A Folha de S. Paulo traz hoje como matéria de capa a notícia de que, de acordo com a Pesquisa por Orçamentos Familiares, do IBGE, o número de evangélicos sem vínculo denominacional cresceu de 4 para 14% entre 2003 e 2009. O grupo seria formado por pessoas que deixaram suas igrejas de origem e não frequentam nenhuma outra igreja, e por aquelas que vão a diferentes igrejas ao mesmo tempo. Seriam, segundo Ricardo Mariano (PUC/RS) os que preferem crer sem pertencer.
Outra informação interessante é que a Igreja Universal do Reino de Deus perdeu 24% de seus seguidores nesse período, o que é um dado muito expressivo. A reportagem expõe como possível explicação a criação de igrejas dissidentes. Pode ser. Mas acredito que a Universal sempre perdeu muitos adeptos para igrejas como a Assembleia de Deus, e isso ocorre quando as pessoas percebem que lá não se ensina a Palavra sistematicamente, ou que não se ensina a Palavra mesmo. É uma hipótese.
A matéria da Folha indica a opinião de especialistas no sentido de que haveria o surgimento de um tipo de evangélico "não-praticante", como os católicos brasileiros. De fato, o exemplo usado é de uma moça que frequenta a Igreja Católica por causa dos folhetos distribuídos; a Igreja Deus é Amor, por causa de um pastor "que fala uma língua doida"; e a Igreja de Nova Vida porque lá se lê muito a Bíblia...Parece que essa moça é mesmo uma evangélica não-praticante, mas ela não reflete todo o fenômeno.
Creio que, por diversos fatores, há uma tendência ao não-pertencimento: a pós-modernidade caracteriza-se justamente pelo individualismo, pelo pluralismo religioso e pela religião de consumo; muitos crentes têm se desiludido com a politicagem eclesiástica e/ou com o peso do centralismo na forma de governo de suas igrejas; o aumento numérico dos evangélicos tem sido mais um inchaço do que crescimento genuíno, porque sem estrutura confessional; o incremento intelectual tem conduzido muitos crentes a questionar as coisas à sua volta.
Já escrevi neste blog sobre esse tema, e creio que não foi pouco. Preocupo-me com esse estado da Igreja brasileira. Até escrevi um post sob o título "Eu compreendo os sem-igreja", mas na exata medida da compreensão de motivos que conduzem muitos ao não-pertencimento, e não como empréstimo de justificativa. Na verdade, eu penso que o pertencer a uma igreja é parte do credo cristão!
De toda maneira, uma coisa é não ser membro de uma denominação e outra, bem diferente, é não participar de nenhuma igreja. Com efeito, existem os crentes que frequentam assiduamente igrejas "informais", sem personalidade jurídica, e que não podem ser considerados "sem vínculo". Embora talvez façam parte de um movimento de "desinstitucionalização", diferem daqueles que simplesmente não querem pertencer ou não foram corretamente ensinados sobre a necessidade de filiação a uma igreja. Não sei se a pesquisa atentou para isso.
De toda maneira, uma coisa é não ser membro de uma denominação e outra, bem diferente, é não participar de nenhuma igreja. Com efeito, existem os crentes que frequentam assiduamente igrejas "informais", sem personalidade jurídica, e que não podem ser considerados "sem vínculo". Embora talvez façam parte de um movimento de "desinstitucionalização", diferem daqueles que simplesmente não querem pertencer ou não foram corretamente ensinados sobre a necessidade de filiação a uma igreja. Não sei se a pesquisa atentou para isso.
Ontem, ao assistir à aula na escola dominical, comentei que as igrejas devem se pautar pelo ensino da Palavra, independentemente da quantidade de membros que essa conduta possa produzir. Até mesmo poderá haver perda de membros. Mas não foi Jesus que perguntou aos Seus discípulos se eles também não queriam ir embora, depois de um duro discurso do Mestre (cf. Jo 6.60-71)? Precisamos ensinar a Bíblia, e não o que as pessoas querem ouvir.
Esse movimento de crer sem pertencer é muito mais profundo do que se pode explicar por meio de conhecimentos sociológicos, demográficos ou antropológicos. Creio que a teologia tem algo a dizer.
4 comentários:
Sempre criticamos o romanismo por isso - pela falta de compromisso, por serem "não praticantes". Eis que agora a mesma praga assola o evangelicalismo. Bem, fato é que a Igreja verdadeira, com "I" maiúsculo, não tem membros assim. Quem foi verdadeiramente justificado necessariamente está em santificação. Você bem ressaltou a diferença entre pertencer a uma igreja informal e não pertencer a nada. Há parcela de culpa na liderança também. Espera-se que essa constatação leve a uma reflexão que extirpe, do nosso meio, práticas que chocam e afastam as pessoas.
"Na verdade, eu penso que o pertencer a uma igreja é parte do credo cristão!"
Ora meu amigo! Deixemos de lado o tradicionalismo do templo de pedra! Vocês do denominacionalismo não estão enxergando um fenômeno global (inclusive nos EUA) chamado igreja simples. Não setrata de uma versão miniaturizada da igreja denominacional, mas trata-se de um cristianismo simples praticado nas casas, com comida, bebida, culto simples, com paticipação de todos os membros, um trazendo doutrina, outro uma palavra, e ainda outro um cântico.
Chega desse modelo herdado do catolicismo romano em que as pessoas são meramente expectadoras, que o clero comanda o culto etc.
As pessoas estão cansadas da igreja evangélica com esse modelo católico romano. Elas se sentem melhor nas casas.
E chega de vocês evangélicos perseguirem os 'sem-igreja' porque não existem 'sem-igreja'. Eles apenas estão praticando um cristianismo simples, sem palavras pomposas, sem teses, sem doutrinações.
Creio que a denominação será a grande perseguidora dessa gente assim como foi no passado.
Você acha mesmo que as enominações representam a igreja de Jesus? Olha quanta mão humana tem nas instituições: púlpito, clero, hierarquia, campanhas, dogmas,
solenidades, domingos, prosperidade, vestimenta, profetadas, vasos, sacrifícios,
liturgias, doutrinas, rituais,
horários, regras, pregações,
prédios, templos, cultos,
tesouraria, ofícios,
ofertas, clero, ceia, confissões de fé, rol de membros, propriedades, seminários,
funcionários, cnpj, certificados,
proibições, obrigações,
etc...
Mas o Messias andou com pecadores, perdoou adúlteros, conversou intima-mente com mulheres de má fama, perdoou varios pecadores, mandou perdoar 70x7( sem mencionar
que tipo de pecado seria perdoado), Teve intimidade com pecadores e pessoas de má
fama, deu vinho em festa, enfrentou as autoridades religiosas, chamando-os de cobras, e quando era trucidado na cruz disse : Pai perdoa porque não sabem o que fazem.
NÃO VEJO SINCERAMENTE NENHUM CRISTÃO, EVANGÉLICO, OU ESPIRITUALISTA SER MILIMETRICAMENTE
COMO O MESSIAS.
INDEPENDENTE SE NO TEMPLO OU NAS CASAS, O CRISTIANISMO HOJE TEM QUE SER VIVIDO MAIS NA PRÁTICA E MENOS NA TEORIA. hÁ MUITOS CRISTÃOS TEÓRICOS E CRENDO EM PROMESSAS HUMANAS.
QUANDO ESTAS PROMESSAS NÃO SE CUMPREM ABANDONAM ESTAS IGREJAS e infelizmente a grande maioria não procura uma igreja ética, ficam em casa entristecidos e decepcionados. apenas uma pequena parte procura uma igreja caseira.
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