domingo, 24 de abril de 2011

Lausanne 3 e o pedido de perdão pela Escravidão no Brasil

Estava lendo a Ultimato de janeiro/fevereiro deste ano, cuja matéria de capa trata do 3º Congresso Mundial de Evangelização - Cape Town 2010, também conhecido como Lausanne 3, em referência ao célebre Congresso ocorrido na cidade suíça de Lausanne no ano de 1974...e deparei com uma informação estranha...
Considerando que o encontro se dava na África  - mais precisamente África do Sul -, a delegação brasileira fez um pedido de desculpas aos líderes africanos por causa da Escravidão no Brasil, abolida em 1888. Sim, a delegação brasileira pediu perdão pelo pecado de gente que já morreu há bastante tempo, e por um pecado que nós não cometemos. Lê-se na revista que os líderes africanos deram o seu perdão, não sem antes lembrar o sofrimento que seus familiares passaram devido àquele pecado...
De pronto, lembrei da ideia esquerdista de reparação histórica, o que está por trás das "ações afirmativas ", de que são o mais retumbante exemplo, em nosso meio, as cotas raciais. 
Fico a pensar sobre a natureza daquele pedido de perdão, se cremos em responsabilidade pessoal, se cremos que os dentes dos filhos não ficam embotados porque os pais comeram uvas verdes (cf. Ez 18). Quando Esdras confessou os pecados da nação judaica, deixou claro que seus contemporâneos haviam repetido os pecados antigos (Ed 9), enquanto Neemias tratou das consequências dos pecados sobre a nação judaica (Ne 9). Nenhum dos dois líderes judeus pediu perdão a determinado povo pelos pecados ocorridos há mais de um século, mas reconheceu que o povo reproduzia condutas ilícitas e colhia as consequências dos pecados de outrora.
Sinceramente, eu não vou pedir desculpas por pecados que não cometi. É necessário discernir as coisas. Vou pedir perdão por pecados de omissão, pecados de atitude, pecados de ação, pecados de pensamento, mas não por pecados de terceiros que já morreram, entende, leitor?
Sei que não havia interesse em pedir remissão pelos mortos, é claro que não era isso. Se fosse, seria algo mais grave ainda, mas certamente não era, porque ali havia líderes muito bem formados. Só que remanesce o problema de acreditar que algum tipo de confissão de pecados pretéritos seja importante para que haja unidade na Igreja. Mas, isso faz sentido?
Quando um Estado pede desculpas pelo sofrimento que infligiu a outro, se está diante de um Estado demonstrando posição política oposta à que operou no passado, o que tem seu lugar nas relações diplomáticas. Agora, uma delegação da Igreja brasileira deve pedir perdão a seus anfitriões africanos por um regime escravocrata de que não participou? Praticamente não havia crentes aqui quando a Escravidão ocorreu, mesmo à época da Abolição! E, se houvesse, o que teríamos nós com isso? Digo em termos de responsabilidade moral.
Vale recordar que houve africanos participando da venda de escravos. Aquela não foi uma opressão sumamente racial, mas econômica. Vamos pedir que os descendentes dos negros que venderam seus irmãos peçam desculpas também?
Talvez a Igreja Católica tenha algo a dizer sobre sua participação naquela história toda, por meio dos jesuítas e da omissão ante a opressão esclavagista. Mas essa é coisa bem diversa!

2 comentários:

João Armando disse...

Quem passou procuração para essa gente pedir perdão por nós? Explico - falaram em nome de quem? Da Igreja brasileira? Se foi,imagino que tenham as credenciais para tal... Ora, pois!

claudiopimenta disse...

lamentavel

influencia g dozista nos presentes so isso

falta mesmo do que falar !



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