Tenho um amigo muito inconveniente. O pior de tudo é que ele é o que mais me envia mensagens eletrônicas. Seu nome é estrangeiro: Spam. Todos os dias ele aparece com uma novidade, mas não me interesso por nenhuma delas.
Quando minha caixinha de correio era mais precária, as mensagens de Spam vinham misturadas com as mensagens que eu aguardava. Às vezes, ao ver que na caixa havia várias mensagens, eu ficava alegre, para imediatamente perceber que todas não passavam de pilhérias do velho amigo: anúncios comerciais acerca de produtos pelos quais eu nunca me interessei, de lojas em que eu jamais comprei.
Agora que minha caixa de correio é bem mais rigorosa, as coisas de Spam ficam separadas. Mas, talvez pelo hábito de receber mensagens de Spam, lá vou eu olhar o que ele me reservou - e inexoravelmente vejo que se trata das mesmas besteiras.
Ó incorrigível Spam. Deixe que meus amigos mais esperados escrevam para mim, e só. Deixe que eles entupam minha humilde caixa de correio. Deixe que as mensagens recebidas sejam exclusivamente de meu interesse e proveito!
Mas, que insensato eu sou! Quem mais escreveria para mim? Quem mais se importaria tanto comigo, senão a indústria, o comércio, o consumo, a sociedade capitalista, vil e burguesa, a era da informação, e todos os seus aparatos de última geração?
Talvez eu esteja sendo rude demais com o velho Spam. Talvez...Para muitas pessoas, os anúncios de publicidade, ainda que indesejados e impessoais, são a única recordação de que existem. Afinal, quando ninguém mais se lembrar de mim, seja o poeta, seja o doutor, ainda assim Spam me enviará os seus recados. O dinheiro sabe onde as pessoas estão.
Um comentário:
O pior é que essa praga já contagiou os celulares. As próprias operadoras mandam mensagens não solicitadas, só para nos dar o trabalho de ler para ver o que é e imediatamente apagar... Mas há uma luz no fundo do túnel (não são os farois do trem...) - soube que se cogita proibir esse tipo de coisa por parte das operadoras de telefonia móvel. Oxalá seja mesmo aprovada a proposta!
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