Vi uma fogueira queimando o Judas, e outra queimando um ônibus. Usa-se o fogo para muita coisa nesta vida.
O povo tem uma vaga lembrança de que Judas foi o que traiu Jesus, mas, quanto ao ônibus..., ele não fez nada. Estava no lugar errado, na hora errada. O nome de Judas passou a ser tão negativo que até o outro Judas, escritor do Livro bíblico, precisa se apresentar com cuidado: "Eu sou o Judas irmão de Tiago, irmão do SENHOR. Aquele outro Judas já morreu". A seu turno, o ônibus, nome bonito do latim e que significa "para todos", acaba consumido na fogueira da insensatez. É para todos mesmo: para todos os que quiserem incendiá-lo.
Prossegue a fogueira das vaidades: queima-se a bandeira dos Estados Unidos, queima-se a mata, queima-se a praça, queima-se o patrimônio de todo mundo. Resolve-se com o fogo destruidor o que o fogo da Razão não pode iluminar, tamanha a escuridão que devassa por toda parte [protestando contra a Reforma Ortográfica, aqui o verbo "poder" está no pretérito perfeito].
O fogo que hoje destroi é a metáfora da nossa (in)civilização. Queimar é mais fácil do que construir. Séculos vão embora na fumaça cinzenta. Justamente o fogo que poderia simbolizar a luz da Razão, o poder do Espírito, a purificação dos pecados! Numa sociedade em trevas tenebrosas, o fogo não pode representar coisa boa. É só destruição, na antidemocrática ideia de que se pode libertar o Homem pela violência pura e simples.
Fogo! Os repórteres clamam. Fogo! Os bombeiros correm atônitos. Fogo! Os jovens pobres protestam. Fogo! Os pobres jovens protestam. Fogo! O amarelo avermelhado consome a nossa história.
Um comentário:
Blog encantador,gostei do que vi e li,e desde já lhe dou os parabéns,
também agradeço por partilhar o seu saber, se achar que merece a pena visitar o Peregrino E Servo,também se desejar faça parte dos meus amigos virtuais faça-o de maneira a que possa encontrar o seu blog,para que possa seguir também o seu blog. Paz.
António Batalha.
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