O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não respeita as autoridades públicas. Cito aqui dois exemplos bem recentes, ocorridos ontem mesmo, dia 16 de julho. Vejamos:
Em evento oficial em Diadema/SP, Lula, com todo o seu populismo e sensacionalismo, clamou contra a tramitação estadual das licenças ambientais afirmando que não pode esperar a vida inteira por um burocrata "que está com a (...) sentada na cadeira". Reclamava da suposta demora nos licenciamentos ambientais do Estado de São Paulo, que é governado pelo PSDB há 16 anos. É claro que Lula só desferiu essa crítica pesada porque José Serra e os tucanos são seus adversários, e estamos em tempos de eleições.
Lula ainda fez uma ameaça: como está prestes a deixar de ser presidente, vai começar a perder a diplomacia. Será o retorno do Lula sem paz nem amor. Ele pode cobrar, como presidente e como cidadão, que as coisas andem e funcionem, mas não pode usar palavras chulas. Além disso, é conhecida a sua briga contra os processos de licenciamento ambiental, coisa que deve ter estressado sua ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, que serviu ao governo de 2003 a 2008.
No mesmo dia, no que a imprensa tem chamado formalmente de primeiro comício pró-Dilma - Lula já faz comícios para sua candidata desde 2008, e penso que nunca desceu do palanque -, o presidente teve a coragem de se referir à Subprocuradora-geral da República Dra. Sandra Cureau como "uma procuradora qualquer". Aí ele brincou com fogo, e não me refiro à pessoa da Subprocuradora, que é também vice-procuradora-geral eleitoral e afirmara haver, em tese, a possibilidade de que a candidatura de Dilma Rousseff seja cassada por abuso de poder político e econômico. Refiro-me à instituição do Ministério Público como um todo, aí incluindo não só o Ministério Público Federal, de que a Dra. Sandra Cureau é membro, mas a todo o Ministério Público espalhado pelo Brasil - Federal, Militar, Eleitoral, do Trabalho, Estaduais e do Distrito Federal e Territórios. Ao chamar a Subprocuradora de "uma procuradora qualquer", o presidente Lula mais uma vez foi longe demais. E quem para esse homem?
Quando li o que Lula havia dito sobre a Dra. Sandra Cureau, devo ter corado de vergonha e indignação. Será que não percebemos a gravidade de uma declaração desse naipe, em que o maior mandatário da Nação brasileira desrespeita uma das principais autoridades do processo eleitoral? E mesmo que ele houvesse atacado a imagem de um simples fiscal tributário ou ambiental, todas as autoridades e servidores públicos merecem respeito, não apenas pelo que são enquanto pessoas, mas pelo cargo que ocupam e pelo trabalho que realizam. Um indivíduo não pode sair dizendo o que pensa só porque é presidente da República.
Quanto ao abuso de poder político e econômico, com possibilidade de cassação de candidatura, eu já havia dito isso antes dos registros feitos no dia 05 de julho. Há esse risco para uma candidatura que grita veementemente contra as instituições, principalmente no caso de um presidente que usa a máquina pública em seu favor e acha isso normal, atribuindo à legislação eleitoral um exagero que nesse ponto eu não vejo. Talvez se deva rediscutir a questão da propaganda antecipada, mas considero absolutamente errado o uso da máquina pública em favor de determinado candidato, pois ali se tem dinheiro público, desvio de finalidade e abuso de autoridade, na minha modéstia opinião.
É isso. Para que o povo brasileiro aprenda a cumprir as leis a respeitar as autoridades, seu presidente deveria dar exemplo. Ainda bem que seu mandato termina em 31 de dezembro deste ano.
Post scriptum: não costumo ler o portal do Paulo Henrique Amorim, mas o fiz hoje à noite e vi que ele gostou do que Lula disse. Se eu não soubesse da ideologia defendida pelo jornalista da Record, talvez me surpreendesse.
Post scriptum: não costumo ler o portal do Paulo Henrique Amorim, mas o fiz hoje à noite e vi que ele gostou do que Lula disse. Se eu não soubesse da ideologia defendida pelo jornalista da Record, talvez me surpreendesse.
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