Os aloprados do politicamente correto não nos deixam em paz: eles querem "o outro mundo possível" a partir de um controle da linguagem. As palavras perdem o seu sentido original e passam a significar o que eles querem. É a revolução comunista de Antonio Gramsci, a perversão do idioma, precedente necessário ao ápice revolucionário.
Assim, até mesmo instituições de Estado criam mecanismos de correção e aprimorameno da linguagem. Já quiseram praticamente censurar Monteiro Lobato por seu suposto racismo contra a Tia Anastácia - bem, vivemos o tempo em que Machado de Assis e José de Alencar são parafraseados para gente que não gosta de ler, e Lobato é tido como racista. Então, tire suas próprias conclusões sobre a nossa época.
Mas chego ao que me interessa neste momento: vislumbro o dia em que a Bíblia será censurada, porque a Bíblia não é politicamente correta.
De fato, a Bíblia narra a história de um Deus Criador que resolveu destruir tudo por meio do Dilúvio, salvando uma família, e séculos depois enviou Seu próprio Filho para morrer pela Humanidade, não sem avisar que ainda haverá um Juízo Final sobre os pecadores que não aceitarem a Sua mensagem.
Na Bíblia há registro de homicídios, guerras, sodomia, incesto, estupros, adultério, fome, peste, lepra (ops, hanseníase), apedrejamentos, traição, suicídio.
O Antigo Testamento não é uma biblioteca para crianças - é preciso separar as histórias que podem ser contadas, e, ainda assim, com adaptações.
A Bíblia chama o pecado de pecado, e o atribui ao Homem (mulher inclusa). A Bíblia não pensa como Rousseau, para quem o homem nasce puro e a sociedade o perverte. A Bíblia não ensina que a causa de todos os males é a opressão econômica, como queriam Marx e Engels. A Bíblia não trata muito do Estado, mas do indivíduo, com seus pecados e angústias. Quando cuida de um povo ou das nações, a Bíblia tem em mira, na verdade, o Homem.
O politicamente correto não pensa que o pecado existe - chama-o de fraqueza, doença, tendência, falha, desvio de conduta, produto do meio, herança genética, psicopatia, fúria, influência da multidão.
Para a parte politicamente correta da Humanidade, Jesus Cristo não teria de morrer crucificado, porque isso é plasticamente feio e filosoficamente inaceitável. Para esses, Cristo deveria ter descido à Terra para oferecer Seu exemplo e Suas grandes ideias, contribuindo, assim, para a enorme teia universal de boas ações.
Pecado, vergonha, medo, submissão, morte, Cruz, tudo isso é antipático para o politicamente correto. Este deseja o que é "relevante", o que "dá certo", o que não separa as pessoas.
Sabem o que este mundo deseja? Nada de divisão, mas conciliação. Nada de verdade absoluta, mas relativismos. Nada de diálogo, mas dialética. Nada de guerra, mas diplomacia até com terroristas. Nada de religião, mas filosofia e ciência, apenas. Nada de valores familiares cristãos, mas novos modelos de família. Nada de construção milenar, mas mudanças rápidas e banais todos os dias.
Não admira, pois, que tantas pessoas rejeitem a Bíblia. Ela não se encaixa neste mundo perfeito. A Bíblia foi escrita para um mundo imperfeito.
Um comentário:
Como sempre, muito lúcido seus comentários! Tomei a liberdade de compartilhar o artigo no meu perfil do Facebook.
Postar um comentário