Alfredo era um crente bem doutrinado de formação pentecostal. Ele sempre achou que nascera com uma estrela na testa, uma missão e muitos talentos.
Nosso personagem aguardava o grande dia em que seu nome seria conhecido e reconhecido em todo o mundo. Não sabia como isso aconteceria, nem quando, mas tinha noção do seu lugar especial e singular na história.
Certo dia Alfredo ouviu uma profecia que disse: “Deus tem uma grande obra em sua vida”. Assim mesmo, de modo bem genérico. Essa foi apenas a primeira de muitas visões, sonhos e profecias dirigidas a sua pessoa, em diferentes lugares, e por diferentes irmãos na fé.
Alfredo pensava grande. Seria pregador de multidões, cantor gospel, pastor midiático? Construiria um templo suntuoso? Lançaria best sellers? Levaria a Palavra a nações distantes? O que seria daquele mancebo de qualidade?
Sendo pentecostal, Alfredo não era calvinista, mas se achava predestinado.
O tempo passou calma e silenciosamente...
Com a islamização sorrateira do Brasil, líderes muçulmanos e terroristas se instalaram em berço esplêndido, e, com apoio da imprensa esquerdista anticristã, anti-Israel e antiamericana, parlamentares conseguiram aprovar uma sharia à moda brasileira, proibindo a pregação contra o Islamismo.
Além disso, em nome do multiculturalismo, um dispositivo do Código Penal, precedido de jurisprudência nesse sentido, passou a considerar como estado de necessidade o direito de o muçulmano matar a pedradas aquele que profanasse o nome de Alá ou de Maomé, bem como quaisquer dos ensinos do Corão e das tradições islâmicas. Estava em jogo a liberdade religiosa do Islã, considerando a cosmovisão dos muçulmanos e a dignidade da pessoa muçulmana.
Num claro domingo de sol, Alfredo, já consagrado a diácono, mas ainda anônimo, foi à praça pública pregar o Evangelho perto de uma mesquita. No meio da pregação, disse que só Jesus salva, e que o deus daquela mesquita era falso. De pronto, um cidadão lhe tascou uma pedra na cara, no que foi acompanhado por uns muçulmanos e também por uns não muçulmanos que por ali passavam, os quais foram movidos por ideologia, solidariedade ou simples desejo de fazer justiça com as próprias mãos, não importasse a causa.
Foram muitas as pedras homicidas. Alfredo morreu desfigurado. Seu nome saiu em todos os principais jornais, revistas e sites do Brasil. Deu no New York Times. Apareceu nos principais jornais do mundo.
Terá sido aquela a grande obra a que Alfredo fora chamado – morrer apedrejado para ensinar ao Brasil algumas lições acerca da liberdade de expressão, da liberdade religiosa e dos limites da tolerância.
E na morte Alfredo fez mais do que em vida.
[Obs.: por sugestão de minha esposa, esclareço que este é um texto de ficção...].
[Obs.: por sugestão de minha esposa, esclareço que este é um texto de ficção...].
Um comentário:
Ainda bem que foi você, assembleiano, que escreveu isso! Essa autocrítica saudável e bem humorada é que anda em falta nos meios reformados! Quem sabe se eu... Ah, xapralá!
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