segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Crescimento de evangélicos sem vínculo denominacional como manchete principal da Folha

A Folha de S. Paulo traz hoje como matéria de capa a notícia de que, de acordo com a Pesquisa por Orçamentos Familiares, do IBGE, o número de evangélicos sem vínculo denominacional cresceu de 4 para 14% entre 2003 e 2009. O grupo seria formado por pessoas que deixaram suas igrejas de origem e não frequentam nenhuma outra igreja, e por aquelas que vão a diferentes igrejas ao mesmo tempo. Seriam, segundo Ricardo Mariano (PUC/RS) os que preferem crer sem pertencer.
Outra informação interessante é que a Igreja Universal do Reino de Deus perdeu 24% de seus seguidores nesse período, o que é um dado muito expressivo. A reportagem expõe como possível explicação a criação de igrejas dissidentes. Pode ser. Mas acredito que a Universal sempre perdeu muitos adeptos para igrejas como a Assembleia de Deus, e isso ocorre quando as pessoas percebem que lá não se ensina a Palavra sistematicamente, ou que não se ensina a Palavra mesmo. É uma hipótese.
A matéria da Folha indica a opinião de especialistas no sentido de que haveria o surgimento de um tipo de evangélico "não-praticante", como os católicos brasileiros. De fato, o exemplo usado é de uma moça que frequenta a Igreja Católica por causa dos folhetos distribuídos; a Igreja Deus é Amor, por causa de um pastor "que fala uma língua doida"; e a Igreja de Nova Vida porque lá se lê muito a Bíblia...Parece que essa moça é mesmo uma evangélica não-praticante, mas ela não reflete todo o fenômeno.
Creio que, por diversos fatores, há uma tendência ao não-pertencimento: a pós-modernidade caracteriza-se justamente pelo individualismo, pelo pluralismo religioso e pela religião de consumo; muitos crentes têm se desiludido com a politicagem eclesiástica e/ou com o peso do centralismo na forma de governo de suas igrejas; o aumento numérico dos evangélicos tem sido mais um inchaço do que crescimento genuíno, porque sem estrutura confessional; o incremento intelectual tem conduzido muitos crentes a questionar as coisas à sua volta.
Já escrevi neste blog sobre esse tema, e creio que não foi pouco. Preocupo-me com esse estado da Igreja brasileira. Até escrevi um post sob o título "Eu compreendo os sem-igreja", mas na exata medida da compreensão de motivos que conduzem muitos ao não-pertencimento, e não como empréstimo de justificativa. Na verdade, eu penso que o pertencer a uma igreja é parte do credo cristão!
De toda maneira, uma coisa é não ser membro de uma denominação e outra, bem diferente, é não participar de nenhuma igreja. Com efeito, existem os crentes que frequentam assiduamente igrejas "informais", sem personalidade jurídica, e que não podem ser considerados "sem vínculo". Embora talvez façam parte de um movimento de "desinstitucionalização", diferem daqueles que simplesmente não querem pertencer ou não foram corretamente ensinados sobre a necessidade de filiação a uma igreja. Não sei se a pesquisa atentou para isso.
Ontem, ao assistir à aula na escola dominical, comentei que as igrejas devem se pautar pelo ensino da Palavra, independentemente da quantidade de membros que essa conduta possa produzir. Até mesmo poderá haver perda de membros. Mas não foi Jesus que perguntou aos Seus discípulos se eles também não queriam ir embora, depois de um duro discurso do Mestre (cf. Jo 6.60-71)? Precisamos ensinar a Bíblia, e não o que as pessoas querem ouvir.
Esse movimento de crer sem pertencer é muito mais profundo do que se pode explicar por meio de conhecimentos sociológicos, demográficos ou antropológicos. Creio que a teologia tem algo a dizer.

4 comentários:

João Armando disse...

Sempre criticamos o romanismo por isso - pela falta de compromisso, por serem "não praticantes". Eis que agora a mesma praga assola o evangelicalismo. Bem, fato é que a Igreja verdadeira, com "I" maiúsculo, não tem membros assim. Quem foi verdadeiramente justificado necessariamente está em santificação. Você bem ressaltou a diferença entre pertencer a uma igreja informal e não pertencer a nada. Há parcela de culpa na liderança também. Espera-se que essa constatação leve a uma reflexão que extirpe, do nosso meio, práticas que chocam e afastam as pessoas.

César F. R. disse...

"Na verdade, eu penso que o pertencer a uma igreja é parte do credo cristão!"
Ora meu amigo! Deixemos de lado o tradicionalismo do templo de pedra! Vocês do denominacionalismo não estão enxergando um fenômeno global (inclusive nos EUA) chamado igreja simples. Não setrata de uma versão miniaturizada da igreja denominacional, mas trata-se de um cristianismo simples praticado nas casas, com comida, bebida, culto simples, com paticipação de todos os membros, um trazendo doutrina, outro uma palavra, e ainda outro um cântico.
Chega desse modelo herdado do catolicismo romano em que as pessoas são meramente expectadoras, que o clero comanda o culto etc.
As pessoas estão cansadas da igreja evangélica com esse modelo católico romano. Elas se sentem melhor nas casas.
E chega de vocês evangélicos perseguirem os 'sem-igreja' porque não existem 'sem-igreja'. Eles apenas estão praticando um cristianismo simples, sem palavras pomposas, sem teses, sem doutrinações.
Creio que a denominação será a grande perseguidora dessa gente assim como foi no passado.

César F. R. disse...

Você acha mesmo que as enominações representam a igreja de Jesus? Olha quanta mão humana tem nas instituições: púlpito, clero, hierarquia, campanhas, dogmas,
solenidades, domingos, prosperidade, vestimenta, profetadas, vasos, sacrifícios,
liturgias, doutrinas, rituais,
horários, regras, pregações,
prédios, templos, cultos,
tesouraria, ofícios,
ofertas, clero, ceia, confissões de fé, rol de membros, propriedades, seminários,
funcionários, cnpj, certificados,
proibições, obrigações,
etc...
Mas o Messias andou com pecadores, perdoou adúlteros, conversou intima-mente com mulheres de má fama, perdoou varios pecadores, mandou perdoar 70x7( sem mencionar
que tipo de pecado seria perdoado), Teve intimidade com pecadores e pessoas de má
fama, deu vinho em festa, enfrentou as autoridades religiosas, chamando-os de cobras, e quando era trucidado na cruz disse : Pai perdoa porque não sabem o que fazem.
NÃO VEJO SINCERAMENTE NENHUM CRISTÃO, EVANGÉLICO, OU ESPIRITUALISTA SER MILIMETRICAMENTE
COMO O MESSIAS.

PR CLAUDINEY DUARTE disse...

INDEPENDENTE SE NO TEMPLO OU NAS CASAS, O CRISTIANISMO HOJE TEM QUE SER VIVIDO MAIS NA PRÁTICA E MENOS NA TEORIA. hÁ MUITOS CRISTÃOS TEÓRICOS E CRENDO EM PROMESSAS HUMANAS.

QUANDO ESTAS PROMESSAS NÃO SE CUMPREM ABANDONAM ESTAS IGREJAS e infelizmente a grande maioria não procura uma igreja ética, ficam em casa entristecidos e decepcionados. apenas uma pequena parte procura uma igreja caseira.



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Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.