Como disse a dona Dilma, Lula "nos ensinou o caminho". Segundo Elio Gaspari, Lula é o "Nosso Guia". Já que o mundo todo aprova o Lula, incluindo o Le Monde e o The Economist, eu vou dizer o que aprendi com ele:
Quando me criticarem, direi que se trata de preconceito contra o nordestino, porque sou baiano e filho de piauienses. Se não for suficiente, apelarei para o fato de que sou filho de uma professora de escola pública e de um autônomo sem grande instrução formal. Direi que minha mãe só fez curso superior porque teve bolsa da SUDENE, que minhas irmãs ficaram um ano inteiro sem estudar porque a escola estadual estava em reformas, e que só escapei dessa porque fui cursar o segundo grau numa fundação filantrópica (vou dizer que o dono da fundação era um capitalista sensível à opressão das massas).
Se alguém se opuser à minha vitimização, afirmando que sou branco, membro da classe B, heterossexual e cristão, direi, em contrapartida, que tive negros e índios na família, que "vim de baixo", que os heterossexuais são hoje quase uma minoria jurídica e que o pentecostalismo ainda é discriminado. Ah! Direi que sou feio também, pois os feios não têm auferido grandes benefícios nessa sociedade capitalista, opressora e corpólatra.
Com tudo isso, serei considerado um inimputável, como o mestre Lula. Se melhorei um pouquinho de vida, foi porque tive ajuda daquele capitalista consciente e uma vaga em universidade pública, gratuita e de qualidade, com direito a duas bolsas do CNPq (não poderei cometer a heresia de lembrar que estudei sob o governo de FHC, pois o universo foi criado por Lula, e o sociólogo deixou somente uma "herança maldita").
Terei um salvo-conduto para criticar quem eu quiser, já que a vitimização tem esse outro ponto favorável: a gente não pode ser criticado, mas tem todas as prerrogativas constitucionais para externar os mais nobres sentimentos contra as elites, as oligarquias e aqueles que "não querem o bem do Brasil".
É isso mesmo. Depois de oito anos de poder, o pai, guia e mestre Lula nos deixa uma lição inolvidável: nunca antes na história deste país foi tão confortável posar de vítima.
Um comentário:
Outra a se aprender com ele - guardar rancor (vejam-se os comentários dele sobre a derrota no caso da CPMF). Agora, Alex, quem o contrariar poderá ser chamado de maldoso, etc!
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