domingo, 23 de novembro de 2008

Por que não faço parte do "ministério da crítica"

Certa vez minha esposa proferiu uma frase que considerei muito interessante, sendo mais ou menos assim: "Parece que tem pessoas que exercem o ministério da crítica". Ela tem razão: existem pessoas que constroem carreira à base de criticar opiniões e posturas alheias, mas sem fornecer uma contribuição positiva ao mundo.
Ela não estava se referindo aos críticos de cinema, de música nem de literatura - embora haja quem defenda a tese de que um crítico é um artista frustrado...Mas, pelo que lembro, ela se referiu aos crentes que vivem de criticar, e só.
Considerando alguns comentários que recebi por causa deste "blog", e que menciono no texto "Minha vida de blogueiro", fiquei pensando se eu sou um membro do tal "ministério da crítica", se estou baseando meu trabalho cristão na crítica aos outros, sem fazer nada - porque essa é uma acusação que já me fizeram aqui.
Por causa de comentários dessa natureza, já fiz outros textos neste "blog", ou comentários a comentários de leitores. Tenho por objetivo neste "blog" mostrar que a fé cristã tem que ver com raciocínio; que devemos ser como os crentes de Beréia, analisando tudo o que se nos é apresentado(At 17.11); que não podemos aceitar tudo o que se diz "evangélico" só porque alguém disse que é bom; que minha cabeça foi feita para funcionar; que profetas e apóstolos enfrentaram duramente heresias e heréticos, como falsos profetas e falsos apóstolos; que é necessário conhecermos as doutrinas fundamentais da Fé Cristã; que devemos nos afastar de influências como o Gnosticismo, Esoterismo e Religiões Orientais, que andam se apossando até mesmo de mentes de cristãos históricos!
Entendo que a redação destes textos é importante, mas não exclusiva. Há muitas outras vozes ortodoxas, e bem mais fundamentadas do que a minha. Apenas creio que cada um deve cumprir o seu chamado. Se eu fui chamado para ensinar, escrevendo ou falando, e se estou vendo que heresias e modismos têm marcado o suposto "crescimento evangélico" no Brasil, por que irei me calar? Não, eu não me calo, e nem por isso devo ser considerado o último dos profetas, um pequeno messias, um herói incompreendido. Sou cristão histórico e pronto, com o adjetivo de pentecostal porque sou membro da Assembléia de Deus. Mas não exerço pura e simplesmente a pena contundente da crítica, já que escrevo sobre doutrinas e textos bíblicos também.
O que acontece é que hoje está-se criando um abismo entre os evangélicos históricos e os evangélicos das diversas ondas que o Bispo Robinson Cavalcanti tem chamado acertadamente de grupos "pseudopentecostais". Somos muito diferentes mesmo! E depois querem que eu não critique?
Veja só como não posso aderir a esse "oba-oba" de certas igrejas e comunidades tupiniquins ou importadas:
a) Não creio em direitos em face de Deus: tudo que tenho e sou decorre da Graça. Por isso não posso reivindicar nada diante de meu SENHOR, tampouco exigir restituição, determinar, decretar, tomar posse, visualizar a bênção;
b) Não creio que a igreja deva priorizar templos suntuosos, mas as pessoas;
c) Entendo que o novo nascimento é algo que deve ser ensinado com insistência, assim como todas as doutrinas fundamentais do Evangelho de Cristo;
d) Estou certo de que a Revelação cessou, estando plenamente contida no Antigo e Novo Testamento;
e) Estou certo de que o Novo Testamento é espelho e cumprimento do Antigo;
f) Não me emociono com pregações sensacionalistas, de auto-ajuda, teatrais e alegóricas;
g) Estudo a Bíblia usando a cabeça e a fé;
h) Valorizo a teologia porque estudar não é pecado, mas ferramenta dada pelo próprio Deus para o conhecimento e edificação;
g) Entendo que não posso ser medido pelo que faço ou deixo de fazer, mas pelo fruto, que é questão de caráter;
h) Tenho total desconfiança de projetos eclesiásticos erigidos sobre líderes centralizadores;
i) Corro de alianças entre igrejas e políticos, e tenho profunda tristeza quanto aos políticos que se aproveitam de serem evangélicos;
j) Não aceito de modo nenhum a confissão positiva porque ela é de origem pagã, hindu;
l) Não me satisfaço com argumentos do tipo: "Você pensa assim porque não crê". E respondo: "Você crê assim porque não pensa".
m) Tenho convicção de que a Bíblia não pode ser interpretada como uma colcha de retalhos, um baú de talismãs, uma caixinha de promessas - a Bíblia tem princípios, histórias concatenadas, normas de conduta, critérios intrínsecos de interpretação, não podendo ser lida ao bel-talante do individuo;
n) O fato de eu não ser pastor não me impede de escrever isso, pois sou sacerdote. Se não sabe por quê, leia I Pe 2.9;
o) Finalmente, tenho liberdade para escrever o que penso porque sou independente. Sou membro de igreja, que frequento regularmente, sou até professor de escola dominical, mas minha independência mora em minha consciência, e é por isso que sou um homem livre.
Agora, eventual leitor, se você ainda supõe que não contribuo para o Reino de Deus, devo entender que você precisa conhecer ainda os rudimentos da Fé, que aqui procuro defender, enquanto muitos desconhecem e distorcem.
E, por fim, devo dizer que existem muitos dons, mas não o de criar e ensinar heresias, assim como não existe na Bíblia o ministério da crítica. O que existe é a necessidade de obedecer à Palavra de Deus, porque Jesus Cristo, enfim, é a Palavra (Jo 1.1-3).

10 comentários:

João Armando disse...

O "ministério da crítica" pode não existir com esse nome, mas existe o ministério profético, que implica, sim, em críticas. Críticas ao que está errado, mas também elogios ao que está certo e é bom. Acredito que você deva ter esse ministério - no melhor sentido da palavra. O "xis" da questão são os objetivos, as motivações por trás das críticas. Os profetas bíblicos criticavam, mas sempre chamavam ao arrependimento, sempre apontavam a saída, e sempre a mando de Deus e com amor. Veja-se Isaías capítulo 1 - depois de criticar severamente o povo de seu tempo, o profeta os chama ao arrependimento (versos 16 - 18). Acontece que muitas críticas hodiernas partem de gente (não é o seu caso) que parece pretender mostrar como a igreja evangélica é corrupta, tola, como perdeu o rumo etc. - e, assim, arrumam uma desculpa para sua própria falta de compromisso com o Reino de Deus, e com a própria igreja. Criticam, mas não oram, não participam, não conversam, não amam os que estão no erro...
Acredito que você tem um ministério profético também. Pode até não ter muito "IBOPE" no blog, mas penso que esse ministério não é exercido só através do blog, mas também nas suas aulas, no seu trabalho e na sua convivência na igreja. Exerça-o com fidelidade.

Alex Esteves da Rocha Sousa disse...

Prezado João Armando, seu comentário muito me anima! É para mim uma honra tê-lo como leitor.

Anônimo disse...

Alex, é isso ai... doa a quem doer. Não se cale, nao precisamos esperar as pedras clamarem.
Pr. Sidney

Emerson Bahia disse...

Imagina se nós não falássemos...rs

Abraço!

Anônimo disse...

Irmão Alex,
Talvez não exista o "ministério da crítica", mas existe o "ministério do exame", ou seja, ato de examinar; analisar com atenção e minúcia;observar,sondar...conforme o dicionário Aurélio. Aliás, na Bíblia, como já sabemos, há o versículo que nos orienta a isso: 1Ts 5:21. Então, continue... Graça e paz, Quédia.

MamaNunes disse...

IOncrível como reclamação, queixa, crítica, rendem visitas a blogs e sites. Uma provocação perigosa demais... Por um tempo reclamei muito, mas foi me dando uma especia de gastura (vergonha)...parei! O meu Deus é mais e literalmente amável em todas as suas manifestações! Aleluia!
"Provar todas as coisas...reter o que é bom..." e falar o que é preciso!
Obrigada pelo post.
Um abraço meu mano!

Lavrador disse...

sinceramente que não percebi onde quer chegar.
não percebi se se está a justificar perante alguém que o criticou...
tem muitos "eu" implícitos na sua mensagem.
Penso como você mas não estou revoltado contra ninguém...o mundo em que vivemos é assim e a palavra de Deus é por demais explicita a esse respeito.

Anônimo disse...

Você acaba de ganhar o prêmio Seleção de Ouro do MaisBlog,
para você pegar o selo acesse:
grupomais.blogspot.com
e pege-o no fim da página!!

Alex Esteves da Rocha Sousa disse...

Ao irmão Lavrador: agradeço pelo seu comentário, mas não estou revoltado com ninguém. Se passei essa impressão, deve ser algum defeito do meu texto. Mas defesas pessoais, com o uso do pronome pessoal "eu", são às vezes necessárias e mesmo bíblicas. Voce conhece as Cartas de Paulo, e, embora eu nem de longe possa me comparar a ele, dele me aproximo no que diz respeito a não ser benquisto pela massa que se diz evangélica hoje. Digo isso em tese, porque a massa não me conhece - só que o pensamento da massa difere do meu. E, em suma, o blog é algo pessoal mesmo. Este não é um "site" coletivo, ainda que tenha a pretensão de edificar vidas em Cristo.

Lavrador disse...

Meu irmão, estamos nós aqui entretidos a falar de MAIS SANTIFICAÇÃO, porque é disso que se trata, quando há milhões que nunca ouviram falar de Jesus, pelo menos convenientemente. Ainda hoje tive oportunidade de falar com alguém que é assíduo na igreja mas que não acreditava na vida depois da morte. O importante são os outros quem quer que eles sejam pois é a eles que servimos quando servimos Jesus.

Um desabafo: eu acho que faço parte do ministério dos criticados e tanto me faz. No meu país acham-me louco por estar aqui e aqui acham-me louco por não estar no meu país. Faz lembrar aquela história do velho, do seu neto e do burro



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Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.