segunda-feira, 4 de maio de 2015

Doutrinação esquerdista nas escolas: um problema grave

Deparei hoje com um dos livros paradidáticos de minha filha, "Eu e os outros - As regras de convivência", de Maria Helena Pires Martins (Editora Moderna, 2001, 1ª Edição, 27ª impressão, 48p). Ao folheá-lo rapidamente, já me veio a suspeita de que precisava lê-lo por inteiro, o que fiz logo em seguida.
Antes é necessário dizer que minha filha tem 9 anos e estuda o 4º Ano do Ensino Fundamental. O livro será cobrado na prova de Língua Portuguesa.
Registro, ainda, meu espanto ao ver que as escolas têm precisado utilizar parte do seu tempo para tratar de regras básicas de boa educação, como cumprimentar as pessoas, dizer "por favor", agradecer, perceber que os mais pobres não são "invisíveis". Minha esposa e eu aprendemos isso em casa, e o ensinamos a nossos filhos. Mas entendo a preocupação das escolas, pois a falta de educação no Brasil é generalizada e distribuída por todas as classes sociais, a ponto de surgirem leis como o Estatuto do Idoso, o qual nos ordena um tratamento mais humano às pessoas da Terceira Idade.
De toda maneira, não aprecio de jeito nenhum o fato de governo e escola terem de se imiscuir - ou acharem que podem se imiscuir - em esferas próprias do ambiente familiar. O que me preocupa é a seara dos valores (seara axiológica), principalmente porque a) o governo petista é de uma esquerda autoritária; b) as universidades estão tomadas de professores de esquerda; c) a imprensa está tomada de jornalistas de esquerda; d) as igrejas têm sido alijadas do debate público, sob o argumento maroto de que o Estado é laico; e) os conservadores, religiosos ou não, são tidos como reacionários e obscurantistas; f) não há representatividade política para a expressiva parcela conservadora da sociedade brasileira.
Vamos, porém, ao que interessa:
O livro "Eu e os outros" toca em questões de Ética e Moral, e faz parte da série "Aprendendo a Com-viver", cujos títulos "apresentam temas de convívio social, ética e cidadania, oferecendo aos jovens um espaço de discussão a respeito dos valores que se encontram na base das ações morais e políticas do nosso tempo" (informações da contracapa).
Os livros da referida série são assim nominados:
"Qual é a graça? - O bom e mau do humor";
"A praça é do povo - Política e cidadania";
"Somos todos diferentes! - Convivendo com a diversidade no mundo";
"A bússola e a balança - Por um mundo mais justo";
"Preservando o patrimônio & Construindo a identidade";
"O prazer das compras - O consumismo no mundo contemporâneo";
"Paixão, amor, amizade - Relações afetivas na adolescência";
"Entre a espada e a palavra - Violência ou diálogo?"
"Viver em família - Reinventando os laços".
A partir dos títulos é possível imaginar que essa série não visa à formação ética, social e política, mas à doutrinação "progressista" ou esquerdista, disseminando entre crianças teses relacionadas a homossexualismo, "identidade de gênero", novos "modelos" familiares, crítica ao capitalismo, humor politicamente correto... Mas isso é apenas o que imagino... Agora, ao ler o título que temos em casa, o qual trata do campo moral e ético, descobri os seguintes trechos, que gostaria de comentar [com grifos acrescidos]:
  • "Não nascemos sabendo o que é bom e o que é mau, nem temos tanta certeza sobre o que os adultos dizem ser o certo e o errado. Sabe por quê? Porque essa é a tarefa de cada um de nós, a tarefa de construir nossa consciência moral para, assim, podermos agir por nós mesmos e não guiados pelos outros, e para nos transformarmos em cidadãos de uma sociedade democrática" [p. 4].
Sinto cheiro de relativismo moral e fragilização da autoridade dos pais. A construção da consciência moral de uma criança não pode ser tarefa exclusivamente sua, porque ela está em formação. 
É tarefa primordial dos pais ensinar a criança "no caminho em que deve andar" (Pv 22.6). A família dá formação, e a escola traz informação. Complementar e subsidiariamente, a escola oferece formação, mas essa função é primordialmente da família. 
Os pais têm uma cosmovisão forjada a partir de experiências acumuladas ao longo de milênios de história humana e também como herança de seus antepassados. A Civilização existe e não pode ser desconsiderada, com seus valores e tradições. Esse repertório não pode ser simplesmente desconsiderado pela construção autônoma de uma "consciência moral" infantil. 
Percebo, ainda,  uma insinuação contrária à ideia de verdades absolutas.
  • "O Guilherme me pediu um beijo. Estou morta de vontade de dizer sim. Fico curiosa para saber como é. Também quero poder contar para as minhas amigas que já beijei um garoto. Elas vão saber que eu não sou mais criança. O único problema é: eu não gosto dele. Será que deveria esperar por alguém de quem eu goste?" [p. 27].
Isso lá é assunto para um livro dirigido a crianças? É desse jeito que se deve abordar o tema? 
Eu sei que muitos pais gostam de terceirizar a educação de seus filhos, porque egoístas, irresponsáveis ou preguiçosos, e por isso o governo e a escola se veem na obrigação - ou mesmo no direito - de adentrar a campos que deveriam ser reconhecidos à família. Mas não concordo com uma abordagem tão precoce e sem conhecimento da realidade de cada família. Esses assuntos são muito pessoais e complexos para serem tratados à distância. 
Em vez de afastar a criança de um perigo, pode ser que o livro a aproxime de um mundo que ela jamais pensou existir.
  • "Acontece, entretanto, que algumas regras são injustas porque foram estabelecidas para favorecer somente um grupo, ou uma parte da sociedade e não ela toda [cita, com acerto, o caso do Apartheid]. (...) Outro exemplo é o da má distribuição de renda e terras em nosso país. Enquanto grande parte da população não tem condições dignas de vida, podemos considerar a acumulação de bens por parte de um pequeno grupo como sendo uma apropriação indevida (ou seja, quase um roubo) do que deveria estar dividido mais equilibradamente. Embora a acumulação de bens por parte dessas pessoas não seja ilegal, a legislação tributária que a favorece é imoral e injusta. Como vemos, apesar da obediência às regras ser uma necessidade social, devemos desobedecê-las porque elas são injustas com parte da sociedade. Liberdade é isto: é poder escolher entre vários caminhos, entre seguir uma regra ou não, é inventar alternativas mais justas diante de situações problemáticas" [pp. 39,40].
Depois a autora irá afirmar que as atitudes têm consequências, em virtude da relação liberdade-responsabilidade, mas a mensagem é clara: se você discorda das regras, não há problema em violá-las, desde que assuma a responsabilidade. Assim deve funcionar a cabeça de um black bloc da esquerda caviar, formado na escola do progressismo.
Estão presentes no trecho os elementos do marxismo, a sugerir que a economia seria, como diz Rodrigo Constantino, "um jogo de soma zero", em que os mais pobres são mais pobres porque os mais ricos são mais ricos. O problema todo residiria no capitalismo e na legislação tributária, que a autora menciona, mas sem dar pistas de que conhece.
A tática de citar o Apartheid  ao lado das regras de propriedade serve para transmitir a falsa ideia de que se trata de coisas semelhantes, algo que qualquer iniciado em estudos de argumentação poderia descobrir facilmente. Enquanto o Apartheid foi um regime nefasto de segregação racial institucionalizada, que atentava contra a dignidade da pessoa humana, as regras jurídicas que protegem a propriedade existem para a garantia do Estado de Direito. 
Não é desobedecendo às regras jurídicas que serão alteradas as condições econômicas e sociais. A própria economia tem suas normas, como o mercado, a lei da oferta e da procura, o valor da iniciativa individual, e nada no mundo poderá modificar regras inerentes ao dinamismo econômico.
O palavrório acima transcrito está em perfeita harmonia com o pensamento mais esquerdista dentro do Partido dos Trabalhadores (PT), do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e de todos os "coletivos" que defendem a superação do "Estado Burguês" e da "Democracia Burguesa".
Essas ideias estranhas são igualmente propaladas por certos juristas que, espancando o Direito, distorcem a função social da propriedade, o conceito de ocupação de propriedade rural, o garantismo penal, os direitos fundamentais. 
Sim, é desse modo que andam os cursos jurídicos no Brasil, ensinando relativismo moral, multiculturalismo, laicismo, doutrinas penais minimalistas, e todo um besteirol filosófico que se abebera de Jean-Jacques Rousseau, Michel Foucault e, no fim, Antonio Gramsci e Karl Marx.
Com livros como esse que ora comento, a criança vai sendo preparada para ouvir besteiras na universidade. Se optar pelas Ciências Humanas, a doutrinação esquerdista já terá sido solidamente estabelecida ao longo de todo o período escolar.
Parece-lhe que perco tempo ao ler o livro de minha filha e escrever este post? Eu prefiro "perder" esse tempo agora a perder contato com aquilo que a escola** lhe oferece, porque como pai essa responsabilidade é minha - de modo pessoal, inalienável e intransferível.
*A imagem da capa foi retirada do seguinte endereço: http://www.baeza.com.br/shop/index.php/livros-paradidaticos-5/eu-e-os-outros-as-regras-da-convivencia-maria-helena-pires-martins-editora-moderna-un.html
** A palavra "escola" é empregada aqui para designar a instituição social, e não a escola de minha filha em particular. Questões com a escola em particular a gente resolve particularmente.

Um comentário:

João Armando disse...

É disso para pior. Eles se esquecem, ou não sabem, que a despeito de tudo, os pais têm muito mais importância na formação dos filhos do que pensam, do que pensa a psicologia moderna e o esquerdismo. Deus deu-nos a responsabilidade de os guiar nos caminhos dele. Se formos irresponsáveis em casa, aí sim todo esse lixo há de gerar frutos podres nas vidas deles. Mas sendo corretamente ensinados em casa e na igreja, é muito menos provável que tenham sucesso. Não diria impossível, mas muitíssimo menos provável.



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Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
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Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.