Por sugestão de dois colegas do trabalho, li um excelente texto de Eliane Brum, na Revista Época, sob o título "Meu Filho, você não merece nada". O link está aqui: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI247981-15230,00.html
A autora trata da geração de adolescentes e jovens que não sabem lidar com as frustrações nem com a dureza da vida porque assimilaram a ideia errada de que têm direito à felicidade, de que merecem ser felizes simplesmente porque nasceram. É um texto que vai na contramão de uma psicologia idiotizante que creio prevalecer em nosso mundo.
Além disso, penso que Eliane Brum nos ajuda a refletir sobre os danos que o Triunfalismo provoca nos corações dos jovens, uma vez que essa corrente teológica mente para as pessoas dizendo que elas não irão sofrer, que não vencedoras em todas as coisas, que sua condição de "Filhos do Rei" as isenta dos males desta vida...
Eu sei que somos "mais do que vencedores por aquele que nos amou", segundo o escrito de Paulo aos Romanos, mas essa vitória não se dá sem problemas, decepções, medos, ansiedades, fugas, sofrimentos. E não nos livra da morte física, dos acidentes, das vulnerabilidades.
É importante que compreendamos que os pensamentos teológicos não são brinquedos, mas estruturas confessionais que irão conduzir o comportamento das pessoas, para o bem ou para o mal. Se se crê na Teologia da Propriedade, está-se acreditando em mentiras, e mentiras não produzem nada de bom. Não se trata, pois, de simples polêmica, amor pelo debate apologético ou mera disputa entre doutrinas, mas de atentarmos para o fato de que nossa conduta será inspirada pelo que cremos.
Leiam o texto indicado e tirem suas conclusões.
Um comentário:
Li o texto da Eliane. Pois é, teologia da prosperidade entre descrentes, quem diria!
Não há como discordar dela no essencial, porém, como dizem os americanos, "the Devil is in the details" (o diabo está nos detalhes). O buzílis é - onde traçar a linha divisória entre "estragar" os filhos dar-lhes formação e bens condizentes com a nossa classe social? Mais - é errado tirar férias? Uma vez por ano? Duas? E roupas, quando uma pode ser considerada cara demais, um desperdício, e quando adequada? Não só para os filhos, mas para nós mesmos. É fato que temos uma vida bem mais fácil do que nossos pais, tanto materialmente como com mais facilidades tecnológicas. Em 1956, quando meus pais vieram para o Brasil, teve de ser de navio - era o que havia à época. Quando eu era estudante universitário, morava em Recife - se queria visitar meus pais no Rio, tinha de encaram dois dias de ônibos - avião era simplesmente caríssimo, fora de cogitação - hoje o preço do avião é praticamente o mesmo do ônibus (graças a Deus!).
A esperança é a promessa de Deus, de nos dar sabedoria quando dela precisarmos. Mas que as decisões nem sempre são fáceis, não são.
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