Um dos vícios do mau pregador é o desconhecimento da História bíblica, e com isso me refiro à História da Redenção. O bom pregador deve compreender que a Escritura Sagrada conta a História da Salvação da Humanidade por meio do sacrifício vicário e expiatório de Cristo, o que foi preparado na Lei, anunciado nos profetas, narrado nos Evangelhos, proclamado em Atos dos Apóstolos, explicado nas Epístolas e celebrado em Apocalipse.
Sem conhecer os eventos histórico-redentivos, e sem entender que a Bíblia expõe uma série de textos coordenados e unidos em Cristo, o pregador corre o risco de se pautar por opiniões pessoais e desvios doutrinários e teológicos, além de empregar textos fora de contexto e fazer interpretações equivocadas, usando a Bíblia como se ela fosse um repositório de promessas e declarações soltas, simples palavras de poder alheias a qualquer possibilidade de sistematização. Tem-se, assim, o caos na pregação.
Um excelente exemplo bíblico de pregador é Moisés, que no Livro de Deuteronômio faz uma série de sermões - por causa disso, alguém já disse que Deuteronômio é o Livro do pregador.
O Primeiro Discurso de Moisés em Deuteronômio encontra-se em 1.1-4.43, e consiste em memória da jornada pelo deserto e exortação à obediência; o Segundo Discurso está em 4.44-26.19, e se refere às leis prescritas ao povo; o Terceiro Discurso, encontrado em 27.1-28.68, contém as bênçãos e maldições; e o Quarto Discurso, registrado nos caps. 29 e 30, trata da aliança firmada em Moabe (os caps. 31 a 34 cuidam de temas como o sucessor de Moisés, palavras de despedida e a morte de Moisés, além do Cântico que ele proferiu).
É digno de nota que as divisões naturais do Livro de Deuteronômio observam uma estrutura similar ao que se recomenda para pregações:
1) memória do que foi dito ou realizado por Deus quanto ao Seu povo (fatos históricos);
2) declaração do que Deus requer do Seu povo (exigências divinas);
3) exortação à obediência (agora e no futuro).
Ocorre que para rememorar a História bíblica é necessário conhecê-la, e para exortar ao cumprimento da vontade do SENHOR é preciso que o pregador compreenda qual o papel da pregação.
Por ora, deixo a sugestão para que leiamos o Livro de Deuteronômio com a perspectiva do pregador, a fim de que esse importante Livro nos auxilie quando da exposição da Palavra de Deus.
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