A história de Davi está repleta de lições a respeito da vocação divina. Devo dizer que em minha concepção todo rei de Israel ou de Judá é um modelo de pastor, positivo ou negativo, pois Israel foi escolhido para ser povo de Deus, assim como a Igreja. Davi foi literalmente pastor de ovelhas, e depois passou a apascentar o povo de Deus.
Para nossa edificação quanto à teologia do chamado divino (hiperetologia), creio que podemos extrair as seguintes passagens do registro bíblico acerca de Davi:
(1)Davi foi escolhido por Deus antes que Samuel se dirigisse à sua casa, em Belém de Judá. A unção com azeite, realizada pelo sacerdote-profeta Samuel, foi um ato de declaração da vontade divina já concebida;
(2)Deus não escolhe segundo a aparência, mas segundo o coração. Isso não significa que Deus sempre escolha os sem-aparência, mas que não escolhe conforme o critério da aparência. É preciso dizer que Davi tinha boa aparência, mas, diferentemente dos seus sete irmãos, tinha mais do que isso;
(3)O azeite da unção simboliza claramente o Espírito Santo. Ao ser ungido, Davi foi tomado pelo Espírito de Deus. Ele precisava de poder para o bom desempenho de sua vocação;
(4)Mesmo depois de ungido rei, Davi permaneceu um bom tempo sem o reconhecimento como rei de Israel. Mas circunstâncias que ele não criou o levaram para perto do rei Saul, já rejeitado por Deus. Como o rei estava sendo perturbado por um espírito maligno, ordenou que alguém tocasse para ele, a fim de o tranquilizar. Foi então que um jovem deu referências de Davi, com as seguintes características: “sabe tocar”; é “valente”; é “animoso”; é “homem de guerra”; é “sisudo em palavras”; e “o SENHOR é com ele”;
(5)Ao ver que o gigante Golias insultava o povo de Israel, Davi questionou quem era aquele “incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo”. Com isso Saul o mandou chamar. Foi uma primeira demonstração de coragem;
(6)Eliabe, irmão mais velho de Davi, achou que ele era presunçoso e maldoso, e que fora ali apenas para ver a guerra. Com menosprezo, perguntou a quem Davi deixara suas “poucas ovelhas”. Deve ter sido inveja, medo de que Davi sobressaísse. Davi tinha o seu potencial, e isso causava receio em seu irmão;
(7)Ao conversar com Saul, Davi recordou suas experiências enfrentando um urso e um leão. Tomou esses episódios como prova de que poderia vencer o gigante;
(8)Davi tinha fé em Deus – que não é ausência de dúvidas, mas domínio do medo. Suas palavras em I Sm 17.45-47 são sublimes;
(9)Apesar de trabalhar para Saul, Davi não era conhecido, a ponto de o rei sequer saber a que família ele pertencia;
(10)O crescimento de Davi aborreceu Saul. Ele achou que Davi queria o reino para si, o que não era verdade. Num momento de influência demoníaca, arremessou uma lança contra Davi por duas vezes!
(11)Davi conduzia-se com prudência e era carismático, amado pelo povo. Com inveja, Saul o colocou numa posição em que ficaria mais distante, agora como chefe de mil soldados. Mas o reconhecimento de Davi entre o povo só aumentava, e sem que ele se esforçasse para isso. A facilidade com que Davi “entrava e saía” no meio do povo preocupou Saul imensamente. O homem foi sendo tomado de um sentimento macabro;
(12)Saul ofereceu sua segunda filha a Davi, mas como cilada para o matar – a fim de se casar com a filha do rei, o rapaz teria que matar nada menos que 100 filisteus. Davi matou 200. Quanto mais Saul criava estratagemas, pior ficava a sua situação, pois Davi crescia entre os súditos de Israel;
(13)Por muito tempo, Davi sofreu intensa perseguição pelas mãos de Saul – desse período, em meio às perseguições, são os Salmos 59, 56, 57, 52, 142. Foi salvo da morte por seu amigo Jônatas e por sua esposa Mical; foi ajudado pelo sacerdote Aimeleque, que lhe deu pão e a espada de Golias, e pagou com a vida por causa disso, assim como todos os sacerdotes da cidade de Nobe. Davi até teve que fingir demência diante do rei Aquis, de Gate (cidade dos filisteus), quando percebeu que os criados do rei conheciam sua fama. Em seguida, refugiou-se na Caverna de Adulão, onde também se recolheu “todo homem que se achava em aperto, e todo homem endividado, e todo homem de espírito desgostoso” (líder que era, Davi acabou chefiando esses cerca de 400 homens cheios de problemas);
(14)Embora fosse ajudado por Jônatas, por sua esposa e por alguns sacerdotes, e estimado pelo povo, Davi sofreu com a ajuda que algumas pessoas prestaram a Saul Foi o caso de Doegue, criado de Saul, que denunciou o lugar de seu esconderijo entre os sacerdotes de Nobe. Foi o caso também dos moradores de Zife, que se dirigiram a Saul para falar onde Davi se escondia. Antes disso, Davi só fugiu da cidade de Queila porque Deus o avisou que o povo da cidade o entregaria nas mãos de Saul, mesmo tendo ele acabado de livrar a cidade das mãos dos filisteus;
(15)A unção de Deus não livrou Davi de sérios problemas e circunstâncias inesperadas: não bastasse a renhida perseguição promovida por Saul, aliou-se ao rei Aquis, de Gate, e venceu batalhas em nome dos filisteus. Vale lembrar que Golias era filisteu, justamente da cidade de Gate. Davi agora guerreava em nome dos filisteus! Certamente esse não era o seu sonho, e jamais poderia imaginar que a unção de Deus permitiria uma situação daquelas. Mas aconteceu. E mais: depois de voltar de uma preparação para a batalha (contra seu próprio povo de Israel), Davi contempla a cidade de Ziclague saqueada e queimada, obra dos amalequitas. Todas as mulheres e crianças haviam sido levadas como prisioneiras, incluindo suas duas esposas (Deus tolerava a bigamia, mas essa é outra história). Agora o povo queria apedrejá-lo. Ziclague era uma cidade dos filisteus, mas o rei Aqui a concedeu a Davi. O que ele fez? Foi aos amalequitas, matou quase todos e recuperou tanto os prisioneiros como os bens saqueados, além dos despojos da batalha;
(16)Davi era um homem especial. Por duas vezes teve oportunidade de matar Saul e não o fez, por se tratar do “ungido do SENHOR”. Mais tarde, morto Saul, Davi ordenou a morte do homem que alegou ter tirado a vida de Saul a pedido deste – o que não era verdade. Davi ainda chorou a morte de Saul, que tanto o perseguira, e fez uma lamentação nesse sentido. Era um homem de coração bom.
(17)Davi foi aclamado rei de Judá, onde reinou por 7 anos, e depois, rei de todo o Israel, onde reinou por 33 anos. Foram 40 anos de reinado precedidos de um bom tempo de perseguição, sofrimento, ansiedade e risco de vida.
O que podemos dizer aos vocacionados de hoje ou a quaisquer pessoas que pretendem olhar para a história de Davi e aprender sobre a teologia da vocação?
É Deus quem escolhe os Seus. Antes de haver o reconhecimento pelas pessoas, há o reconhecimento da parte de Deus. É Deus quem escolhe, não o povo (mesmo que o sistema de escolha seja democrático ou congregacional).
Pode demorar, pode haver perseguição, pode haver problemas e circunstâncias adversas, surpreendentes, mas a unção de Deus não pode errar. O homem erra. Deus, não. Um dia, o reconhecimento virá para a glória de Deus e para o cumprimento de Seus santos e perfeitos desígnios.
A unção divina não livra o vocacionado de ser alvo de intrigas, estratagemas ou violência. Na verdade, quem é carismático, talentoso e íntegro pode esperar para ter problemas com os invejosos, principalmente com os invejosos que têm poder. Eles farão de tudo para derrubar os vocacionados que reúnem essas qualidades. A inveja é um sentimento feio e perverso. Homens poderosos cheios de inveja podem cometer coisas horríveis. Mas a inveja também pode ocorrer dentro de casa: não foi Eliabe quem chamou Davi de presunçoso e maldoso, e menosprezou o seu trabalho com as “poucas ovelhas” de que ele cuidava?
Fingir loucura, morar numa caverna, fugir pelos desertos, guerrear por uma nação estrangeira, ser acompanhado por centenas de homens angustiados e endividados, ver sua família levada cativa – foi essa a vida que Davi sonhou ao ser ungido? Mas Deus lhe deu o pacote completo. Um dia, vencer o gigante de três metros; outro dia, lutar pelo povo do gigante de três metros...
É assim a vida. Davi teve altos e baixos até ser constituído como rei, mas nunca esmoreceu, nunca duvidou do seu chamado, nunca questionou a unção recebida, nunca buscou antecipar os fatos. Entendeu que as coisas tinham o seu tempo.
Como vimos, são muitas as lições da história de Davi para os vocacionados. Fique com a sua que eu fico com a minha. Amém.
Seja bem-vindo a este blog! Meu objetivo principal é depositar aqui reflexões bíblico-teológicas, com espaço também para poemas, crônicas e idéias sobre política, cultura e generalidades. E acredito que Fé e Razão não precisam viver em conflito.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
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Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.
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- Alex Esteves da Rocha Sousa
- Um cristão.
Bases de Fé
Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.
Um comentário:
Excelente estudo, irmão! Talvez o melhor de todos até hoje publicados. Que Deus continue a iluminá-lo.
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