Que alegria, teremos segundo turno para a presidência da República! Quando parte da imprensa dava por certa a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno, eis que os números das urnas mostram que a disputa terá uma segunda etapa. Isso é bom para a democracia, pois agora teremos um espaço especial em que ambos os candidatos gozarão do mesmo tempo de TV, e muitas das informações declinadas ou omitidas poderão vir à tona.
Marina Silva surpreendeu com cerca de 20% de votos, e alguns comentaristas políticos na TV dizem tratar-se de aceitação de sua proposta ambientalista e de um "voto de vanguarda", como o de 1989, dado a Lula. Penso, porém, que pode ter havido muitos votos evangélicos em Marina Silva, mesmo ela não tendo usado a condição evangélica em sua campanha. Creio que o voto evangélico pode ter sido um dos fatores decisivos, pois, mesmo sem a indução por Marina, houve, na internet e a "boca pequena", demonstrações críticas a Dilma Rousseff, especialmente no que diz respeito a aborto. Sei que há boatos, como aquele de que ela teria dito "nem Cristo me tira essa vitória", mas a defesa do aborto é real em sua biografia, além de sua carreira terrorista.
Assisti na Veja On Line agora há pouco aos comentários de Reinaldo Azevedo, Ricardo Setti e Augusto Nunes, os quais dedicaram um espaço às eleições baianas. Em sua análise, comentaram que César Borges, antigo carlista que passou a apoiar Lula logo depois da morte de ACM, "conseguiu perder para Lídice da Mata". Disseram que César Borges era tão bajulador de ACM que no Senado usava gravata igual ao do padrinho. Eu já ouvira, de um amigo meu, a afirmação de que César Borges era mais carlista que Antonio Carlos. Pois é. Por outro lado, aqueles que atacaram o demista Paulo Souto por ter sido do grupo de ACM esquecem que Wagner governa com ex-carlistas e que seu vice, Otto Alencar, era carlista como Souto e Borges. Esses que esquecem o carlismo de Otto Alencar são os mesmos que gostam de lembrar que o DEM foi PFL, PDS e ARENA, mas esquecem que o PP, que apóia Lula e Wagner, vieram da mesma cepa.
Ao menos ao nível federal teremos segundo turno. No programa da Veja a que me referi, Augusto Nunes disse que Marina Silva telefonou para Aécio Neves marcando uma conversa, e adiantou que apoiaria o PSDB se este acatasse algumas de suas propostas. É esperar.
Antes de terminar, quero dizer que o voto evangélico deveria ser guiado por outros temas, que não apenas o aborto. Fico triste ao saber que erenices, dirceus e dossiês não são capazes de conduzir a uma flagrante derrota de Dilma. No entanto, fico menos feliz ainda por saber que algumas questões são tratadas com simbolismo demais e reflexão de menos.
3 comentários:
Pois é. O Serra devia agradecer não à Marina mas ao eleitorado evangélico, que foi quem deu votos à Marina e permitiu, assim, o segundo turno. Gostei de ver que os lulistas perderam em muitos estados - sinceramente, esperava que ganhassem em mais - mas preocupa-me a péssima qualidade do legislativo federal, infestado que continua de puxa-sacos e outros vagabundos pendurados nas tetas do Estado - e, pior, agora com folga no legislativo, o petismo poderá, se quiser, começar um lento processo de cerceamento das liberdades, à Hugo Chaves - além de aprovar outras sandices como desenterrar a CPMF etc. Seja como for, bons ou ruins, estarão lá e temos de orar pelo país e por eles.
Que venha o segundo turno...Paz!
Mais uma vez as direitas conservadoras conseguiram nos usar, os evangélicos, como massa de manobra, com uma política mesquinha repleta de factóides e de moralismos reacionários demonizamos mais uma vez um candidato a presidencia da República... Na primeira vez que houve tal manipulação elegemos Collor de Mello... Não acredito que tantas pessoas conseguem votar novamente no PSDB depois dos 8 anos de FHC...
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