"20 Morreu Eliseu, e o sepultaram. Ora, bandos dos moabitas costumavam invadir a terra, à entrada do ano.
21 Sucedeu que,
enquanto alguns enterravam um homem, eis que viram um bando; então,
lançaram o homem na sepultura de Eliseu; e, logo que o cadáver tocou os
ossos de Eliseu, reviveu o homem e se levantou sobre os pés".
Eis uma das passagens bíblicas mais curiosas: um homem é ressuscitado depois de o seu cadáver tocar os ossos do profeta Eliseu. Não há nada igual na Bíblia.
Eliseu, o sucessor de Elias, morreu doente. O texto de II Rs 13.14 começa assim: "Estando Eliseu padecendo da enfermidade de que havia de morrer..." O autor do Livro em nenhum momento escreve uma nota de desaprovação a Deus pelo fato de o grande profeta Eliseu ter morrido por causa de uma doença. Tampouco há tentativa de justificar o ocorrido, como fizeram os amigos de Jó (Elifaz, Bildade e Zofar), que acusaram Jó de estar em pecado ou de não ter uma vida suficientemente reta.
O episódio ocorreu no Séc. IX a.C. Israel vivia sua longa agonia espiritual, liderado que estava por monarcas idólatras e maus. O cenário religioso e político não era bom.
Narra o texto que algumas pessoas foram enterrar um defunto, algo absolutamente normal e corriqueiro. Não consta do texto que eles tenham orado para que o morto ressuscitasse. As circunstâncias eram ordinárias.
Ao ver os moabitas, porém, aqueles que intentavam sepultar o defunto simplesmente foram embora, o que é compreensível, e lançaram o corpo na sepultura do profeta. Entre cuidar do morto e cuidar dos vivos, preferiram a segunda opção. Creio que faríamos o mesmo.
Todavia, em meio a essas circunstâncias normais, ocorreu o inesperado e extraordinário: o homem ressuscitou quando seu cadáver tocou os ossos de Eliseu.
Qual o sentido dessa passagem?
É interessante como surgem explicações estranhas para certos textos bíblicos. Uma dessas explicações é de que esse milagre foi necessário para compor o total de 14 milagres, dobro do que Elias teria praticado. Assim, segundo essa teoria, estaria satisfeito o pedido de Eliseu quando da iminente ascensão de Elias, pois Eliseu pediu para ter "porção dobrada" do espírito de Elias (cf. II Rs 2.9).
A expressão "porção dobrada" sugere a condição de filho primogênito, que recebia em herança porção maior que a destinada aos outros filhos. O que Eliseu quis foi ser o sucessor de Elias em seu ministério profético, um ministério caracterizado pelas demonstrações de poder e pela autoridade espiritual.
Além disso, por que deveríamos dar como certo que Elias e Eliseu praticaram somente os milagres registrados na Bíblia? O SENHOR Jesus não praticou muitos mais milagres do que os registrados nos Evangelhos, como se depreende de Jo 20.30? Não poderia acontecer algo semelhante com Elias e Eliseu?
Há algumas lições que podemos extrair do texto em comento:
1) Deus pode operar milagres extraordinários em circunstâncias ordinárias - uso propositalmente a expressão "milagres extraordinários", recordando o texto de At 19.11. Milagre já é um fenômeno extraordinário, mas a expressão oferece destaque à grandiosidade da obra do SENHOR sobre a natureza.
2) Deus opera quando quer, como quer, e em favor de quem Ele quer - não sei se alguém orou pela ressurreição daquele homem, mas o fato é que ele já seria sepultado quando Deus o fez ressurgir dos mortos. E isso aconteceu justamente quando os moabitas adentravam o território israelita, e de maneira espantosa. Não poderia Deus escolher momento melhor do que em meio a uma invasão estrangeira? Não poderia Deus usar um método mais "comum", como quando, séculos depois, o SENHOR Jesus orou ao Pai, mandou tirarem a pedra e disse "Lázaro, vem para fora"? (cf. Jo 11). No caso em tela, não! Deus quis fazer do jeito que fez.
3) o crente pode morrer doente - não acredito que tive de escrever isso! Eliseu morreu vítima de uma doença, mesmo sendo ele um homem que Deus usou para operar milagres.
4) mesmo depois de mortos, os salvos pertencem ao SENHOR - nenhum crente deveria se preocupar com a maneira pela qual Deus irá ressuscitar os que morreram em Cristo, juntar todos os pedaços e transformar o corpo destruído em corpo glorificado. O SENHOR é poderoso. Se não conseguimos crer nisso, creremos em que?
Eis uma das passagens bíblicas mais curiosas: um homem é ressuscitado depois de o seu cadáver tocar os ossos do profeta Eliseu. Não há nada igual na Bíblia.
Eliseu, o sucessor de Elias, morreu doente. O texto de II Rs 13.14 começa assim: "Estando Eliseu padecendo da enfermidade de que havia de morrer..." O autor do Livro em nenhum momento escreve uma nota de desaprovação a Deus pelo fato de o grande profeta Eliseu ter morrido por causa de uma doença. Tampouco há tentativa de justificar o ocorrido, como fizeram os amigos de Jó (Elifaz, Bildade e Zofar), que acusaram Jó de estar em pecado ou de não ter uma vida suficientemente reta.
O episódio ocorreu no Séc. IX a.C. Israel vivia sua longa agonia espiritual, liderado que estava por monarcas idólatras e maus. O cenário religioso e político não era bom.
Narra o texto que algumas pessoas foram enterrar um defunto, algo absolutamente normal e corriqueiro. Não consta do texto que eles tenham orado para que o morto ressuscitasse. As circunstâncias eram ordinárias.
Ao ver os moabitas, porém, aqueles que intentavam sepultar o defunto simplesmente foram embora, o que é compreensível, e lançaram o corpo na sepultura do profeta. Entre cuidar do morto e cuidar dos vivos, preferiram a segunda opção. Creio que faríamos o mesmo.
Todavia, em meio a essas circunstâncias normais, ocorreu o inesperado e extraordinário: o homem ressuscitou quando seu cadáver tocou os ossos de Eliseu.
Qual o sentido dessa passagem?
É interessante como surgem explicações estranhas para certos textos bíblicos. Uma dessas explicações é de que esse milagre foi necessário para compor o total de 14 milagres, dobro do que Elias teria praticado. Assim, segundo essa teoria, estaria satisfeito o pedido de Eliseu quando da iminente ascensão de Elias, pois Eliseu pediu para ter "porção dobrada" do espírito de Elias (cf. II Rs 2.9).
A expressão "porção dobrada" sugere a condição de filho primogênito, que recebia em herança porção maior que a destinada aos outros filhos. O que Eliseu quis foi ser o sucessor de Elias em seu ministério profético, um ministério caracterizado pelas demonstrações de poder e pela autoridade espiritual.
Além disso, por que deveríamos dar como certo que Elias e Eliseu praticaram somente os milagres registrados na Bíblia? O SENHOR Jesus não praticou muitos mais milagres do que os registrados nos Evangelhos, como se depreende de Jo 20.30? Não poderia acontecer algo semelhante com Elias e Eliseu?
Há algumas lições que podemos extrair do texto em comento:
1) Deus pode operar milagres extraordinários em circunstâncias ordinárias - uso propositalmente a expressão "milagres extraordinários", recordando o texto de At 19.11. Milagre já é um fenômeno extraordinário, mas a expressão oferece destaque à grandiosidade da obra do SENHOR sobre a natureza.
2) Deus opera quando quer, como quer, e em favor de quem Ele quer - não sei se alguém orou pela ressurreição daquele homem, mas o fato é que ele já seria sepultado quando Deus o fez ressurgir dos mortos. E isso aconteceu justamente quando os moabitas adentravam o território israelita, e de maneira espantosa. Não poderia Deus escolher momento melhor do que em meio a uma invasão estrangeira? Não poderia Deus usar um método mais "comum", como quando, séculos depois, o SENHOR Jesus orou ao Pai, mandou tirarem a pedra e disse "Lázaro, vem para fora"? (cf. Jo 11). No caso em tela, não! Deus quis fazer do jeito que fez.
3) o crente pode morrer doente - não acredito que tive de escrever isso! Eliseu morreu vítima de uma doença, mesmo sendo ele um homem que Deus usou para operar milagres.
4) mesmo depois de mortos, os salvos pertencem ao SENHOR - nenhum crente deveria se preocupar com a maneira pela qual Deus irá ressuscitar os que morreram em Cristo, juntar todos os pedaços e transformar o corpo destruído em corpo glorificado. O SENHOR é poderoso. Se não conseguimos crer nisso, creremos em que?
Um comentário:
Gostei da postagem. Nunca havia pensado na "porção dobrada" como ligada ao conceito de primogenitura. Valeu! Continue seu trabalho. Eu cá vou sempre lendo, ainda que nem sempre comente.
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