quarta-feira, 9 de junho de 2010

Irmã Dulce e a tendência humana à veneração

Ontem e hoje o corpo da Irmã Dulce, falecida em 1992 aos 77 anos, esteve exposto à visitação pública na Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Largo de Roma, aqui em Salvador. Já considerada "venerável" pelo Sr. Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) desde 2009, a freira baiana segue, depois de morta, para ser beatificada, e, talvez, canonizada, para ser a primeira "santa brasileira" (Madre Paulina nasceu na Itália).
A Irmã Dulce fez um belo trabalho com os pobres na área de saúde e assistência social. As "Obras Sociais Irmã Dulce" tomaram vulto. Todos os dias passo em frente à sua sede, onde há um convite de visita ao túmulo do "anjo bom do Brasil", conforme uma das inscrições. Outra diz: "Venerável Dulce".
Imagino que aquela senhora de que me recordo desde os tempos de infância, na década de 80, não gostaria de testemunhar uma coisa dessas. Lembro-me de que ela sofria de algum problema respiratório, e sempre aparecia um tanto arqueada, mas com o olhar sereno. Por cinco décadas, fez o que o Poder Público não se preocupava em fazer: cuidar dos pobres. Ainda hoje são muitos os que procuram socorro nas Obras Sociais que ela deixou.
Todavia, percebo aqui o fenômeno social e religioso da santificação de um indivíduo como antídoto à necessidade de santificação pessoal. Explico: em vez de buscarem a separação do pecado e a promoção do bem, as pessoas preferem se contentar com uma vida comum e relegar ao santo as maiores proezas, como se somente ele pudesse parecer mais com Deus.
Essa é verdade: à semelhança dos heróis cinematográficos, os santos católicos são como paradigmas inalcançáveis, postos como modelo de santidade e operação de milagres para que no coração do povo permaneça a ideia de que ninguém pode ser santo.
Soa para mim altamente artificial o processo de canonização, segundo o qual por meio de um ou mais milagres "comprovados" alguém passa a ser considerado santo. Ora, santos são todos aqueles que um dia foram separados do pecado pelo sangue de Jesus, e que a partir de então ingressaram no processo de santificação sob o poder do Espírito de Deus. Somos santos e nos santificamos a vida toda na Pessoa de Cristo.
Colocar o "santo" no pedestal é perigoso. A proposta do Evangelho vai no sentido diametralmente oposto: "Sede santos, porque eu sou santo" é o que nos diz o SENHOR (I Pe 1.16).

Um comentário:

João Armando disse...

Muito bem. Li algures "o papa declara santos pessoas que já morreram; Deus declara santos os vivos que ele mesmo justificou."



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Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.