Viu Deus que era muito bom - essa afirmação, registrada em Gn 1.31, é precedida de várias declarações de que Deus considerou "bom" o que criou (a luz, os céus, a Terra, os mares, o sol e a lua, os vegetais, as aves, os répteis e os grandes animais aquáticos). Somente no sexto dia Ele considerou "muito bom" o que emanou de Seu Supremo Poder Criativo: nesse rol estava a Humanidade.
Já ouvi dizer que essa frase de Deus - quanto ao ser "bom" ou "muito bom" o que criara - tem um aspecto de apreciação estética. Seria como o artista que, ao ver sua obra acabada, exclama com prazer: "Que maravilha".
A estética pertence a Deus. Aliás, Cosmos e cosmético não têm a mesma origem etimológica? Tanto o Cosmos quanto o cosmético têm a ver com beleza, estética. O Universo é belo e a Humanidade, quando criada, era algo muito bom.
Há entre os ambientalistas uma falsa ideia que se denomina "biocentrismo": a defesa do meio ambiente por seu valor em si mesmo. A isso contrapõe-se o antropocentrismo: a elevação do Homem como senhor do Universo - do qual também discordo. Mas não estou aqui tratando de Gn 1.26-28, onde temos o mandato cultural (o Homem é senhor enquanto cuidador, e não enquanto dominador). Refiro-me ao aspecto da beleza, da estética, do prazeroso, do lúdico, enfim, da Humanidade como obra-prima da Criação.
Falar em homens e mulheres como a obra-prima de Deus é, para os biocentristas, uma heresia, pois eles acreditam que a Humanidade é somente mais um elemento no Universo, igual a todos os demais seres. A par disso existe uma tal espiritualidade em que as pessoas andam descalças, abraçam árvores e pensam que até nossos pensamentos são guiados por energias cósmicas. Onde estará a superioridade responsável do Homem nessa teoria?
De outro lado, estão os antropocentristas, os humanistas, para os quais "o homem é a medida de todas as coisas - das que são enquanto são, e das que não são enquanto não são". O que é isso? Quer dizer que a Humanidade é o critério de avaliação de tudo? Então estamos perdidos mesmo!
Mas há como equilibrarmos isso. Podemos ver a Humanidade como obra maior de Deus sem enaltecê-la demais. Como? Enxergando-a como Humanidade, e não como divindade. A Humanidade come de novo da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal quando se esquece disso e pensa que pode ser como Deus. Basta conhecer-se e reconhecer-se como criatura abençoada e próspera do SENHOR, criação criativa, objeto do amor incondicional e sacrificial de Deus, parceira de uma relação interpessoal e eterna.
É bonito ser humano. Apesar de tudo, é bonito o Ser Humano.
Um comentário:
Eu já havia percebido, também, a tentativa diabólica de ou divinizar o ser humano ou de menosprezá-lo, tornando-o um mero animal igual aos outros. Repare bem como os ecoxiítas pretendem que todos sejam vegetarianos (o que é ilógico, pois quem defenderia os direitos das plantas???) Não veem nada errado no aborto, mas escandalizam-se quando uma foca é morta para se lhe tirar a pele para fazer um casaco. Morrem de medo do aquecimento global, pois não veem nenhum outro lar além deste planeta que Deus já amaldiçoou. É oito ou oitenta!
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