ao agnóstico, ele não diz que não crê, escapando pela estrada da dúvida: "Se não posso provar, não digo que existe". Ora, esse erro é semelhante ao do ateu declarado, porque a pessoa limita a existência de Deus às suas próprias ideias limitadas e bobas.
Se Deus coubesse em nossas mentes finitas, Ele não seria Deus! É difícil entender isso? 
A Bíblia não requer que acreditemos em duendes, gnomos ou nas promessas de Dilma Rousseff - a Bíblia apresenta Um Ser Transcendente e Imanente, Subsistente em Três Pessoas - Pai, Filho e Espírito Santo -, Criador de todas as coisas, Espiritual, Eterno, Infinito, Absoluto, Todo-poderoso, Justo, Santo, Puro, Reto, Benigno e Bom, que enviou Seu Filho para remissão dos nossos pecados. Qual a dificuldade lógica, qual a contradição nessas assertivas? Estou pedindo prova científica para isso? Não! Estou me referindo à fé.
Olhe o mundo à sua volta, o corpo humano, a busca por sentido na vida, a filosofia, a ciência, a tecnologia, o desejo de viver plenamente. Tudo isso conduz necessariamente à existência de Deus.
Inventaram até mesmo uma contradição em termos, que é a figura do ateu militante (?!): uma pessoa que se dedica a tentar provar que Deus não existe, para persuasão dos crentes "ignorantes" e "simplórios". 
Se tu és ateu, meu caro, qual o propósito de provar a outros que Deus não existe? Se Deus não existe, que te importa? Será que sua luta é contra o fanatismo religioso, o atraso científico ou as guerras santas? Ora, nada disso precisa ser combatido em nome de um não-Deus! 
E se sua agenda consiste em tentar provar, por meio de achados e teorias científicas, que Deus não existe, estás numa batalha inglória, porque confunde dois métodos distintos de busca do conhecimento, que são a Razão e a Fé. 
A Razão dá testemunho do acerto da Fé, e a Fé nunca se divorcia da verdadeira Razão, mas não podes provar o espiritual mediante técnicas e raciocínios limitados. 
Querer provar que Deus não existe é nada mais que um erro lógico, porque nesse caso toda conclusão servirá apenas para corroborar o pressuposto de que Deus não existe. Assim, o ateu continua onde começou: em sua simples falta de fé.

Sobre o filme A Partida (Okuribito)

Assisti há pouco, por recomendação de um amigo, o filme japonês A Partida (Okuribito), ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2008.
O filme narra a história de um jovem músico que tem seus planos interrompidos com a dissolução da orquestra em que trabalha. Desempregado, sai de Tóquio com a sua jovem esposa e retorna a sua cidade natal, onde o emprego que consegue é numa empresa que presta serviços para agências funerárias.
A função dessa empresa é a de realizar o "ritual de acondicionamento" do corpo, geralmente na presença dos familiares do falecido.
A história lida com a natural sensibilidade diante da morte de entes queridos, mas também com a questão da morte em si. É um filme para pensar sobre a existência humana, sua beleza e fragilidade.
A Partida toca em elementos da cultura japonesa, mas que podem ser tidos por universais: superstição, dificuldade para falar dos mortos, religiosidade, preconceito.
Parece comum a impressão de que os japoneses são extremamente racionais e impassivos, em razão do seu árduo trabalho e grande desenvolvimento tecnológico. Mas não é assim. 
A cultura japonesa é caracterizada ou influenciada por aspectos como misticismo, variadas superstições, veneração pelos antepassados e até medo dos mortos. Bem por isso, o filme ganha valor especial em sua exposição simples, não caricatural, de uma cultura tão diversificada.






sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A decapitação da História

Ontem circulou na internet a notícia, com vídeo, de que terroristas do grupo Estado Islâmico destruíram estátuas de cerca de dois mil e setecentos anos, que remontam à Civilização Assíria. Fiquei muito chateado com isso, em razão do altíssimo valor histórico daquelas peças, em particular para a História Bíblica, porque o Império Assírio esteve em contato com Israel em certo período do Antigo Testamento.
Aquelas estátuas não pertenciam nem interessavam apenas ao Iraque - pertenciam e interessavam à Humanidade.
Não sei se os jornalistas que deram a notícia em nosso País têm a mínima noção do que aconteceu hoje... Bem, devem ter sim, não posso subestimar nossos jornalistas. Mas é doloroso saber que aquelas antas morais estão destruindo a História, algo que agora aconteceu em Mossul, no Iraque, mas que pode acontecer um dia em museus americanos e europeus!
Lembram daqueles imensos budas destruídos pelo Talibã no Afeganistão? Que coisa...
Desde a criação do Islamismo, quantos documentos históricos não foram destruídos através dos séculos?
Que tristeza...
Independentemente de aqueles objetos não terem valor religioso para nós cristãos, é claro que devemos ter respeito e máxima consideração por documentos  que narram a História do Mundo. Não podemos voltar à barbárie.
O grupo terrorista Estado  Islâmico decepa cabeças de pessoas e de estátuas. Com isso eles acabam com a nossa História. Até quando, SENHOR?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Questão de prova

O improvável pode acontecer.
Acaso?
Milagre?
Feitiço?

O improvável tem o seu lugar
Na vida.
Na História.
Nas relações humanas.

Não se prova, mas existe.
Não se vê nem se toca, mas existe.

A Ciência enxerga
Com lupa.
Com óculos.
Com lunetas.

A Filosofia pergunta
Como?
Por que?
Para que?

O Senso Comum experimenta
E acerta
E erra
E acerta de novo...

A Cultura produz
Ideias.
Cores.
Coisas.

Mas somente a Fé
Deixa de ser surpreendida pelo improvável
Porque se prova por si.

A Fé é a prova do que se não vê.
O visível do invisível,
A Partícula de Deus,
O Fiat Lux!

O ar,
O que não era,
O que ninguém sabe,
O que todos temem,
O que ninguém diz.

A Ciência tem suas lacunas.
A Filosofia, suas muitas perguntas.
O Senso Comum, suas trapaças.
A Cultura, suas desgraças.

Mas somente a Fé a si mesma se prova
E se basta.






PCP, o maior e mais antigo partido do Brasil

O PCP - Partido da Cara de Pau - é o maior e mais antigo partido político registrado no Brasil. Trata-se de um partido hegemônico, presente em todas as classe sociais, bastante flexível e dogmaticamente contrário a qualquer tipo de ética.
Os filiados ao PCP são, por óbvio, os Caras de Pau, também conhecidos como Caras Lisas ou Caras Duras. Alguns deles foram Caras Pintadas em 1992, mas há tempos cerram fileiras entre os que precisam de óleo de peroba no meio da face.
Desde os dias do Império o PCP vem dominando o Brasil, mas numa forte escalada a partir de 1889, atingindo o apogeu em 2003. 
Curiosamente, nossa República foi proclamada por meio de um Golpe de Estado. E os verdadeiros abolicionistas eram monarquistas! Depois, com a cara mais lisa, republicanos se tornaram abolicionistas "desde criancinha", e os monarquistas caíram na lata de lixo da História.
O PCP dominou as eleições da República Velha. Ganhou todas democraticamente (à base de fraude).
O PCP derrubou a República Velha numa suposta "Revolução de 30", instaurou a Ditadura do Estado Novo, derrubou Getúlio, instaurou a República Populista, elegeu Getúlio, matou Getúlio (num suicídio), prosseguiu com a República Populista, derrubou Jânio, engoliu Jango, derrubou Jango, instaurou a Ditadura Militar, acabou com a Ditadura Militar, aceitou Tancredo, viu Tancredo morrer, colocou Sarney, fez a transição, elegeu Collor, derrubou Collor, deixou Itamar, aceitou FHC e depois chegou à glória com Lula, o pai dos pobres, guardião perpétuo do Brasil, deus do monoteísmo petista e aliado especial dos protoditadores da América Bolivariana.
O PCP não é de direita, nem de esquerda, nem de centro. Também não é independente.
O PCP não é liberal, social-liberal, social-democrata, neoliberal, socialista, comunista, trotskista, anarquista, libertário nem democrata-cristão.
O PCP é brasileiro, fisiológico, sem princípios, contra a ética, apegado ao dinheiro e pela governabilidade.
O lema do PCP é adaptado ao momento histórico, mas sempre começa assim: "Rouba mas..." Numa época foi "Rouba mas faz". Hoje é "Rouba mas distribui renda".
O PCP tem a cara mais dura do mundo, mas parece feita de teflon. Seu Chefe atual não pode ser processado nem preso porque o código de (falta de) ética do Brasil diz que ele está acima da lei e fora de qualquer suspeita (há quem prefira "fora da lei"...).
A atual preposta do Chefe do PCP, princesa-regente do Brasil (mas lembre que Charles também é príncipe), encarna com perfeição a ideologia e a práxis do partido: fez tudo ao contrário do que prometera na campanha de reeleição, tudo aquilo que disse que o adversário viria a fazer. Ao ser tida por desonesta e falsa, ficou triste e pôs a culpa no pobre do FHC.
O Brasil só caminha para algum lugar quando se aperceber de que a Cara de Pau é um de seus pecados, arrependendo-se de joelhos e mudando de vida.











quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O lulopetismo é um cancro no Brasil

No futuro, espero eu, a História narrará o quanto o lulopetismo prejudicou o Brasil em termos éticos, políticos e econômicos. 
É preciso reconhecer que se está diante de um verdadeiro mal. No entanto, é grande a quantidade de pessoas a pensar que o que os petistas fazem é o que todo mundo sempre fez em nosso país. Não, não é. O que o PT fez (e faz) é gravíssimo, e é inédito.
E o que o PT fez de tão grave?
  • Nunca em nossa História um partido político cooptou sindicatos, movimentos sociais e grupos de pressão como fez o PT;
  • Nunca em nossa História um partido político aparelhou o Estado, em todas as suas esferas, como fez o PT;
  • Nunca em nossa História um partido político dominou o mundo acadêmico como fez o PT;
  • Nunca em nossa História um partido político, instalado no governo federal, comprou os pobres como fez o PT;
  • Nunca em nossa História um partido político comprou os muito ricos como fez o PT;
  • Nunca em nossa História um partido político estabeleceu um método de compra de parlamentares como fez o PT;
  • Nunca em nossa História um partido político destruiu a Petrobras como fez o PT;
  • Nunca em nossa História um partido político deu dinheiro do BNDES, com juros subsidiados, para os "amigos do rei", como fez o PT;
  • Nunca em nossa História um partido político fez uma política externa tão próxima de ditaduras africanas e pseudodemocracias latinoamericanas, como fez o PT;
  • Nunca em nossa História um partido político roubou ou coordenou uma roubalheira tão grande, como fez o PT;
  • Nunca em nossa História um partido político desprezou tanto as instituições, como fez o PT;
  • Nunca em nossa História um partido político incentivou conflitos agrários, conflitos indígenas e conflitos raciais, como fez o PT;
  • Nunca em nossa História um partido político criou uma narrativa histórica tão mentirosa, revisionista e descarada como fez o PT.
Mas não é só petismo, e, sim, lulopetismo: nada seria como é sem ele, Luiz Inácio da Silva, o Lula, o chefe do PT, o homem a quem nada pega, que chefia esse esquema há mais de três décadas sem que nada lhe aconteça. 
Lula é "safo" (cf. o Min. Marco Aurélio Mello, do STF), é the man (cf. Barack Obama), é o homem por trás de figuras como José Dirceu, Delúbio Soares, João Paulo Cunha, Silvinho Pereira, João Vaccari Neto, José Sérgio Gabrielli... 
Lula é o elo entre empreiteiras, partidos aliados, Petrobras, Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal... 
Lula é o elemento que explica tudo, porque ele é o chefe máximo do PT.
Lula inaugurou o coronelismo federal, ao distribuir bolsas assistencialistas para angariar votos por esse vasto Brasil.
Lula, operário por alguns anos na década de 70, tornou-se sindicalista e símbolo da "luta operária", liderando greves no ABC Paulista na época da ditadura, embora ele mesmo não fosse de esquerda nem soubesse o que é o Socialismo.
Enquanto o MDB, com Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e tantos outros, lutava pela redemocratização, Lula fazia seus acordos trabalhistas, dava seus gritos, inflamava as massas, mas não estava realmente num compromisso com a verdadeira democracia. Lula queria crescer e aparecer.
O PT surgiu em 1980, formado por sindicalistas, "intelectuais" e grupos ligados à Igreja Católica. Era (e continua sendo) um partido de esquerda, com tudo o que caracteriza a esquerda, em geral: "progressismo", luta de classes, suposta defesa de minorias, bandeiras socialistas ultrapassadas, revisão histórica, iconoclastia, utopia, idealismo superficial, materialismo, ideologia. Os petistas não queriam alianças com os demais, porque eles tinham a razão e a verdade. Eles eram puros.
O PT foi contra tudo o que aconteceu de bom no País: a eleição de Tancredo Neves, a Constituição de 88, o Plano Real, a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Lula e o PT aliaram-se a José Sarney e Fernando Collor, e demonizaram Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Por favor!!! Vamos considerar essas coisas!!!
O projeto do lulopetismo é autocentrado.
Por que "lulopetismo"? Petismo consiste no movimento político criado pelo tal "Partido dos Trabalhadores", acima descrito, de revisão histórica, projeto egocêntrico de poder e falsa defesa da ética, algo que conquistou boa parcela da classe média urbana entre as décadas de 80 e 90. Lulopetismo é a superadição, a esse movimento, de características próprias do Lula, com o coronelismo federal, as alianças de compadrio, a verborragia das bravatas e a formação, a partir de 2006, de uma nova composição política, agora com o PMDB, depois que a compra de votos pelo Mensalão deu no que deu. Para não ter de comprar parlamentares e para escapar do impeachment, que em 2005 pareceu muito próximo, Lula se aliou ao PMDB, mas sem projeto de nação.
O pior de tudo isso é que, por mais que o lulopetismo acabe com o Brasil, muitas pessoas ainda vêm com aquela historinha de que "político é tudo igual", "corrupção sempre existiu", "Lula é diferente", e outras tergiversações. É certo que corrupção sempre existiu, desde o Pecado Original, mas a corrupção, no Brasil, como método político, para sustentação de um projeto de poder e com justificação filosófica, política e histórica, isso é mérito do lulopetismo. Foram Lula e o PT que, em nosso País, inventaram o discurso de que em nome da justiça social um partido político pode meter a mão no erário.
Antes de dizia "rouba, mas faz". Hoje se diz "rouba, mas promove a justiça social".
É isso que você deseja às próximas gerações?


Reflexão sobre II Jo 12,13

"(12) Ainda tinha muitas coisas que vos escrever; não quis fazê-lo com papel e tinta, pois espero ir ter convosco, e conversaremos de viva voz, para que a nossa alegria seja completa.
 (13) Os filhos da tua irmã eleita te saúdam".


O apóstolo João, em sua saudação final, demonstra o seu afeto pela igreja à qual dirige a sua Segunda Epístola.
Deparando com esse texto, podemos imaginar que outras coisas o apóstolo gostaria de escrever aos irmãos.
Que figura, que pastor, que bênção não devia ser o irmão João, que não só escrevia às igrejas, mas também se dispunha a estar em meio às ovelhas, conversando sobre o Reino de Deus!
Pastor não é chefe, guru, general nem líder político. Não por acaso, a metáfora do pastor e das ovelhas é empregada no Antigo e no Novo Testamento para indicar uma relação de cuidado amoroso.
Concluímos aqui nosso pequeno estudo sobre a Segunda Epístola de João, pequenina Carta em seu tamanho, mas elevada e grandiosa em seu conteúdo.
Que Deus nos abençoe.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Reflexão sobre II Jo 7-11

"(7) Porque muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em carne; assim é o enganador e o anticristo.
(8) Acautelai-vos, para não perderdes aquilo que temos realizado com esforço, mas para receberdes completo galardão.
(9) Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho.
(10) Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas.
(11) Porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más".

A terceira seção de II Jo trata da verdade, ou, mais precisamente, da necessidade de defender a verdade,  o que conhecemos como "apologética".
João afirma que "muitos enganadores têm saído pelo mundo fora". Por que eles são enganadores? Porque não conhecem e não ensinam a verdade. E qual é a verdade? A verdade é que Jesus Cristo veio em carne (encarnou) para salvar os pecadores. Sem confissão de fé acerca da encarnação de Cristo não há Cristianismo, porque sem encarnação não haveria a possibilidade de Cristo morrer na Cruz.
O apóstolo João estava a combater a heresia do Gnosticismo, o que fez também, e em maior extensão, em sua Primeira Epístola. 
Os Gnósticos, que se infiltraram na Igreja, ensinavam o dualismo entre a matéria e o espírito, o mundo inferior e o mundo superior, como se a matéria fosse ruim em si mesma, e o espírito, bom, este sendo uma emanação da divindade. 
Trata-se de uma religião criada a partir de diferentes influências, como a cultura grega popular, a filosofia platônica e a mitologia babilônica.
Houve correntes distintas dentro do Gnosticismo, mas o fundamento era a mencionada dualidade entre a matéria e o espírito, o mundo inferior e o mundo superior. Para o Gnosticismo de linha docetista, por exemplo, Jesus não teria vindo em carne, mas apenas parecia ter vindo em carne. Sendo assim, eles não conseguiam crer que o Filho de Deus poderia ter morrido numa Cruz. Essa confissão de fé, fundamental ao Cristianismo, era impossível ao entendimento gnóstico. Para eles, o aperfeiçoamento ou evolução espiritual dar-se-ia por meio do conhecimento (gnose), a ser adquirido gradativamente, em reuniões secretas, a partir de uma iniciação com os mestres. Por isso o Gnosticismo é uma religião de mistério.
O apóstolo João afirma categoricamente que "assim é o enganador e o anticristo". Costuma-se pensar no Anticristo exclusivamente como uma figura pessoal, mas as Epístolas Joaninas destacam a existência de um ensino "anticristo".
O mais perigoso no caso dos Gnósticos combatidos por João é que eles estavam na Igreja, e entre eles havia líderes cristãos. Eles queriam continuar na Igreja, mas não queriam se dissociar do ensino gnóstico. Então, misturavam a doutrina apostólica a ensinos estranhos, heréticos, mentirosos. A linguagem era cristã e evangélica, mas o conteúdo era enganador e anticristão.
Diante dos falsos mestres gnósticos, era preciso ter cautela, para não perder aquilo que vinha sendo realizado com esforço, a fim de se alcançar "completo galardão". Não parece que seja uma alusão à possibilidade de perder a fé, mas de deixar esmaecer o conhecimento da verdade em amor.
João, o apóstolo do amor, não se mostra vacilante, tolerante demais nem receoso: ele diz, de maneira peremptória, que "todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus". Ponto. Esse estilo categórico é característico de João. Ou ensina a Palavra ou é enganador. Não há espaço para especulações, sonhos carnais nem para aqueles recursos retóricos em que se diz "estou vendo pela fé" apenas para ensinar uma bobagem qualquer.
Permanecer na doutrina de Cristo é o indicativo de que se permanece no Pai e no Filho. Assim, não é correta a afirmação de que Deus não se ocupa com a doutrina. É certo que a ligação do crente se dá com Deus em Cristo, numa relação pessoal, mas não é menos certo que essa ligação se perfaz pela aceitação da doutrina fundamental de que Cristo veio ao mundo, em carne, para salvar pecadores mediante a Sua morte vicária e expiatória.
O categórico "apóstolo do amor" prossegue, afirmando que os crentes não deveriam receber em casa, nem saudar, aquele que vem e não traz essa doutrina. Não se está diante de um apelo à falta de educação. As saudações, naquele contexto histórico, podiam ser mais longas do que as que praticamos em nossa cultura, e o simples diálogo com os hereges poderia acabar com a fé dos irmãos. Não nos julguemos fortes demais: houve crentes sinceros que enfraqueceram ou até abandonaram a igreja por causa de conversas com seitas conhecidas por evangelizar de porta em porta.
Pode parecer que João foi excessivamente duro ao dizer que os que recebessem os hereges seriam cúmplices das suas "obras más"... No entanto, o risco existe, sim. A Igreja não deve receber pregadores que vêm para falar bobagens e heresias, ou para instilar qualquer tipo de confusão. Se prestássemos mais atenção nisso, as coisas seriam melhores no meio evangélico.
Quanto ao conteúdo gnóstico em si, não pensemos que ele estaria muito distante das igrejas evangélicas brasileiras: tanto o dualismo católico-romano, herdeiro do pensamento grego, como as heresias "neopentecostais" (ou pseudopentecostais) criaram um caldo de cultura propício à rígida divisão entre o sagrado e o secular, entre o que é de Deus e o que é dos homens. O Calvinismo mostrou-se mais nobre ao entender que tudo é de Deus, exceto o pecado. Bem por isso, a ciência, a tecnologia, a política, as artes, a cultura, os estudos, a música, tudo pode glorificar ao SENHOR, e toda vocação a trabalhos lícitos vem de Deus. 
Precisamos, pois, verificar se nossa fé não está eivada de algum Gnosticismo...







Breve reflexão sobre II Jo 4-6

"(4) Fiquei sobremodo alegre em ter encontrado dentre os teus filhos os que andam na verdade, de acordo com o mandamento que recebemos da parte do Pai.
(5) E agora, senhora, peço-te, não como se escrevesse mandamento novo, senão o que tivemos desde o princípio: que nos amemos uns aos outros.
(6) E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este mandamento, como ouvistes desde o princípio, é que andeis nesse amor".

Na reflexão anterior (e inaugural), vimos que II Jo pode ser dividida em quatro seções. A segunda seção, composta pelos versículos 4 a 6, trata do amor.
Inicialmente, o apóstolo João se mostra "sobremodo alegre" por ter encontrado a igreja andando na verdade. O verbo "andar" é igualmente empregado por João, em sua Primeira Epístola, para se referir a procedimento diário. Andar na verdade é proceder cotidianamente de maneira íntegra.
Essa seção dedica-se ao amor, considerado, não um "mandamento novo", mas aquele mandamento "que tivemos desde o princípio". Também essa linguagem é característica do estilo joanino.
O "princípio" a que João se refere é o período em que Jesus esteve com os apóstolos, e lhes ensinou sobre o amor (Jo 13.34,35). O amor - mandamento, e não sentimento, temperamento ou virtude humana - consiste em andar nos mandamentos do SENHOR. De maneira interessante, João ensina que amar é andar nos mandamentos, e que o mandamento consiste em amar.
Não se trata de um círculo, mas de uma estreita associação e vinculação entre o amor e o mandamento. Logo, entre o amor e a verdade. O fundamento da Palavra de Deus é o amor, e aquele que ama a Deus verdadeiramente guarda a Sua Palavra (cf. Jo 14.21).
Considero da maior relevância que a Bíblia dê tamanha ênfase ao amor como mandamento. Nenhum livro tido como sagrado exorta ao amor (procure exortações semelhantes no Alcorão, por exemplo). Também é digno de nota que a Bíblia não nos ensina a exigir o amor, mas a oferecê-lo.
Vale, ainda, ressaltar a empatia de João para com as suas ovelhas. Ele fica "sobremodo alegre" em razão do testemunho dos irmãos, e expressa esse sentimento. Elogiar e reconhecer as boas atitudes das pessoas deveria ser algo estimulado em nossas igrejas e relações interpessoais.
Um dos traços psicológicos que todo líder de igreja deve ter é a capacidade de se alegrar com os irmãos. Pregar, ensinar e administrar são habilidades necessárias ao líder de igreja, mormente ao pastor, mas pouco adiantarão se o líder se afastar das pessoas.



Breve reflexão sobre II João 1-3

"(1) O presbítero à senhora eleita e aos seus filhos, a quem eu amo na verdade e não somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade,
(2) por causa da verdade que permanece em nós e conosco estará para sempre,
(3) a graça, a misericórdia e a paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor".

A Segunda Epístola de João (II Jo) é uma breve exposição em favor da verdade e do amor. A palavra "verdade" aparece cinco vezes nos primeiros quatro versículos, e referências ao amor surgem, na mesma quantidade, nos seis primeiros versos.
Poderíamos dividir a Epístola, de modo didático, em quatro seções:

1-3: O Amor e a verdade;
4-6: Amor;
7-11: Verdade;
12-13: Saudações finais.

O AMOR E A VERDADE.
O "presbítero" é João, apóstolo, antigo pescador, amigo de Jesus, agora um homem idoso ("presbítero" vem do Grego e significa "ancião").
A "senhora eleita" e "seus filhos" poderiam ser uma família cristã, mas também uma igreja. Eleição é a escolha divina pela graça, mediante a fé.
O velho apóstolo João e todos os que conhecem a verdade amam a "senhora eleita", e isto "na verdade". O amor verdadeiro, associado ao conhecimento verdadeiro, é dirigido à igreja.
O amor verdadeiro e o conhecimento verdadeiro decorrem da verdade que permanece "em nós" e que "estará conosco para sempre".
Em sua saudação, o apóstolo professa a fé de que "a graça, a misericórdia e a paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, o Filho do Pai", serão "conosco em verdade e amor".
O amor e a verdade não são virtudes inerentes ao homem. 
Em regra, a Humanidade não é amorosa, e seu amor consiste em preferências naturais, desprovidas da generosidade altruísta que só pertence a Deus em Cristo.
Em regra, a Humanidade não é verdadeira, honesta ou íntegra, mas se inclina à mentira, à ignorância, à heresia, à idolatria.
O amor cristão não é um sentimento, um traço do temperamento, uma virtude filosófica, uma paixão. O amor cristão é fruto do Espírito.
A verdade cristã é única, absoluta, indivisível, fundamental. Não se trata de conhecimento científico, filosófico, empírico, tampouco daquele suposto conhecimento propalado pelos Gnósticos, mas, sim, do conhecimento que é fruto da revelação divina.
A verdade é Cristo, e liberta (Jo 8.32,36).
O amor e a verdade, deve estar claro, partem de Deus Pai, e de Jesus Cristo, o Filho desse mesmo Pai. Cristo não é Filho por ter sido produzido ou criado! Cristo é Filho por Sua identidade e semelhança com o Pai. Afirmar que Cristo é Filho do Deus Pai conduz à afirmação de Sua divindade. Jesus é Deus,
João concilia o que para muitos é inconciliável, a saber, o amor e a verdade.
Vivemos um tempo em que amor e verdade parecem estranhos um ao outro: tempos pós-modernos, de relativismo moral e filosófico, em que se diz não existir uma verdade absoluta; e de pluralismo religioso e cultural, no qual se afirma coexistirem muitas verdades possíveis e igualmente aceitáveis.
A única verdade não aceita pelos pluralistas é a verdade de que existe somente uma verdade. Então, cai por terra, por tautologia, o pluralismo.
Há cristãos protestantes incorrendo em relativismo e pluralismo? Sim. Alguns com maior convicção e clareza, como os liberais; outros, devagar e sem repertório bibliográfico, mas sob infiltrações políticas, filosóficas, educacionais e teológicas que podem parecer inofensivas a ouvidos e olhos menos treinados.
Os relativistas e pluralistas dirão que em nome do amor é necessário relativizar a verdade, porque ela "afasta as pessoas". Falam de "tolerância", "diversidade", "direito à diferença", "ecumenismo", mas o fruto de seu intenso trabalho é destruir a fé das pessoas ou impedir que a fé nasça em outros corações.
O amor sem a verdade é um conceito não cristão e anticristão. O amor sem a verdade é (ou pode se tornar) tolerância com o pecado, ambiente propício a heresias, libertinagem, ativismo social com linguagem evangélica.
Por outro lado, a verdade sem o amor também não poderia combinar com o Cristianismo. Seria como fé sem obras. Da mesma forma que a fé é nula sem as obras, a verdade é nula sem o amor. Amor e verdade são uma só e mesma coisa, porque "Deus é amor" (I Jo 4.8) e Jesus Cristo é a própria verdade (cf. Jo 8.32,36).
A Bíblia não diz que "o amor é Deus", como se o Homem devesse simplesmente cultivar o sentimento do amor para se encontrar com o Divino... A Bíblia diz que "Deus é amor" para afirmar algo essencial ao caráter do Criador e Senhor de todas as coisas. Semelhantemente, não é algum tipo de verdade natural, racional, filosófica, científica ou empírica que poderia conduzir a Deus. O próprio Deus é Quem conduz à verdade, e o faz por meio de Seu Filho, Jesus Cristo.









segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

"Aprendi que Jesus é bom"

Quando era criança, tínhamos na escola dominical o costume de "dizer o aprendiz", ou seja, resumir em pouquíssimas palavras o que havíamos entendido da aula. Cada classe, desde os pequeninos até os adultos, fazia isso. Era interessante.
Eu procurava sempre "dizer o aprendiz". Mesmo tímido, não gostava de perder a oportunidade. À medida que o tempo foi passando, eu fui me preocupando em ser mais preciso. É curioso que eu tivesse - e tenha - essa mistura de timidez e vontade de me expressar...
Mas o que procuro destacar agora é uma das frases mais ouvidas nas classes das criancinhas. Muitas diziam simplesmente "Aprendi que Jesus é bom".
Embora pareça algo pressuposto, entender que Jesus é bom é uma das dimensões fundamentais da fé cristã evangélica. Não se diz que Jesus foi bom, como se estivesse morto, mas que Jesus é bom, porque Ele vive. Jesus ressuscitou!
E quem é Jesus? Ora, Jesus é Deus, o Filho de Deus, o Unigênito do Pai, o Salvador, o Rei dos Reis, o Soberano dos reis da terra, o Primogênito dentre muitos irmãos, o Advogado Justo, o Propiciador, o Redentor, o Resgatador, o Sumo Pastor de nossas almas. Jesus não é uma pessoa comum, mas é Homem-Deus e Deus-Homem.
Jesus é bom, e Sua bondade dura para sempre, como recitado em profusão nos Salmos quanto à natureza divina. A bondade do SENHOR deve ser louvada, e dela se deve lembrar nos momentos mais difíceis. Saber que Jesus é bom trará gozo ao coração de todo crente, bem como alívio no momento da dor.
Ah, a simplicidade do Evangelho! Oh Jesus benigno! Que não esqueçamos da imensa bondade do SENHOR! Jesus é bom, Jesus é bom, Jesus é bom!





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Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.