O petista Gilberto Carvalho, Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República e homem de Lula, disse ontem, dia 27, no Fórum Social Temático, que é preciso disputar a classe emergente com os evangélicos. Li isso no blog do Reinaldo Azevedo, que transcreve uma reportagem da Folha.
Fiquei preocupado com essa declaração do Sr. Gilberto Carvalho. O que significa uma disputa ideológica com evangélicos em torno da Classe C? Olhem que ele disse isso quando falava da suposta necessidade de criar uma mídia estatal que vendesse à "nova classe média" uma ideologia distinta daquela transmitida pela imprensa. Trata-se, pois, da tentativa de "fazer a cabeça" das pessoas em favor dos ideais petistas.
Tenho receio de que essa investida não esteja distante. Já me preocupo com certos líderes evangélicos muito próximos a petistas. Sou terminantemente contrário àquela história de lançar candidatos "da igreja". Sou favorável a que votemos em pessoas compromissadas (a palavra é essa mesmo) com princípios éticos e familiares, mas creio que isso não deve conduzir à indicação de candidatos pela igreja. Ora, isso nunca deu certo!
O que vemos é uma enorme bancada evangélica que não sai do "baixo clero". E quem são os políticos evangélicos mais importantes? São todos aliados do Governo: o baiano Walter Pinheiro, o baiano mas representante do Espírito Santo Magno Malta - cuja única bandeira conhecida é ser contra a pedofilia - e Marcelo Crivella, sobrinho dos pesos-pesados R. R. Soares e Edir Macedo. Na Câmara, todos os deputados evangélicos constituem o "baixo clero", com exceção do controvertido Anthony Garotinho, que, diga-se, também é aliado do PT no nível federal.
Tenho medo de que esse pessoal do PT comece a se infiltrar nas igrejas como líderes de Mocidade, professores, obreiros, pastores. Estou dizendo a verdade. À moda gramsciana, eles tomam o Poder por meio da cultura. Enquanto éramos um grupo menos numeroso e sem maior penetração social e política, eles nos relegavam a um plano secundário. Agora, somos ameaçados pela fala de um ministro que, vejam vocês, é o ideólogo dos petistas em termos de movimentos sociais...
Sinceramente, não sei como alguém que crê na Bíblia como sendo a Palavra de Deus consegue ser petista, porque isso implica em que ele tem de aturar a defesa do aborto, do casamento gay, das ditaduras comunistas, do assistencialismo, do controle das liberdades e da estatização da família. Como será que o senador Walter Pinheiro consegue conciliar tudo isso com seus princípios cristãos? Deve ser difícil. Deve ter crise de consciência todos os dias...
A besta do Apocalipse, aquela que "sobe do mar", não será, claro, nenhum monstro, mas alguém que, representanto interesses de dominação, influenciará as pessoas para a consecução de projetos políticos nada saudáveis. Não estou dizendo que esse ou aquele seja a besta, mas que ideologias estatizantes representam, sim, uma das feições do espírito anticristão, e que uma das formas de perseguição é a moral, ideológica, "neurótica".
Ocorre que em nossos dias a massa de líderes evangélicos se alinhou com o establishment porque isso satisfaz interesses menores, corporativos, fisiológicos, de igrejas locais e estaduais. Esse monstro poderá querer devorar-nos em busca de maior influência sobre a tal "Classe C".
Misturando política com igreja, muitos evangélicos poderão se arrepender de sua politicagem. Eu não vou gostar de conviver com isso, mas desde já preciso me preparar para a batalha ideológico-teológica.
2 comentários:
Pesado o texto, mas foi ao ponto. Que me desculpem os que defendem a presença de evangélicos na política, mas acredito ser muitíssimo difícil - senão impossível - não se contaminar naquele meio, ou, se tentarem se manter puros, não se elegem nem a vereador do interior.
Bom dia.
Alex, conheci o seu blog recentemente, e devo dar-lhe os parabéns pela forma e inteligencia como escreve, tudo pautado nos princípios CRISTÃOS, e não em doutrinas/costumes de denominações (nisso somos iguais). Somos iguais também a respeito de religião e política. Você sintetizou o que eu acho no seu texto e também num outro que achei quando você cita os herodianos (até enviei pro pessoal da minha igreja afim de alertá-los em tempos de eleição).
De novo dou-lhe os parabéns, e informo que ganhou mais um admirador do seu trabalho.
Um grande abraço e fique na Paz.
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