segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O deus do "eu" nas canções evangélicas de hoje

Creio que sou observador demais, ou, então, a maioria das pessoas deve ser observadora de menos. Como pode pregarmos tanto sobre a necessidade de proclamação do Evangelho cristocêntrico e, sem embargo disso, persistirem os hinos ao ego?
São inúmeras as canções de suposto "louvor" que, na realidade, louvam ao indivíduo que canta. E não se trata de louvor ao homem, à humanidade - o que seria antropocentrismo e humanismo -, mas de louvor a si mesmo, um traço da pós-modernidade. Enquanto o modernismo louvava o homem, o pós-modernismo louva a cada homem. Ambos erram. Devemos adorar somente a Deus, em Cristo.
Em vez de um "Tu és fiel" (Hino 535 da Harpa Cristã), muitas pessoas evangélicas têm preferido proclamar seus sonhos e desejos de vitória, até mesmo emulando aqueles desabafos mais fortes do salmista, quando ele desejava o mal a seus inimigos. É claro que não se diz isso, mas a vontade do "adorador" parece ser a de prevalecer sobre aqueles que um dia duvidaram dele ou o criticaram. Um exemplo disso é a canção "Sabor de Mel", que não vejo como louvor a Deus, mas como uma declaração de guerra contra desafetos - e que me desculpem os que a apreciam, mas este é um texto para edificação.
Frases inofensivas como "Deus é fiel" passam a conter toda uma teologia mercantilista segundo a qual Deus, por sua fidelidade, seria obrigado a cumprir Suas promessas. Fidelidade deixa de ser atribudo moral e comunicável de Deus para ser uma lei cósmica que obriga o Criador a fazer o que supostamente disse que faria pelo indivíduo. Promessas passam a ser dívidas. A Graça de Deus cede lugar à "legalidade", ao "direito", à "reivindicação" e à "restituição". Uma simples frase como "Deus é fiel", embora bíblica, pode esconder toda uma teologia triunfalista e diabólica. Parece estranho?
Ora, o Diabo imita as coisas do SENHOR, e não nos persegue com cara de monstro. Ele parece, se quiser, um anjo de luz, como escreveu Paulo em II Co 11.14.
Comece a prestar atenção na hinologia de sua igreja, o que se canta nos cultos. Compare com o ensino da escola dominical -especialmente com as Lições Bíblicas, para quem é assembleiano. Repare nos detalhes. Observe se há fundamento bíblico. Examine o que canta e o que ouve.
Receio que nossa pregação não esteja surtindo muito efeito.

3 comentários:

João Armando disse...

Pois é... se fosse só a teologia! Com certeza o conteúdo (letra) é mais importante que o rótulo (música, forma) - mas TUDO está ruim nos nossos dias. Melodias sofríveis, pontapés à gramática, repetições sem fim "mantra gospel"... Que saudades do Cantor Cristão e outros hinários!

claudiopimenta disse...

ate o tu es fiel fiel a mim se nao for interpretado dentro do contexto ou ideia que o autor quis colocar temos um caso de falso ensino , Deus e fiel aos seus principios nao a homens pecadores

Anônimo disse...

Li e gostei. Parabéns.



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Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.