Nesta semana, no debate com os presidenciáveis promovido pela CNBB, a candidata Dilma Rousseff abortou seu próprio pensamento sobre o aborto, metáfora que utilizo para afirmar que ela simplesmente escamoteou o que pensa, o que o PT pensa e o que seu governo pensa.
No debate, com a clareza de raciocínio que lhe é característica, Dilma Rousseff disse ser contrária ao aborto, para logo depois vacilar, dizendo que não sabe se acha que o aborto poderia ser permitido além das exceções previstas no Código Penal (risco de vida da mulher e gestação decorrente de estupro). Além disso, saiu-se com aquela tese petista de que aborto é questão de saúde da mulher. Foi tudo mera tergiversação, para não falar claramente que, sim, defende a legalização do aborto.
Reinaldo Azevedo aponta, em seu blog, dois momentos em que Dilma Rousseff mostrou o que de fato pensa sobre o aborto: a) em 2009, em entrevista à Marie Claire, disse ser favorável à legalização do aborto; b) recentemente, ajudou a produzir o Programa Nacional de Direitos Humanos III, que propõe a legalização do aborto; c) já defendera esse ponto de vista numa sabatina da Folha de S. Paulo em 2007.
Se for eleita, e com provável maioria no Congresso, Dilma Rousseff não terá dificuldade em aprovar o aborto, com a bênção de Edir Macedo, que concorda com o aborto, numa interpretação bíblica horrível - como sói acontecer com todas as suas interpretações bíblicas.
Seria muito mais honesto se Dilma Rousseff dissesse com todas as letras: "Defendo a legalização do aborto". Assim ela daria aos eleitores uma palavra decisiva sobre o que entende ser melhor para a mulher, para o feto e, enfim, para a sociedade.
Querem saber de uma coisa? Numa era repleta de informações e com anticoncepcionais à vontade, nem mesmo o argumento pragmático justificaria a descriminação (ou descriminalização) do aborto. É um absurdo que se entenda o feto como simples extensão do corpo da mulher, quando a biologia está cansada de ensinar que se trata de outra vida.
Receio que esse não seja o único tema em que Dilma Rousseff diz uma coisa e pensa outra, completamente diferente. E sua eleição poderá ser uma terrível guinada para um mundo de surpresas anunciadas.
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