Tenho acompanhado com atenção toda a polêmica em torno das declarações do deputado Jair Bolsonaro (PP/RJ) ao programa CQC, da Band (28/03), bem como as declarações que ele tem feito depois disso sobre o homossexualismo.
Primeiro, não gosto do estilo nem de boa parte do discurso desse deputado saudoso do militarismo e com jeito autoritário. Que isso fique bem claro! Ele não pensa para falar ou pensa tudo aquilo mesmo e faz um péssimo serviço ao Brasil, como suposto defensor da família brasileira, mas com argumentos preconceituosos e de fácil refutação. Com efeito, para defender as causas da família é preciso falar com fundamentação teórica, pois a patrulha ideológica é assaz "preparada" para tachar de fundamentalistas os seus adversários no diálogo. E os ativistas gays e demais do esquerdismo político sabem quais são os interlocutores sensatos, mas não é interessante discutir com gente qualificada do outro lado.
Todavia, creio que o parlamentar se enganou ao responder à pergunta da Preta Gil: é evidente que ele misturou as coisas, e, em vez de responder o que faria se seu filho se relacionasse com uma mulher negra, foi logo tratando de promiscuidade, educação, ambiente familiar...O próprio Marcelo Tas, do CQC, deu uma indicação de que poderia ter havido esse equívoco, o que foi depois sustentado pelo próprio deputado.
Agora, é claro que o movimento gay jamais vai admitir que o deputado se atrapalhou. O deputado Jean Wyllys, meu conterrâneo de Alagoinhas/BA - e a quem conheci em Pojuca, na Fundação José Carvalho, onde estudamos - é um daqueles que têm aproveitado a repercussão do que o deputado falou para fomentar o discurso "contra a homofobia". Não bastasse, o deputado alagoinhense, eleito pelo PSOL do Rio de Janeiro, já disse que com certeza o deputado queria se referir a mulheres negras mesmo, e que ele praticou racismo.
Ora, deputado Wyllys, o senhor é inteligente para saber, pelo contexto, o que de fato aconteceu, mas é melhor explorar o caso como racismo porque a Lei da Homofobia não foi aprovada - enquanto, sem perda de tempo, se exploram as palavras de Bolsonaro para dizer que se trata de um representante da postura homofóbica que impera no Brasil... Se Jean Wyllys não fosse tão perspicaz como me parece, chegaria a pensar que ele acredita mesmo no que diz.
Que o deputado Jair Bolsonaro fala demais eu não tenho dúvida: já chamou a deputada Maria do Rosário (PT/RS) de "vagabunda" - depois que ela o chamou de "estuprador"; já disse que FHC deveria ter sido fuzilado na época da ditadura; já disse que daria uma surra num filho "meio gayzinho". Ele fala coisas impróprias, sim, mas é de se perguntar: ele pode ser processado por discordar do homossexualismo? Ele não tem direito de se expressar, ainda que com aquele jeito truculento dele? Estamos de volta à censura? Ele por acaso incitou o povo à violência? Ele cometeu um crime? É necessário responder com clareza a essas perguntas.
Mas não ficamos só por aí. Não sei se querendo atrair os holofotes da imprensa - porque entre os pentecostais ele já tem um enorme sucesso... - o deputado (!) e pastor evangélico Marco Feliciano escreveu no twitter que os africanos são amaldiçoados porque Noé amaldiçoou seu neto Canaã, e que por isso eles sofrem fome, guerras étnicas, miséria...É muita impropriedade para uma pessoa só. E ainda tem a coragem de dizer que isso é teologia!!! Se teologia fosse isso, iria abandonar meu curso de Especialização em Estudos Teológicos!!! Mas não, isso não é teologia mesmo! É falta do conhecimento mais básico.
Pastor (!) Marco Feliciano, os descendentes de Canaã, que foi amaldiçoado por Noé, não ocuparam a África - seja a subsaariana, seja aquela em que se situa a Líbia, citado pelo senhor. Os descendentes de Canaã ocuparam...Canaã. E, mais do que isso, não há razão teológica para afirmar que pesa maldição sobre um país ou continente em especial, porque isso importaria em maldição hereditária, doutrina que não encontra substrato bíblico. A maldição que existe sobre toda a Humanidade é a decorrente do pecado, mas este é universal. Logo, o senhor também estaria debaixo da maldição do pecado se não houvesse recebido a Salvação pela graça, mediante a fé - estou supondo que o senhor conheceu Jesus.
Fico indignado com isso: de um lado, os despreparados e demagógicos Jair Bolsonaro e Marco Feliciano; de outro, o preparado e bem-falante Jean Wyllys. É certo que, numa discussão entre tais personagens, a mentira parece verdade, e a verdade parece mentira. No meio de tudo, aparece a Preta Gil para fazer um estardalhaço e processar por isso e aquilo. E aqueles que realmente conhecem a Bíblia e adotam uma forma serena de discutir temas polêmicos ficam de fora da mesa de debates.
É, meus amigos. Quem se habilita a ser voz sensata em favor da ética cristã?
2 comentários:
Pois é, tanta baboseira - é difícil saber quem se esmerou mais no FEBEAPÁ ('festival de besteiras que assola o país"), para emprestar o neologismo de Barão de Itararé!
Só me lembrei de Paulo (Rm 1.21) "pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira." Não é mera coincidência que o apóstolo se referia a pessoas que praticam o homossexualismo ao dizer essas palavras.
“No fundo somos todos iguais, as diversidades estão nos olhos de quem as vêem e enquanto as vê-las existirá ainda muita injustiça e violência entre os homens.”
(Cientista e Pensador Herbert Alexandre Galdino Pereira)
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