Quero apresentar uma série de reflexões sobre os motivos que devem nos conduzir a uma preocupação séria com a pregação da Palavra de Deus em nossos púlpitos.
Estou atento especialmente à situação da Assembleia de Deus, que conheço, mas sei que a Igreja brasileira tem passado por um período crítico no que toca ao próprio conceito de pregação.
Com a expressão "pregações ruins", propositalmente genérica, refiro-me a pregações sem fundamento bíblico, heréticas, emocionalistas, triunfalistas, subjetivistas, antropocêntricas ou sem observância de mínimos critérios de hermenêutica. Podem ser tudo isso ao mesmo tempo ou reunir algumas dessas características.
Com a expressão "pregações ruins", propositalmente genérica, refiro-me a pregações sem fundamento bíblico, heréticas, emocionalistas, triunfalistas, subjetivistas, antropocêntricas ou sem observância de mínimos critérios de hermenêutica. Podem ser tudo isso ao mesmo tempo ou reunir algumas dessas características.
Comecemos pelo Livro de Gênesis, justamente o Livro dos começos.
Um dos perigos que rondam os nossos púlpitos é o dos pregadores que põem em dúvida a Palavra de Deus.
A primeira personagem a por a Palavra do SENHOR em dúvida foi a serpente, que era o próprio Satanás corporificado.
Leiamos o texto de Gn 3.1-5:
Primeiramente, vê-se que a serpente inicia a tentação com uma pergunta: "É assim que Deus disse (...)?" A serpente não estava propondo um exercício de aprendizagem - ela queria estabelecer a dúvida, a desconfiança, para depois passar à flexibilização, à relativização da Palavra de Deus.
Observe o aspecto negativo ressaltado pela serpente, segundo a qual Deus teria simplesmente proibido o Primeiro Casal de comer de toda árvore do jardim, o que poderia significar a vedação não apenas da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, mas de outras árvores. Ocorre, porém, que Deus ensejou a Adão e Eva o aproveitamento de toda árvore do jardim, à exceção daquela Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal (Gn 2.16,17).
Ora, uma coisa é dizer: "Podem comer de tudo, menos daquilo ali". Outra coisa é dizer "Vocês não podem comer de tudo o que há neste lugar". Assim, a serpente enfatizou o aspecto negativo em detrimento do aspecto positivo da ordem divina.
Outro aspecto que se pode observar é que a serpente induziu o Primeiro Casal a suspeitar das motivações do próprio Deus. Deus havia dito que eles não podiam comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal para que não morressem (Gn 2.17). A seu turno, a serpente disse que a real motivação de Deus era impedir que Adão e Eva se tornassem como Deus, "sabendo o bem e o mal". Dentro disso está a mentira de que conhecer o bem e o mal transforma o ser humano em ser divino.
Deus conhece o bem e o mal, não por experiência, mas por Onisciência - Ele conhece todas as coisas. Já o Primeiro Casal veio a conhecer o bem e o mal por causa de sua experiência de transgressão. Vale dizer que comer do fruto proibido significou para eles uma proclamação de independência em relação a Deus, como se não mais precisassem se alimentar da ética do SENHOR, e como se pudessem estabelecer sua própria ética (alienação, emancipação, separação, arbítrio).
Além da heresia de que o Homem pode se tornar como Deus (divinização do ser humano), houve consequências práticas imediatas: vergonha, culpa, medo, contenda. Incontinenti vieram as maldições: o prejuízo ao meio ambiente, a injustiça social, o trabalho penoso, a opressão da mulher pelo homem, a multiplicação da dor do parto. O principal efeito foi a própria morte espiritual, que consiste na separação em relação a Deus, a perda da presença do SENHOR, bem representada na expulsão do jardim (cf. Gn 3.6-24).
Estou comentando essa passagem para mostrar que qualquer dúvida deliberada sobre a Palavra de Deus pode trazer consequências terríveis, e para afirmar que a serpente foi quem começou a pregação mentirosa.
Satanás é "a antiga serpente", "o grande dragão", o "diabo", "o sedutor de todo o mundo" (Ap 12.9), que Jesus disse ser "mentiroso e pai da mentira" (Jo 8.44). Então, toda inserção deliberada de dúvida quanto à Palavra de Deus provém, em última análise, do diabo.
O Liberalismo Teológico - em declínio na Europa e Estados Unidos, mas com algum avanço no Brasil - firmou-se na dúvida.
Na palestra O dilema do método histórico-crítico, ministrada no Congresso Internacional de Religião, Teologia e Igreja - Uma abordagem contemporânea* -, o Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes afirmou que o Liberalismo, com origens nos Sécs. XVII e XVIII, se abeberou de quatro fontes: o Humanismo da Renascença; o Iluminismo Alemão; o Teísmo Inglês; e o Ceticismo Francês. O produto dessa mistura racionalista, antropocêntrica e pseudo-científica foi o pensamento teológico liberal, que se firma na dúvida em relação à Palavra de Deus.
Criar dúvidas na mente do ouvinte - seja para mostrar uma erudição que nem sempre se tem, seja para dar curso à incredulidade, seja para qualquer outro fim - é um expediente que deve ser plenamente rechaçado.
Alguém que conhece as igrejas pentecostais e especialmente a Assembleia de Deus pode estar se perguntando se o Liberalismo Teológico tem assaltado os nossos púlpitos. Embora eu não conheça pregadores pentecostais declaradamente liberais, tenho razões para supor que eles logo aparecerão, ou que já estão em algum lugar, pelo seguinte:
1 - Muitos pentecostais estão cursando Teologia em instituições liberais;
2 - A teologia da "neopentecostal" Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) inclui a encenação de fatos do Antigo Testamento como se o que valesse fosse a experiência espiritual que isso pode trazer, algo que os liberais ensinam (conquanto a IURD não seja pentecostal, mas provavelmente "pseudopentecostal, sua influência sobre os pentecostais não deve ser subestimada);
3 - Pregadores pentecostais têm dado sinais de que retiram suas pregações da internet, sem nenhum critério. Sabemos que a internet é um instrumento muito útil, mas também pode ser muito perigoso se o internauta não tiver discernimento suficiente para aferir a veracidade e confiabilidade das informações, bem como as credenciais dos que ali deixam suas pregações e ensinos.
Devemos, pois, ter bastante cuidado com as pregações que põem em dúvida a Palavra do SENHOR, pois nenhuma dúvida que infirma doutrinas fundamentais procede de Deus.
* Disponível no Youtube.
Um dos perigos que rondam os nossos púlpitos é o dos pregadores que põem em dúvida a Palavra de Deus.
A primeira personagem a por a Palavra do SENHOR em dúvida foi a serpente, que era o próprio Satanás corporificado.
Leiamos o texto de Gn 3.1-5:
"1 Mas a serpente,
mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha
feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda
árvore do jardim?
2 Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer,
3 mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.
4 Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis.
5 Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal" (grifei).
Primeiramente, vê-se que a serpente inicia a tentação com uma pergunta: "É assim que Deus disse (...)?" A serpente não estava propondo um exercício de aprendizagem - ela queria estabelecer a dúvida, a desconfiança, para depois passar à flexibilização, à relativização da Palavra de Deus.
Observe o aspecto negativo ressaltado pela serpente, segundo a qual Deus teria simplesmente proibido o Primeiro Casal de comer de toda árvore do jardim, o que poderia significar a vedação não apenas da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, mas de outras árvores. Ocorre, porém, que Deus ensejou a Adão e Eva o aproveitamento de toda árvore do jardim, à exceção daquela Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal (Gn 2.16,17).
Ora, uma coisa é dizer: "Podem comer de tudo, menos daquilo ali". Outra coisa é dizer "Vocês não podem comer de tudo o que há neste lugar". Assim, a serpente enfatizou o aspecto negativo em detrimento do aspecto positivo da ordem divina.
Outro aspecto que se pode observar é que a serpente induziu o Primeiro Casal a suspeitar das motivações do próprio Deus. Deus havia dito que eles não podiam comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal para que não morressem (Gn 2.17). A seu turno, a serpente disse que a real motivação de Deus era impedir que Adão e Eva se tornassem como Deus, "sabendo o bem e o mal". Dentro disso está a mentira de que conhecer o bem e o mal transforma o ser humano em ser divino.
Deus conhece o bem e o mal, não por experiência, mas por Onisciência - Ele conhece todas as coisas. Já o Primeiro Casal veio a conhecer o bem e o mal por causa de sua experiência de transgressão. Vale dizer que comer do fruto proibido significou para eles uma proclamação de independência em relação a Deus, como se não mais precisassem se alimentar da ética do SENHOR, e como se pudessem estabelecer sua própria ética (alienação, emancipação, separação, arbítrio).
Além da heresia de que o Homem pode se tornar como Deus (divinização do ser humano), houve consequências práticas imediatas: vergonha, culpa, medo, contenda. Incontinenti vieram as maldições: o prejuízo ao meio ambiente, a injustiça social, o trabalho penoso, a opressão da mulher pelo homem, a multiplicação da dor do parto. O principal efeito foi a própria morte espiritual, que consiste na separação em relação a Deus, a perda da presença do SENHOR, bem representada na expulsão do jardim (cf. Gn 3.6-24).
Estou comentando essa passagem para mostrar que qualquer dúvida deliberada sobre a Palavra de Deus pode trazer consequências terríveis, e para afirmar que a serpente foi quem começou a pregação mentirosa.
Satanás é "a antiga serpente", "o grande dragão", o "diabo", "o sedutor de todo o mundo" (Ap 12.9), que Jesus disse ser "mentiroso e pai da mentira" (Jo 8.44). Então, toda inserção deliberada de dúvida quanto à Palavra de Deus provém, em última análise, do diabo.
O Liberalismo Teológico - em declínio na Europa e Estados Unidos, mas com algum avanço no Brasil - firmou-se na dúvida.
Na palestra O dilema do método histórico-crítico, ministrada no Congresso Internacional de Religião, Teologia e Igreja - Uma abordagem contemporânea* -, o Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes afirmou que o Liberalismo, com origens nos Sécs. XVII e XVIII, se abeberou de quatro fontes: o Humanismo da Renascença; o Iluminismo Alemão; o Teísmo Inglês; e o Ceticismo Francês. O produto dessa mistura racionalista, antropocêntrica e pseudo-científica foi o pensamento teológico liberal, que se firma na dúvida em relação à Palavra de Deus.
Criar dúvidas na mente do ouvinte - seja para mostrar uma erudição que nem sempre se tem, seja para dar curso à incredulidade, seja para qualquer outro fim - é um expediente que deve ser plenamente rechaçado.
Alguém que conhece as igrejas pentecostais e especialmente a Assembleia de Deus pode estar se perguntando se o Liberalismo Teológico tem assaltado os nossos púlpitos. Embora eu não conheça pregadores pentecostais declaradamente liberais, tenho razões para supor que eles logo aparecerão, ou que já estão em algum lugar, pelo seguinte:
1 - Muitos pentecostais estão cursando Teologia em instituições liberais;
2 - A teologia da "neopentecostal" Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) inclui a encenação de fatos do Antigo Testamento como se o que valesse fosse a experiência espiritual que isso pode trazer, algo que os liberais ensinam (conquanto a IURD não seja pentecostal, mas provavelmente "pseudopentecostal, sua influência sobre os pentecostais não deve ser subestimada);
3 - Pregadores pentecostais têm dado sinais de que retiram suas pregações da internet, sem nenhum critério. Sabemos que a internet é um instrumento muito útil, mas também pode ser muito perigoso se o internauta não tiver discernimento suficiente para aferir a veracidade e confiabilidade das informações, bem como as credenciais dos que ali deixam suas pregações e ensinos.
Devemos, pois, ter bastante cuidado com as pregações que põem em dúvida a Palavra do SENHOR, pois nenhuma dúvida que infirma doutrinas fundamentais procede de Deus.
* Disponível no Youtube.
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