Se Lula descobriu o Brasil em 2003, seu "irmão de fé" Jaques Wagner libertou a Bahia em 2007 - isso é o que se infere da mais nova propaganda do Governo baiano que tem sido veiculada na TV. O narrador vai contando a história de um povo sofrido, vítima da desigualdade social e racial, para depois dizer que se trata dos baianos. Embora tenha nascido na Bahia, não me senti representado na propaganda, e não porque não seja negro ou muito pobre, mas porque não vivo num lugar que foi salvo por Jaques Wagner e seu pessoal.
Outro dia houve um assalto em minha rua, por volta das oito horas da manhã, e a moça tinha apanhado do indivíduo, que roubou seu celular. Quem se sente à vontade para assaltar às oito da manhã numa rua movimentada de um bairro tranquilo faz isso por causa da impunidade ou da dependência de drogas ilícitas, ou das duas coisas. Mas o governador já disse que sua maneira de combater a insegurança pública é dar educação e justiça social... É uma maneira bem esquerdista de resolver as coisas, ou melhor, de não resolver. Se conseguisse usar de competência quanto à educação, ao emprego e à saúde, o governador talvez resolvesse o problema da insegurança daqui a uns 20 anos, pois os bandidos de agora já estão por aí, crescidos e inclinados ao crime.
Quanto às drogas, o governo já sentenciou que crack é "cadeia ou caixão". Pronto. O usuário não tem outra chance, não pode contar com a cooperação estadual se quiser deixar o entorpecente.
Outra coisa que me incomoda na política petista é que nela se vê um sentimento um tanto raivoso, inspirado na ideia de que o caminho para suprimir as desigualdades é acentuá-las. Na realidade, hoje existe uma tendência em torno de políticas discriminatórias, como as cotas raciais, que buscam institucionalizar a falta de isonomia, em vez de ensinar que todos são iguais, e promover transformações sociais e políticas.
Como sou branco, evangélico, heterossexual, conservador e de classe média, acabo me tornando uma minoria jurídica. Mas eu sou baiano porque nasci aqui, e não porque represente algum movimento étnico, religioso ou cultural de raízes baianas. Sou baiano por uma questão de geografia, e não por algum destino histórico ou idiossincrasia cultural.
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