terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Idiossincrasia do meu povo, na perspectiva da auto-crítica

Nós construímos templos centrais enormes e confortáveis, mas nem sempre atendemos às congregações menores, periféricas e pobres.
Nós apoiamos projetos gigantescos que dão visibilidade a líderes personalistas.
Nós não apreciamos ações anônimas pelo Reino de Deus.
Nós empregamos o tosco argumento de que o líder fulano de tal ensina umas heresias de vez em quando, mas dá frutos, ganha almas para Jesus...
Nós parecemos os políticos brasileiros que votam projetos visando a interesses pessoais, interesses de grupos e interesses mesquinhos.
Nós lutamos pelo poder, mesmo que seja sobre um pequeno rebanho de irmãos analfabetos funcionais, ou sobre o grupo da mocidade, o grupo das senhoras, o conjunto coral...
Nós imitamos o mundo, ao mesmo tempo em que criamos uma cultura evangélica toda especial, com linguagem, música e costumes diferentes.
Nós não temos influenciado positivamente a sociedade brasileira.
Nós não somos mais perseguidos nem tolerados, mas abertamente aceitos pela sociedade pluralista – e achamos vantajosa essa triste simbiose.
Nós idolatramos pregadores sensacionalistas, ocos de conteúdo, que têm simplesmente o poder de encantar platéias e fazer teatro com a Bíblia em punho.
Nós não entendemos a diferença entre teologia e formalismo teológico – achamos que estudar teologia conduz necessariamente a um tipo de esfriamento espiritual.
Nós acusamos os irmãos tradicionais de frieza, e nisso somos injustos.
Nós fechamos os olhos para o que a Universal do Reino de Deus e a Internacional da Graça de Deus têm feito, e ainda queremos descobrir o segredo do sucesso deles, ainda que sejamos um tanto tímidos na imitação de suas artimanhas.
Nós estamos abandonando o grande legado deixado pelos pioneiros e pelos primeiros pastores e líderes de nossa igreja, mas achamos que nossa tradição tem sido seguida à risca.
Nós estamos nos vendendo à Teologia da Prosperidade, à Confissão Positiva.
Nós consagramos certos cantores evangélicos a praticamente profetas para a nossa juventude, quando sua teologia é centrada no subjetivismo, na auto-ajuda e no antropocentrismo.
Nós desprezamos as excelentes revistas de escola dominical e a farta literatura de nossa igreja, e nos apegamos a festas, congressos e outras coisas que às vezes me soam meras frivolidades.
Nós temos uma teologia muito séria na teoria e uma teologia "nonsense" na prática.
Nós gostamos de títulos e aparatos.
Nós temos em nosso meio muitos e muitos irmãos tristes ou amargurados desde o dia em que aprenderam a pensar diferente.
Nós instituímos, ao longo dos anos, a noção de que pastor é senhor, quando deveria ser servo.
Nós instituímos, ao longo dos anos, a noção de que pastor-presidente é um homem todo-poderoso, inacessível, de mando unilateral, quando em outras igrejas, ou mesmo em algumas das nossas, a gente vê que pastor é um homem vocacionado para servir pela Palavra de Deus, com humildade e pessoalidade.
Nós aprendemos que ser crente é participar ativamente de todos os trabalhos da igreja, compor aqueles conjuntos musicais, usar uns chavões, e que mais crente ainda é o que um dia falou em "línguas estranhas".
Nós também temos muitas qualidades, mas o auto-exame para a correção de pecados ainda é uma virtude cristã.

6 comentários:

Anônimo disse...

realmente otimo texto ja copiei para colocar no flaneografo da igreja

João Armando disse...

Mais uma vez, parabéns pelo texto. Repassarei para alguns contatos meus.

Anônimo disse...

Grande Alex...
Ao ler seu texto me lembro dos debates em sala de aula... um grande abraço e que Deus continue a lhe sustentar nesse caminhar de vida em Cristo.
ps. voce faz uma falta enorme na sala de aula aqui da Fathel/MS... feliz ano novo a vc e seus familiares...
Aldo
aldobafer@hotmail.com.br

Felipe Emanuel Proença disse...

CARO ALEX , CONHECI O SEU BLOG ATRAVES DO PULPITO CRISTÃO, Li ALGUMAS POSTAGENS SUAS E SÃO MUITO BOAS, TOMEI A LIBERDADE DE COPIAR A POSTAGEM: Uma projeção para 2058* E MANDEI PARA ALGUNS CONTATOS E TAMBEM A PUBLIQUE EM MEU BLOG, ESPERO QUE NÃO SE ENCOMODE.
PARABÉNS PELO SEU TRABALHO, QUE CONTINUE SEMPRE,NA DIREÇÃO DE DEUS.

Henrique disse...

"Nós construímos templos centrais enormes e confortáveis, mas nem sempre atendemos às congregações menores, periféricas e pobres.

Nós lutamos pelo poder, mesmo que seja sobre um pequeno rebanho de irmãos analfabetos funcionais, ou sobre o grupo da mocidade, o grupo das senhoras, o conjunto coral...

Nós imitamos o mundo, ao mesmo tempo em que criamos uma cultura evangélica toda especial, com linguagem, música e costumes diferentes.

Nós não temos influenciado positivamente a sociedade brasileira.

Nós não entendemos a diferença entre teologia e formalismo teológico – achamos que estudar teologia conduz necessariamente a um tipo de esfriamento espiritual.

Nós estamos abandonando o grande legado deixado pelos pioneiros e pelos primeiros pastores e líderes de nossa igreja, mas achamos que nossa tradição tem sido seguida à risca.

Nós gostamos de títulos e aparatos.

Nós temos em nosso meio muitos e muitos irmãos tristes ou amargurados desde o dia em que aprenderam a pensar diferente.

Nós instituímos, ao longo dos anos, a noção de que pastor é senhor, quando deveria ser servo.

Nós instituímos, ao longo dos anos, a noção de que pastor-presidente é um homem todo-poderoso, inacessível, de mando unilateral, quando em outras igrejas, ou mesmo em algumas das nossas, a gente vê que pastor é um homem vocacionado para servir pela Palavra de Deus, com humildade e pessoalidade.

Nós aprendemos que ser crente é participar ativamente de todos os trabalhos da igreja, compor aqueles conjuntos musicais, usar uns chavões, e que mais crente ainda é o que um dia falou em "línguas estranhas"."

Esses trechos são o mais preciso diagnóstico de nossa denominação que vi nos últimos tempos. Temos que orar e trabalhar para que isso mude... Eu os copiei para divulgá-los de alguma forma, se não se importar. Abraço Alex!

Atalaia disse...

Pois é Alex, eu cansei disso tudo,eu emendaria com:também fechamos a porta do reino para homens que usam barba,quando o próprio Senhor da igreja e seus apóstolos a possuíam(loucura,melhor dizendo,heresia!). Dizemos que pregamos salvação pela graça,mas pregamos a lei do dízimo com todas ameaças malaquianas,e chamamos de ladrão de Deus,quem não praticar a lei.Dizemos que acreditamos no evangelho ,que diz claramente que o reino de Deus não é comida nem bebida,e à semelhança dos fariseus,nos escandalizá-mos com quem come e bebe com pecadores.Dizemos que devemos ser imitadores de Jesus,mas loucamente,carnalmente,imitamos os fariseus e condenamos quem bebe vinho,quando Jesus tranformou água em vinho em uma festa de casamento.Dizemos que a bíblia é nossa regra de fé e prática e pregamos não toque ,não coma ,não beba,quando a própria palavra diz que o rigor ascético tem somente "aparência" de sabedoria e "falsa" humidade mas que não tem valor algum,senão para a satisfação da carne(justiça própria).E finalmente, por não suportár-mos a sã doutrina,por ex.Lc 16:18,"qualquer que deixa sua mulher e casa com outra adultera;e aquele que casa com a repudiada pelo marido adultera também",sim, digo,por não suportar-mos estas palavras do Senhor Jesus,amontoamos mestres para nós segundo nossas próprias concupscências, assim dando textemunho de nós mesmos de que somos parte de uma geração adúltera que adora e pede sinais.



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Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.