terça-feira, 30 de setembro de 2008

Três homens poderosos

Uma curiosidade: que livros eram aqueles que apareciam atrás do presidente americano George Walker Bush em seu pronunciamento sobre a crise financeira hoje de manhã, dia 30 de setembro, depois que o pacote de US$700 bilhões foi rejeitado pela Câmara dos Representantes? Aqueles livros foram lidos alguma vez na vida? Ou melhor, que tipo de livro Bush anda lendo, se é que o faz?
Bush me parece um cara legal, desses com quem a gente gostaria de sentar para conversar, tomar um café ou sair para pescar. Ele parece bonachão, feliz da vida, simples e sem neuras. Aliás, ele parece muito com o presidente Lula: são dois homens simples e formalmente despreparados que alcançaram o cargo político mais importante de seu País, e que se viram entremeados em muitas confusões.
Bush na verdade foi envolvido em duas declarações de guerra; Lula foi cercado - ou se fez cercar, não sei - por um bando de criminosos, ladrões do dinheiro público, mas passa a impressão de que essas coisas em nada lhe respingam, em nada o atingem. A diferença entre Bush e Lula é que este demonstra ter mais intuição e mais autonomia frente aos seus assessores e correligionários. Bush, por sua vez, transmite a imagem de um títere premido por hostes petrolíferas, financeiras e religiosas da mais extrema força, como um mero representante de um clã e de uma classe.
Antes, muito antes de Bush e Lula, houve Salomão, com quem certamente eu gostaria de sentar para tomar um café e conversar longamente. Sábio, escritor, inclinado às grandes construções, à ciência e ao bom vinho, Salomão teria muito a dizer, seria muito agradável sua conversa, como a que teve com a rainha de Sabá. Seu reino foi próspero e pacífico, e não precisou matar muita gente porque seu pai, Davi, já fizera todas as guerras possíveis. Assim, Salomão construiu o magnífico Templo em Jerusalém, bem como outras obras, e se tornou famoso por sua sabedoria e riquezas. No entanto, ele errou muitas vezes.
Salomão oprimiu seu povo com pesados tributos, fez alianças políticas por meio de casamentos estranhos, tendeu para a idolatria por causa de mulheres, buscou o prazer em coisas passageiras, como ele mesmo reconheceria no fim de sua vida. Quem mais sofreu foi o povo, pobre povo oprimido por um rei considerado sábio, o mais sábio de todos...
Que Salomão foi estadista não pode haver dúvida. Mas também não pode haver dúvida de que seu procedimento quanto aos seus próprios súditos foi deplorável. Os melhores governantes cuidam primeiro de seu povo, das questões domésticas, para depois buscarem metas secundárias. O mais importante é a qualidade de vida das pessoas, não o destaque da nação como potência mundial, como país economicamente desenvolvido. O mais importante é como as pessoas vivem, e nisso Salomão pecou.
Ah!, que busco eu com minhas comparações tão simplórias? Vou almoçar.

Ser brasileiro

Toda nação tem seus estereótipos. Via de regra, pensamos que todo espanhol é "sangue quente", que todo japonês é inteligente, que todo inglês é pontual, que todo francês é refinado, que todo africano é negro e pobre. Achamos ainda que todo árabe é muçulmano, que todo estadunidense vive bem, que todo alemão é metódico, e assim nutrimos preconceitos universais. Por outro lado, todo mundo pensa que o Brasil é um país atrasado e pequeno que só tem futebol, carnaval e mulatas com samba no pé e nas cadeiras. Ah! Também acham que o brasileiro não é lá muito digno de confiança. E quando se fala em brasileiros famosos, lembram dos Ronaldos, de Romário e de Pelé. Os japoneses lembrarão do Zico. Pouquíssimos lembram de Santos Dumont, Oscar Niemeyer, Machado de Assis, Lima Barreto, Rui Barbosa, Castro Alves, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Tiradentes, para citar alguns poucos. Nem mesmo nós lembramos dos nossos brasileiros mais importantes. Quando houve um concurso há pouco tempo sobre o mineiro mais ilustre, o povo elegeu Chico Xavier dentre uma lista que continha ninguém menos que Santos Dumont, o inventor do avião! Depois não querem que os americanos tomem para si o berço dos criadores da aviação... Pensemos numa coisa: até que ponto nós brasileiros não temos contribuído para que se alimente essa idéia de que brasileiro é malandro, desonesto, anti-ético? Ora, se exportamos prostitutas para a Europa, como construir uma imagem melhor? Se muitos emigrantes saem e cometem crimes no exterior, trazendo problemas para os brasileiros corretos, o que devemos esperar? E se temos tantos brasileiros ilegais ou "não documentados" nos Estados Unidos e em outras partes do globo, por que buscamos ser bem vistos pelo mundo? Onde haveremos de nos orgulhar? Na Bossa Nova, que faz 50 anos agora? Eu mesmo sou um baiano que viveu em Minas e se casou com uma paulista, tendo fixado residência em Mato Grosso do Sul. Conheço um pouco do Brasil. Sou feliz nesta terra abençoada, mas tenho vergonha de certas características incrustadas no povo brasileiro: o imediatismo, o patrimonialismo, a despreocupação com o futuro, a superficialidade, o deixar-se levar pela aparência, sem falar na desonestidade e frouxidão quanto a regras, o que envolve corruptos e corruptores, instituições e cidadãos. Brasileiro compra produtos "piratas" e se justifica sob o argumento de que o produto legítimo é muito caro, alegando, ainda, que os camelôs precisam trabalhar. Brasileiro escolhe políticos corruptos, do tipo que "rouba mas faz". Brasileiro gosta de um "cabide de emprego", aprecia furar fila, adora desrespeitar o sinal vermelho, ama a corrupção do cotidiano. O eventual leitor acha que estou generalizando? Pois é. É essa generalização que o mundo conhece do ser brasileiro. Aliás, quase 80% da população, segundo a última pesquisa CNI/IBOPE, consideram ótimo ou bom um presidente que montou uma equipe ministerial repleta de pessoas corrompidas, dizendo ele que de nada sabia. Um presidente que não tem um plano de longo prazo para a educação, que não organizou, em quase oito anos de Governo, o sistema de saúde, que causou maiores divisões com suas cotas para negros, que aprova leis do Movimento Gay, que, quando acerta, é porque imita as coisas positivas de Governos passados, e ainda não os reconhece.
Enfim, o brasileiro mediano é isso aí, e não desiste nunca. Cabe a mim e a você mudar esse conceito.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Os evangélicos e a política

Igrejas evangélicas não deveriam lançar candidatos a cargos políticos. É um erro pensar que enviar membros seus aos Parlamentos (municipais, estaduais e federal) seja a melhor maneira de obter benefícios dos Poderes Constituídos. A melhor maneira nem sempre é a mais vantajosa do ponto de vista prático. Nesse caso, a melhor maneira é a cidadania, para a qual ética é um ingrediente fundamental.
Tenho dificuldade com aqueles conselhos ou comissões de política em igrejas, pois, em vez de tratarem da conscientização política dos crentes, à luz de princípios bíblicos, tratam de escolher candidatos que serão meros "representantes" da agremiação eclesiástica. Isso é fisiologismo.
Ora, o certo, na perspectiva ética, é que os políticos não sejam meros lobistas, mas que tenham noção do todo. É verdade que cada político representa, de algum modo, interesses setoriais da sociedade, até por sua procedência e formação, mas não pode fazer disso sua plataforma política, não pode ser eleito para essa finalidade.
Quando uma igreja elege candidatos simplesmente para obter favores públicos, ela está cometendo o erro do clientelismo, do favoritismo, pois seu "representante" estará sendo eleito para agir em nome de uma corporação, e não em nome da sociedade em geral. Abre-se a porta para o nepotismo, quem sabe para o coronelismo, e com certeza para o fisiologismo.
Deve haver, isto sim, consciência de cidadania nas igrejas, pois somos cidadãos na Terra. Devemos votar com consciência, e, se vocacionados, tentar uma eleição para algum cargo político. Mas não pode haver promiscuidade entre o público e o privado, e nesse caso as igrejas são consideradas como entidades da esfera privada, já que não foram instituídas para atingir o interesse público.
Se as igrejas querem ver seus requerimentos atendidos pelos setores públicos, ou se acreditam que têm deparado com embaraços burocráticos por não possuir "representantes", se essa é a motivação, que se irmanem e lancem um candidato único, ou alguns candidatos de denominações diferentes. O que não pode haver é um candidato da igreja. Mas penso que candidatos com plataforma cristã evangélica deveriam tem bandeiras mais nobres, como a defesa de valores familiares e éticos, o combate a leis que limitem a liberdade religiosa, e a luta por justiça social e ética na política.
Evangélicos podem ser políticos, não há mal nisso. Os evangélicos deveriam, na verdade, ter uma consciência política mais aguçada, mais bíblica (Rm 13.1-7; I Pe 2.11-17).
Vale a pena conhecer a história do governador José, do legislador Moisés, do governador Neemias, do estadista Daniel. José e Neemias deram exemplo do que é o administrador público eficiente e responsável. Moisés elaborou o que se poderia chamar de "estatuto constitucional" de uma nação. Daniel foi um dos mais destacados príncipes do Reino Persa, sendo ele um estrangeiro. Todos eles exercitaram a boa política.
Vale a pena também lembrar que não é de hoje que políticos favorecem religiosos movidos por interesses politiqueiros - foi assim que o rei Herodes reformou o Templo em Jerusalém, tão-somente para angariar a simpatia do povo e de seus repugnantes líderes. É assim que, penso eu, muitos pequenos herodes andam favorecendo pastores e suas igrejas por esses Brasis a fora.

domingo, 28 de setembro de 2008

Diálogo com o Pr. Ciro Sanches Zibordi sobre o dom de apóstolo

É com muita honra e alegria que transcrevo abaixo a edição nº 15 da série O Internauta Opina, do blog do Pr. Ciro Sanches Zibordi*, em que esse amado pastor responde a uma pergunta nossa sobre apostolado.
Vale dizer que minha primeira participação serviu para comentar a resposta do pastor Ciro a um internauta na edição nº 14 (que você vê em
http://cirozibordi.blogspot.com/2008/09/o-internauta-opina-14.html), quando aproveitei para fazer uma pergunta, que acabou gerando outra edição de O Internauta Opina.
Além da resposta do pastor Ciro, transcrevo tanto o meu comentário como o comentário que o pastor fez depois de tudo.
Veja o que o Pr. Ciro escreveu:
"Publico neste Internauta opina a opinião e uma inteligente indagação do professor Alex Esteves da Rocha Sousa. Espero, com esta publicação, que inclui as minhas considerações, responder a uma pergunta que vários internautas me têm feito, desde a criação deste blog, a respeito do saudoso pastor e pregador Valdir Nunes Bícego (...).
Alex Esteves disse:
A resposta do Pr. Ciro foi adequada, necessária e bíblica (veja a postagem anterior). O irmão Kléber exerceu julgamento preconcebido, e seu texto mal redigido se coaduna com seu raciocínio pouco claro. Também recebi comentários dessa natureza em meu pequeno blog, e nessas ocasiões senti a necessidade de responder, pois são oportunidades de analisar, em caso concreto, pensamentos generalizados na Igreja brasileira. Todavia, há um aspecto em que eu mesmo gostaria de dialogar com o Pr. Ciro: em que acepção o senhor enxerga o dom de apóstolo no falecido Pr. Valdir Bícego? Ele era apóstolo em que sentido?
Minha resposta:
Prezado Alex Esteves,
Sou-lhe grato pelas palavras de apoio e incentivo. E agradeço-lhe pelas valiosas observações que tem feito quanto à nossa língua portuguesa.
Na Palavra de Deus mencionam-se os apóstolos escolhidos pelo Senhor Jesus quando Ele andou na terra (Mt 10.1; Mc 3; Lc 6.13; 9.10) e os apóstolos dados por Ele mesmo à sua Igreja, “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço... até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4.11-13, ARA). Estes dons ministeriais não se referem a obreiros que se consideram, por conta própria (em razão de sua liderança sobre pastores), apóstolos. São dados à Igreja pela soberana vontade de Deus. E cabe a nós reconhecer e valorizar os seus ministérios.
Em Efésios 4.11-15 vemos, com muita clareza, que o dom ministerial de apóstolo não ficou restrito aos chamados dias dos apóstolos ou aos tempos da igreja primitiva. Eles permanecerão enquanto a Igreja de Cristo estiver na Terra, posto que ainda nós não chegamos à estatura de varão perfeito (cf. Ef 4.13, ARC; 2 Tm 3.16,17), etc. A vereda do justo é como a luz da aurora, que vai brilhando até ser dia perfeito (Pv 4.18; Hb 6.9; 2 Pe 3.18, etc.).
O irmão já estudou sobre o dom de apóstolo e sua atualidade? Já pesquisou sobre o sentido original do vocábulo “apóstolo”? Em 1 Coríntios 12.28, vemos que o apostolado é o dom ministerial mais elevado concedido aos homens: “A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente apóstolos”. Note: “primeiramente apóstolos”.
Um estudo bíblico do termo em apreço poderá ajudá-lo a entender por que considero apóstolo não só Valdir Bícego, mas também Daniel Berg, Gunnar Vingren, Eurico Bergstén, Cícero Canuto de Lima, Paulo Leivas Macalão, etc., bem como outros homens de Deus da atualidade, como o mestre Antonio Gilberto da Silva.Nunca esses homens mencionados disseram que eram ou são apóstolos. Mas a maneira como Deus os usou (e usa) não deixa dúvidas quanto ao seu apostolado. Foram (e alguns ainda são) homens enviados por Deus ao mundo com uma missão específica, assim como o foi João Batista, que ninguém chama de apóstolo. O termo, no original, não deixa dúvidas quanto ao ministério apostólico do Batista: “Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João” (Jo 1.6, ARA), a despeito de esse dom ministerial ter sido dado à Igreja somente após o Senhor ter subido ao alto, levando cativo o cativeiro (Ef 4.8-11).
João Batista, o precursor de Cristo, que também foi o último dos profetas, nos moldes veterotestamentários (Mt 11.13), pode sim ser chamado de apóstolo, conquanto não tenha sido um dos doze. Ele teve uma chamada divina tão especial, que uniu o ministério profético do Antigo Testamento com o ministério apostólico do Novo Testamento. Além dele, há outros homens de Deus que não pertenceram aos doze, mas foram chamados de apóstolos, como Paulo (1 Co 9.1; 15.8), Barnabé (At 14.4,14) e outros (Rm 16.7; 2 Co 8.23; Fp 2.25; 1 Ts 2.6). Um outro Apóstolo que consta das páginas sagradas é o próprio Senhor Jesus (Hb 3.1).
Lembre-se de que, em algumas pessoas, os dons ministeriais são intercambiáveis. Em geral, um apóstolo, como enviado de Deus, pode ser um mestre, um pastor, um profeta, um evangelista (como o foram o apóstolo Paulo e o próprio Senhor Jesus), como se depreende do estudo do Novo Testamento. Mas são poucos os servos de Deus que dEle recebem essa multifacetada capacitação.Diante do exposto, eu reafirmo que o pastor Valdir Nunes Bícego foi um apóstolo do Senhor em razão das características do seu ministério. Mas, para o irmão ter a mesma convicção que eu, deve: em primeiro lugar, conhecer a fundo (se é que já não conhece) as características bíblicas do ministério apostólico; segundo, confrontar as tais características com as qualidades percebidas no ministério de Valdir Bícego. E foi isso que eu fiz, ao longo de quinze anos.
Em Cristo,Ciro Sanches Zibordi"

Meu comentário:
Prezado Pr. Ciro Zibordi,
Quanto me honra ver minha pergunta respondida pelo senhor com tamanho zelo e gentileza, a ponto de me chamar de "professor". Não mereço. Mas desde já agradeço não só pela deferência, mas principalmente pelo caráter substancial da análise do caso.Embora o senhor tenha tratado o tema com bastante profundidade e critério, passando pelos principais textos bíblicos pertinentes, gostaria, se me permite, anotar que essa questão de semântica precisa hoje ser ensinada ao povo, pois há alguns que se declaram apóstolos, e não o são (Ap 2.2), o que nem de longe seria o caso do Pr. Valdir Bícego, o qual estaria, certamente, ladeado por ninguém menos que os denominados "Apóstolos do Movimento Pentecostal" (Daniel Berg e Gunnar Vingren), do "Apóstolo da Amazônia" (Eurico Nelson, um batista), e do "Apóstolo dos Pés Sangrentos" (um hindu que se converteu e saiu pregando o Evangelho). Em todos esses exemplos houve um reconheicmento posterior, quiçá post-mortem, como esse que o senhor atribui ao saudoso Ir. Bícego. Entendo, salvo melhor juízo, que apóstolo não é título, mas dom, o que o senhor deixou claro. É como um enviado com missão especial, coisa que o senhor também destacou. Estaria esse dom como o de pastor, que, infelizmente, tem sido tratado por muitos como título - entendo que os dois ofícios bíblicos para a Igreja são "presbítero" e "diácono". No demais, há dons. Quanto a um outro sentido semântico para apóstolo, vejo que a referência de Lucas à doutrina dos apóstolos (At 2.42) e a alusão de João à cidade cujo muro era edificado sobre 12 fundamentos, com os nomes "dos doze apóstolos do Cordeiro" (Ap 21.14), repito, entendo que essas passagens mostram que houve um apostolado especial, "sui generis". Sei que o senhor pensa assim, mas foi muito bom estabelecer esse diálogo num momento em que outros grupos têm erigido seus "apóstolos" com novas doutrinas e novos fundamentos, supostas revelações. Na verdade, esse diálogo só pode ser construído com pessoas como o senhor, cujo raciocínio é muito claro, claríssimo. Não digo isso para nenhum outro objetivo senão o de motivá-lo a prosseguir com esse importante ministério. A propósito, poderia eu transcrever esse "post" do senhor em meu blog, com a devida citação da fonte? Seria para enriquecer o blog. Que Deus continue abençoando o senhor.
Comentário final do Pr. Ciro:
"Caro professor Alex,
A honra é minha em poder contar com a sua valiosa participação neste modesto blogue.De fato, "apóstolo" é, antes de tudo, um dom, uma chamada divina (Ef 4.11; 1 Co 12.28,29). O título de apóstolo é apenas um reconhecimento do que alguém é, verdadeiramente, pela vontade do Senhor.Não obstante, existem os lamentáveis casos de falsos obreiros que se autodenominam apóstolos (Ap 2.2; 2 Co 11), com a intenção clara de se vangloriarem, ignorando que não é o título que faz a pessoa; é a pessoa quem faz o titulo.As suas palavras de incentivo muito me animam! Pois procedem de uma boa fonte. O irmão pode usar o texto em apreço à vontade.Que Deus o abençoe, meu amado irmão!
CSZ".

*Ciro Sanches Zibordi é um pastor assembleiano que vem se destacando por livros como Adolescentes S/A, Evangelhos que Paulo Jamais Pregaria, Erros que os Pregadores Devem Evitar, Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar, sendo ainda colaborador na recém-lançada Teologia Sistemática Pentecostal, todos pela CPAD (Casa Publicadora das Assembléias de Deus), na qual o pastor Ciro é editor de obras nacionais do Departamento de Publicações. Para ler o perfil completo, acesse
http://cirozibordi.blogspot.com/2007/01/ciro-sanches-zibordi.html

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Debate entre Obama e McCain

No primeiro debate presidencial, os senadores Barack Obama e Jonh McCain deveriam falar somente de política externa e segurança nacional, mas o moderador Jim Lehrer já começou propondo o tema da grande crise financeira. De fato, não poderia ser diferente.
John McCain disse que vai cortar gastos e diminuir impostos, mas não admite reduzir gastos em defesa nacional. Defende a exploração petrolífera e a energia nuclear. Disse que vai eliminar gastos desnecessários, e que Obama, como senador, votou diversas vezes para aumentar gastos. Quer se descolar de George W. Bush.
Barack Obama disse que vai reduzir impostos para 95% dos americanos, melhorar a vida das pessoas de classe média, estabelecer um plano de saúde, adotar energias alternativas, como biocombustíveis e a energia eólica. Disse que McCain deseja se afastar de Bush, mas que o apoiou em 90% das vezes.
O moderador Jim Lehrer insistiu na pergunta de como a atual crise financeira vai afetar o futuro governo. Depois, mudando de assunto, questionou os presidenciáveis acerca das lições da Guerra do Iraque.
McCain vê o Irã como inimigo. Para ele, é preciso continuar essa política de Bush em termos de prevenção contra países que poderiam apoiar terroristas.
Tenho a impressão de que McCain, beligerante que é, atacou muito o seu oponente, fazendo com que Obama tivesse que se explicar sobre votações a favor de aumentos de gastos, por exemplo, e por não ter ido ao Iraque por 900 dias.
Parece que, embora seja considerado excelente orador, Obama se perde um pouco no debate. Ele fica se explicando, se defendendo, e, quando tenta atacar, McCain logo contra-ataca.
Não sei se foi uma gafe, mas, segurando uma caneta, McCain disse que como presidente teria essa caneta para cortar gastos, e emendou dizendo que a caneta era antiga. Ora, ele já é antigo (73 anos), e deveria passar a idéia de não continuar as políticas antigas do Bush. Entretanto, não deve achar fácil se desligar da imagem de velho, de retrato do continuismo, do conservadorismo, por mais que suas idéias muitas vezes tenham se afastado do Partido Republicano, tornando-o reconhecido por sua relativa independência.
Bom, não sou comentarista político, apenas escrevo enquanto ouço a transmissão da GloboNews, com tradução simultânea. Creio que devemos acompanhar esses passos da política americana, porque isso atinge o mundo inteiro.

Só assim!

Se Elias e Eliseu tivessem calado diante do sincretismo religioso promovido pela Casa de Acabe em Israel...
Se Jeremias tivesse calado diante de falsos profetas que pregavam paz e prosperidade quando Deus falava de juízo...
Se o SENHOR Jesus tivesse calado diante de fariseus legalistas e hipócritas...
Se Paulo tivesse calado diante de cristãos judaizantes e dos que adulteravam o Evangelho...
Se Pedro e Judas tivessem calado diante de falsos mestres que se infiltraram nas igrejas como bons moços para ensinar práticas libertinas, para baratear a Graça, para negar o senhorio de Cristo, para fazer comércio dos crentes "com palavras fíctícias"...
Se Tiago tivesse calado diante de crentes ricos exploradores de pobres, de declarações de fé meramente confessionais e formais, desligadas de obras que reproduzissem a fé...
Sim, só assim eu me calaria diante de homens que mudam de pregação e discurso só para ganhar dinheiro, prestígio e poder.
Só assim me calaria diante de líderes personalistas que edificam igrejas e "ministérios" em torno de seu nome.
Só assim me calaria diante de pastores que deixam ovelhas morrendo de fome espiritual e lhe entregam o pasto esbranquiçado da Teologia da Prosperidade, do Triunfalismo, falando de vitória antropocêntrica, quando Deus fala de honrar ao Seu Nome.
Só assim me calaria diante de livros de auto-ajuda travestidos de evangélicos.
Só assim me calaria diante de mentirosos que se apropriam do nome "evangélico" quando lhes convêm.
Só assim me calaria diante de músicas que exaltam o Homem, e não a Deus, e de cultos superficiais que aplaudem o Homem, e não a Deus.
Só assim me calaria diante de leitores que me dizem o que não sabem quando lêem o que não querem.

A ciberlinguagem da cibercultura

  • Já não inicio mais nada. Agora, inicializo. Acho que o termo é mais adequado a um início que vai se iniciando no gerúndio das máquinas. Digamos que é como o gerundismo, mas que começa no infinitivo "inicializar". Pronto, um início meio que ponta-pé inicial, mas que vai se completar no decurso do tempo que urge.
  • Deletei alguns arquivos de minha memória: vou ocupar meu HD com coisas mais importantes. E se for para recuperar, vai dar trabalho, não sei se meus softwares resolvem a parada.
  • Às vezes eu esqueço de salvar documentos. E como o mundo virtual não é matéria, pode-se perder algo pelo caminho. Como dizia alguém diferente de Isaac Newton, na Informática pouco se cria, tudo se copia e cola, ou recorta e cola.
  • Numa constante, todos se encontram no sítio, ou melhor, no site. Há uma rede de relacionamentos sem relacionamento. Uma série de perfis inventados, contatos sem contato, conexões desconectadas.
  • Adicionei você aos meus favoritos é a frase da amizade e da admiração, ao passo que você tem 0 mensagens não lidas é motivo de lamento.
  • Gosto da vida on line. Seja no banco, na igreja, em casa ou no restaurante, tudo deve ocorrer na hora, quando eu teclar enter. O dinheiro na mão, a bênção na mão, a comida na mão. Tem que ser na hora. Um dia, o trânsito e a burocracia serão informatizados. As compras e a movimentação financeira já são. Daí para um investimento espiritual on line são dois palitos, quero dizer, duas teclas, do tipo ctrl [control] mais alguma outra.
  • Se houvesse computador no Éden, principalmente se fosse ligado à Internet, vocês veriam onde esse mundo ia parar. Ia parar no mesmo lugar, pois o componente mais problemático do computador é o que fica diante dele.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Assim é o Brasil...

Assim é o Brasil:
País em que um delegado e um juiz que cumpriam a lei passaram a ser ouvidos por instituições de direito para dar explicações sobre investigações que surtiam efeitos positivos.
País em que a prisão de uma quadrilha milionária desencadeou decisões e alardes acerca de algemas e grampos, podendo anular processos passados e impedir escutas necessárias ao deslinde de apurações criminais.
País em que o presidente que não sabia o que acontecia na sala ao lado vai com popularidade recorde.
País em que números oficiais aproximam ricos e pobres com uma facilidade incrível, fazendo com que classes muito diferentes fiquem agrupadas em três categorias: baixa, intermediária e alta, a ponto de eu mesmo ser considerado classe alta (!).
País em que o certo vira errado e o errado vira certo.
País em que o Congresso Nacional existe na prática para dizer que somos democráticos, mas que na verdade só ratifica os atos normativos do presidente, além de agregar um bando de sanguessugas do dinheiro público.
País em que já não se sabe se o sistema político é ruim por causa dos políticos ou se os políticos são ruins por causa do sistema político.
País em que o povo quer honestidade dos políticos quando ele mesmo tem entranhada em sua cultura a noção de que deve levar vantagem em tudo.

A condenação do Sargento Laci, por deserção, e a causa homossexual

Observe como a imprensa trabalha as notícias de maneira parcial, induzida: geralmente, como na notícia da Folha On Line, cuja fonte cito abaixo, a imprensa diz que ele foi preso depois de dizer publicamente que era gay e que mantinha uma "união estável" com outro sargento. No entanto, embora ele tenha mesmo sido preso depois da revelação pública (na Época, repetida na Rede TV!), a palavra depois sempre vem dando a impressão de que o homossexualismo foi o motivo da prisão, o que não tem nada a ver.
Com efeito, por mais que o Conselho Permanente de Justiça não quisesse, não poderia deixar de condenar um desertor, se de fato os autos demonstram que não houve causas excludentes da ilicitude ou da culpabilidade no caso concreto. Antes, a Juíza-Auditora não poderia deixar de receber a denúncia, e o Ministério Público Militar não poderia deixar de oferecer denúncia, assim como o Exército não poderia deixar de enviar à Justiça a chamada "Parte de Deserção", em que avisa que o militar faltou mais de 08 (oito) dias ao Quartel, o que, em si, já demanda uma prisão por 60 (sessenta) dias.
Ir contra o texto do Código Penal Militar é que seria ilegal. Se houver motivos para mudar a lei, que a discussão seja feita para casos comuns, e não apenas para um desertor que se diz homossexual e conclama a mídia para tratar de seu caso sob os auspícios da causa gay.
Além dos contornos próprios de um processo de deserção, o Sargento Laci conseguiu agregar fatores outros, não característicos de um processo tão simples. A imprensa, amiga da generalização, às vezes parece se esconder atrás do desconhecimento para dar seus recados abertos à sociedade.
Ao menos nessa questão eu tenho um mínimo conhecimento. E nas demais questões? Nem meu juízo crítico - apurado até demais - suporta tamanha parcialidade, data venia.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u448955.shtml

Querem de mim um auto-exame?

Sou burro por não entender de jeito nenhum que Deus deseja que todo cristão seja rico e imune a doenças.
Sou míope por criticar obras faraônicas ou ministérios personalistas de homens que lideram igrejas da prosperidade e da confissão positiva.
Sou antiquado por não aceitar modismos, como o G-12, a regressão, o perdão a Deus, as novas revelações, os novos apóstolos, a conquista de territórios, as "coberturas" de oração, o "tomar posse" do que não me pertence, a "determinação", o retorno a símbolos e práticas judaicas, os métodos de crescimento "explosivo" de igreja, os métodos e propósitos de Rick Warren e tantos outros.
Sou rebelde por não admitir que meus pastores saiam um milímetro dos fundamentos da Fé Cristã Evangélica, que eles dizem seguir e pregar.
Sou fanático por querer que as coisas sejam feitas estritamente do jeito que a Bíblia manda.
Sou alienado em todos os sentidos por acreditar que o inchaço do número de evangélicos e sua insersão social, política e midiática não autentica necessariamente o que se prega, e por ter convicção de que inexiste maturidade por parte de muitos que hoje se autodenominam "evangélicos" e alimentam as estatísticas do IBGE.
Sendo assim, quero ser burro, míope, antiquado, rebelde, fanático e alienado.
Quero ser burro para não raciocinar do jeito que o diabo pensa.
Quero ser míope para não enxergar na perspectiva do diabo.
Quero ser antiquado para não acompanhar as inovações do diabo.
Quero ser rebelde e dirigir toda a minha revolta contra as artimanhas do diabo, suas ciladas, suas saliências, suas estratégias, peçonhas e sutilezas.
Quero ser fanático num tipo de fanatismo que me dê reverente temor e tremor diante do meu Deus.
Quero ser alienado do pecado e próximo de Jesus Cristo.
E se o leitor tem por acaso alguma dificuldade de interpretação de textos, leia meu texto umas cinco vezes, e depois pense em tirar alguma conclusão minimamente coerente.
Desculpe. Estou com a paciência curta.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A Ultimato sobre Edir Macedo provocou reações!

A excelente revista Ultimato, de que sou assinante e admirador confesso, causou reações exaltadas de leitores que não admitem contrariedades à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e ao pensamento da Teologia da Prosperidade (O sucesso de Edir Macedo e a pergunta que fica no ar, edição 314, julho/agosto de 2008).
Certamente há outros comentários desaforados, mas a revista transcreveu alguns que já dão a idéia de como os artigos repercutiram entre os adeptos do Edir Macedo. Ao mesmo tempo, há os leitores que se sentiram premiados pela oportunidade e percuciência das matérias. Eu fico com o segundo grupo.
Vale dizer que essa edição trouxe artigos sobre o que Edir Macedo diz e o que a Bíblia diz sobre temas como dízimos e cura, extraindo coisas que o próprio fundador da IURD disse para seu biógrafo colocar no livro O Bispo.
Vou citar os leitores insatisfeitos: uma pessoa identificada apenas como Márcia disse ter ficado "indignada com tamanha ignorância cristã". Perguntou: "quem vocês pensam que são"? Disse que a revista é invejosa do "tamanho da obra que o Senhor Jesus faz através da IURD". Sugeriu que a revista peça a Deus "sabedoria para escrever". Declarou que deseja prosperidade, sim, e não aceita ficar doente. Mencionou, peremptoriamente, que "todos os grandes homens da Bíblia eram prósperos e saudáveis". Seguindo seus ataques ao pessoal da revista, disse que é por causa de pessoas como eles que o mundo está cheio de miséria e dor. E, demonstrando seus supostos conhecimentos teológicos, disse que, ao morrer na cruz, "Jesus levou sobre si todas as nossas dores e enfermidades".
Há muitas ponderações a fazer sobre o dito de Márcia:
a) O que ela chama de obra do Senhor Jesus por meio da IURD? A construção de grandes catedrais imitadoras do Catolicismo Romano Medieval? A deturpação do Evangelho? A promoção da Teologia da Prosperidade? A proposta materialista e triunfalista? O retorno a figuras veterotestamentárias sem nenhuma conexão de sentido com a mensagem cristã, apenas para subsidiar campanhas estranhas? O grosso volume de dinheiro que se arrecada de pessoas das mais variadas classes sociais, sob promessas egoístas? A compra de espaços midiáticos e o alcance de espaços políticos com o fito de imitar os mecanismos de poder do mundo? Isso é obra do Senhor Jesus, por acaso?
b) O que é prosperidade? Quem disse que prosperidade é riqueza? Pobreza é maldição? Riqueza é atestado de idoneidade moral e relação com Deus?
c) O que a Márcia diria a Jó, acometido de uma doença horrível, e a Paulo, que orou para se livrar de um problema e não obteve a resposta que desejava, mas a que precisava? E a morte sangrenta de todos os apóstolos, exceto João, e do próprio Jesus? A morte não é o ápice da vulnerabilidade humana, mais que a doença?
d) Onde está escrito que todos os grandes homens da Bíblia eram "prósperos" - no sentido da IURD - e "saudáveis"? Paulo não era um grande homem? Veja-se Gl 4.13-20, em que ele diz claramente ter sido acometido de "enfermidade física", possivelmente nos olhos. E Jó? Ele não era um grande homem?
e) A questão da miséria e dor no mundo decorre de uma postura humilde, altruísta e generosa ou de uma atitude individualista, egoísta e materialista? Quem, pois, concorre para o pecado social: o que dá ao pobre sem esperar em troca ou o que diz dar a Deus almejando ficar rico?
f) Quanto à morte de Jesus e seu efeito curativo, é justo dizer que a passagem de Mt 8.17, citando Is 53.4 - pressupostas, na verdade, pela Márcia - , repito, é justo dizer que isso atribui cura universal automática ou que Jesus tem poder de curar universalmente?
Então, as incongruências não são da revista, mas da Márcia, que chama Ultimato de ignorante e invejosa. Sugiro a Márcia que leia mais a Bíblia, mas sem os óculos do Edir Macedo. Aliás, ele ainda usa óculos ou já foi curado?
Outro leitor, Esdras Machado, disse que reconhece o quanto [a IURD] tem feito pelo Evangelho; que Ultimato poderia "deixar de lado os neopentecostais e os que acreditam na teologia da prosperidade e usar seu espaço na mídia para anunciar o evangelho".
Meu Deus! Que "evangelho" é esse que o Esdras Machado defende? Haveria coerência em defender o Evangelho e deixar de combater heresias? Paulo deixou de tratar de falsos mestres? Judas deixou de tratar de falsos mestres? Pedro deixou de tratar de falsos mestres? Jeremias deixou de enfrentar falsos profetas? Que proposta é essa? E, mais do que isso, quem disse que a IURD é neopentecostal mesmo? Bem por isso, é muito importante ler o artigo Pseudo-pentecostais: nem evangélicos, nem protestantes*, de Robinson Cavalcanti, na edição de setembro/outubro deste ano. Humildemente, eu mesmo, um assembleiano histórico, já me incomodava muito em ser tão aproximado ao pessoal da IURD e outras tantas por causa dos rótulos pentecostais e neopentecostais. Agora, corroborado por Robinson Cavalcanti, posso pensar em outras classificações para esses grupos estranhos que têm surgido.
Ainda outro leitor, o chamado "apóstolo" (sic) Alex Consacas, já foi logo perguntando para que reino a Ultimato trabalha, e afirmou ter aprendido a não "dividir reinos". Para ele, o importante é não dividir reinos, ainda que divergindo de "alguns pontos doutrinários". E acha que a IURD não é seita.
Ora, uma coisa é discordar de "alguns pontos doutrinários". Coisa muito diferente é ser desigual nos fundamentos da Fé, quanto à natureza da obra de Cristo. Quem diverge nesse tema precisa estar em reinos diferentes. Não há acordo se nos dispomos a defender elementos fundamentais diferentes.
É válido dizer que já me acusaram, neste blog, de "dividir reinos". Então, mais uma vez humildemente, estou bem acompanhado: Ultimato já vem, na verdade, dizendo que a Igreja de Cristo e o pessoal que acompanha o Edir Macedo estão em pólos distintos e distantes.
É engraçado. A leitora Márcia Paes O. Correia chamou de "inverdades" o que a revista publicou sobre a IURD, e disse ficar "revoltada quando as pessoas usam inverdades para ganhar dinheiro". Portanto, em raciocínio cartesiano, ela deveria ficar deveras chateada com os pregadores da Teologia da Prosperidade, que pregam para ganhar dinheiro, usando inverdades. Estou errado?
Por fim, ao ler essas cartas à Ultimato, fico ao mesmo tempo triste e alegre: triste por saber que existem idéias tão limitadas quanto ao que significa seguir a Cristo, e alegre por constatar que minha veemente indignação se associa à indignação tanto da Ultimato como de muitos leitores que, a exemplo de alguns que tiveram suas cartas publicadas, entendem que seguir a Cristo é diferente de ganhar o mundo e perder a alma.
Jesus é bom. Ele nos basta.
* Leia nosso texto O caráter incompleto dos rótulos e alguns rótulos do mundo evangélico, neste blog, acessível facilmente pela busca.
Há outros textos correlatos a esta postagem, como O gnosticismo presente em nossas igrejas; Teologia de Panfletos (III) - "A unção que despedaça o jugo!".

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Tentações de poder, soberba e dominação

Jesus foi tentado quanto ao poder, à soberba e à dominação (Mt 4.1-11; Mc 1.12,13; Lc 4.1-13; ver ainda Hb 4.15). O diabo investiu contra o nosso SENHOR com as propostas de satisfazer necessidades imediatas pelo uso do poder sobrenatural (transformar pedras em pães); tentou incutir em nosso Mestre o desejo de dominar sobre reinos desta Terra, se adorasse ao príncipe das trevas; bem como o convidou a demonstrar poder de se livrar da morte, lançando-Se do topo do Templo, para assim alimentar uma soberba que Jesus jamais conheceu.
Preciso admitir que eu também sou tentado nessas áreas. Sou tentado ao poder, à soberba e à dominação. Sou tentado, talvez não ao poder sobrenatural, mas ao poder da palavra, ao poder da persuasão racional, ao poder do convencimento dialético. Sou tentado à soberba de meus argumentos, de minha suposta inteligência, de minhas experiências. Sou tentado à dominação de quem eu venha a liderar. Aliás, pequenos grupos também são campo propício à exibição de vaidades.
João escreveu que as coisas do mundo, entre elas a "soberba da vida", não procedem do Pai (I Jo 2.16). E, se o eventual leitor observar, os três itens citados por João como sendo as "coisas do mundo" - concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida - foram palmilhados pelo primeiro casal quando lançaram mão da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal (Gn 3.5-7). O engodo da serpente consistiu em que eles achassem que comer daquela árvore traria entendimento ético alienado de Deus, tornando-os como se fossem Deus.
A tentação da soberba bate à minha porta dizendo que não dependo de Deus, que posso fazer tudo sozinho, que minhas idéias e palavras são convincentes, que minhas escolhas acertarão o alvo. No entanto, não sou auto-suficiente, não sou um deus. Dependo inteiramente do meu Criador e SENHOR.
Vivemos um momento difícil na Igreja brasileira - perdoe-me repetir isso. Vivemos um período em que líderes constróem ministérios em torno de si, e têm a coragem de dizer que glorificam a Deus, quando estão glorificando a si mesmos. São egocêntricos, e alguns mais parecem megalomaníacos. Suas igrejas têm que ser as maiores, seus templos, mais luxuosos, suas estratégias, mais avançadas, seus livros, mais vendidos, suas supostas "revelações", mais urgentes, mais originais. Falam de conquistas e vitórias, mas não é a Deus que se entregam os despojos.
Quero crer que não irei entrar por esse caminho. Tenho fé que não irei. Espero em Deus que minhas pregações e meu ensino venham despertar pessoas ao Evangelho puro e simples que Jesus nos deixou, assim como eu mesmo preciso a cada dia ser transformado. Olha, como eu preciso ser transformado...

Mais sobre "a lei da semeadura financeira"

É impressionante como as pessoas são atraídas pelo erro. Elas gostam disso. De fato, não posso duvidar da doutrina bíblica da Queda. Toda vez que ouço o ensino de que se deve semear dinheiro para colher mais dinheiro, penso em como a Teologia da Prosperidade tem se infiltrado na Assembléia de Deus.
Já escrevi algumas coisas sobre o assunto. Essa tal "lei da semeadura financeira" é esotérica, tem relação com a "lei da atração", segundo a qual é necessário entrar na frequência das coisas boas, e se afastar da frequência das coisas ruins. Eu abomino o esoterismo, pois a Bíblia não aprova conhecimentos alienados de Jesus Cristo.
Na igreja, esse ensino aparece na forma de entregar o dízimo e ofertar com alegria para que o dinheiro volte. É bem parecido com os esotéricos que ensinam algo como "pague a seus fornecedores ou assine o cheque com alegria, sem sentimento de posse, para que o dinheiro volte, porque o que você faz de bom grado retorna para você".
Ouço o pastor falar de plantar e colher, investir e receber. Cada envelope é, segundo ele, um investimento num sonho que se tem. Meu Deus! Isso é materialismo puro, egoísmo sem-vergonha, nada tem que ver com o Evangelho!
Fico imensamente desapontado com esses pastores que ensinam o que Deus não ordenou. Fico triste. Meu coração treme dentro de mim.
O pior é que esse tipo de convite materialista é feito até mesmo em cultos de missões. Em vez de se enfatizarem as necessidades dos missionários e da obra que eles realizam, há espaço para pedidos de ofertas especiais a fim de que Deus recompense copiosamente os generosos. Há uma apelação financeira horrível, que fala profundamente aos corações egocêntricos, e passa a errônea impressão de que o Cristianismo é dinheiro, dinheiro e dinheiro.
Será que eu preciso dizer mais uma vez que eles interpretam enganosamente Ml 3.10, II Co 9.6ss e Gl 6.7,8, bem como uma série de outros textos tanto do Antigo como do Novo Testamento? Será que eu preciso repetir que Mike Murdock, no livro A Lei do Reconhecimento, ensina deslavadamente a lei da semeadura financeira, a qual Silas Malafaia tem disseminado em suas inúmeras palestras motivacionais? Será que eu preciso dizer que o mesmo Mike Murdock expõe conceitos gnósticos e de sabedoria oriental ao afirmar, logo de início, que a ignorância é o problema da Humanidade, quando a Bíblia diz que o problema da Humanidade é o pecado (Rm 3.23)?
Sim, preciso repetir tudo isso, e em alto e bom som, primeiro porque pouca gente lê o que escrevo; segundo, porque os que lêem geralmente pensam como eu; terceiro, porque tenho poucas oportunidades em minha igreja, e, quando tenho, são poucos os que me ouvem.
Será que vou ter que usar minha despedida para falar coisas que eles não ouvirão de outra forma? Será que vou ter que me antipatizar? Será que aqueles que ensinam o erro prevalecerão?
Ora, tenham santa paciência! Lei da semeadura, não!

domingo, 21 de setembro de 2008

Mais uma mudança em nossas vidas

De acordo com o concurso de remoção de que acabo de participar dentro do órgão a que pertenço, mudaremos de Campo Grande-MS para Salvador-BA, que fica a 128km de minha cidade natal, Alagoinhas. Resolvi inserir isso neste blog porque essa repentina mudança tem nos afetado aqui em casa, e certamente conduzirá boa parte de minhas postagens futuras.
A mudança ocorrerá nos próximos meses, dependendo de questões administrativas. Meus pais e irmãs estão contentes, e nós, aqui de casa, cheios de coisas para decidir, resolver, sonhar.
Terei que estancar o curso de teologia que faço na FATHEL. Essa é uma de minhas maiores tristezas, mas espero ter construído uma rede de amizades e relacionamentos que poderão permanecer por muito tempo. Espero realmente continuar meus estudos teológicos, que somarão dois anos em fevereiro de 2009.
Na verdade, como escrevi em outro texto, eu leio teologia desde 2002, mas não era estudante. Como aprecio muito a vida acadêmica, espero poder continuar esses estudos numa instituição em Salvador, preferencialmente de perspectiva não-denominacional.
Também terei saudade de pessoas da Assembléia de Deus-Missões e da própria Faculdade, bem como do meu ambiente de trabalho lá no Ministério Público Militar. Mas, para segurar a emoção, prefiro pensar que irei para a Bahia tendo adquirido experiências e amizades, em vez de sair com a triste noção de que perderei amigos.
Não, não perderemos amigos: o fato é que nossa passagem de cerca de dois anos por Campo Grande foi e tem sido uma bênção de Deus, assim como foi importante viver em Minas Gerais (Viçosa e Sete Lagoas) por cerca de 10 anos.
Alguns se surpreenderão ao ler essa notícia aqui neste espaço. Com efeito, poucas pessoas sabem disso, que ficamos sabendo no dia 15 deste mês. Mas aproveito o blog para saudar e agradecer aos irmãos e amigos que fizeram de nossa estada em Campo Grande um período feliz.
Além dessa remoção, há o bebê que a Miriam tem no ventre há 05 meses. Ainda não sabemos se nascerá baiano ou sul-matogrossense, por aquelas razões administrativas a que me referi. Nascerá numa família de baianos, piauienses e paulistas, que ainda conta com a mineirinha Elisa.
Bem, é uma etapa de transição. Talvez minhas postagens venham refletir um pouco disso daqui em diante. Meu desejo é que os bons frutos de Campo Grande, especialmente na teologia, perdurem em meu coração, porque aqui eu aprendi bastante.
Até breve, ou muito breve.

Da liberdade

A liberdade da Doutrina Bush ao Iraque
É a liberdade de araque:
Uma liberdade que se impõe
Não é de verdade.
Uma liberdade que se impõe
Não é a Verdade.
A liberdade libertina também não liberta.
A liberdade libertina se declara aberta,
Mas tropeça no erro de não conhecer regras.
A liberdade verdadeira tem limites
Que respeitam o ser livre, o ser do outro.
E a Verdade que liberta é conhecida
Dos que, livres, testemunham seu estado.
Disse bem o lusitano que o amor
É "servir a quem vence, o vencedor".
Nesse ponto concordamos,
Não há mancha em seu riscado:
Liberdade é a contradita do egoísmo,
É escravizar-se ao amor, ao desatino,
À loucura de um Deus que Se entregou
Por um povo egoísta e sem amor.
Liberdade não é aquela estátua,
Que se ergue altaneira, poderosa.
Liberdade é voar no céu de anil
Com as asas adequadas ao voar.
Diferente é tomar um vôo errante
Que de vôo se transforma em queda livre.




Não me iludo com as esquerdas

As esquerdas acham que têm o monopólio da razão, da ética e da defesa dos pobres. Sua ideologia tende a ser autoritária, porque não reconhece a legitimidade de discursos diferentes. Não gostam da imprensa, a quem chamam quase pejorativamente de "mídia". Não gostam da integração das minorias - apreciam, isto sim, sistemas de cotas para negros e reservas autônomas de índios. As esquerdas precisam da pobreza e do "imperioalismo ianque" para continuar vivendo, e gritam contra o Direito como se ele fosse o modelo jurídico das elites.
Olha, eu também não me iludo com a direita, seja ela uma direita católica, uma direita evangélica, uma direita policial ou uma direita dos coronéis. Não me iludo com ideologias que vendem a imagem de um mundo concebido sobre bases filosóficas. Tanto a direita como a esquerda estão erradas e certas ao mesmo tempo.
No entanto, escrevo sobre minha desilusão com as esquerdas porque já tive a impressão de ser um esquerdista, quando era mais jovem. Na verdade, parece-me que os professores eram, em geral, de esquerda. Entendo que, de certo modo, como nasci sob a ditadura militar, e cresci no período imediatamente posterior a ela, todo mundo que tivesse repulsa àquele regime era visto como meio esquerdista. Foi assim talvez que o sociólogo e senador Fernando Henrique Cardoso chegou à Presidência da República com aplauso de direitistas e esquerdistas, ainda que timidamente. FHC, é bom dizer, nunca foi de esquerda mesmo.
Vejo programas eleitorais na televisão: esquerdistas de partidos "operários" chegam ao ridículo de apregoar um trabalho de lutas sindicais, quando deveriam pedir votos para seu programa político. E, em vez de falarem dos problemas da cidade e de suas idéias para resolvê-los, candidatos a prefeito e vereador falam de direitos trabalhistas, luta de classes, conflito entre capital e trabalho, como se estivessem disputando alguma eleição federal!
Outro problema da esquerda é essa defesa de uma tal "diversidade sexual" que serve apenas para aprovar leis que criminalizam opiniões divergentes do homossexualismo, além de defender que homossexuais se casem, se exibam nas ruas com seus parceiros e adotem crianças. As esquerdas têm esse viés, digamos, anti-moral cristã, que acaba apoiando o aborto, o divórcio, a união civil de pessoas do mesmo sexo.
Quando não sabem resolver problemas internos, as esquerdas se voltam contra os Estados Unidos: vide Evo Morales, na Bolívia, e seu padrinho Hugo Chávez, na Venezuela. Ainda bem que o Presidente Lula, embora de um Partido de esquerda, não segue o caminho de seus colegas mais exaltados.
Esquerdistas são múltiplos, eu sei: há os comunistas viúvos da extinta União Soviética, bem como os trabalhistas e os socialistas. Eles convivem mal com a Constituição de 1988, que é social-democrata, e por isso vivem apedrejando o establishment.
A Constituição de 1988 é social-democrata porque contém direito de propriedade e função social da propriedade; livre iniciativa e defesa da concorrência e do consumidor; mercado livre e intervenção no mercado; liberalismo econômico e direitos trabalhistas; igualdade perante a lei e defesa das minorias, como índios, crianças, adolescentes e idosos. Esses são alguns lineamentos políticos que indicam o caráter social-democrático de nossa Constituição. Por isso, os marxistas se chateiam: eles querem a eliminação da propriedade privada, a ditadura do proletariado e, enfim, outra Constituição.
Esquerdistas gostam do regime de Cuba, admiram Fidel Castro, cujo (de)mérito foi criar uma sociedade em que todo mundo é igualmente pobre. Esquerdistas vêem o País dividido entre a elite e os pobres, e têm um discurso que divide, em vez de agrupar: pobres e ricos, negros e brancos, índios e brasileiros, homossexuais e homófobos. Daqui a pouco criarão um apartheid entre religiosos obscurantistas e não-religiosos inteligentes.
Portanto, não sou adepto desse autoritarismo de esquerda. Sou adepto da justiça e da democracia, que se constroem no diálogo, no processo, no coditiano. Nenhuma solução messiânica nos salvará.

sábado, 20 de setembro de 2008

Ativismo versus Cristocentrismo

Há muito de Marta e pouco de Maria na Igreja brasileira. Do que estou tratando? Refiro-me à passagem de Lc 10.38-42, que o eventual leitor conhece. Temos uma teologia prática que anda mais com Marta do que com Maria, aquelas irmãs de Betânia que hospedaram Jesus numa de Suas viagens.
Nota-se que Marta toma a iniciativa, pois, embora residisse com Maria, o texto revela que foi Marta quem hospedou o Mestre. Ela parece uma pessoa disposta, ativa, determinada. Isso, por si só, não é ruim, mas pode ser mal empregado.
Veja-se que, enquanto Maria "quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos", Marta "agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços" (vv.39,40). O texto é bem claro, e facilita o ofício do intérprete ou do pregador: Marta representa os crentes ativistas; Maria, os crentes que ouvem Jesus falar.
Marta, com sua personalidade forte, achou-se no direito de exigir de Jesus uma repreensão a Maria, pelo fato de permitir que esta não fosse ajudá-la. No entanto, em vez de repreender Maria, Jesus dá uma importante lição à agitada Marta: "Marta, Marta! andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só cousa; Maria, pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada" (vv.41,42).
Analisemos isso. Por mais difícil que seja extrair traços comportamentais de pessoas que viveram há 20 séculos, e cujas caractetísticas vêm descritas em poucas palavras, é possível fazer aplicações para hoje porque o texto se presta exatamente a essa função. De fato, Lucas não o registrou por acaso.
Com efeito, Marta representa o ativismo evangélico que herdamos dos norte-americanos. Maria simboliza os crentes que reconhecem a centralidade de Jesus, deixando que Ele diga o que quer dizer. Meu professor IVAN GONÇALVES chamou isso de Teologia de Servo numa de nossas aulas.
Somos ativistas, aprendemos isso com os missionários estadunidendes. Achamos que ser cristão resume-se a "servir a Deus". Pensamos em todo crente como um "obreiro". Medimos a espiritualidade pela frequencia aos "trabalhos da igreja", às atividades, pelo engajamento "na obra de Deus". Ora, tudo isso é importante, mas a vida cristã não se resume a servir, trabalhar, frequentar, atuar. A vida cristã passa antes pelo estar com Jesus, ouvir Jesus, ficar aos pés de Jesus, exercer comunhão com Jesus.
Amado leitor, eu critico a Igreja brasileira porque amo a Igreja brasileira. Eu não a criticaria se não a amasse. Justamente por isso, tenho repulsa aos que se apossam dela, e fomentam uma atitude conformista ou triunfalista nos crentes. No caso deste texto, critico o ativismo, que não deixa de ser uma distorção que nos afasta de Jesus. E, mesmo honrando a herança dos nossos missionários, não posso aceitar tudo sem um juízo crítico, sem um filtro.
Voltando a Marta e Maria, observe bem: quantas vezes dizemos que somos "servos de Deus"? Muitas vezes, não? Mas, quantas vezes reconhecemos que somos "filhos", "amigos", "herdeiros"?
Pelo amor de Deus, não pense que sou daqueles que usam a frase "sou filho do Rei" para arrogar para si direitos materialistas sobre o SENHOR. Aliás, o que Deus nos concede não é por direito, mas por Graça. Nada podemos reivindicar, exigir, cobrar, nada há que tenhamos dado ao SENHOR para que Ele tenha que nos restituir (Rm 11.35). Pelo contrário, a fé bíblica consiste em confiar nas promessas e obedecer às prescrições de Deus. Isso é fé, bem diferente de um conceito de legalidade sobre Deus que alguns têm ensinado em igrejas pós-modernas.
Quando me refiro à nossa condição de amigos, filhos ou herdeiros de Deus, quero chamar a atenção para outras metáforas bíblicas que não a do servo. Na verdade, muito de nossa teologia guarda elementos culturais dos povos. Esse comportamento "faça você mesmo" é típico dos norte-americanos, porque eles são práticos, vêem a vida em função da utilidade, da ação, da finalidade, do resultado - isso em linhas gerais, por favor!
Qual deve ser, pois, a nossa teologia? Abandonaremos o estilo Marta e nos aferraremos ao perfil de Maria? Creio que essa deve ser a minha sugestão. "Ora - alguém perguntará - e quanto ao equilíbrio? Não deveríamos ser um pouco Marta e um pouco Maria"? Digo que não porque o que Jesus disse foi bem claro: uma só coisa é necessária, e foi Maria quem a escolheu. Dito de outro modo, é como um reflexo daquela frase de que sem Jesus nada podemos fazer (Jo 15.5).
Como nos comportaríamos hoje se Jesus aparecesse em nossa aldeia? Mas a questão, amado, é que Ele está em nosso meio Se apresentando a cada reunião cristã. Entretanto, quantos são os que, como Maria, ficam atentos à Sua doce voz? Quanto ficam parados a ouvi-lo? Quantos conseguem refletir sobre o que está sendo ensinado? E mais: o que está sendo ensinado? É Jesus mesmo que está falando? E onde estão os crentes? Estão querendo ouvir a voz de Cristo ou se atabalhoando em muitos trabalhos?
Como assembleiano, sei do que estou tratando. Fomos evangelizados por um pessoal que tinha essa maravilhosa cultura do "ganhar almas", o que é muito bom. Todavia, com o passar do tempo, vejo que nossas igrejas têm sido caracterizadas por um ativismo notável: festas, cruzadas, comemorações, congressos, grandes aglomerações, calendário repleto de eventos para todas as idades. Eu aprovaria tudo isso se o povo fosse ensinado em termos cristocêntricos, mas não é isso o que ocorre. O que percebo é uma inanição das ovelhas, que, à falta de pão do Céu, iludem-se com as relvas esbranquiçadas do ativismo, do Triunfalismo e da Teologia da Prosperidade.
Não, eventual leitor, eu não sou mal-amado: se alguém tivesse falado certas coisas desde o início, a Igreja Romana não se teria tornado o que se tornou: um sistema pútrido de heresias, hipocrisia e promiscuidade política.
Portanto, continuo crendo que devemos olhar mais para Jesus, entender qual a suma do Evangelho, qual a essência do viver cristão. Quem sabe se a simples atitude de Maria não nos tornaria um pouco mais sensíveis à Palavra de Deus?

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Um teclado sob as mãos e uma idéia na cabeça

Com "uma câmera na mão e uma idéia na cabeça", Glauber Rocha dizia fazer seus filmes, como Deus e o Diabo na Terra do Sol, que assisti há muitos anos. Não vou tratar de cinema, mesmo porque não entendo nada de filmes: apenas lembrei da frase do cineasta Glauber Rocha porque estou com uma idéia nessa cabecinha modesta - pegar postagens deste blog, imprimir e encadernar, como um pequeno livro.
Qual o objetivo disso? Olha, como não sou muito organizado, tenho dificuldade de escrever continuamente sobre um tema, de maneira científica, tal como se faz em pesquisas, em monografias acadêmicas. Mas sei que há algum tempo venho nutrindo o desejo de ver minhas idéias assentadas no papel. Com a ferramenta do blog, em que escrevo quase diariamente, foi possível reunir, sei lá, algumas centenas de textos sobre Igreja, textos bíblicos, críticas, teologia. Esses textos estão arquivados virtualmente, como o eventual leitor pode ver naturalmente no Arquivo do Blog (existe também o recurso de "busca").
No entanto, minha vontade de escrever um livro é tão grande que, mesmo com os textos arquivados, creio que seria útil pegar essas postagens e lançá-las num livro, ainda que para colocar numa estante de casa e dizer: ali estão meus rascunhos, um resumo do que penso. Poderia até fazer algumas cópias para pessoas determinadas, que quisessem receber essa lembrança.
Como não sou intelectual nem pesquisador, tampouco formador de opinião, considero-me tão-somente uma pessoa que gosta de se expressar em português escrito e falado. Pronto. Gosto de escrever e de manifestar opiniões, principalmente sobre os rumos da Igreja brasileira, ou sobre a interpretação de textos bíblicos, na forma de ensino.
Talvez a palavra mais acertada para isso que tento fazer seja "ensaio". Certa vez, conversando com meu professor Pr. FERNANDO GLÓRIA CAMINADA SABRA e com o colega MARCELO AZAMBUJA, concluímos que "ensaio é uma coisa que não demanda tanta pesquisa, mas que você crê que precisa ser dita". De minha parte, creio que há muita coisa a ser dita. Ainda que poucos queiram ouvir, ou ler. O que não posso é deixar de falar, nem de escrever.
Enquanto não passo à pesquisa teológica - área mais técnica, mais complexa e mais metódica -, dedico-me suavemente à arte de escrever sobre aquilo que me dá na telha. Aliás, enquanto o teclado aceitar, minhas mãos continuarão catando milho e plantando sementinhas de mostarda.

Venho do agreste

Venho do agreste:
Meu sotaque o denuncia.
Um pouco pra cá do sertão,
Antes do litoral.
Venho do agreste,
Nordestino da Bahia,
Filho de quem veio
Das terras do Piauí.
Venho do agreste,
Mas peguei o trem de Minas,
E consigo ter saudade
De queijo e de acarajé.
Venho do agreste
Quando a pele era macia,
Mas agora, esposo e pai,
Volto a quem me deu à luz.
Venho do agreste,
Das terras de Alagoinhas,
Cujo nome em diminuto
Guarda em si o mundo inteiro.
Venho do agreste,
Mas passei à Cidade Morena
Onde a filha, tão pequena,
Descobriu seu próprio mundo.
Venho do agreste.
Na verdade, meu coração é agreste:
Rude, indelicado e silvestre.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Sugestões para cristãos principiantes na arte de pensar a fé

1) Desconfie de best sellers evangélicos;
2) Não deixe de perceber pequenas mudanças doutrinárias de seu pastor;
3) Não corra atrás da maioria;
4) Afaste-se de bajuladores;
5) Entenda que Igreja e Reino de Deus são coisas distintas;
6) Admita que a Igreja de Cristo difere das igrejas dos homens;
7) Analise o que prepondera no discurso de quem prega;
8) Reconheça que não há letras de música inspiradas por Deus, a não ser os salmos;
9) Fuja rápido de "apóstolos" autopromovidos;
10) Mantenha-se longe de quem diz ter recebido revelação direta de Deus, com caráter geral;
11) Procure um grupo de crentes com quem possa exercitar a Fé com simplicidade;
12) Apegue-se às bases de fé, tendo a mensagem da Cruz como fundamento inabalável;
13) Não aceite o milagre, a bênção nem a experiência individual como medidas de avaliação do que se apresenta como verdade. Em todo caso, fique com a Bíblia, não duvide dela, desconfie de si mesmo;
14) Saiba unir fé e razão - o repouso em Deus como estilo de vida e a dúvida bereana como critério de aferição do que ouve e vê.

Como somos vistos pelo mundo?

Parece-me que a sociedade enxerga os evangélicos como um grupo social emergente que assume poderes cada vez maiores. Há uns 20 anos, éramos fanáticos, alienados, diferentes; hoje somos admirados e temidos, mas isso não é necessariamente bom para a Causa de Cristo.
É certo que há uma heterogeneidade absurda no meio evangélico, mas o que conta é o conceito geral que as pessoas têm de nós. Virou moda ser evangélico ou gospel. Não sei se estou enganado, mas parece existir até certo ar de superioridade no dizer "sou evangélico", quando há poucos anos era motivo de chacota ou mesmo perseguição em alguns lugares do Brasil.
Há um fenômeno religioso-social em ação: artistas em fim de carreira ressurgem das cinzas cantando músicas que "falam de Jesus". Empresários em bancarrota frequentam as sessões motivacionais da Igreja Universal, da Sara Nossa Terra, dentre outras igrejas-corporações. Políticos tornam-se evangélicos e evangélicos se tornam políticos, vendendo a alma de muitas ovelhas, quero dizer, vendendo o voto dessas ovelhas. Televangelistas conseguem madrugadas inteiras ou o horário nobre na grande TV, quando sabemos que há poucos anos esses programas se limitavam às primeiras horas das manhãs de sábado ou domingo. A que custo isso se dá? Nem me refiro aos milhões de reais...
É. Dir-se-á que nunca antes na história desse País a obra de Deus foi tão abençoada. Será?
Estamos mesmo crescendo, eventual leitor? Mas, como é que a sociedade nos enxerga?
Alguém dirá que isso não é importante, que o que interessa é o que Deus pensa de nós, que "o homem natural não compreende as coisas do Espírito"...No entanto, precisamos saber se o que as pessoas pensam de nós é fruto de preconceito ou de nossas próprias ações.
Acredito que a sociedade em geral pensa assim: os evangélicos são um povo numeroso que não venera Maria, não usa santos em suas igrejas e que gosta de comprar CD´s, livros de auto-ajuda de autores evangélicos e uma série de artigos com textos bíblicos.
Puxa vida! É isso o que eu penso também!
Ser evangélico tem sido algo confuso para mim. Eu me identifico com a fé evangélica, mas não me identifico com a prática evangélica que caracteriza a Igreja brasileira. Já consigo ter dificuldade em dizer que sou evangélico dependendo do interlocutor - não que eu tenha vergonha de Jesus! Tenho vergonha da prática dos evangélicos brasileiros que aparecem mais.
Crescendo numa igreja evangélica, e, mais do que isso, pentecostal, ouvi aquela história de separação do mundo como se tivéssemos que nos apartar das pessoas do mundo. Aprendi errado, e graças a Deus desaprendi logo.
O mundo que não deve ser amado (I Jo 2.15,16) é o sistema de valores pecaminosos que impera nos corações desprovidos de Cristo. As pessoas do mundo devem ser amadas (Jo 3.16). O mundo foi criado por Deus, e a Ele pertence (Sl 24.1). Não acredito naquele negócio de que o diabo é dono do mundo. Deus é Quem comanda todas as coisas. É que há três acepções bíblicas para a palavra "mundo": pessoas, universo e sistema pecaminoso.
Em se tratando de amor, há que existir relacionamento, amizade, respeito, tolerância, o que nada tem que ver com a pretendida aceitação da tal "diversidade sexual" como comportamento moralmente correto, nem de quaisquer outras condutas que a Bíblia reprova.
De toda maneira, meu propósito aqui é pensar sobre como o mundo nos enxerga. E sei que, via de regra, não estamos sendo "cartas abertas" nem "aroma de vida para vida", para usar alegorias do apóstolo Paulo. Na verdade, os crentes carnais e os crentes nominais estão em nosso meio, sem falar no joio, que será identificado somente naquele Dia.
Cada vez que penso em como as pessoas nos vêem, me dá um arrepio. Temos construído uma imagem tão negativa do Evangelho, tão materialista, individualista e superficial, que tenho nojo disso. É como se nossas palavras e ações no cotidiano já entrassem em campo perdendo de 5 a 0 para o estereótipo que ajudamos a costurar a nosso respeito.
Enfim, o homem médio pensará consigo: "lá vem o evangélico. Se ele me convidar para me associar à sua igreja, antes de me pedir alguma coisa já lhe perguntarei o que isso me renderá nesta vida. E sei que ele não me deixará sem resposta".

Pit Stop (?)

Tive que interromper por um pouco meu resumo de A Morte da Razão, de Francis Schaeffer. O livro é pequeno, mas demanda tempo e tranquilidade, algo que não estou podendo ter porque preciso tomar algumas decisões profissionais e familiares durante esses dias.
Meu amigo Rogério Brandão, que conheci lendo seus artigos no "site" ultimato.com.br, teve a idéia de criar um blog só para a Morte da Razão, que é o http://morte-da-razao.blogspot.com/. Ele coloca no blog as obras artísticas citadas por Schaeffer e faz uma crítica ao trabalho do autor, à forma como ele pensa a questão da autonomia da Razão em relação à Fé, desde Tomás de Aquino e a Renascença.
Vale a pena acessar o blog do Rogério, que mora na Alemanha e tem se dedicado ao pensamento teológico. É pena eu não poder contribuir mais intensamente com o projeto que ele está desenvolvendo em A Morte da Razão.
Talvez eu precise dedicar maior tempo ao estudo do Direito, dos concursos. Há muitas coisas a decidir e encaminhar. Por mais que eu queira, não tenho obtido sucesso em conciliar o estudo teológico e o Direito. Não que eu deseje estancar meus estudos em Teologia, mas é necessário pesar mais a mão nos livros jurídicos. Afinal, eu vivo disso.
Hoje é aniversário de minha esposa, Miriam.
Vejo o eventual leitor na próxima oportunidade.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Dos projetos de igreja

Qual deve ser o projeto de uma igreja? Como uma igreja deve se organizar, e o que deve buscar? Seria a igreja como uma empresa, estabelecendo metas e estratégias para ganhar tantas pessoas para Cristo, batizá-las, e construir tantos e quantos prédios? É isso o que se deve querer?
E mais: a igreja deve trabalhar com marketing empresarial como se tudo dependesse de princípios administrativos, como se o aspecto espiritual não contasse?
Nesse tipo de projeto, qual a medida das metas financeiras? E como se deve fazer para que a busca pelo dinheiro não passe a ser um problema moral, social e espiritual dentro do grupo?
Precisamos entender que a Igreja é uma instituição divina, assim como a família, o trabalho e a sociedade civil. Ainda que formada por homens e mulheres, todos pecadores, a Igreja foi edificada por Cristo, sendo Ele o Seu fundamento único (Mt 16.18). Bem por isso, é equivocado criar projetos que não se coadunem com o projeto de Cristo. E, diferentemente da família, do trabalho e da sociedade civil, a Igreja é instituição soteriológica, ou seja, corresponde ao plano de Salvação da Humanidade, concebido por Deus.
O projeto de uma igreja precisa estar de acordo com a Bíblia: a Igreja existe para a adoração, a comunhão e a evangelização. Pronto. Nada há de novo, e nada a acrescentar.
Se alguém quiser falar de ensino e discipulado, estes itens podem se ajustar sob a epígrafe da comunhão, pois a Igreja, que adora a Deus e anuncia a Cristo, vive em comunhão para crescer espiritualmente - isso só se dá pelo ensino e pelo discipulado, que, por sua vez, estão associados às ordenanças do batismo e da Ceia - enquanto o batismo é para o ingresso dos salvos na comunidade cristã, a Ceia representa a comunhão dos santos em torno da Cruz, o que não deixa de ser um método de ensino, de discipulado.
De qualquer maneira, o projeto da Igreja não vai muito além desses requisitos fundamentais - adoração, comunhão e evangelização.
No entanto, tem gente querendo reinventar a roda. Pode observar: o G-12 tem seu slogan: ganhar, consolidar, capacitar e enviar. São os passos que, segundo seus mestres, irão determinar o crescimento espantoso da Igreja em Células "no modelo dos 12". Também Rick Warren, talentoso em divulgar em livros seus o que a Bíblia já dizia, divide o ministério da Igreja em adoração, comunhão, discipulado, serviço e missões, mas acrescenta uma série de ensinos pragmáticos, bem ao estilo americano, no sentido de atrair as pessoas, ser mais "sensível" aos interessados, mais atraente aos circunstantes.
De fato, fala-se hoje de igrejas com propósitos, como se a Igreja de Cristo já não tivesse propósitos há dois mil anos, ou, para ser mais bíblico, antes da fundação do mundo. Fala-se de visões e "moveres", estratégias para "conquistar" cidades, regiões e o planeta! Fala-se de mega-templos, mega-cruzadas, mega-shows gospel, mega-contas bancárias, mega-investimentos em "missões". Fala-se em inserções ousadas na mídia, na política, enfim, trava-se a batalha da ocupação de espaços.
E eu pergunto: alguém perguntou a Deus se esse é o projeto d'Ele?
Ora, o que vejo é a ambição de homens e mulheres que se autopromovem a apóstolos, bispos, missionários, e arrogam para si a última revelação de Deus para a última hora dos últimos dias, para conquistar o Brasil, para fazer do País uma "Nação evangélica"...Isso não cheira a messianismo, não?
Tem muita gente escrevendo projetos por aí. Eles pensam em igrejas que crescem, têm admiração profunda por igrejas de sucesso, mesmo que esse sucesso esteja associado a heresias.
Quem planeja coisas para a igreja e não se preocupa em saber qual o pensamento de Deus a respeito, age nesciamente, quando não age por dolo. Quem faz projetos que Deus não assina está dizendo que o projeto divino para a Igreja é errado, fracassado, insuficiente.
O projeto de Deus é cuidar das pessoas. Para que ganhar tantas outras pessoas supostamente para Cristo se não se pastoreiam "as ovelhas da casa de Israel"? Que voluntarismo estranho é esse? A quem nós queremos enganar? Em quantas placas de quantos prédios desejamos ver nossos nomes escritos para a posteridade?

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O campo é grande

Lembro bem de quando cheguei a Campo Grande. Viajei um dia inteiro de ônibus. Quando vi a rodoviária, tomei um susto. Esperava coisa melhor para uma capital. Só quem conhece a rodoviária daqui entende a que me refiro. Tanto é verdade que o Dênis, que me hospedou, disse de imediato: "Não tome Campo Grande pela rodoviária"!
É. Estava eu com minha bagagem, telefonei para o Dênis e ele veio com seu pai, o Pr. Castilho. Vieram me buscar, e o primeiro lugar que visitei foi a Igreja Holiness. Não me esquecerei jamais.
Aqui cheguei todo entusiasmado com o novo cargo público. Saí da condição de escrevente judicial no interior de Minas para ser Analista Processual na capital de Mato Grosso do Sul, e num órgão federal - uma nova realidade, uma nova vida.
De funcionário estadual a funcionário federal. De um cargo de nível médio para um cargo de nível superior, que poderia contar tempo de atividade jurídica nos concursos jurídicos de Magistratura e Ministério Público.
Cheguei no dia 31 de dezembro de 2006, e graças a Deus pude ser hospedado por uns 20 dias na casa de uma bela família conhecida do meu concunhado. De pronto, fui ao culto de final de ano na Igreja Holiness. Participei do culto e depois do jantar na casa dessas pessoas tão abençoadas, onde passamos de 2006 para 2007. Como o meu concunhado é pastor dessa denominação, que tem em Campo Grande uma de suas igrejas, não foi difícil encontrar uma casa para me hospedar enquanto eu acabava de chegar.
Minha esposa e filha chegaram uns 20 dias depois, e fomos residir por quase um ano numa casa pequenina bem no centro. Saímos de lá e viemos a esta casa bem maior, para abrigar não só a nós como aos pais da Miriam, pois meu sogro teve um Acidente Vascular Cerebral em 23 de agosto de 2007.
Adaptei-me ao local de trabalho, Deus nos ajudou em tudo. Arranjei amigos, grandes amigos.
Mudamos de vida. Tudo melhorou. Nos primeiros meses minha esposa notou a diferença, eu estava mais feliz. Uma das primeiras coisas que fiz foi me matricular numa faculdade de Teologia, que ficava bem pertinho de casa. Eram uns dez ou quinze minutos andando para o serviço, e depois uns cinco minutos do serviço à faculdade. Eu estava realizando o sonho de estudar para ser bacharel em Teologia, algo que eu não pudera fazer antes por não ter condições financeiras. Mas desde 2002 eu vinha estudando sozinho.
Fui-me realizando no curso de Teologia, e descobri que esse é o meu mundo. Obtive grandes amigos dentre os professores, gestores e alunos. Aprendi com eles. Tenho aprendido muito.
Temos congregado desde então na sede estadual da Assembléia de Deus, que fica perto da casa onde residimos agora. Logo passei a dar aulas nas classes, conforme designado pelo Superintendente da Escola Dominical, e depois assumi uma classe mista, a Melquisedeque. Deus nos abençoou grandemente, a turma é muito boa, dá gosto observar o crescimento dos irmãos.
Foi em Campo Grande que Elisa se desenvolveu muito. Foi para a escolinha, aprendeu algumas cores e formas geométricas, começou a falar mais. Também foi aqui em Campo Grande que a Miriam concebeu o novo bebê, que está para chegar.
Foi aqui em Campo Grande que comprei meu primeiro carro, e foi aqui também que eu risquei ou amassei esse carro várias vezes, dando um merecido lucro ao funileiro.
Foi aqui em Campo Grande que eu fiquei chateado muitas vezes ao ver que o Triunfalismo e a Teologia da Prosperidade não são problemas exclusivos de Minas nem da Bahia. Isso é um câncer que grassa pelos rincões do meu querido Brasil. O povo evangélico tem sofrido muito.
É certo que não temos participado ativamente da Igreja, e Deus sabe de todas as coisas. Ele sabe mesmo.

sábado, 13 de setembro de 2008

Estudo bíblico sobre a Eternidade como doutrina fundamental

Vou socializar com o amado leitor o pequeno material que preparei para a palavra que vou dar amanhã de manhã no Congresso de Jovens da Assembléia de Deus no Bairro Taveirópolis, aqui em Campo Grande/MS. Segue abaixo:

“Eternidade: onde você vai passar a sua”?[1]
I. Introdução.
O que é a Eternidade?

Será o mesmo que viver para sempre, não passar pela morte?
Eternidade é a vida além-túmulo, para bons e maus?
A Eternidade é sempre boa?
O Homem é eterno?
Todos os seres são eternos?
Eternidade é o que vem depois do tempo?
Eternidade é o mesmo que imortalidade?

II. A Eternidade é um anseio do Homem.
Todas as religiões têm uma noção própria do que seria a vida após a morte.
Quem jamais ouviu falar do elixir da juventude?
Quantos filmes e obras literárias tratam do viver para sempre?
De certo modo, o culto ao corpo e a preocupação excessiva com a saúde tem a ver com o anseio de Eternidade dentro do Homem.
Em Eclesiastes, lemos que “Deus pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim” (Ec 3.11).

III. A Eternidade como atributo de Deus.
A Eternidade é um atributo absoluto de Deus. Isso significa que só Deus é Eterno.
O SENHOR habita a Eternidade (Is 57.15). Deus é Transcendente e Imanente.
O Messias tem Suas origens desde os dias da Eternidade (Mq 5.2).
O Messias é o Pai da Eternidade (Is 9.6).
O Espírito Santo é Eterno (Hb 9.14).
Abraão tinha a concepção de que o SENHOR é “o Deus Eterno” (Gn 21.33). E invocava o Seu nome.
A justiça de Deus é eterna (Sl 119.142), assim como Ele o é.
O SENHOR Deus é “uma Rocha eterna” (Is 26.4).

IV. A Eternidade como plano de Deus para o Homem.
Deus prometeu a Vida Eterna “antes dos tempos eternos” (Tt 1.2).
O caminho de Deus para o Homem é “o caminho eterno” (Sl 139.24).
No Éden, a Árvore da Vida era apta a dar Vida Eterna (Gn 2.9).
A promessa que o Filho de Deus nos fez foi a Vida Eterna (I Jo 2.25).
Tem a Vida Eterna aquele que crê no nome do Filho de Deus (I Jo 5.13).
É necessário reconhecer o Verdadeiro, e estar no Verdadeiro. O Verdadeiro é Jesus Cristo, que é o Verdadeiro Deus e a Vida Eterna (I Jo 5.20).
Deus enviou Seu Filho para que todo aquele que n'Ele crê não pereça, mas tenha a Vida Eterna (Jo 3.16).
A missão do SENHOR Jesus aqui no mundo foi entregar o mandamento do Pai, que consiste na Vida Eterna (Jo 12.50).
O SENHOR Jesus recebeu autoridade do Pai a fim de conceder a Vida Eterna àqueles que o Pai lhe desse, e a Vida Eterna consiste numa só coisa: conhecer ao Pai como único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem o Pai enviou (Jo 17.2,3).
Em At 5.20, o Anjo do SENHOR liberta os apóstolos da prisão e lhes ordena que digam ao povo “todas as palavras desta Vida”.

V. Três sentidos para a palavra “Vida”.
Tendo visto que a Eternidade é um atributo absoluto de Deus e que ao mesmo pode ser entendida como o plano de Deus para o Homem, vejamos em que consiste a Vida Eterna prometida aos que crerem.
A palavra “vida” ocorre na Bíblia significando existência humana, qualidade de vida ou imortalidade. Dependendo a tradução, “vida” e “alma” são sinônimos em alguns trechos.
1) Existência humana.
A vida como existência humana está, por exemplo, em I Sm 2.6, Jó 7.7 e 33.4, Sl 146.2, Mt 6.27, At 17.25, Tg 4.14 (a vida está nas mãos de Deus e é provisória, como um sopro, uma duração, um decurso no tempo, o ato de respirar).

2) Qualidade de vida.
Moisés propôs “vida” e “bênção” aos israelitas em contraposição a “morte” e “maldição”. Vida, nesse caso, é qualidade de vida (Dt 30.15,20).
Davi também pensou em qualidade de vida quando disse que Deus o faria ver “os caminhos da vida”, sentir “plenitude de alegria”, bem como desfrutar “delícias perpetuamente” (Sl 16.11). De acordo com ele, em Deus está “o manancial da vida” (Sl 36.9). Deus oferece vida abundante.
O Livro de Provérbios trata da vida como qualidade de vida quando diz que os mandamentos do SENHOR são vida para a alma, saúde e favor do SENHOR (Pv 3.22; 4.22; 8.35; 12.28; 14.27).
Isaías e Jeremias tiveram entendimento semelhante (Is 4.3; Jr 8.3; 21.8).

3) Imortalidade.
Em Mt 7.14 o SENHOR Jesus ensina que apertado é o caminho que conduz à vida. Trata da imortalidade com Deus.
Em Rm 6.23 sabemos que o dom gratuito de Deus é a Vida Eterna, em contraste com o salário do pecado, que é a morte.
Em Rm 8.1-11 lemos que o Espírito de Deus é o Espírito da Vida; que a inclinação do Espírito é para vida e paz; que, em se tratando do cristão, “o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça” (especialmente o v.10).
Em II Co 2.16 lemos que os salvos são cheiro de morte para morte (dos que se perdem) ou aroma de vida para vida (dos que se salvam). Nosso testemunho é importante no processo de Salvação ou Condenação, mas quem salva é Jesus Cristo.
O salvo não sofrerá a morte eterna porque nele habita o Espírito Eterno de Cristo. Essa é a imortalidade com Deus ou Vida Eterna.
Em II Co 4.10,11 somos exortados a levar no corpo o morrer de Jesus para que Sua Vida se manifeste em nosso corpo ou “carne mortal”.
Em Ef 2.1, 5 lemos que Jesus Cristo nos deu Vida quando estávamos mortos em ofensas e pecados.
Em Cl 3.3,4 lemos que nossa “vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus”, e que, quando Cristo, que é a nossa Vida, se manifestar, seremos manifestados com ele em glória”.
Em Hb 7.16 está escrito que Cristo tem “o poder de vida indissolúvel”.
Cremos que o conceito de Vida Eterna é a composição de imortalidade e qualidade de vida. Assim, o justo morre fisicamente, mas não morre eternamente, pois tem qualidade de vida. Por outro lado, o injusto morre fisicamente e eternamente, porque, embora seu espírito seja imortal, ele não tem qualidade de vida.
Dito de outro modo, ninguém vai deixar de existir na Eternidade, mas somente os salvos viverão eternamente em termos de qualidade de vida.

VI. O que o apóstolo João escreveu sobre a Vida.
A Vida estava em Jesus Encarnado como luz dos homens (Jo 1.4);
Quem crê no Filho tem a Vida Eterna (Jo 3.36);
Jesus oferece uma fonte a jorrar para a Vida Eterna (Jo 4.14);
Quem ouve a palavra de Jesus tem a Vida Eterna (Jo 5.24);
Jesus é o Único que tem as palavras de Vida Eterna (Jo 6.68);
Jesus oferece Vida abundante (Jo 10.10);
A Vida Eterna é dádiva do SENHOR Jesus para suas ovelhas (Jo 10.28);
Jesus é a Ressurreição e a Vida (Jo 11.25);
Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14.6);
A suma do Evangelho é crer que Jesus é o Filho de Deus, e que, crendo, tenhamos Vida em Seu nome (Jo 20.31);
Já passamos da morte para a Vida porque amamos os irmãos (I Jo 3.14);
O Amor consiste em que Cristo deu Sua Vida por nós, e por isso devemos dar a nossa vida pelos irmãos (I Jo 3.16). Isso implica em renúncia e abnegação.

VII. A Eternidade tem duas faces.
Dentre todos os mortos, muitos ressuscitarão para a Vida Eterna, e outros para “vergonha e horror eterno” (Dn 12.2).
O SENHOR Jesus disse que há um “fogo eterno”, que é o “inferno de fogo” ou “castigo eterno” (Mt 18.8,9; 25.41). Essa é uma realidade que não podemos negar. Mas os justos irão para a Vida Eterna (Mt 25.46).
Existe até mesmo o “pecado eterno”, que é a blasfêmia contra o Espírito Santo (Mc 3.29).
A morada dos santos é chamada de “tabernáculos eternos” (Lc 16.9).

VIII. Existe predestinação para a Vida Eterna e para a Perdição Eterna?
Quem foi destinado para a Vida Eterna? Há predestinação? Observe-se que em At 13.48 o texto diz que, dentre os gentios, “creram todos os que forma destinados para a vida eterna”. Mas isso não quer dizer que eles foram predestinados enquanto outros ficaram alienados por Deus. Antes, significa que eles só foram salvos porque Deus já havia destinado um povo à Salvação. Todos aqueles que são salvos “se encaixam” no plano salvífico de Deus para a Humanidade.
Naturalmente, em Sua presciência, Deus sempre soube quem seria salvo e quem se perderia. Mas isso não tem ligação com a predestinação de quem seria salvo e de quem se perderia – a predestinação é coletiva, quanto à futura existência de um povo salvo, e não quanto à escolha autoritária de Deus, que respeita a liberdade criada por Ele.

IX. Eternidade e justificação.
Enquanto o pecado reinou pela morte, a graça reina pela justiça para a Vida Eterna (Rm 5.21). Não se trata da justiça humana, mas da justiça de Deus em Cristo. “Justo” não é o que pratica obras supostamente justas por si mesmo, mas o que é declarado justo por Cristo.
A justificação é uma condição do pecador declarado justo, como uma situação mais passiva do que ativa. “Justificado” é uma palavra que gramaticalmente sugere essa condição passiva, de que Cristo nos justificou, diferente de dizermos que somos justos porque praticamos obras justas.
Esse é o significado de que “o justo viverá pela fé” (Hc 2.4; cf. Gl 3.11; Hb 10.38,39). Do mesmo modo vemos que a fé de Abraão foi contada como justiça diante de Deus (Gn 15.6; Rm 4.3; Gl 3.6; Tg 2.23).

X. Atitudes erradas diante da Eternidade: Legalismo, Hedonismo e Secularismo.
1) Legalismo.
O jovem rico perguntou ao SENHOR Jesus o que deveria fazer para alcançar a Vida Eterna (Mt 19.16; Mc 10.17; Lc 18.18). Ele achava que a Vida Eterna seria alcançada por mérito pessoal ou esforço. Estava enganado.
A Vida Eterna é uma “herança” para aqueles que renunciam a todas as coisas por causa do nome de Cristo (Mt 19.29; Mc 10.30). Basta uma atitude de renúncia às prioridades que não se conformem com a Pessoa e Obra de Cristo. Essa herança não é fruto da ação humana, mas uma reação positiva à Pessoa e Obra de Cristo. Ninguém adquire uma herança por esforço próprio.
O legalista age como se pudesse alcançar a Vida Eterna por seus próprios esforços, assim como os judeus a quem Paulo e Barnabé tentaram pregar o Evangelho na cidade de Antioquia, fazendo com que os missionários se voltassem aos gentios (At 13.46).
Paulo os acusou de se acharem indignos da Vida Eterna. Mas, nós não somos indignos mesmo? Éramos indignos, mas Cristo nos dignificou com Sua Obra na Cruz.
Todos são dignos no sentido de que a Salvação é ofertada a todos, sem exceção. Quem se acha indigno, de acordo com a frase de Paulo, anula a Cruz de Cristo.
Repito: em nós mesmos, não somos dignos de absolutamente nada que não seja a condenação eterna, mas Cristo nos dignificou. Por isso, aceitamos essa herança de graça. Ela é gratuita para nós, mas Cristo pagou o preço total em nosso lugar.
Vale observar que em Lc 10.25 um doutor da Lei faz a mesma pergunta ao SENHOR Jesus: “Que farei para herdar a vida eterna”. Depois de concluir que se deve amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, ele pergunta a Jesus quem é o seu próximo, com o objetivo de reduzir a abrangência do mandamento. Essa é a atitude de quem busca subterfúgios ou atalhos para não atender ao mandamento do amor.

2) Hedonismo.
O SENHOR Jesus disse que aquele que “ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12.25).
Como estamos nós? Amamos esta vida ou a odiamos? O que o SENHOR Jesus está dizendo com isso? Será que devemos ser pessimistas, amargurados e tristes? Será que devemos desprezar os bens desta vida, como família, trabalho, ciência, indústria, meio ambiente, cultura e artes? Será que devemos descuidar de nossas obrigações e responsabilidades? NÃO! O SENHOR Jesus não está dizendo isso!
Com palavras fortes, o SENHOR Jesus está dizendo que não devemos priorizar esta vida em detrimento da Vida Eterna. É como escreveu o salmista: “A tua graça é melhor do que a vida” (Sl 63.3).
Não devemos ser hedonistas, cultuando o prazer. Esse culto ao prazer pode acontecer até mesmo nas igrejas, por meio do orgulho espiritual.

3) Secularismo.
Secularismo é o estilo de vida de quem pensa, sente e age como se Deus não existisse ou não tivesse nada a ver com suas escolhas.
Não devemos esperar em Deus apenas para esta vida, para não sermos os mais miseráveis dentre os homens (I Co 15.19). Nossa esperança ultrapassa a barreira do tempo.
A atitude secularista é a de se preocupar com as coisas deste século, desta era, deste tempo. Ela não se ocupa das coisas invisíveis, que são eternas (II Co 4.18). O Secularismo não tem nada a ver com a Eternidade.

XI. A promessa da Eternidade tem uma dimensão ética.

Receberão a Vida Eterna aqueles que perseverarem em fazer o bem, procurando valores como glória, honra e incorruptibilidade. A Vida Eterna virá acompanhada de glória, honra e paz “a todo aquele que pratica o bem”, ao passo que os “facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça” terão “tribulação e angústia”, porque fazem o mal (Rm 12.7-10).
Veja bem: a Vida Eterna não se adquire pelas boas obras nem pelo cumprimento de requisitos legais, tampouco pelo ativismo de igreja. A Vida Eterna tem uma dimensão ética no sentido de que aqueles que forem salvos terão condições de produzir boas obras, preparadas por Deus “de antemão”, para que nelas andássemos (Ef 2.10).
Somente pode alcançar a Vida Eterna aquele que já foi alcançado por Cristo, ou seja, criado em Cristo Jesus para essas mesmas obras (Ef 2.10). Sendo assim, a vida do salvo tem seu destino eterno como natural na medida em que as obras que pratica são obras próprias da Eternidade.
Essa cadeia só se rompe se o cristão apostatar da Fé ou deliberadamente entristecer ao Espírito Santo com seu pecado contínuo e não confessado.

XII. “Quem perde ganha”.
O SENHOR Jesus disse que aquele que achar a sua vida perdê-la-á, e quem a perder achá-la-á (Mt 10.39; Mc 8.35; Lc 9.24). Ensina-nos quanto à prioridade de nossa vida: Cristo ou eu?
O próprio Jesus deu Sua vida pelas ovelhas (Jo 10.15). Essa é a essência do Evangelho.

XIII. A Vida no Livro de Apocalipse.

Se depois da Queda o Homem foi expulso do Éden para não comer da Árvore da Vida, os vencedores comerão da Árvore da Vida como recompensa pela vitória que Cristo lhes alcançou (Ap 2.7).
O vencedor terá o seu nome preservado no Livro da Vida (Ap 3.5; cf. 13.8 e 21.27).
Cristo dará de graça da fonte da água da Vida a quem tiver sede (Ap 21.6; 22.17).
Cristo é o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim – n'Ele tudo começa e para Ele tudo converge (ver Ap 21.6).

XIV. Conclusão.
Eternidade é diferente de não passar pela morte física.
Eternidade é mais do que vida além-túmulo.
A Eternidade não será boa para todos.
O Homem não é eterno, mas pode receber a Vida Eterna em Cristo.
Somente Deus é Eterno.
Eternidade é mais do que um estado atemporal. Eternidade, no aspecto positivo, é qualidade de vida em Cristo.
Eternidade é mais do que imortalidade.
A Eternidade, no aspecto positivo, segue os mesmos princípios fundamentais da vida cristã. As obras que praticamos em Cristo foram preparadas na Eternidade e servirão para recompensa na Eternidade. Só vai para a Vida Eterna quem segue os princípios da Vida Eterna.
Em suma: só vai para a Vida Eterna quem já tem a Vida Eterna nesta era.


[1] Material preparado para subsidiar a preleção a ser dada na Congregação da Assembléia de Deus no Taveirópolis, em Campo Grande-MS, no dia 14 de setembro de 2008, por ocasião do Congresso de Jovens com o tema “Eternidade: onde você passará a sua”?



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Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.