segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Estado laico não é pretexto para a defesa do aborto

Analistas "iluminados" gostam de usar o argumento de que o Estado é laico toda vez que os cristãos expõem sua posição sobre temas como aborto, união civil de pessoas do mesmo sexo e células-tronco embrionárias. Sim, a laicidade é um princípio republicano defendido primeiro pelos próprios cristãos, porque a separação entre Igreja e Estado é, na realidade, uma defesa para a liberdade da fé.
Agora, laicidade do Estado não se confunde com Estado secularista. Mesmo um Estado sem religião oficial e que permite a liberdade religiosa pode (e deve) estar atento a valores morais e filosóficos, sem necessidade de fundamentar suas políticas em livros sagrados nem quaisquer tradições religiosas.
A secularização estatal é problemática porque desconsidera totalmente o misterioso, o desconhecido, aquelas coisas que não se pode medir, como o início exato da existência humana e o que ocorre com a pessoa em estado vegetativo. Os secularistas desprezam o conceito metafísico de vida, pois só se interessam pelos elementos biológicos, materiais, palpáveis. Não se preocupam com a possibilidade de se imiscuirem em esferas que não lhes pertencem, como o poder de dar e tirar a vida. Com isso, revelam-se excessivamente pragmáticos, utilitaristas. Por exemplo, se o aborto é para os cristãos o assassinato de uma pessoa humana, os secularistas não se importam, crendo que se trata de mera crença religiosa. Todavia, independentemente de constar essa doutrina de algum credo, é de se indagar sobre o conceito mesmo de vida, existência, origem, destino, interferência humana nos acontecimentos.
Não somos fundamentalistas cristãos nem obscurantistas, como dizem Carlos Heitor Cony, Janio de Freitas, Elio Gaspari, Gilberto Dimenstein e tantos outros. Não somos medievais. Se só os secularistas puderem discutir aborto e outros temas sociais, onde iremos parar? É mesmo a democracia que eles defendem ou a democracia tem sido apenas um regime que lhes convém até hoje? Por que um crente não pode falar de aborto, casamento gay, divórcio, células-tronco? Somos menos cidadãos que os outros?
Acredito no sagrado, creio em Deus na Pessoa de Cristo, conheço as Escrituras, sou salvo pelo sangue de Jesus - e não peço aos legisladores que coloquem minha fé como regra legal. Longe disso! O que buscamos é a possibilidade real de discutir assuntos políticos a partir de nossas perspectivas.
Laicidade e secularização, volto a dizer, são coisas distintas. Podemos ser cidadãos livres num Estado laico, mas não será nada bom assumirmos uma postura de deificação do Homem. Se o Humanismo errou ao estabelecer que o Homem é a medida de todas as coisas, por que voltarmos a esse parâmetro equivocado?

2 comentários:

Isabel Meneses disse...

Fico sempre encantada com os seus escritos, além de serem atuais, eu amo a forma com que finalizas cada um deles. Parabéns!

Alex Esteves da Rocha Sousa disse...

Irmã,

Muito obrigado mesmo pelas boas palavras de incentivo!
Alex.



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Gostaria de estabelecer contato com você. Talvez pensemos a respeito dos mesmos assuntos, e o diálogo é sempre bem-vindo e mais que necessário. Meu e-mail é alexesteves.rocha@gmail.com. Você poderá fazer sugestões de artigos, dar idéias para o formato do blog, tecer alguma crítica ou questionamento. Fique à vontade. Embora o blog seja uma coisa pessoal por natureza, gostaria de usar este espaço para conhecer um pouco de quem está do outro lado. Um abraço.

Para pensar:

Um dos terríveis problemas da Igreja evangélica brasileira é a falta de conhecimento da Bíblia como um sistema coerente de princípios, promessas e relatos que apontam para Cristo como Criador, Sustentador e Salvador. Em vez disso, prega-se um "jesus" diminuído, porque criado à imagem de seus idealizadores, e que faz uso de textos bíblicos isolados, como se fossem amuletos, peças mágicas a serem usadas ao bel-talante do indivíduo.

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Bases de Fé

Creio:
Em um só Deus e na Trindade.
Na inspiração verbal da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão.
Na concepção virginal de Jesus, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal e sua ascensão aos céus.
Na pecaminosidade do homem, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode salvá-lo.
Na necessidade absoluta do novo nascimento pela fé em Cristo e pelo poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus.
No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor.
No batismo bíblico em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo.
Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus, através do poder do Espírito Santo.
No batismo bíblico no Espírito Santo que nos é dado por Deus mediante a intercessão de Cristo.
Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade.
Na Segunda Vinda de Cristo.
Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo.
No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis.
E na vida eterna para os fiéis e morte eterna para os infiéis.