Como professor de escola dominical, deparei, duas vezes, com questionamentos sobre o destino daqueles que jamais ouviram o Evangelho: uma vez foi em Sete Lagoas/MG, no ano de 2006; outra vez foi em Salvador/BA, ontem, em minha congregação.
Percebo certa dificuldade dos irmãos nessa matéria. Imaginam que o pecado consiste basicamente em recusar o convite de Cristo, que "os tempos da ignorância", mencionados por Pedro em seu discurso pós-Pentecoste, seriam os anos em que a pessoa não ouviu falar do Evangelho, e que não haveria como Deus punir os que nunca ouviram falar de Jesus. Todavia, isso não é correto.
Devo afirmar, primeiro, que tomo esse assunto como o da Trindade: não o compreendo, mas não posso negar sua realidade nas Escrituras. É diferente do que penso da doutrina calvinista da predestinação: enquanto para mim ela não é bíblica, os irmãos reformados afirmariam, talvez, que não a aceito por não entender o que na Bíblia está escrito. Porém, eu creio entender o que está escrito, e, mesmo assim, não vejo predestinação da maneira como os calvinistas veem. Assim, eu não aceito a doutrina da predestinação porque não a considero bíblica, diferentemente de não aceitá-la por considerar um absurdo Deus escolher uns em detrimento de outros - embora pense isso também.
Feita essa distinção, basta examinarmos os textos bíblicos, como aquele em que Paulo afirma que os atributos de Deus, o seu eterno poder como a sua divindade claramente se veem e se compreendem pelas coisas que estão criadas, para sustentar a verdade de que todos, judeus e gentios, são indesculpáveis (leia Romanos, caps. 1 a 4). O Salmo 19 começa dizendo que "os céus manifestam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra de suas mãos". Isso é a chamada "Revelação Geral", ao alcance de todos, incluindo os pigmeus e os cerca de dez mil índios isolados da Amazônia. Mas essa revelação só é apta para condenar, pois todos estão debaixo do pecado.
Jesus não disse que se em Tiro e Sidom, como também em Sodoma e Gomorra, se fizessem todos os milagres que Ele operou em Betsaida, Corazim e Cafarnaum haveria salvação para aquelas cidades? Ora, o princípio é de que a quem mais é dado mais será cobrado. Mas todos seremos julgados, de uma forma ou de outra.
Se pensássemos que o motivo de condenação dos homens seria a rejeição de Cristo, e que os que nada conhecem não podem ser condenados, bastaria Deus não enviar Cristo e deixar todo mundo sem o conhecimento da Palavra, e assim todos estariam salvos pela...ignorância! Dessa forma, e contraditoriamente, se por um lado é o conhecimento de Cristo que salva o pecador arrependido, seria a ignorância a salvar todos os pecadores, arrependidos ou não!!!
Não pensemos desse jeito, porque não é bíblico. Crer que a condenação só paira sobre os que ouviram e não creram é deixar de lado um dos fundamentos da Fé Cristã, a saber, a doutrina da pecaminosidade universal. O pecado não é apenas atitude, mas condição universal. "Todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3.23). Quando pecamos, comemos de novo da árvore do conhecimento do bem e do mal, e, por isso, morremos. Somente Cristo pode nos resgatar.
Qual seria, então, a melhor conclusão para esse assunto? A de que é urgente o envio de missionários por todo o mundo. Os pigmeus e os indígenas precisam ouvir sobre Jesus. E muito mais gente...
Que Deus nos ajude.
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