sábado, 28 de novembro de 2009

Unanimidade, consenso e comunhão: uma reflexão política

Dizia o escritor Nelson Rodrigues que "toda unanimidade é burra". Devo admitir: entendo a frase dele, e concordo, porque toda vez que deparo com a unanimidade ela me assusta - como essa unanimidade em torno do presidente da República, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva. E isso me faz pensar na diferença entre unanimidade, consenso e comunhão...
Alguém me dirá: "mas o presidente não tem unanimidade, só 80% de aprovação..." E eu pergunto: para um governante, isso não é unanimidade? Quando amplos setores sociais aprovam um líder político, isso não é de preocupar? Quando expressiva parte da imprensa, movimentos sociais, sindicatos, intelectuais e funcionários públicos passam a defender o presidente apesar de tudo, não é para causar estranheza? Que o mundo se irmane em torno de Lula - não me importo - e ainda mais me espantarei!
Nenhum presidente teve paz com movimentos como o MST, mas Lula tem. Nenhum presidente teve paz com as centrais sindicais, mas Lula tem. Por quê? Porque Lula é o melhor de todos, o grande estadista, o maior político que o Brasil já teve? Não! É tão-somente porque ele fez um pacto com grupos de esquerda: "vocês me deixam tranquilo e eu dou dinheiro a vocês". Esse foi o "slogan" dele em 2006: "Deixa o homem trabalhar". E é essa a sua preocupação com o TCU: o Tribunal de Contas da União fiscaliza as obras do PAC, e Lula não gosta, assim como Marina Silva fiscalizava duramente as obras em nosso País, na área ambiental, e Lula não gosta muito de fiscalização. Marina Silva teve que sair, assim como o TCU pode sofrer restrições a partir de projeto de lei de iniciativa do Governo.
Ora, consenso é diferente: consenso é refletido, fruto de negociações, lutas, debates. A democracia se constrói com o consenso. As demandas sociais são dirigidas ao Governo, que as discute e decide, de acordo com o orçamento, as prioridades, o programa político, as alianças. Mas acordo direto com movimentos sociais, sindicatos e organizações não-governamentais menosprezando o Parlamento não me parece nada republicano. Parece-me muito mais uma cooptação.
Acredito no consenso. Gostaria que os políticos brasileiros buscassem o consenso, e não o "acordão", a maracutaia, o mensalão, o caixa-dois. Consenso é a alma da boa política, e só estadistas sabem o que é isso.
Agora, comunhão é diferente, é coisa espiritual. Somente a Igreja de Cristo pode conhecer a verdadeira comunhão. Ouvi certa vez um católico dizer algo muito interessante. Foi o Cardeal Cláudio Humes, à época do Conclave que elegeria o estranho Joseph Ratzinger. Guardadas as devidas reservas que tenho à Igreja Romana, essa frase dele tem muito sentido: "A Igreja não vive de consenso, mas de comunhão". Em se tratando de política, o bom é o consenso. Em se tratando de igreja, o bom é a comunhão.
O problema é que tanto os governos como muitas igrejas preferem buscar a tal unanimidade, a troco de "panis et circensis". Para onde iremos, pois?

Um comentário:

João Armando disse...

Pois é, camarada... NUNCA ANTES NESTE PAÍS um presidente teve tanta aprovação... Que falta de senso crítico!



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Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
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Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.