Esta semana foi para mim muito importante, pois comecei o Curso de Especialização em Estudos Teológicos no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (CPAJ), vinculado à Universidade Mackenzie. É um curso à distância. Inscrevi-me agora em duas matérias: Teontologia, com o professor Dr. Heber Campos, e Teologia Bíblica dos Escritos Paulinos, com o Rev. Augustus Nicodemus Lopes. Meu amigo João Armando, leitor deste blog, vai me dizer que estou cada vez mais perto de me tornar calvinista...! Reformado, de certo modo, eu me considero. E viva a Reforma!
Ambas as disciplinas eu já conhecia do bacharelado teológico que deixei incompleto em Campo Grande/MS. Fiz as tarefas e a prova, interagi no fórum, estou lendo algumas coisas, e começo a ter algumas ideias para compartilhar.
O que tenho para hoje é uma reflexão em Teontologia - ramo teológico que se dedica ao estudo de Deus (doutrina de Deus), verificando seus nomes, atributos, natureza, "provas da existência". Ao lado da Cristologia e da Pneumatologia, cuida do que a Bíblia revela sobre Deus.
Uma das coisas que me chamaram a atenção está dentro do estudo da transcendência e imanência. Sendo transcendente, Deus está acima e sobre a Sua Criação, não se confundindo com ela. Sendo imanente, Deus intervém no mundo e na história, o que se manifesta na Providência, na Redenção e no relacionamento com os homens.
Karl Barth, teólogo neo-ortodoxo, procurou refutar o liberalismo teológico e acabou incorrendo em alguns exageros. Por exemplo, disse que Deus é o Totalmente Outro, o escondido, o desconhecido. Tomando de empréstimo a Kierkegaard a noção de distinção qualitativa e infinita, chegou ao ponto de afirmar a diferença essencial entre Deus e o Ser Humano, de maneira que nada haveria de semelhante entre nós e Deus.
De pronto, recordei de que Deus nos fez à Sua imagem e semelhança (Gn 1.26). Temos a imago Dei, ou seja, nossa estrutura espiritual e psíquica reflete a do nosso Criador. Temos personalidade e caráter, e Deus é assim, só que Perfeito. A Revelação Geral não se resume à natureza das coisas e animais, senão também a natureza humana. Deveríamos pensar em Deus ao perceber a grandeza das coisas que o Ser Humano pode dizer, sentir, pensar e fazer.
Podemos nos relacionar com Deus porque temos espírito. O SENHOR revela-Se por meio da Criação, da natureza humana e das Escrituras. Jesus veio nos salvar. Portanto, não concordo com a afirmação barthiana.
Todavia, é bom não cairmos no outro extremo, pois não somos iguais a Deus nem o seremos um dia. A regeneração não traz para nós a natureza divina. Deus continua sendo Deus e nós permanecemos humanos. Jamais seremos homens-deuses.
Em II Pe 1.4, Pedro nos escreve sobre a possibilidade de nos tornarmos "participantes da natureza divina". Ora, isso não nos torna deuses. Pedro está se referindo à purificação promovida pelo Espírito Santo na vida do salvo em Cristo Jesus. É como Paulo ensina em Ef 5.1, sobre a necessidade de imitarmos a Deus como filhos.
Seitas da Nova Era e grupos neopentecostais, conforme ensino do professor Heber Campos, andam ensinando que há um deus dentro de cada um de nós ou que podemos nos tornar como deuses - já que somos filhos de Deus. Daí vem aquela história de que podemos reivindicar e decretar, pois só um Deus faz isso.
Lembremos que o SENHOR não transmite Sua glória a ninguém, que existe somente um Deus, e que a primeira tentação consistiu justamente em propagandear a ideia de que o Ser Humano pode ser como Deus.
Não devemos divinizar o Homem. Ao vir ao mundo, Jesus não veio ensinar o caminho para se tornar igual a Deus.
Ah! Mais uma coisa. Ninguém se engane com um senhor muito risonho chamado R. R. Soares: eu e minha esposa o ouvimos falar em seu programa de TV, creio que no ano de 2007, que o texto do Sl 82.6 sugere que somos pequenos deuses. Sua teologia é um fruto da Confissão Positiva americana, que por sua vez mistura um pentecostalismo atravessado a ensinos pagãos vindos do Oriente. Essa é uma das bases de sua Teologia da Prosperidade e de seu Triunfalismo, pelo qual acha que pode decretar, exigir direitos, determinar, ordenar.
Sejamos o que Deus nos chamou a ser: filhos de Deus. Está bom para você ou ser deus é a sua meta?