Uma das características do presidente Luiz Inácio da Silva é abusar de metáforas futebolísticas. Afora a demasiada simplificação de temas sérios e complexos, o que vejo nessa frase em particular é a síntese do pensamento lulo-dilmista que toma conta da campanha eleitoral e dos comentários na internet. Até mesmo temos as coligações estaduais que se apresentam como "o time de Lula", para que o povo entenda, com recurso ao futebol, que os candidatos são afinados com o presidente-cabo eleitoral.
A frase-título desse artigo pode servir a comentaristas de futebol, mas merece reparos na seara política. Primeiro, uma análise conjuntural: o time está ganhando mesmo? Segundo, uma análise filosófica: o que é ganhar?
O time de Lula está ganhando em revisão da história, mistificação do seu líder populista, desrespeito às instituições, compra de votos institucionalizada, consagração da "lei do Gerson", desprezo pelos direitos individuais. Não consigo ver uma reforma importante que tenha sido produzida pelo time de Lula. Eles mudaram o que na educação, na saúde, na segurança, no desenvolvimento econômico, na estabilidade econômica, nos costumes políticos?
Mudanças houve para pior: o time de Lula conseguiu recontar a história de 500 anos do Brasil, descoberto pelo operário do ABC em 2003. Embora o Plano Real já existissse e tivesse sido alvo de críticas de Lula e do PT, o presidente fingiu que tudo o que os governos anteriores fizeram foi lhe deixar uma herança maldita. O mesmo se diga quanto à Lei de Responsabilidade Fiscal, os genéricos, o PROER, a quebra de patentes de remédios contra a AIDS, a luta, na OMC, contra os subsídios americanos, o Bolsa-Escola, que Lula chamava de "bolsa-esmola". O populista conseguiu fazer com que a maioria acreditasse que ele criou o Bolsa-Família, quando este é uma junção de benefícios do odiado FHC. Mais do que isso, Lula piorou o benefício, transformando-o num instrumento de marketing político, como, de resto, são o PAC e o Minha Casa, Minha Vida. Nem preciso mencionar que Lula lidera uma política externa sofrível, com vergonhosas atuações no caso de Honduras, Cesare Battisti, Bolívia, Cuba, Irã (nos episódios do acordo pelo enriquecimento de urânio e no da afirmação lulista de que é "avacalhação" pedir a revisão da pena de uma mulher condenada ao apedrejamento).
Economicamente, o time de Lula se ufana, mas não diz que o Brasil poderia ter crescido muito mais, dada a onda de crescimento que o mundo viveu em quase todo o período lulista. O bonde passou e nós perdemos.
Sinceramente, não vejo nada na gestão de Luiz Inácio da Silva que possa guindá-lo à posição de estadista, melhor presidente da história etc. Obama deve ter se arrependido muito de tê-lo chamado de "o cara". Depois dessa, Lula se encheu de vaidade e achou que podia fazer qualquer coisa no cenário internacional.
Quanto aos costumes políticos, o time de Lula conseguiu piorar muito com o mensalão, os aloprados, dirceus, valdomiros, quebras de sigilo, e com as alianças desenfreadas que acobertam José Sarney, Fernando Collor, Renan Calheiros, Jáder Barbalho, Severino Cavalcanti, e, aqui na Bahia, o carlista César Borges e o anticarlista, mas não menos digno de crítica, Geddel Vieira Lima.
O time de Lula é um assombro. Todo mundo quer dizer que tem alguma coisa com ele. Esse guarda-chuva abriga carlistas, oligarcas, oportunistas, sindicalistas, pseudo-socialistas, um pessoal da pesada. E isso só acontece por causa da popularidade que chega à casa dos 80%.
Agora, a pergunta de cunho filosófico: o que é ganhar? Ganhar é fazer o crescimento do PIB crescer de maneira medíocre? Ganhar é transformar a Receita Federal num lugar em que vazamentos são normais, como quer o Ministro da Fazenda? Ganhar é aumentar o número de bolsas-família, em vez de diminui-los, com a profissionalização dos beneficiários? Ganhar é conseguir que o TSE não veja que o presidente faz campanha com dinheiro e máquina públicos há uns três anos? Ganhar é mentir para a sociedade como se os presidentes anteriores, todos eles, tivessem feito um trabalho pífio?
Estou cansado de ver a justiça e as leis desrespeitadas a todo instante no Brasil, que Lula chama de "este país". Chegamos ao momento em que o time de Lula está aprendendo a gostar do jogo, mas não das regras do jogo.
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