As gravações reveladas pelo juiz Sergio Moro no dia 16/3/2016 mostraram a atuação subterrânea de Lula, Dilma e sua turma. Num das conversas, Dilma avisa a Lula que lhe enviaria imediatamente o "Bessias" (na verdade, Jorge Messias, subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil) com o "termo de posse", para ser usado "em caso de necessidade". A divulgação do áudio provocou manifestações em cidades como São Paulo, Brasília e Salvador.
Por que se suspeita de alguma coisa errada no envio do termo de posse?
(a) Porque Lula seria empossado somente no dia 22/3, conforme divulgação, via Twitter, do próprio Rui Falcão, presidente do PT;
(b) Porque Lula já estava se dirigindo ao aeroporto de Brasília;
(c) Porque termo de posse é, em regra, assinado na solenidade de posse;
(d) Porque houve pressa na nomeação de Lula, publicada em edição extraordinária do D.O.U.;
(e) Porque, sendo investigado na Lava Jato e sem foro privilegiado, Lula poderia cair nas mãos do juiz Sergio Moro, o qual tinha em sua mesa pedido de prisão feito pelo Ministério Público paulista, já que o processo relacionado ao apartamento do Guarujá tinha sido encaminhado àquele juiz federal;
(f) Porque a nomeação de Jaques Wagner como chefe de gabinete da presidência com status de ministro - o que é absurdo - corrobora a tese de obstrução da Justiça (fuga de foro), já que Wagner, também investigado, perderia o foro privilegiado ao deixar a Casa Civil para ser sucedido por Lula;
(g) Porque, em conversas gravadas com autorização judicial, Lula é aconselhado a se tornar ministro para ganhar foro privilegiado (orientação do cientista político Alberto Carlos de Almeida); há menção à ideia de Lula se entregar como "preso político" (sugestão do senador petista Jorge Viana); e o ministro Jaques Wagner é acionado pelo presidente do PT, Rui Falcão, para ver como aquele ministro poderia ajudar quanto à iminente prisão de Lula.
Por outro lado, o fato de o termo de posse não ter timbre com o brasão da República parece não dizer muito, pois vídeo da posse de ministros para este mandato, ocorrida em 1 de janeiro de 2016, mostra termos de posse semelhantes ao enviado pelo "Bessias", sem timbre. Além disso, é estranho o termo ter sido encaminhado sem a assinatura da presidente (pode ser, é claro, que esse tenha sido apenas o documento apresentado para reforço de argumento defensivo, mas não temos como descobrir o que de fato aconteceu).
Estamos diante, não há dúvida, de um escândalo absurdamente elevado, o que poderia levar, sozinho, ao impeachment de Dilma Rousseff.
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