Ontem, no culto da noite em minha igreja, tive a oportunidade para dar uma saudação. A partir do texto de Lc 23.39ss, falei das diferentes atitudes dos ladrões que ladeavam Jesus, e da total ausência de perspectiva existencial para ambos. Mesmo sabendo que iria morrer dali a pouco, um dos malfeitores preferiu blasfemar contra o Filho de Deus, enquanto o outro, arrependido, pediu a Cristo que Se lembrasse dele quando entrasse no Seu Reino.
Sem nenhuma possibilidade de descer da cruz e começar uma nova vida, nenhum deles tinha condições de pensar em Cristo como amuleto para as necessidades e desejos existenciais. Não poderiam jamais usar o Nome de Jesus para fundamentar interesses mesquinhos, materialistas, nem poderiam basear sua fé em sentimentos, sensações ou instintos. Diante de si, apenas a morte, a não-existência, o caos dessa vida que se vai.
É aqui que reside a diferença entre as atitudes aqueles homens condenados à cruz: antevendo a entrada de Cristo em Seu Reino, um dos ladrões acreditou na mensagem do Filho de Deus e a Ele entregou o seu destino. Esse é o exemplo de quem crê em Cristo pensando nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra. A Salvação, para o ladrão convertido, traria benefícios espirituais e eternos, e não mais que isso.
Quem conhece a Bíblia não teve como não recordar agora de Cl 3.1-4, onde Paulo nos exorta a pensar nas coisas que são de cima, pois morremos com Cristo e a nossa vida está escondida com Cristo, em Deus. Se já ressuscitamos com Ele, temos diante de nós uma outra perspectiva, uma nova vida, uma outra dimensão. Por que, então, ancorar nosso discurso e nossos desejos em interesses sumamente materialistas e sensoriais?
Digo isso porque nós, evangélicos pentecostais, temos uma tendência ao exagero na área dos milagres. Cremos que os milagres têm que acontecer. Mas, quem disse isso? Enfatizar milagres demais é como materializar a fé, porque os milagres, embora de origem com isso corremos o risco de parecer muito espirituais, quando estamos sendo, na verdade, bem carnais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário