A pergunta-título pode parecer tola para quem conhece um pouco de teoria política, mas me parece necessária nestes tempos de confusão. Num contexto de aumento dos críticos e fortalecimento das críticas ao governo petista, surge uma onda de simpatia à direita, mas que às vezes se aproxima perigosamente de apreço pela ditadura militar ou até mesmo pela tortura como forma de combate ao socialismo/comunismo. De outro lado, os socialistas e esquerdistas em geral são levados a confundir direita com militarismo. Ambas as posições, porém, estão erradas!
O militarismo pode ser uma tendência tida por "de direita" por sua adesão às ideias de ordem, estabilidade, força e emprego das Forças Armadas e Forças Policiais como agentes políticos, mas anda muito distante do liberalismo, do conservadorismo e do liberal-conservadorismo. Mais do que isso, o militarismo, por ser uma ideologia, não apetece em nada aos conservadores, avessos que são a qualquer tipo de ideologia, à esquerda e à direita.
Se eu não estiver enganado, o militarismo se parece com o positivismo, já que este entende a (boa) sociedade como sendo necessariamente estruturada de modo rígido e funcional, em busca da ordem para o progresso.
Para ser contra a esquerda não é preciso ser militarista nem positivista - assim como não é preciso ser monarquista, "olavista" nem "bolsonarista". Para ser contra a esquerda existem boas opções, que estão entre o liberalismo e o conservadorismo.
Vale dizer que conservadorismo nada tem que ver com reacionarismo: o conservador olha para o passado buscando preservar tradições, crenças, valores e instituições aprovados pelo tempo; o reacionário, por sua vez, olha para o passado buscando preservar... o passado.
Creio que muita genta boa, no desejo de não ser esquerdista, acaba caindo no conto militarista, por suposta falta de opção. Mas é possível conhecer o mundo de uma perspectiva que não se paute pela força como instrumento de legitimidade política.
Nenhum comentário:
Postar um comentário