terça-feira, 13 de outubro de 2009

Ainda sobre o Congresso Transformando a Missão – o que falta dizer

Preciso dar continuidade ao texto anterior, para não ser injusto comigo mesmo: depois daquele artigo – A Assembleia de Deus e a Missão Integral, em que me refiro a alguns dos preletores –, houve muitas outras coisas que devo comentar. Vejamos:
Tivemos uma conferência com o Pr. RICARDO GONDIM. Com todo o respeito e admiração que tenho por ele, não posso deixar de registrar algumas coisas. Ele disse expressamente que Deus não está no controle dos fatos, e usou as tsunamis como “prova” disso. Declarou que o pecado é necessário para a formação de cada um de nós. Afirmou que Deus não abre porta de emprego, deixando a entender que não adianta orar sobre isso, porque depende da conjuntura socioeconômica. Citou KARL BARTH para sustentar a ideia de que a volta de Jesus já ocorreu cinco vezes – o que sugere que não volte mais.
Isso tudo causou tanta estupefação que, na mesa de diálogo entre ARIOVALDO RAMOS e ED RENÉ KIVITZ, no dia seguinte, a cada declaração mais ortodoxa havia palmas e até uns gritos de “aleluia”. E alguém, aflito com certas afirmações, perguntou a ARIOVALDO RAMOS se ele cria que Deus é soberano, que existe pecado, que Jesus vai voltar...e ele disse “sim” para todas as perguntas. Ao mesmo tempo, ED RENÉ KIVITZ teve a admirável ousadia de dizer que, para quem visitou as salas de sua casa à época de sua infância, em são Paulo, há certas coisas que não devem ser atribuídas à cultura, mas aos demônios. Resultado: umas palmas ali e uns resmungos acolá.
Fiquei chateado também com um pastor que não considerou o trabalho de JAIME KEMP na área de sexualidade e fez piada de ROBINSON CAVALCANTI, por ter ele supostamente mudado. Chamou AUGUSTUS NICODEMUS LOPES de “conservador”, o que não chega a ser uma censura, a não ser em um círculo tão esquerdista como aquele.
De fato, o Congresso Transformando a Missão pareceu-me bastante esquerdista. Tudo bem, não é pecado ser de esquerda! Mas eu fui ali discutir Teologia da Missão Integral, e acabo ouvindo elogios a HUGO CHÁVEZ e LULA, assim como a frase de JOSÉ CONBLIM: “Todo pecado decorre do pecado da dominação dos ricos sobre os pobres”. Perdoe-me padre CONBLIM, mas onde está escrito isso na Bíblia? O pecado social é a base de tudo? Não posso crer nisso.
Outra coisa que ouvi ao vivo que me deixou triste: quando perguntei (oralmente, já que o mediador da mesa redonda achou minha letra ruim) se não era perigoso eleger a igualdade social em detrimento das liberdades fundamentais, o Pr. RENÉ PADILLA respondeu, olhando para o papel com a minha pergunta: “Liberdades fundamentais? Liberdade de imprensa, por exemplo, é a garantia de dominação dos meios de comunicação pelos poderosos. Por isso, o importante é a satisfação de necessidades básicas, isso é que importa”. Sendo assim, para RENÉ PADILLA liberdade de imprensa não é importante. Ele disse isso expressamente. Eu estava lá, ninguém me contou.
Em meu comentário ao fazer a pergunta, disse a todos que ali estavam: não podemos eleger este ou aquele nome, mas falar como profetas sobre o que está certo ou errado. Não podemos escolher igualdade social em detrimento da ética e das liberdades fundamentais. Mas para alguns teólogos de esquerda a igualdade social está acima de tudo, mesmo que passando por cima da liberdade individual. Esse evangelho socializante eu não quero!
Eu sei que ali havia pessoas fazendo propaganda de evento sobre sexualidade, com ênfase na teologia gay. Eu sei que ali havia pessoas defendendo um entendimento ecumênico com religiões não-cristãs. Eu sei que ali havia pessoas muito preocupadas com doutrinas políticas socialistas, quiçá marxistas. Eu sei de tudo isso, esse não é o maior problema...
Meu medo é que isso se torne a regra na Igreja. Tenho medo que se fortaleça uma geração de pastores com doutrinas da teologia liberal, que nega o Deus Soberano, que nega a existência do pecado, do Diabo e dos demônios. O que a teologia liberal fez com a Europa? Ao menos o Dr. DELSON, que falou de Fé e Ciência numa das oficinas, falou o que o Racionalismo fez na Europa: como gideão internacional, teve dificuldade de dar 25 edições do Novo Testamento quando passou por países da Escandinávia; templos protestantes são transformados em museus; livros satanistas são vendidos para crianças – ele mostrou um desses livros, comprado na França; uma igreja europeia com 40 membros é grande. Foi isso o que o Liberalismo fez com a Europa.
Apesar disso, o saldo do Congresso foi positivo. Voltei animado para minha casa, conversando com meu cunhado, que me acompanhava nesses dias. Renovamos nossas forças. Dei testemunho disso no culto de domingo – justamente culto de missões. E a igreja se alegrou com o testemunho.
Precisamos nos fortalecer teológica e espiritualmente para essa batalha. Eu quero estar do lado daqueles que não precisam de mecanismos de racionalização/justificação diante de uma sociedade pervertida. Diálogos sempre são bem-vindos. Mas, com todo o respeito, nossa identidade deve estar bem esclarecida e assentada. Do contrário, que diálogo haverá? E como ouvirão se não há quem pregue o que deve ser pregado, mesmo que doa, mesmo que a mensagem pareça dura demais, conservadora demais, obscurantista demais?

3 comentários:

José Augusto disse...

Olá Alex, foi uma grata satisfação conhecer seu blog. Confesso que não o foi por indicação, mas via Google. Procurava material para o meu pré-projeto de mestrado e encontrei um texto seu: Rascunhando temas de "teologia negra", muito bem escrito por sinal.

Sou pastor e professor de teologia em Dourados-MS (e como você já morou aqui no estado deve conhecer nossa cidade). Faço essa consideração por dois motivos: Primeiro, para parabenizá-lo não só pelo texto supra citado, mas por todas reflexões teológicas que Deus lhe têm dado e que eu tive a oportunidade de ler aqui no blog. Obrigado pela sua disposição em compartilhá-las.

Segundo, quero ser mais uma voz de motivação na sua caminhada bíblica-teológica. Quando possível, se já não o fez, retome os estudos da teologia acadêmica. A Igreja de Cristo precisa de pessoas como você. Pessoas que ousem pensar e experimentar um cristianismo para além da caixa de dogmas e doutrinas denominacionais.

Um forte e terno abraço!

João Armando disse...

Eu já tinha muitíssimas reservas com respeito ao Ricardo Gondim, principalmente com respeito às suas ideias estranhíssimas de "teísmo aberto" e coisas semelhantes - e sequer sabia dessa história que ele anda a dizer que Jesus já veio cinco vezes (entendendo-se que não vem mais).

É inevitável lembrar a advertência apostólica em 1 Pedro 3: "... nos últimos dias, virão ESCARNECEDORES com os seus ESCÁRNIOS, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda?" (ênfase acrescida). E não custa lembrar que os "Testemunhas de Jeová" também dizem que Jesus já veio. Esse cidadão está em boa companhia...

PROF. THIAGO NOGUEIRA disse...

De fato, fazemos diferença quando oramos, quando nos colocamos na presença de Deus, quando insistimos em permanecer diante da FACE DE DEUS.

Não significa desprezar a dor à moda dos filósofos estóicos; não significa ignorar a realidade tal como os gnósticos que atuavam no Vale do Rio Lico e ameaçavam o crescimento das igrejas de Colossos, Hierápolis e Laodicéia.

Orar não é fuga do cotidiano duro e não deve inaugurar uma atitude monástica.

Samuel fez a diferença em ser o que deveria ser na Presença de Deus (e era humano, e errava).

Os filhos de Israel comissionaram Samuel a ser um intercessor de toda casa de israel ("Não cesse de clamar ao Senhor, nosso Deus, por nós, para que nos livre das mãos dos filisteus", II Sm. 7:8) e isto fez toda a diferença posto que os filhos de Israel derrotaram os filisteus - e permaneceram vitoriosos enquanto foram fiéis ao Senhor.

A oração fez toda diferença na vida de Enoque que andou tanto com Deus que foi arrebatado!

A oração fe muita diferença na vida de Moisés que teve de suportar a dura cerviz de um povo que não aprendia porque era teimoso. Mas ele orava, intercedia, clamava e chegou a pedir a Iawé que o seu nome fosse apagado do livro da vida.

A oração foi decisiva na vida de Ana, mulher de Elcana que se tornou mãe de Samuel. E Ana se relaciona com o sacerdote Eli justamente por causa do voto feito em oração.

Ana daria ao sacerdote Eli o seu próprio filho - o pequeno Samuel, e é importante lembrar que Samuel não surge na vida de Ele de modo gratuito ou inconsequente, pois filhos de Eli viveram a humanidade manchada pelo pecado e não atentaram que estavam na presença do Criador (o infinito Deus que oferece graça aos humanos suportarem o peso da finitude amparados na infinitude de Deus).

A oração fez toda diferença na vida de Jesus. Ele mesmo orava - e como Ele orava. Nem mesmo a cruz foi humilhante ou dolorosa a ponto de impedir a intercessão de Jesus.

Samuel aprendeu a ouvir a voz de Deus "desde cedo" de modo a discernir o essencial do não essencial; o certo do errado; o falso do verdadeiro; o permanente e o provisório.

Não sem razão ele fez tanta diferença - para o bem, em Israel.



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Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.